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Decore Ideias<br />

Viver de Design<br />

Em sua sexta edição, “Viver de Design” é um dos livros de<br />

autoria de Gilberto Strunk. Conversamos com ele sobre a<br />

profi ssão e o design no Brasil<br />

MÓBILE DECORE Como está o mercado para o<br />

profi ssional de design?<br />

STRUNCK Se você for comparar a 10 ou 15 <strong>anos</strong> atrás,<br />

ele está muitíssimo maior. É muito difícil hoje em dia você abrir<br />

uma revista, assistir a um dia de comerciais na televisão, e não<br />

ter alguma mensagem que insira o design como valor, como uma<br />

coisa bacana, uma coisa desejada. Antigamente a gente falava e<br />

ninguém sabia o que era, hoje em dia até muitas pessoas podem<br />

não saber o que é, mas sabem que é uma coisa legal, é um<br />

adjetivo de valor.<br />

DECORE Quais são as particularidades do mercado hoje?<br />

STRUNCK Na prática, o número das escolas e de<br />

formandos de design aumentou e o designer passou a ser<br />

entendido pelas pessoas que administram marcas como uma<br />

ferramenta muito importante para o sucesso da marca, de<br />

seus produtos e serviços. Com esse resultado e a inimaginável<br />

oferta de informação, começam a ocorrer uma segmentação do<br />

designer, com cada vez mais especialização. A quantidade de<br />

dados com que as pessoas se deparam para fazer seus projetos<br />

é gigantesca.<br />

DECORE Você acha que ainda existe muita cópia no<br />

mundo do design?<br />

STRUNCK O risco existe em qualquer lugar. Mas, se eu<br />

me sentir lesado e achar que alguém está copiando meus direitos<br />

autorais, eu posso reclamar na justiça. O que eu entendo é<br />

o profi ssional do design que cria, que tem o mínimo de ética,<br />

não quer fazer alguma coisa que não parta da cabeça dele, do<br />

coração dele. Existem sempre as ondas e pode-se estar seguindo<br />

uma moda, uma tendência, bebendo de alguma fonte, mas a<br />

cópia mesmo, normalmente o designer que se respeita não vai<br />

fazer. ‘Nasci para criar e vou fi car copiando?’. Por outro lado,<br />

quem investir na cópia, do ponto de vista de quem produz, corre<br />

um gigantesco risco de quebrar a cara.<br />

DECORE Mas e quando vemos móveis com linhas muito<br />

parecidas? Isso não é produto de cópia?<br />

STRUNCK A fronteira é muito tênue entre você estar<br />

usando algo como inspiração e uma cópia disfarçada. Em<br />

qualquer ramo de atividade, hoje em dia, você tem feiras<br />

e congressos internacionais muito fortes, que reúnem em<br />

poucos dias num mesmo lugar as pessoas que comandam<br />

18 MÓBILE DECORE SETEMBRO/OUTUBRO 2011<br />

aquele mercado. Então é normal<br />

as pessoas virem a esses lugares<br />

para trocar ideias. O legal é, não<br />

apenas ir conferir o que está sendo<br />

feito por aí, mas levar também<br />

a produção brasileira para que<br />

bebam da nossa fonte. O ‘seguir<br />

tendências’ sempre vai existir em<br />

determinados mercados. Essa troca<br />

de informações é sadia, mas a cópia<br />

de forma nenhuma, porque você<br />

está sempre roubando alguém.<br />

DECORE O que você acha dos<br />

móveis brasileiros? Falta criatividade<br />

nas criações daqui?<br />

STRUNCK Não falta<br />

criatividade, falta treinamento.<br />

Por exemplo, um garoto que joga<br />

muito bem futebol, se ele só jogar<br />

na rua com os amigos, vai ter um<br />

desempenho, mas se ele entrar<br />

cedo na escolinha, a carreira será<br />

outra. Em história do design no<br />

Brasil, a gente tem que pensar<br />

em 50, 20 <strong>anos</strong> atrás. Agora a<br />

economia está mais dinâmica, e<br />

muito mais gente tem capacidade<br />

de consumir os móveis feitos a<br />

partir de um design. O que se<br />

tinha antes era uma pequena<br />

camada mais abastada que<br />

contratava um designer para fazer<br />

o projeto de um sofá, ou uma<br />

estante, e isso se tornava quase<br />

que uma peça única. Não tinha<br />

produção seriada e não atingia<br />

milhares de pessoas, então faltava<br />

o exercício. Agora, com muito<br />

mais gente consumindo, eu tenho<br />

a oportunidade de treinar mais e<br />

virar o jogador de futebol que foi<br />

potencializado no seu talento.<br />

DECORE Há hoje no design,<br />

como um todo, algum tipo de onda,<br />

ou tendência, perceptível?<br />

STRUNCK Se formos falar<br />

hoje em uma grande onda do<br />

design, são as formas arredondadas.<br />

Você vai para a rua e prédios sendo<br />

construídos têm varandas e formas<br />

arredondadas, os logotipos das<br />

empresas, a marca que ganhou<br />

o símbolo das olimpíadas, essas<br />

marcas que estão entrando no<br />

mercado, tipo a Oi, e outras mais,<br />

são todas arredondadas. Você<br />

vai para o setor de cosméticos e<br />

embalagens, a maior parte das<br />

embalagens é redonda, te acolhe,<br />

de alguma forma são mais femininas<br />

do que masculinas. Você vai para<br />

o setor moveleiro ocorre a mesma<br />

coisa. Pensa no desenho e nas<br />

formas de uma geladeira de dez<br />

<strong>anos</strong> atrás e de hoje. A geladeira<br />

de hoje tem laterais e parte de trás<br />

planas, mas a frente é arredondada.<br />

Então eu entendo que estamos<br />

vivendo um tempo mais fl uido,<br />

as formas estão se apresentando<br />

para a gente de uma forma mais<br />

arredondada, mais feminina.

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