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Por altura das aparições de Fátima, o autarca de Ourém, a sede do Concelho a que<br />

pertenciam Fátima e Aljustrel (a aldeia onde viviam os pastorinhos), era Artur de<br />

Oliveira Santos, de quem se sabia não ter Fé em Deus. Latoeiro de profissão, era<br />

popularmente conhecido pela sua alcunha, “o Latoeiro”. De instrução formal reduzida,<br />

as suas ambições eram, porém, grandes. Artur Santos era um jovem autodidacta e<br />

intrépido que se fez editor do Ouriense, um jornal local em que exprimia as suas<br />

opiniões anti-monárquicas e anti-religiosas com zelo mordaz e algum talento. Aos 26<br />

anos aderiu à loja maçónica de Leiria, filiada no Grande Oriente.<br />

Como sublinhou William Thomas Walsh, grande historiador católico, Artur Santos<br />

adoptara as doutrinas esotéricas de uma religião sincretista e naturalista que tinha sido a<br />

principal inimiga da Igreja Católica nos tempos modernos, e que já se gabara de ter<br />

dado um grande passo para a eliminação do Cristianismo na Península Ibérica, ao<br />

planear e executar a revolução republicana de 1910. Como Walsh nos informa,<br />

Magalhães Lima, Grão-Mestre do Grande Oriente, predissera em 1911 que, dentro de<br />

alguns anos, não haveria em Portugal quem quisesse estudar para o Sacerdócio; e o<br />

ilustre maçom português Afonso Costa assegurou aos seus irmãos e a alguns delegados<br />

das lojas francesas que, dentro de uma geração, acabaria o Catolicismo, «a causa<br />

principal da triste situação a que chegou o nosso País». De facto, havia muitos indícios a<br />

apoiar este prognóstico - embora não apoiassem uma tal acusação.<br />

O Professor Walsh acrescenta que, em 1911, os novos donos de Portugal se tinham<br />

apoderado dos bens imóveis da Igreja, bem como dispersado, prendido e exilado<br />

centenas de Padres e Freiras, dando ao Cardeal Patriarca de Lisboa cinco dias para<br />

deixar a cidade e não voltar. Padres e Religiosos refugiaram-se em França e noutros<br />

países. Alguns deles foram a Lourdes pedir à Mãe de Deus que ajudasse o seu pobre<br />

País, que já se chamara, com orgulho, “Terra de Santa Maria” e que estava reduzido a<br />

um cenário de impiedade e anarquia, com uma revolução todos os meses.<br />

Artur Santos fundou uma nova loja maçónica em Vila Nova de Ourém, para onde<br />

mudara a sua oficina de latoeiro, e em 1917 tinha ascendido ao cargo maçónico de<br />

Venerável. Graças aos amigos que arranjara na Maçonaria, fez-se eleger Presidente da<br />

Câmara de Ourém, cargo que lhe punha nas mãos a administração do Concelho e lhe<br />

dava poderes de Juiz suplente do Comércio. Com todas estas honras e a autoridade que<br />

lhes pertencia, o Senhor Santos era o homem mais temido e influente no seu recanto de<br />

Portugal.<br />

Durante o seu mandato, cada vez menos pessoas iam à Missa e recebiam os<br />

Sacramentos, havia mais divórcios e a natalidade diminuiu. Quando mandou prender<br />

seis Padres e os manteve oito dias incomunicáveis, os principais Católicos do Concelho<br />

e da Câmara estavam tão preocupados em criar para si compromissos que lhes fossem<br />

vantajosos que nem encontraram tempo para erguerem a sua voz em protesto, não<br />

admirando, portanto, que não tivessem sido ouvidos. Para ‘o Latoeiro’ e os seus amigos,<br />

a luta em prol do “progresso e ilustração” - como insistiam em descrever o seu conflito<br />

com a Igreja Católica - estava quase ganha 2 .<br />

Em Agosto de 1917, já todo o País sabia da história das Aparições de Fátima,<br />

embora segundo diferentes versões: os jornalistas da imprensa anti-religiosa, por<br />

exemplo, compraziam-se em escrever notícias cómicas. Como recordou o Padre De<br />

Marchi ao referir-se a esta imprensa: diziam eles que «estas crianças eram manobradas<br />

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