17.02.2013 Views

1xaNi0EHr

1xaNi0EHr

1xaNi0EHr

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Ao fim da tarde de 12 de Agosto, três guardas chamaram os pastorinhos a casa do<br />

Ti Marto, onde o Administrador os esperava em pessoa. Disse-lhes ele que poderiam ser<br />

condenados a morrer, se não contassem o Grande Segredo que tinham recebido a 13 de<br />

Julho. Os pastorinhos recusaram-se a fazê-lo, dizendo que não podiam desobedecer a<br />

Nossa Senhora. «Não interessa.» - sussurrou a Jacinta aos outros - «Se nos matarem, é o<br />

mesmo, vamos direitinhos para o Céu. Que bom!» 8 .<br />

Na manhã de 13 de Agosto, estava o Ti Marto a trabalhar no campo e veio a casa<br />

lavar as mãos. À volta da casa estava uma multidão, que tinha vindo para assistir à<br />

aparição que naquele dia devia acontecer na Cova da Iria. A Ti Olímpia, arreliada,<br />

apontou para a sala de estar. Ti Marto entrou e, como lemos no relato que fez ao Padre<br />

De Marchi: «(…) entrei na sala e dou com os olhos no Administrador. Até nessa<br />

ocasião me portei mal por um certo motivo, porque estava lá um Sr. Padre e eu, em vez<br />

de cumprimentar este primeiro, cumprimentei o outro.» Depois, disse ao Administrador:<br />

«Então por cá, Sr. Administrador?» 9 .<br />

Então ele disse que vinha para levar os pequenos à Cova da Iria na sua carroça, e<br />

acrescentou que assim teriam tempo de falar com o Pároco de Fátima que, segundo<br />

disse, os queria interrogar. Tanto os pastorinhos como os pais desconfiavam daquela<br />

ideia de irem com ele na carroça, mas obedeceram. O autarca levou-os primeiro ao<br />

Pároco de Fátima, e depois, em vez de os levar à Cova da Iria, viram-no chicotear o<br />

cavalo e fazer virar a carroça na direcção oposta. Levou-os para a casa que tinha em<br />

Ourém, e fechou-os numa sala.<br />

Havia cerca de quinze mil pessoas na Cova da Iria, e todos queriam saber onde<br />

estavam os pastorinhos. Na altura em que Nossa Senhora havia de aparecer, deram-se<br />

várias manifestações sobrenaturais que as multidões já tinham notado durante as<br />

aparições anteriores em Fátima, o que convenceu muita gente, mesmo descrentes, de<br />

que a Senhora tinha chegado. Mas os pastorinhos não estavam lá para receberem a Sua<br />

mensagem. Chegou então gente com a notícia de que o Administrador de Vila Nova de<br />

Ourém tinha raptado as crianças e as tinha levado - primeiro, ao Pároco de Fátima; e<br />

depois, para a sua própria casa em Ourém. A multidão concluiu (apressadamente) que<br />

os dois tinham conspirado para levar a cabo o rapto que, segundo entendiam, tinha<br />

“estragado a aparição e desapontado a Mãe de Deus”. Levantaram-se vozes iradas<br />

contra o Administrador e o Pároco. Mas o Ti Marto convenceu a multidão a não se<br />

vingar: «Sossegai, rapazes, não se faça mal a ninguém. Quem merece o castigo<br />

receberá. Tudo isto é pelo poder do Alto!» 10 .<br />

Na manhã seguinte, o Administrador de Ourém interrogou de novo os pastorinhos,<br />

que voltaram a dizer que tinham visto uma linda Senhora e que se recusaram de novo a<br />

contar-lhe o Segredo, apesar de ele os ter ameaçado com prisão perpétua, tortura e<br />

morte. O Administrador estava decidido a obter das crianças qualquer tipo de confissão<br />

que pudesse acabar com a manifestação religiosa que se desenrolava no seu Concelho. E<br />

assim, mandou-os para a cadeia da vila, encerrando-os numa cela escura e fétida, com<br />

grades de ferro: era a cela comum, onde se encontrava a maior parte dos presos. Os<br />

pastorinhos estavam assustados e tristes, em especial a Jacinta, que tinha apenas sete<br />

anos e que pensava que não voltaria a ver os pais. Mas eles animavam-se uns aos<br />

outros, lembrando-se do que Nossa Senhora lhes tinha dito acerca do Céu, e ofereceram<br />

os seus sofrimentos pela conversão dos pecadores. Os pastorinhos rezaram o Terço na<br />

cadeia, e os presos associaram-se às suas orações.<br />

40

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!