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vingança, da injustiça atropelando os direitos da pessoa humana, da imoralidade e da<br />

violência, etc. E não digamos que é Deus que assim nos castiga; mas, sim, que são os<br />

homens que para si mesmos preparam o castigo.<br />

Esta carta de 1982 não faz, terminantemente, nenhuma menção da tentativa de<br />

assassínio de 1981; muito menos caracteriza a tentativa como qualquer tipo de<br />

cumprimento do Terceiro Segredo. Sem qualquer dúvida, um ano depois da tentativa a<br />

Irmã Lúcia ficou preocupada com um castigo global, em consequência da falta da Igreja<br />

não obedecendo aos imperativos da Mensagem de Fátima. Decerto ela não escrevia ao<br />

Papa sobre o triunfo do Imaculado Coração, mas antes sobre a aniquilação das nações.<br />

É muito curioso também que esta mesma carta da Irmã Lúcia (que Ratzinger e<br />

Bertone dizem que foi dirigida ao Papa João Paulo II) contém a frase: «A terceira parte<br />

do Segredo que tanto ansiais por conhecer». Porque é que o Papa ‘ansiaria tanto<br />

conhecer’ a terceira parte do Segredo, se já tinha o texto em sua posse no Vaticano,<br />

onde ele estava guardado desde 1957? Porque é que Sua Santidade ‘ansiaria tanto<br />

conhecer’ aquilo que, afinal, já tinha lido em 1981 (segundo afirmação de<br />

Bertone/Ratzinger) ou ainda mais cedo, em 1978, como o porta-voz da Santa Sé,<br />

Joaquín Navarro-Valls, declarou à imprensa portuguesa?<br />

É muito revelador que a expressão “que tanto ansiais por conhecer” tenha sido<br />

retirada pelo Vaticano da citação do original português da mesma carta, em todas as<br />

versões do Comentário de Ratzinger/Bertone em diversas línguas. A própria versão do<br />

AMF em língua portuguesa omite esta frase (“que tanto ansiais por conhecer”) da<br />

reprodução tipográfica portuguesa da carta original. Sem dúvida o aparelho de estado<br />

do Vaticano quis evitar um turbilhão de perguntas sobre de que modo estaria o Papa<br />

ansioso por conhecer uma coisa que já conhecia. Mas na altura em que os repórteres<br />

pudessem comparar as suas transcrições com a carta original em português, já a<br />

conferência de imprensa teria terminado - o que inviabilizava que fizessem quaisquer<br />

outras perguntas.<br />

Duas conclusões são possíveis: ou a carta não era realmente dirigida ao Papa ou,<br />

então, havia algo mais que fazia parte do Segredo e que o Santo Padre realmente<br />

desconhecia à data dessa carta, 12 de Maio de 1982. Como diz o célebre aforisma de Sir<br />

Walter Scott «-Oh, que emaranhada é a teia que começa por uma mentira» 49 ! A primeira<br />

mentira - que Fátima pertence ao passado - conduz a uma teia emaranhada de outras<br />

mentiras para ocultar a primeira.<br />

O Padre Gruner serve de alvo<br />

Mas havia mais a fazer nesta campanha de enterrar Fátima no passado. Que se podia<br />

fazer com o “Sacerdote de Fátima”, que tinha um apostolado cujas publicações e<br />

programas televisivos e radiofónicos sublinhavam com grande persistência e notável<br />

efeito que o aparelho de Estado do Vaticano, segundo a sua nova visão da Igreja, tinha<br />

virado as costas aos pedidos da Santíssima Virgem? Na conclusão desta conferência de<br />

imprensa de 26 de Junho de 2000, o Cardeal Ratzinger desviou-se do conteúdo para<br />

mencionar o Padre Nicholas Gruner pelo seu nome, insistindo que ele tem que «sesubmeter<br />

ao Magistério da Igreja» na questão da Consagração da Rússia, que (conforme<br />

a Linha do Partido) teria sido nessa altura levada a cabo. Mas o Magistério da Igreja - o<br />

ofício docente categorizado da Igreja - não ensinou absolutamente nada sobre isto.<br />

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