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FABRICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE FIBRAS - Unicamp

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Instituto de Física<br />

Departamento de Eletrônica Quântica<br />

Tese de Doutorado<br />

___________________________________<br />

<strong>FABRICAÇÃO</strong> E<br />

<strong>CARACTERIZAÇÃO</strong><br />

<strong>DE</strong> <strong>FIBRAS</strong> MICROESTRUTURADAS<br />

<strong>DE</strong> VIDROS TELURITOS<br />

DOPADOS COM ÉRBIO<br />

_____________________________________________________________<br />

Autor: Sérgio Paulo Amaral Osório<br />

Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos Barbosa<br />

Este exemplar corresponde à versão final da tese de doutorado defendida pelo<br />

aluno Sérgio Paulo Amaral Osório e aprovada pela comissão julgadora, em 4<br />

de setembro de 2007.<br />

______________________<br />

Setembro de 2007


Agradeço:<br />

AGRA<strong>DE</strong>CIMENTOS<br />

Ao meu orientador, professor Luiz Carlos Barbosa.<br />

Ao Prof. Dr. Carlos Lenz Cesar pelas valiosas informações.<br />

Ao Prof. Dr. Aldario da FEEC pelas medidas de ganho das fibras ópticas em seu<br />

laboratório.<br />

Ao Enver Chillcce, pela ajuda na fabricação das fibras ópticas e nas medidas do tempo de<br />

vida.<br />

Ao Eugênio Rodriguez pelas medidas de fotoluminescência.<br />

Ao técnico Jorge, da Oficina Mecânica Central, pela fabricação das peças para a extrusora.<br />

A todos os amigos do IFGW que ajudaram neste trabalho de tese.<br />

A FAPESP pela ajuda financeira.<br />

Ao CEPOF e em especial a Simone.<br />

iv


RESUMO<br />

Neste trabalho três tipos de vidro telurito são estudados, fabricados e caracterizados, tendo<br />

em vista a fabricação de fibras ópticas de cristal fotônico. Basicamente, dois processos de<br />

fabricação de fibras de cristal fotônico foram considerados: 1) Empilhamento e puxamento,<br />

e 2) Extrusão.<br />

Os vidros teluritos fabricados são: 0,77TeO2–0,23WO3; 0,75TeO2–0,20Li2O–0,05TiO2 e<br />

0,68TeO2–0,155ZnO–0,05Li2CO3–0,015Bi2O3–0,095CsCl (mol%), dos tipos binário,<br />

ternário e quinqüenário, respectivamente, os quais foram dopados com Er2O3. As<br />

caracterizações efetuadas foram: a) Medida do índice de refração, 2) Fotoluminescência, 3)<br />

Absorbância, 4) Tempo de vida dos íons de Érbio, 5) Análise Térmica Diferencial, 6)<br />

Análise termogravimétrica e, 7) Viscosidade.<br />

Como dito anteriormente, pode-se fabricar fibras microestruturadas de telurito por extrusão,<br />

ou pelo método de empilhamento e puxamento.<br />

A extrusora disponível no laboratório de materiais vítreos foi feita para extrudar materiais<br />

polímeros. Nossa tentativa de utilizá-la para vidros telurito não foi bem sucedida. Porém,<br />

pudemos tirar algum proveito desta experiência para futuros projetos.<br />

Os tubos de vidro telurito utilizados no método de empilhamento e puxamento foram<br />

fabricados tanto por sucção vertical do vidro fundido, quanto por rotação horizontal dos<br />

tubos em chama. No primeiro método, o diâmetro interno dos tubos de revestimento<br />

diminuiu de baixo para cima, devido ao efeito da gravidade, fazendo com que o<br />

preenchimento dos mesmos com tubos capilares fosse inadequado, ou seja, a secção<br />

transversal da fibra apresentou espaços vazios não preenchidos pelos capilares. No segundo<br />

método, o diâmetro interno dos tubos de revestimento não apresentou variação significativa<br />

ao longo de seu comprimento, possibilitando, assim, um melhor preenchimento dos<br />

mesmos por tubos capilares. Embora as fibras fabricadas com tubos feitos por rotação<br />

horizontal em chama apresentem boa geometria de secção transversal, a contaminação do<br />

vidro pela chama acarreta um aumento nas perdas de potência óptica dos modos guiados.<br />

Este efeito foi eliminado pela utilização de centrifugação em um forno radiante.<br />

Verificamos, também, que as fibras microestruturadas com somente um anel de capilares ao<br />

redor do núcleo apresentam grandes perdas por confinamento.<br />

v


ABSTRACT<br />

In this work, three types of tellurite glasses are synthesized and characterized, aiming the<br />

manufacturing of photonic crystal fibers or microstructured fibers. Basically, two types of<br />

manufacturing processes are considered: 1) Stacking and draw, and 2) Extrusion.<br />

The tellurite glasses are: 0,77TeO2–0,23WO3; 0,75TeO2–0,20Li2O–0,05TiO2 e 0,68TeO2–<br />

0,155ZnO–0,05Li2CO3–0,015Bi2O3–0,095CsCl (mol%), composed by two, three and five<br />

types of oxides, respectively, and Erbium oxide. The glasses were characterized by: a)<br />

index of refraction, 2) photoluminescence, 3) absorbance, 4) Erbium ions lifetime, 5)<br />

Differential Thermal Analysis, 6) Thermo gravimetric Analysis, and 7) Viscosity.<br />

The extrusion machine of the laboratory was devised for polymers. Nevertheless, we tried<br />

with telluride glass but without success.<br />

The tellurite glass tubes used for the stack and draw process were manufactured by vertical<br />

suction of the melted glass as well as by horizontal rotation of the tubes in flame.<br />

For the vertical suction method, the tellurite tube inner diameter shows a taper feature from<br />

the bottom to the top of the tube, due to the gravity effect, that makes the jacket tube<br />

unsuitable for capillary filling, that is, the fiber transversal section shows empty spaces that<br />

could not be filled with capillaries.<br />

For the second method, the telluride jacket tube inner diameter do not shows a significant<br />

variation with length, so it was possible to better fill it with the capillaries. Although the<br />

fibers made with tubes manufactured by horizontal rotation in flame shows good<br />

transversal geometry, the contamination of the glass by the flame gases brought about great<br />

losses for optical guided modes. The burner was replaced by a radiant oven.<br />

We verified, also, that micro structured fibers with only one ring of capillaries around the<br />

nucleus shows great confinement loss arising from the leaky nature of the modes.<br />

vi


INDICE<br />

vii<br />

Páginas<br />

Introdução Geral xii<br />

Histórico do Trabalho do Grupo com Fibras Ópticas xv<br />

CAPÍTULO 1 1<br />

1.1 Vidros 1<br />

1.2 Estrutura dos vidros teluritos 5<br />

1.3 Propriedades dos vidros teluritos 10<br />

1.3.1 Energia de Fônons 10<br />

1.3.2 Estabilidade e defeitos 11<br />

1.3.3 Viscosidade 12<br />

1.3.4 Níveis de energia de terras raras na matriz de vidro telurito 13<br />

1.3.5 Amplificadores a fibra telurito dopada com Érbio 18<br />

1.4 Fibras do tipo ‘casca-núcleo’ e fibras microestruturadas. 21<br />

CAPÍTULO 2 22<br />

2.1 Nomenclatura das fibras 22<br />

2.2 Guiamento óptico por “bandgap” fotônico 22<br />

2.3 Medidas espectrais de fibras fotônicas 24


2.4 Perdas de potência óptica em fibras de cristal fotônico 27<br />

2.5 Fabricação de fibras de cristal fotônico de sílica 31<br />

2.6 Modelamento numérico do processo de puxamento 36<br />

2.7 Condições típicas de puxamento 39<br />

2.8 Fabricação de fibras micro-estruturadas por extrusão 40<br />

2.9 Fabricação de preformas de vidro telurito e fluortelurito por centrifugação 42<br />

CAPÍTULO 3 ─ Parte Experimental 43<br />

3.1 Sistemas de caracterização utilizados. 43<br />

3.1.1 Sistema para medida de índice de refração 43<br />

3.1.2 Sistema para Medidas de Fotoluminescência. 44<br />

3.1.3 Sistema do Analisador Térmico Diferencial (DTA) 44<br />

3.1.4 Análise Termo Mecânica (TMA) 45<br />

3.1.5 Sistema para medir a Viscosidade 47<br />

3.1.6 Sistema para medir o tempo de vida 47<br />

3.1.7 Sistema de medidas de atenuação e espectro ASE 48<br />

3.1.8 Sistema de medidas do espectro ASE 51<br />

3.1.9 Problema da reflexão de retorno ou “back reflection”. 52<br />

3.1.10 Sistema para medir a amplificação do sinal 53<br />

viii


3.1.11 Espectroscopia Raman 56<br />

3.2 Fabricação e caracterização dos vidros teluritos 57<br />

3.2.1 Fabricação e caracterização do Vidro Telurito Binário. 57<br />

3.2.2 Análise termogravimétrica (TGA) e análise térmica diferencial (DTA). 59<br />

3.2.3 Caracterização Óptica e Espectroscópica 59<br />

3.3 Vidro telurito quinqüenário 62<br />

3.3.1 Fabricação e caracterização do vidro telurito quinqüenário 62<br />

3.3.2 Análise Térmica 63<br />

3.3.3 Análise Óptica e Espectroscópica 64<br />

3.3.4 Tempos de vida medidos 67<br />

3.4 Vidro Telurito Ternário 69<br />

3.4.1 Fabricação e caracterização do vidro Telurito Ternário 69<br />

3.4.2 Análise óptica e espectroscópica 70<br />

3.4.3 Análises Térmicas 72<br />

CAPÍTULO 4 75<br />

4.1 Fabricação de preformas por extrusão 75<br />

4.2 Fabricação e caracterização de fibras ópticas micro-estruturadas por<br />

empilhamento e puxamento<br />

4.2.1 Método de sucção à vácuo 78<br />

ix<br />

78


4.3 Fabricação de tubos telurito por centrifugação 97<br />

4.3.1 Fabricação de tubos de vidro telurito por centrifugação a chama 97<br />

4.3.2 Vantagens e desvantagens da produção de vidros teluritos por centrifugação<br />

por chama<br />

4.4 Fabricação de tubos por centrifugação com forno radiante 104<br />

4.5 As fibras confeccionadas e a medida da atenuação 105<br />

4.6 Medidas do sinal amplificado e do ganho<br />

CAPÍTULO 5 112<br />

5.1 Conclusões 112<br />

5.1.1 Fabricação dos vidros teluritos. 112<br />

5.1.2 Caracterizações térmicas 112<br />

5.1.3 Fabricação de preformas. 113<br />

5.1.4 Puxamento de fibras ópticas microestruturadas 113<br />

5.1.5 Caracterização espectral 113<br />

5.2 Trabalhos futuros 114<br />

BIBLIOGRAFIA 115<br />

x<br />

100<br />

107


Lista de Abreviações<br />

• DWDM ─ “Dense Wavelength Division Multiplexing”<br />

• DRX ─ Difratometria de Raios-X<br />

• ASE ─ “Amplified Stimulated Emission”<br />

xi


____________________________________________________________________<br />

INTRODUÇÃO GERAL<br />

Desde o telégrafo de Morse até as comunicações por fibras ópticas de hoje, conseguiu-<br />

se um crescimento da taxa de transmissão de 30% ao ano durante mais de um século. As<br />

previsões para o futuro próximo apontam a um crescimento do tráfego nas redes<br />

consideravelmente maior. Desde 2000, o tráfego mundial tem crescido a uma média de<br />

mais de 100% ao ano, devido essencialmente ao tráfego Internet. (Isto é uma média; em<br />

algumas regiões tem sido substancialmente maior ou menor que essa média. Por exemplo,<br />

entre 2003 e 2004 o tráfego na Ásia cresceu mais de 400 %, na Europa cerca de 80 % e na<br />

América Latina mais de 300%.)<br />

Não obstante esse fato, Desurvire fez um estudo considerando taxas de crescimento<br />

extremamente conservadoras, entre 22% e 45% ao ano, e um aumento de capacidade<br />

provida por novas fibras que iriam sendo instaladas e “acesas” a uma taxa de 13% ao ano.<br />

Na projeção menos conservadora (45%) haveria um congestionamento das redes, portanto<br />

da Internet, ao redor de 2017 [1]. Tal congestionamento da Internet (que Desurvire chama<br />

de World Wide Wait) pode parecer uma previsão apocalíptica, mas os cálculos são<br />

essencialmente corretos. A alternativa seria um necessário aumento dos custos de<br />

transmissão, o que levaria a uma inibição do crescimento econômico global.<br />

Com ou sem apocalipse, um fato é certo: a demanda por largura de banda aumentará<br />

nos próximos 20 anos por fatores entre 100 e 1000 vezes a atual (que é de pouco mais de 1<br />

Tb/s em média e 3 Tb/s no ‘horário pico’). A tecnologia atual de sistemas DWDM de até 40<br />

canais a 40 Gb/s, mesmo estendida a 80 canais, simplesmente não conseguiria atender essa<br />

demanda. De fato, intensas atividades de pesquisa básica serão necessárias para<br />

desenvolver várias tecnologias:<br />

a) fontes laser para toda a faixa de alta transparência das fibras ópticas (1,0 a 1,7 µm);<br />

sendo que a quantidade de lasers requerida (~3000) implica em novas idéias.<br />

b) técnicas de integração fotônica massiva;<br />

c) amplificadores ópticos que operem em toda essa região.<br />

xii


Neste sentido amplificadores ópticos a fibras dopadas com terras raras em materiais<br />

vítreos que apresentem grande largura de banda na região das comunicações ópticas, vem<br />

sendo estudados em várias partes do mundo, onde destaca-se amplificadores ópticos a<br />

fibras de vidros teluritos dopados com íons de terras raras, notadamente íons de Er 3+ para a<br />

região das comunicações ópticas.<br />

Os amplificadores comerciais a base de fibras de sílica dopadas com íons de Érbio<br />

apresentam somente 40 nm de largura de banda na região de 1550 nm, ou seja na região das<br />

comunicações ópticas. Em vistas deste fato, novos materiais vítreos vem sendo<br />

exaustivamente pesquisados no mundo, destacando-se os vidros teluritos dopados com íons<br />

de terras raras. Estes vidros apresentam diversas vantagens com relação a seus<br />

competidores: baixo ponto de fusão, alto índice de refração linear, alto índice de refração<br />

não linear e, principalmente, alta solubilidade aos íons de terras raras, podendo ser dopados<br />

com altas concentrações destes íons, apresentando então uma grande largura de banda na<br />

janela de comunicações ópticas.<br />

Uma revolução muito recente na área de fibras ópticas foi o aparecimento de fibras<br />

ópticas de band gap fotônico. Em 1999 é publicado o primeiro resultado de uma fibra<br />

óptica de “bandgap” fotônico com núcleo oco monomodo [2] embora uma fibra com núcleo<br />

não oco tenha aparecido em 1996 [3]. Nas fibras convencionais, a diferença de índice de<br />

refração entre o núcleo e a casca que garante a reflexão interna total necessária para o<br />

guiamento é dada pela dopagem do núcleo com substâncias que aumentam seu índice de<br />

refração. Problemas de casamento de coeficiente de dilatação, cristalização na interface<br />

núcleo/casca, etc, impediram a fabricação de fibras ópticas de vários materiais vítreos. Na<br />

fibra óptica de “bandgap” fotônico o centro da fibra é oco, circundado por capilares. Essa<br />

estrutura periódica, de forma similar à estrutura periódica em cristais, cria um “bandgap”<br />

óptico fora da região central, forçando luz a se propagar pelo centro. Outra opção é<br />

circundar um núcleo cilíndrico com tubos capilares do mesmo material. Como o índice de<br />

refração médio dos tubos capilares é menor do que o do núcleo central cria-se o diferencial<br />

de índice de refração necessário para o guiamento de luz.<br />

A grande diferença com relação às fibras convencionais é o fato de que são fibras<br />

ocas. Propriedades ópticas não usuais podem ser obtidas apenas com mudanças geométricas<br />

nas mesmas. Trata-se de uma inovação muito recente para se perceber ainda todo o seu<br />

xiii


impacto tecnológico. Na área de comunicações, as fibras fotônicas permitem o controle da<br />

dispersão óptica, e espera-se que sua atenuação continue diminuindo até valores<br />

comparáveis às fibras convencionais. O fato de que a luz pode fazer curvas de 90º em<br />

dispositivos de “bandgap” fotônicos aumenta o potencial de aplicação na área de<br />

dispositivos totalmente ópticos. Da mesma forma, espera-se uma grande potencialidade<br />

para inovações na área de sensores. Algumas propriedades importantes para sensores já<br />

podem ser visualizadas. Primeiro, o fato da fibra ser oca permite a sucção de gases e<br />

líquidos para seu interior. Dessa forma é possível analisar espectroscopicamente gases e<br />

líquidos com grande sensibilidade, dado o longo comprimento de interação com a luz.<br />

Segundo, a geometria da estrutura oca é muito mais facilmente modificada por pressões do<br />

que a das fibras “bulk”. Dessa forma, se esperam variações da velocidade de grupo da luz<br />

na fibra em função da pressão e temperatura. Essa inovação revolucionária na área das<br />

fibras ópticas pode tornar obsoletos muitos dos atuais sensores à fibra, além de ampliar o<br />

espaço ocupado pelos sensores à fibra frente aos convencionais.<br />

xiv


• Histórico do Trabalho do Grupo com Fibras Ópticas<br />

Nosso Grupo sempre esteve envolvido com fibras ópticas, óptica linear, não linear e<br />

resolvida no tempo, e com novos materiais fotônicos. Os três pesquisadores atuais (Profs.<br />

Luiz Carlos Barbosa, Carlos Lenz Cesar e Oswaldo Alves) trabalham juntos desde 1985 no<br />

grupo de fibras ópticas da UNICAMP. O Grupo de Fibras Ópticas do Instituto de Física da<br />

UNICAMP foi criado em 1975 e deu origem às primeiras fibras ópticas fabricadas no<br />

Brasil. De 1975 até 1996 o grupo obteve um forte apoio do CPqD-Telebrás, que acabou<br />

com a privatização da Telebrás. Projetos juntos à agências como FAPESP, PADCT e<br />

PRONEX, e empresas como a Ericsson do Brasil e Pirelli, têm financiado o grupo desde<br />

então. O Prof. Dr. Luiz Carlos Barbosa incorporou-se ao Grupo de Fibras Ópticas em 1981,<br />

tornando-se seu coordenador de 1984 até 1994. Os professores Carlos Lenz Cesar e<br />

Oswaldo Alves juntaram-se ao grupo em 1985.<br />

Até 1988 o trabalho do Grupo esteve estreitamente ligado ao CPqD para estudos de<br />

fabricação e caracterização de fibras ópticas de alta sílica. O grande desafio dessa época era<br />

a obtenção de tubos de sílica de alta pureza e sem bolhas, usados na pré-forma, pois todo o<br />

processo de fabricação das fibras ópticas dependia da importação dos mesmos. Apesar do<br />

sucesso obtido na obtenção de vidros de sílica com qualidade óptica, negociações<br />

realizadas ao nível do CPqD deixaram a cargo de uma recém criada empresa,<br />

CO<strong>DE</strong>QUARTZ, a continuidade desse trabalho, com a conseqüente retirada do apoio às<br />

pesquisas na UNICAMP.<br />

Desde então, o grupo virou sua atuação para a área da óptica não linear e novos<br />

materiais fotônicos, capazes de tornar ativos os sistemas à fibra. Fibras ópticas, até então,<br />

eram apenas componentes passivos usadas como meio de transporte da informação. Nesse<br />

aspecto trabalhamos intensamente com vidros dopados com “quantum dots” de<br />

semicondutores, para dispositivos de chaveamento fotônico ultra-rápido, e vidros dopados<br />

com terras raras, para amplificadores ópticos. A motivação foi a de criar novos materiais<br />

para dispositivos ópticos que substituiriam os eletrônicos, lentos demais para as taxas de<br />

centenas de gigabits visualizadas na época. Como qualquer dispositivo óptico depende das<br />

suas propriedades ópticas, a caracterização fundamental dos novos materiais desenvolvidos<br />

era a medida resolvida no tempo de tais variações. Para tanto montamos um laboratório<br />

xv


com lasers de femtosegundos sintonizáveis de 700 nm até 3000 nm, cobrindo a janela de<br />

comprimento de onda utilizada nas comunicações ópticas. A infraestrutura atual desse<br />

laboratório nos permite realizar medidas de propriedades ópticas resolvidas no tempo em<br />

femtosegundos, tempos de vida de luminescência além de microanálises com<br />

espectroscopia de luminescência e luminescência excitada por absorção multifotônica,<br />

espalhamento Raman, hiper Rayleigh e hiper Raman e microscopia confocal multifóton.<br />

Todas as fibras ópticas fabricadas pelo grupo até 1999 utilizaram a infraestrutura<br />

para fabricação dos vidros especiais e pré-formas da UNICAMP, mas o puxamento das<br />

fibras ópticas em si, foi realizado com as torres de puxamento do CPqD-Telebrás ou da<br />

empresa ABC-Xtal. A partir de 1999, o Grupo adquiriu a infraestrutura para puxamento de<br />

fibras ópticas com financiamento da FAPESP. Atualmente, nossa infraestrutura para a<br />

produção de fibras ópticas de vidros especiais não tem paralelo no Brasil. Temos hoje,<br />

operacionais, duas torres de puxamento de fibras ópticas, uma quase toda “home-made” e<br />

outra da empresa Heathway, instalada em novembro de 2002. Além disso, nosso<br />

laboratório está equipado com a maioria dos equipamentos de caracterização das<br />

propriedades termofísicas e ópticas dos materiais necessários para o sucesso do<br />

desenvolvimento de fibras ópticas de vidros especiais.<br />

Com a Ericsson do Brasil, o projeto de pesquisa foi o estudo e desenvolvimento de<br />

fibras ópticas com novos materiais vítreos para a obtenção de amplificadores ópticos de<br />

grande largura de banda. Para tanto o Grupo pesquisou o uso de novos materiais em busca<br />

dos seguintes objetivos: (1) aumentar a largura de banda de amplificação óptica; (2)<br />

aumentar o tempo de vida; (3) aumentar a concentração da terras raras; (4) fabricar fibras<br />

ópticas de alta qualidade com esses vidros. Amplificadores ópticos com grande largura de<br />

banda permitiriam a ampliação do número de canais em sistemas de comunicações ópticas<br />

(WDM). Esse trabalho deu origem a uma patente européia para uma fibra de vidros<br />

teluritos dopada com terras raras para amplificadores ópticos; Patente WO 2004/028992<br />

A1: “Rare earth and CsCl doped Tellurite glasses optical fibers for optical amplifiers”<br />

solicitada pela Ericsson da Suécia. (2002).<br />

Fabricamos fibras ópticas de band gap fotônico desde 2003. A primeira fibra óptica<br />

com vidro telurito dopado com “quantum dots” de PbTe, produzida há apenas dois meses<br />

nos nossos laboratórios, foi apresentada no VI Congresso Brasileiro de Vidros em Foz do<br />

xvi


Iguaçú e ainda está em fase de caracterização. Até onde sabemos, nenhum grupo foi capaz<br />

de produzir fibras ópticas com quantum dots da família PbE (E = S, Se e Te)<br />

internacionalmente. Esses quantum dots tem picos de absorção na região de comunicações<br />

ópticas, 1-2 µm, o que os torna importantes para o desenvolvimento de um dispositivo<br />

óptico ultrarápido.<br />

Propostas de amplificadores ópticos são inúmeras. O sucesso do dispositivo em<br />

muito dependerá da fabricação das fibras, pois são variações nas propriedades da mesma<br />

que serão utilizadas na amplificação óptica. Nesse aspecto, acreditamos que o nosso grupo<br />

pode agregar valor às pesquisas de outros grupos, através da utilização de nossa<br />

infraestrutura e conhecimento no campo de fibras ópticas de vidros especiais. Essa<br />

capacitação permite a exploração de muitas idéias diferentes além de abrir a possibilidade<br />

de aumentar a performance dos amplificadores ópticos existentes substituindo a sílica por<br />

vidros mais adequados.<br />

Por outro lado, a área de pesquisa em fibras ópticas de “bandgap” fotônico está<br />

apenas começando e o horizonte de suas aplicações é muito vasto. Parece razoável supor<br />

que esse tipo de fibra venha substituir as outras devido à facilidade com que pode ser<br />

manuseada. Desenvolver um programa de pesquisa no início de uma nova área, além de<br />

trazer grandes oportunidades para inovação, permite acompanhar de perto os novos<br />

desenvolvimentos antes que apareçam no mercado cristalizados na forma de produtos<br />

acabados.<br />

Em vistas destes fatos, neste trabalho de tese, três tipos de vidro telurito serão<br />

estudados, fabricados e caracterizados, tendo em vista a fabricação de fibras ópticas de<br />

cristal fotônico para amplificação óptica na janela de comunicações ópticas. Basicamente,<br />

dois processos de fabricação de fibras de cristal fotônico serão considerados: 1)<br />

Empilhamento e puxamento, e 2) Extrusão.<br />

A tese está distribuida da seguinte maneira: a teoria de vidros está apresentada no<br />

Capítulo 1, e a teoria de fibras de cristal fotônico está apresentada no Capítulo 2. Em<br />

seguida vem, no Capítulo 3, a parte experimental, onde são detalhados os processos de<br />

fabricação e caracterização dos vidros. O Capítulo 4 discorre sobre a fabricação de fibras<br />

micro estruturadas, seja por empilhamento e puxamento, como por extrusão e no capítulo 5<br />

apresentamos algumas conclusões provenientes deste trabalho de tese..<br />

xvii


________________________________________________________________________<br />

CAPÍTULO 1<br />

_________________________________________________________________________<br />

1. Vidros<br />

1.1 Teoria de formação dos vidros<br />

Os vidros são materiais sólidos com arranjos desordenados de átomos. A maneira mais<br />

comum de se fazer um vidro é através de um resfriamento suficientemente rápido de um<br />

líquido viscoso para se evitar a cristalização. A Figura 1.1 ilustra a dependência do volume<br />

(ou entalpia) de um líquido com a temperatura, a pressão constante. Após resfriar abaixo da<br />

temperatura de congelamento, Tm, o movimento molecular diminui. Se o líquido for<br />

resfriado suficientemente rápido, a cristalização pode ser evitada. Eventualmente as<br />

moléculas serão rearranjadas tão lentamente que não poderão produzir configurações no<br />

tempo disponível pela taxa de resfriamento. A estrutura não cristalina do líquido aparece,<br />

portanto, ‘congelada’. O tempo de relaxação molecular característico nesta transformação é<br />

da ordem de 100 segundos, e a taxa de variação do volume ou entalpia com a temperatura<br />

diminui abruptamente (porém continuamente) a um valor comparável àquele de um sólido<br />

cristalino. O material resultante é um vidro. A intersecção entre as partes líquida e vítrea da<br />

curva volume versus temperatura fornece uma definição da temperatura de transição vítrea,<br />

Tg , a qual usualmente ocorre ao redor de 2Tm /3 . O comportamento descrito na Figura 1.1<br />

não é uma transição de fase verdadeira, pois não envolve mudança descontínua em<br />

qualquer propriedade física.[4]<br />

Quanto mais lentamente um líquido for resfriado, tanto maior será o tempo disponível<br />

para ocorrer configurações a cada temperatura, e, portanto, tanto menor a temperatura que<br />

pode ser atingida antes de sair do equilíbrio do estado líquido. Conseqüentemente, Tg<br />

aumenta com a taxa de resfriamento. As propriedades de um vidro, portanto, dependem do<br />

processo pelo qual ele é formado. Na prática, a dependência de Tg com a taxa de<br />

resfriamento é pequena (Tg varia de 3 – 5 ºC quando a taxa de resfriamento varia de uma<br />

1


ordem de grandeza), e o intervalo de transformação é estreito, de modo que Tg é uma<br />

característica importante do material.<br />

Outra definição de Tg é a temperatura na qual a viscosidade de cisalhamento chega a 10 13<br />

poise. Próximo a Tg a viscosidade η é muito sensível a temperatura. Para a sílica, esta<br />

dependência é razoavelmente bem descrita pela funcionalidade de Arrhenius:<br />

η = Aexp(E/kbT), (1)<br />

onde A e E são independentes da temperatura, e k0 é a constante de Boltzmann. O<br />

coeficiente de expansão térmica αp = (∂lnv/∂T)p, onde v é o volume, e a capacidade de<br />

calor isobárica cp = (∂h/∂T)p, onde h é a entalpia, variam abruptamente, porém<br />

continuamente, em Tg .<br />

Volume ou Entalpia<br />

Fig. 1.1. Volume ou entalpia versus temperatura a pressão constante. Tm<br />

é a temperatura de derretimento. Uma taxa de resfriamento lenta produz<br />

uma transição vítrea em Tga ; Uma taxa de resfriamento mais rápida leva<br />

a uma transição vítrea em Tgb. [4]<br />

Zachariasen [35] considerou uma série de regras para a formação vítrea de compostos tais<br />

como SiO2, B2O3, P2O5, GeO2, As2S3 e BeF2.<br />

b<br />

a<br />

Vidro<br />

Cristal<br />

2<br />

Liquido<br />

Tga Tgb Tm<br />

Temperatura


• Um composto tenderá a formar um vidro se formar facilmente unidades poliedrais<br />

com as menores unidades estruturais.<br />

• Estes poliedros não compartilhariam mais do que um vértice.<br />

• Os ânions (O 2- , S 2- , F - ) não se ligariam a mais do que dois cátions deste poliedro.<br />

• O número de vértices do poliedro deve ser menor do que 6.<br />

• Pelo menos três vértices do poliedro se ligaria com outros poliedros.<br />

Os cátions receberam a atenção de Zachariasen de acordo com seu papel na rede vítrea.<br />

• Formadores de vidros: Si 4+ , B 3+ , P 5+ , Ge 4+ . As 3+ , Be 3+ , com número de coordenação<br />

(NC) igual a 3 ou 4.<br />

• Modificadores de rede: Na + , K + , Ca 2+ , Ba 2+ , com NC ≥ 6.<br />

• Intermediários, os quais devem reforçar (NC = 4) ou não a rede vítrea (NC de 6 a 8)<br />

A teoria da rede ao acaso de Zachariasen [35] pode ser utilizada para explicar muitas<br />

propriedades de vidros convencionais, tais como o comportamento da viscosidade x<br />

temperatura e a condutividade elétrica. Entretanto, não pode explicar todos os fenômenos,<br />

tais como efeitos devido à ordem de curto alcance e a formação do vidro em novos sistemas<br />

que também contradizem o critério desta teoria. A teoria cinética da formação vítrea<br />

fornece uma explicação mais satisfatória da formação vítrea de sistemas conhecidos, mas as<br />

teorias estruturais são ainda válidas e amplamente usadas. A figura 1.2 mostra um esquema<br />

da configuração de um vidro.<br />

3


Fig. 1.2. Esquema da estrutura vítrea da sílica com íons de sódio como modificadores de rede[4].<br />

4


1.2 Estrutura dos Vidros Teluritos<br />

Nesta seção a estrutura dos quatro principais constituintes nos vidros teluritos serão<br />

revisadas.<br />

TeO2<br />

O α-TeO2 ou paratelurito é tetragonal (grupo espacial P422). Na estrutura TeO4, o telúrio<br />

possui dois elétrons solitários os quais impedem que esta estrutura seja tetraédrica. Antigos<br />

trabalhos sugeriam que a rede dos vidros teluritos constituía de unidades [TeO4] fortemente<br />

deformadas, análogas à estrutura rômbica do α-TeO2 (telurito, grupo espacial Pbca), onde o<br />

Te 4+ é coordenado a quatro oxigênios. A figura 1.3 mostra a estrutura cristalina das fases α<br />

e β-TeO2.<br />

Fig. 1.3 Estrutura do TeO2: (a) α-TeO2 e (b) β - TeO2. As setas<br />

representam ao pares de elétrons Te 5s.<br />

Entretanto, trabalhos posteriores provaram que em minerais teluriticos e vidros, um grande<br />

numero de poliedros são formados de Te 4+ com coordenação 3, 3 +1 e 4.<br />

5


Nos vidros esta variedade de coordenação é devido à presença dos modificadores de rede e<br />

dos intermediários.<br />

A tabela 1.2 ilustra os dois casos extremos de coordenação em ambas às formas cristalinas<br />

do TeO2: α-TeO2 eβ-TeO2 e a coordenação nos vidros teluritos.<br />

Tabela 1.2 Coordenação de ambas as formas do TeO2 cristalino: paratelurito (α-TeO2) e<br />

telurito (β-TeO2) e vidros teluritos.<br />

Coordenação Estrutura Distância entre as<br />

Cristal 3 Bipirâmide<br />

trigonal (bp)<br />

Cristal 4 Bipiramide<br />

trigonal<br />

(tbp)<br />

6<br />

ligações Te-O/pm<br />

Vidro 3, 3+1 e 4 209 (equatorial)<br />

Ângulo entre as<br />

ligações Te-O/ o<br />

195 95<br />

200 120 ± 20<br />

191 (axial)<br />

(equatorial)<br />

180 (30 (axial)).<br />

92,1 (6,6<br />

(equatorial)).<br />

162,6 (axial)<br />

Trabalhos recentes na estrutura dos vidros teluritos concluíram que a mais provável é<br />

semelhante ao paratelurito (-TeO2), onde as unidades [TeO4] são somente ligadas por seus<br />

vértices).<br />

Combinando o TeO2 com os modificadores de rede (tais como o Na2O) e os intermediários<br />

(tais como o ZnO) resulta em modificações estruturais como estruturas em cadeias.<br />

Estruturas semelhantes são observadas em minerais teluritos tais como (Zn2Te3O8) e está<br />

correlacionado ao aumenta da tendência de formação vítrea de fundidos resfriados.<br />

Entretanto, as estruturas que compartilham os vértices observados nos vidros teluritos não<br />

levam necessariamente à conclusão de facilidade de formação vítrea.<br />

A terceira lei de Pauling estabelece que a estabilidade dos tetraedros iônicos (isto é,<br />

intensidade da ligação iônica) decresce através da série: compartilhando os vértices →<br />

compartilhando os lados → compartilhando as faces.


Como a distância entre os cátions através desta série decresce, a interação covalente<br />

aumenta. Portanto, poderíamos concluir que fundidos com uma alta proporção de tetraedros<br />

compartilhando os vértices teriam uma maior viscosidade (devido ao decréscimo da<br />

interação iônica) do que fundidos compartilhando faces e lados.<br />

No resfriamento rápido, pode ser evitada a cristalização, pois a viscosidade terá um<br />

aumento relativamente alto, possibilitando o rearranjo atômico.<br />

Recentemente estão mostrando evidências de que as fases γ e δ-TeO2 em amostras vítreas e<br />

cristalinas foram formadas pelo tratamento térmico de vidros TeO2 que continham WO3,<br />

Nb2O5 ou PbO (5-10 mol%). Os vidros foram lentamente aquecidos a 440 o C e mantidos a<br />

esta temperatura durante 60 horas.<br />

A estrutura cristalina desta fase foi determinada por Difratometria de Raios-X (DRX) como<br />

sendo ortorrômbica, do grupo espacial P222. Uma banda em 430 cm -1 no espectro Raman<br />

destes vidros corresponde a uma unidade estrutural semelhante à fase γ-TeO2.<br />

Pensa-se que a fase γ-TeO2 seja uma fase intermediária entre o estado cristalino e a fase<br />

vítrea (um antividro). Esta fase foi formada pelo recozimento do vidro TeO2-WO3 com<br />

composições (5-10 mol%) durante 25 horas a 340 o C. A fase δ-TeO2 foi determinada por<br />

DRX como sendo uma estrutura cúbica relacionada com a fluorita metaestável com grupo<br />

espacial Fm3m.<br />

TeO2-ZnO<br />

A estrutura cristalina do óxido de zinco é hexagonal, do grupo espacial P63mc, análoga à<br />

estrutura wurtzita (ZnS). Os ânions de oxigênio estão hexagonalmente empacotados (hcp)<br />

com buracos tetraedrais alternados cheios com cátions de Zn. Tanto o zinco quanto o<br />

oxigênio são coordenados um ao outro com coordenação 4, portanto a estrutura pode ser<br />

pensada como duas sub redes hcp interpenetrantes de Zn e O2.<br />

A estrutura do vidro 80TeO2-20ZnO (mol%), analisada por difração de nêutrons, mostra<br />

que as unidades estruturais neste vidro ([TeO4], [TeO3] e [ZnO6]) são semelhantes ao α-<br />

TeO2 e Zn2Te3O8, predominando a última. O número de coordenação médio do telúrio é de<br />

3,35. As distâncias inter-atômicas (Te-O e Zn-O) são também preservadas para a forma<br />

cristalina α-TeO2 nos vidros telurito de zinco. Uma das ligações axiais (Te-O axial) pode<br />

7


ser alongada nas unidades [TeO4] com a adição de uma segunda componente devido à<br />

perda da simetria central, formando [TeO3+1]. Este alongamento pode ser extremo, tal como<br />

no K2TeO3. 3H2O com três ligações Te-O de 1,85 A e uma quarta de 3,87 A que pode ser<br />

considerada como uma unidade estrutural [TeO3]. A composição formadora dos vidros<br />

teluritos de zinco foi de 35%[TeO4] e 65%[TeO3]/[TeO3+1].<br />

Os picos de difração de nêutrons (> 3 Å) sugerem fracas ligações dos cátions (Te-Te e Te-<br />

Zn via átomos de oxigênio) entre as cadeias no vidro. As distâncias entre as cadeias não são<br />

preservadas dos materiais cristalinos na formação vítrea devido à incorporação entre as<br />

cadeias dos poliedros [ZnO4+1+1].<br />

Estas unidades estruturais do zinco podem se ligar ao α-TeO2 como cadeias, cadeias<br />

terminais ou ligações nos lados das cadeias situadas no canal entre as cadeias.<br />

O ZnO entra na rede vítrea telurito como [ZnO5] e [ZnO6] opostas às unidades [ZnO4]<br />

como no ZnO cristalino.<br />

TeO2-Na2O<br />

A adição do modificador de rede Na2O em vidros teluritos resulta em uma maior<br />

despolimerização do que ocorre quando se adiciona ZnO nesta rede vítrea, como o sódio é<br />

monovalente, as terminações da rede ligam-se a oxigênio ligados. A máxima estabilidade<br />

do vidro ocorre em 20 mol% de Na2O, e o sódio residem em sítios diferentes da rede.<br />

Atualmente apesar das diversas discrepâncias e discussões na literatura a estrutura deste<br />

vidro telurito com metais alcalinos (Li, Na, K, Rb e Cs) é aquela mostrada na figura 1.4,<br />

que ilustra em (a) a faixa das unidades estruturais observados nestes vidros e em (b) os<br />

mecanismos da entrada dos modificadores de rede M2O nesta rede vítrea.<br />

8


Fig.1.4 Unidades estruturais observadas nos vidros teluritos e (b) mecanismos para a<br />

entrada dos modificadores de rede M2O na rede vítrea telurito.<br />

Podemos observar que esta rede vítrea é mais aberta do que a da sílica, uma das prováveis<br />

causas da maior solubilidade dos íons de terras raras nesta rede vítrea. Também podemos<br />

inferir uma maior quantidade de sítios onde se alojam, os íons de Er 3+ , o que justifica o uso<br />

destas matrizes neste trabalho.<br />

9


1.3 Propriedades dos vidros Teluritos<br />

Os vidros teluritos oferecem algumas propriedades úteis que não são encontradas nos<br />

vidros de sílica, como, por exemplo, alto índice de refração, boa transmitância no<br />

infravermelho e alta não linearidade óptica. Além disso, os vidros teluritos, por<br />

apresentarem maior intervalo entre a temperatura de cristalização e a temperatura de<br />

transição vítrea, são mais estáveis do que os vidros fluoretos e apresentam maior<br />

solubilidade a terras-raras do que os vidros calcogêneos.<br />

Quando a luz é espalhada ao longo de uma fibra telurito, a maioria dos fótons é espalhada<br />

elasticamente (espalhamento Rayleigh). Estes fótons têm o mesmo comprimento de onda<br />

que os fótons incidentes. Contudo, uma pequena fração da luz (~1 em 10 7 fótons) é<br />

espalhada em um comprimento de onda diferente.<br />

Os vidros teluritos tem baixa energia de fônons. No processo conhecido como<br />

espalhamento Raman Stokes, uma parte da energia do fóton se transforma em energia de<br />

um fônon óptico, e o comprimento de onda do fóton espalhado é maior que o incidente. O<br />

pico do ganho Raman para vidros teluritos é aproximadamente dez vezes maior que o da<br />

sílica e tem quase o dobro de sua largura de banda.<br />

1.3.1 Energia de Fônons<br />

As propriedades de amplificação de fibras ópticas dopadas com íons ativos dependem da<br />

energia dos fônons do vidro que, por sua vez, influencia grandemente a eficiência quântica<br />

de radiação.<br />

Baixa energia de fônons significa menor probabilidade de decaimento não-radiativo de<br />

multifônons dos estados excitados de íons de terras raras, permitindo transições radiativas<br />

em regiões mais amplas do infravermelho, além de aumentar a eficiência quântica do<br />

amplificador.<br />

Para ilustrar, a Figura 1.5 mostra o esquema de níveis de energia de íons de Érbio inseridos<br />

em dois tipos de matriz. Os íons de Érbio dissolvidos na matriz (A) possuem maior<br />

eficiência quântica do que os da matriz (B), visto que a energia dos fônons em (A) é menor<br />

do que em (B). Os vidros de teluritos, feitos com mais de 75% de TeO2, são mais<br />

10


apropriados para serem dopados com Érbio devido à menor energia de fônons que possuem<br />

(750 cm -1 ) em relação à sílica (1100 cm -1 )[5].<br />

Fig. 1.5. Esquema de níveis de energia de íons de Er 3+ inseridos em dois tipos de matriz. A<br />

eficiência quântica de íons de Érbio na matriz vitrea é dada por η = (E2 – E1)/ E3 . Quanto<br />

maior a energia dos fônons (E3 – E2), menor será a eficiência quântica[5].<br />

1.3.2 Estabilidade e Defeitos<br />

A estabilidade de um vidro é medida pela diferença entre a temperatura de cristalização, Tx,<br />

e a temperatura de transição vítrea, Tg . Quanto maior esta diferença, mais estável será o<br />

vidro, facilitando o puxamento da fibra.<br />

Como o processo de rearranjo atômico que causa a cristalização pode envolver a quebra de<br />

ligações interatômicas bem como a formação de novas ligações, pode-se esperar uma<br />

correlação entre a força destas ligações e a habilidade de formação do vidro. Quanto mais<br />

forte a ligação, mais lento será o processo de rearranjo, e, portanto, mais prontamente o<br />

vidro será formado. Menor energia de ligação, portanto, produz maior tendência para<br />

cristalização. Por outro lado, menor energia de ligação também significa menor energia de<br />

fônon. [6,7].<br />

Bombeio<br />

Matriz A Matriz B<br />

|3><br />

Radiação<br />

|2><br />

|1><br />

Tikhomirov e colaboradores estudaram alguns defeitos causados pela evaporação do<br />

oxigênio durante a fusão do vidro telurito: 80(TeO2 )- 10(Na2O)- 10(ZnO) (mol%), dopado<br />

com Er2O3 .[8]. Durante o período de fusão a 750 ºC por uma hora, houve uma perda de 0,5<br />

% em peso. A cor das amostras mudou de amarelo claro para cor de laranja com o aumento<br />

da temperatura e/ou tempo de fusão. Isto indicou que a mudança de cor poderia ser devido<br />

11<br />

Bombeio<br />

Radiação<br />

|3> ( 4 I9/2 )<br />

|2><br />

|1><br />

( 4 I13/2 )<br />

( 4 I15/2 )


à volatilização, ou seja, à evaporação do oxigênio do óxido de telúrio (TeO2), visto que a<br />

massa atômica do oxigênio (16) é muito menor que a do Telúrio (128). O TeO2, então, se<br />

decompôs em TeO e O2, deixando vacâncias de oxigênio na estrutura bipiramidal do TeO4.<br />

Tikhomirov percebeu que a concentração ótima de Er 3+ era semelhante ao número de<br />

vacâncias de oxigênio, o que indicou que o Er 3+ se incorpora bem nos sítios de defeitos.<br />

1.3.3 Viscosidade<br />

A adição de modificadores de rede numa matriz vítrea causa a ruptura de moléculas<br />

formadoras da rede vítrea, e diminuem sua viscosidade. Isto faz com que a temperatura de<br />

transição vítrea diminua, bem como sua temperatura de trabalho.<br />

Por exemplo, para o vidro telurito de composição: 75TeO2:10ZnO:15Na2O, a temperatura<br />

de transição vítrea. Tg, está a 295 ºC, e o princípio de cristalização, Tx, está a 480 ºC.<br />

Portanto, na faixa de temperatura de Tx – Tg = 185 ºC, o vidro pode ser trabalhado [9].<br />

Como mostra esquematicamente a figura 1.6, a faixa de temperatura de trabalho de um<br />

vidro telurito é menor do que a de um vidro de sílica.<br />

12


Viscosidade Log η<br />

η (Poise)<br />

9<br />

7.5<br />

6.5<br />

4<br />

Vidros<br />

teluritos<br />

Extrusão<br />

320 420<br />

490<br />

340<br />

Puxamento<br />

de fibra<br />

Temperatura ( ºC )<br />

Fig. 1.6. Gráfico esquemático da variação da viscosidade com a temperatura,<br />

comparando vidros teluritos com vidros de sílica[4].<br />

1.3.4 Níveis de Energia de Terras Raras na Matriz do Vidro Telurito<br />

As terras raras, também referidas como lantanídeos, compreendem a série de elementos na<br />

sexta linha da tabela periódica, estendendo-se do Lantânio ao Itérbio[5]. Eles possuem a<br />

camada 4f parcialmente preenchida, a qual é blindada ou protegida dos campos externos<br />

pelos elétrons 5s 2 e 5p 6 . Os níveis de energia dos elementos desta série são, portanto muito<br />

insensíveis ao ambiente no qual são colocados. Quando incorporados em materiais<br />

hospedeiros amorfos ou cristalinos, as terras raras existem como íons de valência +3 , ou<br />

ocasionalmente, +2. Todos os íons +3 exibem intensa luminescência entre níveis 4f, de<br />

largura estreita, em grande variedade de hospedeiros, e a blindagem proporcionada pelos<br />

elétrons 5s 2 e 5p 6 significa que as transições radiativas de terras raras em hospedeiros<br />

sólidos assemelham-se àquelas dos íons livres, e que o acoplamento elétron-fônon é fraco.<br />

Como resultado da blindagem dos elétrons 4f, a posição dos níveis eletrônicos é<br />

influenciada muito mais pela interação spin-órbita do que pelo campo cristalino. As<br />

transições internas do nível 4f são proibidas por paridade, mas se tornam parcialmente<br />

13<br />

2000<br />

Vidros de<br />

sílica<br />

2500


permitidas pela interação do campo cristalino que mistura funções de onda de paridade<br />

oposta. Os tempos de vida luminescentes são, portanto, longos (da ordem de milisegundos),<br />

e as larguras de linha são estreitas.<br />

O Érbio ( 68 Er ) puro é um metal, cuja configuração eletrônica é: [Xe]4f 12 6s 2 . Quando o<br />

Érbio é incorporado como dopante numa matriz dielétrica, geralmente perde três elétrons,<br />

tornando-se Er 3+ , um íon trivalente, com três elétrons desemparelhados no orbital 4f 11 ,<br />

conforme mostrado no esquema de preenchimento dos elétrons e seus spin na Figura 1.7.<br />

4f 11<br />

ml -3 -2 -1 0 1 2 3<br />

Fig. 1.7. Esquema de preenchimento dos elétrons do nível 4f do íon Er 3+ .<br />

Como existem três elétrons desemparelhados no íon Er 3+ , o potencial eletrostático não é<br />

esfericamente simétrico, o que gera uma interação coulombiana residual entre esses<br />

elétrons. Esta interação promove o acoplamento dos spins dos três elétrons<br />

desemparelhados de modo que a energia é menor para o estado de maior momento angular<br />

de spin total, ou seja , para Smáx = 1/2 +1/2 +1/2 = 3/2.<br />

A mesma interação coulombiana residual acopla os momentos angulares orbitais dos três<br />

elétrons de modo que a energia seja menor para o estado no qual o módulo do momento<br />

angular orbital total seja máximo, ou seja , para Lmáx = Σl = -3 -2 -1 +2x1+2x2+2x3 = 6.<br />

Uma vez incluída a interação coulombiana residual dominante, vem a interação spin-órbita<br />

mais fraca. Devido a este acoplamento, surge o momento angular total J = L +S, que toma<br />

os seguintes valores: {|Lmáx – Smáx |, |Lmáx – Smáx | + 1, ..., Lmáx + Smáx }. Visto que Jmin = |6<br />

– 3/2| = 9/2 e Jmáx = |6+3/2| = 15/2, temos: J = { 9/2, 11/2, 13/2, 15/2 }.<br />

Portanto, as notações espectroscópicas para estes estados, 2S+1 LJ, com L= 6 correspondendo<br />

à letra I, são: 4 I15/2 , 4 I13/2, 4 I11/2, 4 I9/2 . Como o orbital 4f 11 está mais do que meio cheio, as<br />

excitações óticas do érbio são discutidas em termos do comportamento dos buracos, que<br />

equivalem a cargas positivas; e a energia é menor para o estado no qual J é maior.<br />

14


Quando um elétron no estado fundamental, com L=6, faz uma transição para um estado<br />

excitado, com L=3, ele passa para o nível excitado F. Neste caso o elétron pode passar de<br />

m l =0 para m l = -3, ou de m l =1 para m l =-2 ou de m l =2 para m l =-1. Em todas<br />

estas transições, o momento angular orbital total do estado excitado é L=3 (letra F).<br />

Até aqui não consideramos torques externos sobre os elétrons do Érbio. Estes torques<br />

surgem quando os íons de érbio são submetidos aos campos cristalinos da matriz vítrea,<br />

fazendo com que os níveis 4 IJ se desdobrem em (2J+1)/2 níveis, denominados níveis Stark.<br />

No caso de vidros teluritos, os íons de Érbio podem estar rodeados pelas seguintes<br />

subestruturas básicas: 1) poliedros de TeO4 na forma de bi-pirâmides trigonais , 2) TeO3+1<br />

e 3) pirâmides trigonais TeO3. A predominância de uma unidade estrutural específica<br />

depende da concentração dos modificadores de rede. Como o campo cristalino<br />

experimentado por estes íons difere de sítio para sítio, o espectro de emissão do Érbio sofre<br />

um alargamento não-homogêneo. Finalmente, devido a flutuações térmicas, cada sub-nível<br />

sofre um alargamento homogêneo. Todos estes desdobramentos estão esquematizados na<br />

Figura 1.8 .<br />

Campo<br />

Central<br />

Energia<br />

(4f) 11<br />

Interação<br />

eletrostática<br />

4 I<br />

S=3/2, L = 6<br />

Interação<br />

Spin-órbita<br />

Fig. 1.8. Níveis eletrônicos do íon Er 3+ desdobrados por várias interações[5].<br />

15<br />

4 I9/2<br />

4 I11/2<br />

4 I13/2<br />

4 I15/2<br />

Campo<br />

Ligante<br />

(2x13/2+1)/2 = 7<br />

subníveis Stark<br />

Alargamento<br />

não-homogêneo<br />

Alargamento<br />

homogêneo


Os íons de Er 3+ numa matriz de vidro telurito apresentam os níveis de energia mostrados na<br />

figura 1.9 (o alargamento dos níveis não está mostrado). Visto que o nível 4 I13/2 se<br />

desdobra em 7, e o nível 4 I15/2 se desdobra em 8 subníveis Stark, isto leva a um total de<br />

7x8=56 possíveis transições do nível 4 I13/2 para o nível 4 I15/2 , sem contar com os subníveis<br />

devido aos alargamentos não-homogêneo e homogêneo.<br />

O laser de bombeio a 980 nm não somente promove os íons do nível 4 I15/2 para o 4 I11/2 , mas<br />

também do nível 4 I11/2 para o 4 F7/2 . Este último caracteriza a absorção de estado excitado a<br />

qual produz uma emissão de luz verde. A absorção de estado excitado é indesejada nos<br />

amplificadores a fibra visto que a emissão resultante não se encontra no comprimento de<br />

onda desejado em comunicações ópticas. Tentativas para suprimir este efeito já foram<br />

realizadas, co-dopando com íons de Cério (Ce 3+ ), porém sem muito sucesso. A absorção de<br />

estado excitado não aparece somente com bombeio em 980 nm, mas aparece também em<br />

1480 nm.<br />

A configuração eletrônica do Túlio (Tm) é : [Xe]4f 13 6s 2 . Numa matriz de vidro telurito, o<br />

Túlio perde três elétrons e se torna um íon trivalente, Tm 3+ , com dois elétrons<br />

desemparelhados no orbital 4f 12 . A interação coulombiana nos dois elétrons<br />

desemparelhados leva a Smáx = ½ + ½ = 1, e Lmáx = -3-2+2x(-1)+2x1+2x2+2x3 = 5.<br />

Os valores {|Lmáx – Smáx |, |Lmáx – Smáx | + 1, ..., Lmáx + Smáx } do momento angular total<br />

devido à interação spin-órbita são: {4,5,6}. Portanto, as notações espectroscópicas para<br />

estes estados, 2S+1 LJ, com L= 5 correspondendo à letra H, são: 3 H4 , 3 H5, 3 H6. A Figura 1.10<br />

mostra um esquema dos níveis de energia dos íons de Tm 3+ .<br />

16


Energia x 10 3 (cm -1 )<br />

20<br />

16<br />

12<br />

8<br />

4<br />

0<br />

Fig. 1.9. Níveis de energia do Er 3+ na matriz de vidro telurito[6].<br />

3 F2,3<br />

3 H4<br />

3 H5<br />

3 F4<br />

3 H6<br />

4 F7/2<br />

3 S2<br />

4 F9/2<br />

4 I9/2<br />

4 I11/2<br />

4 I13/2<br />

4 I15/2<br />

0.98 µm<br />

Bombeio<br />

790 nm<br />

0.98 µm<br />

Fig. 1.10. Níveis de energia do Tm 3+ na matriz de vidro telurito[6].<br />

17<br />

Érbio<br />

Amplificação<br />

1458 nm<br />

1.53µm<br />

1850 nm


1.3.5 Amplificadores de fibra telurito dopada com Érbio<br />

O ganho de um amplificador a fibra dopada com Érbio é obtido com a inversão de<br />

população dos íons de Érbio. O nível de inversão é fixado, primeiramente, pela potência no<br />

comprimento de onda de bombeio e a potência no comprimento de onda amplificado.<br />

Aumentando a potência do sinal, ou a potência de bombeamento, diminui o nível de<br />

inversão e, portanto, o ganho do amplificador será reduzido. Este efeito é conhecido como<br />

saturação de ganho, ou seja, aumentando o nível do sinal, o amplificador satura e não pode<br />

produzir potências adicionais de saída, reduzindo, assim, o ganho. A saturação também é<br />

conhecida como compressão de ganho.<br />

Para minimizar o ruído, os amplificadores a fibra dopada operam com pequena compressão<br />

de ganho, visto que isto reduz a taxa de emissão espontânea, reduzindo, portanto a ASE, ou<br />

seja, a emissão espontânea amplificada.<br />

A largura do pico de ganho de uma fibra telurito dopada com Érbio é de 80 nm, ao passo<br />

que a largura do pico de ganho de um amplificador a fibra de sílica dopada com érbio está<br />

entre 35 nm e 40 nm. A NTT Japonesa vem desenvolvendo a mais de dez anos<br />

amplificadores a fibra telurito dopadas com Érbio para sistemas WDM[33].<br />

Em 2003, o projeto Europeu Lobster, formado por um consorcio de cinco instituições,<br />

fabricou e caracterizou um amplificador a fibra de telurito dopado com Érbio [20].<br />

Uma fibra de 80 cm de comprimento foi bombeada por dois lasers de 42 mW a 1480 nm,<br />

um co-propagante e outro contra-propagante, como mostra a figura 1.11. O tendão de<br />

Aquiles do amplificador foi a conexão entre a fibra de telurito ativa e a fibra passiva.<br />

Devido à fragilidade da fibra telurito, não foi possível conectorizala.<br />

Portanto, a opção foi usar um óleo de índice de refração 1.7 para diminuir a reflexão entre<br />

as fibras de índices 1.46 e 2. Este óleo também suprimiu a ocorrência de laser devido às<br />

reflexões de Fresnel entre as extremidades da fibra dopada, no comprimento de onda<br />

correspondente ao pico de ganho, em torno de 1558 nm.<br />

O gráfico da Figura 1.12 mostra o espectro de ganho para dezesseis canais, sendo oito na<br />

banda C (1530 nm a 1565 nm) e oito na banda L (1565 nm – 1625 nm). Nota-se que quanto<br />

menor a potência de entrada do sinal, maior o ganho obtido. Um espectro de ganho como<br />

18


este pode ser considerado como prova final da construção de um amplificador a fibra<br />

telurito dopada com Érbio.<br />

Fig. 1.11. Montagem do amplificador a fibra dopada com Érbio.[20]<br />

Fig. 1.12. Espectro de ganho obtido com bombeio de 42 mW em 1480 nm, co-<br />

propagante e contra propagante[20].<br />

19


A preforma que deu origem à fibra de telurito dopada do projeto Lobster, usou um tubo de<br />

telurito de 10 mm de diâmetro externo e 4.3 mm de diâmetro interno, usado como casca.<br />

Este tubo foi feito por extrusão, como mostra a Figura 1.13. A fibra produzida apresentou<br />

uma atenuação abaixo de 5 dB/m, de 700 nm a 1600 nm.<br />

Fig. 1.13. Tubo de telurito feito por extrusão [20].<br />

Devido à alta complexidade do processo de fabricação de um amplificador a fibra telurito<br />

dopada com érbio, os projetos geralmente envolvem equipes de várias Instituições. Para a<br />

realização do amplificador do projeto Lobster, tomaram parte as seguintes Instituições:<br />

1. Telecom Italia Lab (TILAB)<br />

2. Optoelectronics Research Centre (Southampton University) (ORC)<br />

3. Otto Schott Institut (Jena University) (OSI)<br />

4. Consorzio Nazionale Interuniversitario per le Telecomunicazioni (CNIT)<br />

5. Turin Technology Centre (Agilent Technologies Italia) (TTC).<br />

Entretanto, devido à problemas internos toda estas instituições se dissolveram e não foi<br />

concluído o projeto de produção de fibras de vidro telurito dopada com íons de Er 3+ . A<br />

companhia Agilente em Turin, Itália que liderava todo este projeto, fechou toda a sua<br />

parte de produção de vidros e o projeto teve um fim inglório.<br />

20


1.4 Fibras do tipo casca-núcleo versus micro-estruturada.<br />

Em um amplificador de fibra dopada, a diferença de índices de refração (∆n) entre o núcleo<br />

e a casca influencia grandemente o coeficiente de ganho. Fibras ópticas convencionais de<br />

casca e núcleo feitas de vidros compostos (não de sílica) exibem alguns problemas, que<br />

tornam a sua fabricação difícil. A composição do vidro da casca deve ser diferente da<br />

composição do vidro do núcleo para proporcionar a necessária diferença entre os<br />

respectivos índices de refração. Porém, diferentes índices de refração também implicam em<br />

diferentes coeficientes de expansão térmica, temperaturas de transição vitrea (Tg) e<br />

temperatura de cristalização (Tx ), as quais devem ser levadas em consideração no processo<br />

de fabricação. Assim, torna-se difícil evitar a nucleação e cristalização na interface casca-<br />

núcleo, que aumentam consideravelmente as perdas por transmissão.<br />

Por outro lado, as fibras de casca com furos, (Holey fibers), feitas de vidros compostos não<br />

têm os problemas relacionados com o descasamento das propriedades físicas entre casca e<br />

núcleo, já que a casca e o núcleo podem ser feitos de um mesmo vidro. Neste caso, a<br />

diferença entre os índices de refração da casca e do núcleo provém da microestrutura da<br />

casca, isto é, dos buracos de ar nela contidos, em vez da diferença entre as propriedades dos<br />

respectivos vidros[7,9,10-13].<br />

21


________________________________________________________________________<br />

CAPÍTULO 2<br />

_____________________________________________________________________<br />

2.1 Nomenclatura das fibras<br />

As fibras de cristal fotônico também são conhecidas como fibras ópticas micro-estruturadas<br />

A Tabela 2.1 traz a nomenclatura dos diversos tipos de fibras.<br />

Tabela 2.1. Tipos de Fibras ópticas<br />

Termo Geral Classe Principal Sub-classes<br />

Fibra de cristal fotônico<br />

Fibra micro-estruturada<br />

Fibra óptica micro-estruturada<br />

Núcleo de alto-índice<br />

Guiamento por índice<br />

Holey<br />

Holey-assisted<br />

Photonic band-gap (PBG)<br />

Guiamento por band-gap<br />

2.2 Guiamento óptico por “bandgap” fotônico<br />

22<br />

Grande abertura numérica<br />

Grande área modal<br />

Altamente não linear<br />

Núcleo de baixo índice<br />

Guiamento pelo núcleo de ar<br />

Uma fibra de cristal fotônico de núcleo ôco, com a casca ou “cladding” formada por<br />

capilares periodicamente arranjados, pode guiar luz em ângulos de incidência onde opera o<br />

intervalo de freqüência proibido, ou seja, dentro do “band-gap” fotônico [12]. Fora deste<br />

intervalo, a luz é refratada. Uma fibra de cristal fotônico de núcleo sólido e também com<br />

um ‘cladding’ constituído por capilares periodicamente arranjados, guia luz por um


mecanismo análogo à reflexão interna total. Fibras deste tipo com núcleos de diâmetro<br />

maiores que 15 µm e monomodos, podem guiar mais potência óptica que as de menor<br />

diâmetro. Estes mecanismos estão ilustrados na figura 2.1(a) [7].<br />

(a) (b)<br />

Fig. 2.1 (a) Mecanismos de guiamento da luz. (b) A luz refletida em todos os capilares do<br />

‘cladding’ interfere construtivamente na região do núcleo, se o comprimento de onda<br />

estiver situado dentro do intervalo proibido[7].<br />

A figura 2.2 (a) mostra uma fibra de cristal fotônica de núcleo oco com atenuação mínima<br />

de 1,72 dB/Km em 1565 nm. Na figura 2.2 (b), os primeiros mínimos à direita e à esquerda<br />

do máximo central mostram a localização do contorno do núcleo. Cerca de 98.3% da<br />

potência óptica está localizada no núcleo de ar, 1.0% nos capilares da casca e os restantes<br />

0.7% no vidro. O decaimento radial médio da intensidade na casca é 9.5 dB por período Λ,<br />

definido como a distância entre dois capilares [9,11].<br />

23


(a) (b)<br />

Fig. 2.2 (a) Microfotografia de varredura eletrônica de uma fibra de cristal fotônica de núcleo<br />

oco. (b) Distribuição de Intensidade do campo próximo normalizado [9,11].<br />

2.3 Medidas espectrais de fibras fotônicas<br />

Para as fibras de cristal fotônico que conduzem luz no intervalo de comprimento de onda<br />

proibido (band-gap), e que são utilizadas, por exemplo, como sensores, faz-se necessário o<br />

conhecimento preciso de seu intervalo de transmissão. Nas medidas de transmissão,<br />

atenuação, e, para fibras dopadas, absorção, costuma-se utilizar fontes de luz supercontínua<br />

por apresentarem algumas vantagens em relação a outras fontes de luz. No caso de<br />

lâmpadas alógenas de tungstênio ou xenônio, por exemplo, que produzem luz branca<br />

incoerente, o acoplamento de luz nas fibras é deficiente [13-16].<br />

A figura 2.3 mostra a intensidade de transmissão normalizada em função da freqüência<br />

normalizada de uma fibra de cristal fotônico de núcleo de ar. A fibra, que possui dezenas de<br />

centímetros de comprimento, foi iluminada com luz branca. Os picos, que representam<br />

bandas de baixas perdas de transmissão pelo núcleo de ar, possuem diferentes intensidades<br />

devido a diferentes eficiências de acoplamento nos respectivos comprimentos de onda e,<br />

possivelmente, à existência de um segundo modo em alguns intervalos de freqüência<br />

proibida. Os segmentos de fibra que guiam em determinados comprimentos de onda são<br />

iluminados com lasers apropriados [23-26].<br />

24


Por outro lado, a coerência espacial das fontes de luz supercontínua, bem como sua alta<br />

densidade de potência espectral, aumentam a eficiência de acoplamento, resultando em<br />

aumento na relação sinal/ruído comparado com lâmpadas de luz branca.<br />

Fig. 2.3. Espectro de transmissão de uma fibra de cristal<br />

fotônico de núcleo de ar, iluminada por luz branca [23-26].<br />

Uma fonte de luz supercontínua pode ser produzida iluminando uma fibra micro-<br />

estruturada, de núcleo tipicamente menor do que 5 µm de diâmetro, com pulsos curtos, de<br />

duração menor que alguns nanosegundos. Uma fonte de pulsos curtos pode ser um laser de<br />

titânio-safira que emite pulsos de 100 fs, ou um laser de Nd:YAG que emite pulsos de<br />

nanosegundos. A largura espectral do primeiro é maior que a do segundo, porém, as fontes<br />

de luz supercontínuas que utilizam lasers de Nd:YAG têm a vantagem de serem mais<br />

compactas. A figura 2.4 mostra um esquema de montagem para se medir espectros de<br />

transmissão. A fibra micro-estruturada e a fibra testada são alinhadas uma com a outra se<br />

utilizando de um atuador piezo-elétrico de alta precisão para otimizar o acoplamento da luz.<br />

25


Fibra Microestrruturada<br />

Laser Fibra teste<br />

Fig.2.4. Esquema para se medir espectros de transmissão em fibras ópticas, utilizando fonte<br />

de luz supercontínua.<br />

Atuador piezoelétrico<br />

A figura 2.5 mostra o espectro de transmissão de uma fibra ‘bandgap’ fotônica de 5 m de<br />

comprimento e núcleo de ar de 10 µm de diâmetro, cujo intervalo de transmissão está<br />

centrado em 1530 nm. A fonte de luz supercontínua é composta por um laser de Nd:YAG<br />

emitindo pulsos de nanosegundos, potência máxima de 180 mW em 1064 nm, e uma fibra<br />

micro-estruturada com núcleo de 4.8 µm de diâmetro. Por meio de um atuador piezo-<br />

elétrico, pôde-se conseguir uma eficiência de acoplamento de 50 % entre a fibra micro-<br />

estruturada e o núcleo de ar da fibra “bandgap” fotônica. Note que o valor absoluto da<br />

transmissão é impreciso devido às perdas de acoplamento. Mesmo assim, pode-se medir um<br />

intervalo de 70 nm (1580–1510) na banda de transmissão centrada em 1530 nm, com<br />

magnitude de 20 dB. O amplo intervalo de comprimento de onda proporcionado pela fonte<br />

supercontínua, possibilitou a verificação dos modos de casca (cladding), estendendo-se de<br />

800 nm a 1400 nm. Fazendo um alinhamento cuidadoso entre a fibra micro-estruturada e a<br />

fibra “bandgap” medida, foi possível aumentar substancialmente a intensidade de saída dos<br />

modos da casca ou ‘cladding’, e, ao mesmo tempo, reduzir a transmissão no intervalo de<br />

freqüência proibida, como mostra a figura 2.5. Mesmo deslocamentos tão pequenos quanto<br />

1 µm foram suficientes para afetar a forma do espectro de transmissão. [24,26].<br />

26<br />

Analisador de<br />

Espectro óptico


Fig. 2.5. Espectro de transmissão de uma fibra ‘bandgap’ fotônica medida<br />

com fonte de luz supercontínua[ 24-26].<br />

2.4 Perdas de potência óptica em fibras de cristal fotônico<br />

O modo da luz guiado pelo núcleo de uma fibra fotônica não fica totalmente confinado ao<br />

núcleo. Uma fração de sua potência óptica é guiada pelos modos superficiais localizados<br />

nos primeiros anéis de capilares próximos ao núcleo. Se o número de anéis for pequeno ou<br />

se a interface núcleo-capilar apresentar algum defeito geométrico, uma fração da potência<br />

óptica pode vazar pelo “cladding”.<br />

As perdas por confinamento de uma fibra com apenas dois anéis de capilares está ilustrada<br />

na figura 2.6. Com apenas dois anéis, pode-se perceber que as perdas por confinamento são<br />

consideráveis[7]. Uma fibra que guia luz pelo mecanismo de ‘band-gap’ fotônico,<br />

geralmente possui mais do que seis anéis de capilares, visto que as perdas por confinamento<br />

diminuem com o aumento desses anéis [8].<br />

27


Fig. 2.6. Guiamento da luz em uma fibra de cristal fotônico com núcleo ôco, e com<br />

somente dois anéis de capilares. Note o ‘vazamento’ de potência óptica correspondente<br />

às perdas por confinamento[7,8].<br />

A presença da interface ar/vidro nas fibras de cristal fotônico introduz novos mecanismos<br />

para a incursão de perdas. O ingresso de impurezas na interface durante o puxamento da<br />

fibra pode aumentar as perdas por absorção, ou podem agir como centros de formação de<br />

cristalitos que contribuem para as perdas por espalhamento. Estas contribuições de perdas<br />

podem ser reduzidas ou eliminadas através de melhorias tecnológicas na fabricação da<br />

fibra. Permanece, contudo, um espalhamento devido à rugosidade inerente da interface. Tal<br />

rugosidade surge devido às ondas excitadas termicamente na superfície dos capilares, que<br />

ficam ‘congeladas’ durante o puxamento da fibra na temperatura de transição do vidro. Este<br />

processo de formação de rugosidade é ditado pelo equilíbrio termodinâmico, de modo que<br />

ele não pode ser substancialmente reduzido por melhorias tecnológicas [10-13]. Estas<br />

perdas estão mostradas na figura 2.7.<br />

28


(a) (b)<br />

Fig. 2.7. (a) Distribuição angular da potência espalhada (calculada) devido à rugosidade de uma<br />

Fibra de Cristal fotônica com núcleo sólido. Λ= 2.0 µm, diâmetro das lacunas de ar é 1.96 µm, e λ<br />

= 1.55 µm. (b) Dependência das perdas devido à rugosidade com o comprimento de onda, para Λ=<br />

1,5 µm e d= 1.44 µm. Uma curva com dependência λ -4 e aproximadamente 50 vezes a intensidade<br />

do espalhamento Rayleigh no ‘bulk’ está incluída para comparação. [13]<br />

A figura 2.8 mostra as perdas por confinamento devido ao acoplamento dos modos do<br />

núcleo com modos que se estendem pelos capilares de ar de uma fibra band gap fotônica.<br />

Sete modos superficiais da fibra estão mostrados na figura 2.9.<br />

Alguns cálculos sugerem que as perdas por confinamento, ou tunelamento óptico, podem<br />

chegar a menos que 0.1 dB/Km em uma fibra com 10 anéis de capilares ao redor do núcleo,<br />

com uma estrutura de alto fator de preenchimento de ar (maior que 94%), em núcleos<br />

monomodos. [11].<br />

Para as fibras fotônicas com núcleo sólido, as quais guiam pelo confinamento óptico devido<br />

ao maior índice de refração do núcleo, as perdas devido ao material se tornam relevantes.<br />

29


(a) (b)<br />

Fig. 2.8. (a) Atenuação óptica em função do comprimento de onda para uma fibra “bandgap”<br />

fotônica com núcleo de ar, de 65 m de comprimento, utilizando a técnica de ‘cut-back’.O pico de<br />

perdas entre 1550 e 1650 nm é atribuído aos modos ópticos superficiais. (b) Secção transversal da<br />

fibra medida. [11].<br />

Fig. 2.9.Configurações de sete modos superficiais e dois modos do núcleo que estão dentro da faixa<br />

proibida, ou ‘band gap’, da fibra de sílica mostrada na canto inferior direito. Note que os modos do<br />

núcleo superpõem-se aos modos superficiais. [11]<br />

30


2.5 Fabricação de fibras de cristal fotônico de sílica<br />

A fabricação de fibras de cristal fotônica de sílica, envolve, basicamente, quatro etapas,<br />

como mostra a figura 2.10. Na primeira etapa, os capilares são fabricados. Para tanto, um<br />

tubo de sílica de aproximadamente 5 mm de diâmetro é puxado na torre, a uma temperatura<br />

acima de 1200 ºC, até um diâmetro de 1 mm.<br />

Pode-se usar capilares com diferentes diâmetros e espessuras de parede, o que influencia a<br />

razão d/Λ na fibra. Na segunda etapa, os capilares são posicionados, manualmente, para<br />

formar uma preforma com a geometria desejada. O defeito no qual a luz se propaga é uma<br />

vareta de vidro, a qual deve ser colocada na estrutura, ou, no caso de fibras com ‘bandgap’<br />

fotônico, uma lacuna com diâmetro apropriado.<br />

Na terceira etapa os capilares são inseridos em um tubo de vidro e puxados na torre até uma<br />

escala milimétrica, formando uma preforma intermediária. Na quarta etapa, a preforma<br />

intermediária é inserida em um tubo de sílica juntamente com outras varetas de sílica para<br />

completar os espaços vazios, e puxada na torre até se obter uma estrutura de escala<br />

micrométrica.<br />

Finalmente, um revestimento de acrilato é aplicado à fibra para protegê-la<br />

mecanicamente.[12]. Já foram fabricadas fibras de cristal fotônico de núcleo ôco de sílica<br />

com atenuações de 1.7 dB/km em 1565 nm [13].<br />

Durante o puxamento podem ocorrer deformações na geometria transversal da fibra. Para<br />

evitar tais defeitos, faz-se necessário um controle preciso da temperatura e centralização da<br />

preforma, bem como da velocidade de alimentação da preforma e da velocidade de<br />

puxamento da fibra.<br />

31


Fig. 2.10. Fabricação de uma fibra de cristal fotônica. (a) fabricação dos<br />

capilares individuais; (b) formação da preforma; (c) puxamento da preforma<br />

intermediária; (d) puxamento da fibra.[12].<br />

Antes do empilhamento dos capilares, tanto o tubo externo como os capilares são limpos<br />

com solvente de alta pureza e secados com um gás inerte.<br />

A figura 2.11 mostra duas fibras de cristal fotônico com quatro anéis de capilares,<br />

empilhados com geometria hexagonal, usando capilares de paredes finas e grossas. Para dar<br />

suporte aos capilares, a periferia da pilha é preenchida com hastes sólidas.<br />

Na escolha dos capilares deve se considerar as variações no diâmetro interno do tubo<br />

externo. Após o empilhamento ser completado, a preforma é aquecida em uma de suas<br />

extremidades, ocorrendo um estrangulamento. A outra extremidade é adaptada a um tubo<br />

de quartzo para ser puxada na torre de puxamento. [23].<br />

Fig. 2.11. Secção transversal de duas fibras de cristal fotônico de quatro anéis de<br />

capilares, com (a) capilares de paredes finas, e, (b) capilares de paredes grossas [23].<br />

32


Dentre todos os parâmetros de controle, a temperatura do forno e a velocidade de<br />

alimentação da preforma são os mais importantes. A figura 2.12 mostra o efeito da<br />

temperatura em três fibras, todas puxadas com a mesma taxa de alimentação de preforma:<br />

3.9 mm/min.<br />

A temperatura altera fortemente as condições de colapso dos buracos de ar numa fibra de<br />

cristal fotônico, pois a viscosidade tem forte dependência com a temperatura.<br />

Por outro lado, quanto maior a velocidade de alimentação da preforma, menor o tempo de<br />

exposição da preforma à região de calor, o que reduz a temperatura da preforma, e faz com<br />

que o diâmetro dos buracos de ar também aumentem.<br />

(a) (b) (c)<br />

Fig. 2.12. Seqüência de micrografias ópticas de fibras de sílica puxadas a<br />

temperaturas decrescentes. (a) 1950 ºC , (b) 1940 ºC e (c) 1930 ºC[26].<br />

Em fibras feitas por empilhamento de capilares, deve-se obedecer a estreitas especificações<br />

na dimensão tanto dos tubos externos quanto dos capilares a fim de se fabricar fibras de boa<br />

qualidade. Em algumas torres de puxamento, um sistema de pressurização é usado para<br />

controlar a pressão interna da preforma durante o puxamento. Com o controle da pressão<br />

interna da preforma pode-se (i) prevenir deformações indesejadas na estrutura de ar, e (ii)<br />

ajustar o diâmetro dos buracos de ar e a fração de ar.<br />

Mantendo a temperatura de puxamento e a velocidade de avanço da preforma constantes,<br />

pode-se analisar a variação do diâmetro dos buracos de ar com a variação da pressão na<br />

preforma. A pressurização tem dois propósitos: i) fornecer um meio adicional para<br />

controlar a geometria da fibra e dos capilares e ii) criar uma atmosfera inerte dentro da<br />

preforma para reduzir a atenuação óptica (na fibra) devido à difusão de OH dentro do vidro<br />

proveniente do ar, como também criar uma blindagem para outros contaminantes.<br />

33


A figura 2.13 mostra o esquema de um sistema de pressurização. Um fluxo constante de um<br />

gás inerte, como argônio ou nitrogênio, é fornecido ao sistema. Um tubo de vidro, adaptado<br />

à extremidade superior da preforma está conectado à linha de gás. A entrada do fluxo de<br />

gás é axial. A pressão interna da preforma é medida em seu topo e um sistema de<br />

realimentação proporcional-integral-diferencial (PID) é usado para ajustar o fluxo de gás<br />

dentro da preforma. O sistema de pressurização usado no Centro de Tecnologia em Fibras<br />

Ópticas da Universidade de Sydney possui uma precisão de 1 mbar no controle da pressão<br />

interna da preforma. [26].<br />

Embora a temperatura do forno e a taxa de alimentação da preforma possam ser usadas para<br />

controlar o colapso dos buracos de ar, o grau de controle não será satisfatório sem o<br />

controle da pressão interna da preforma.<br />

A figura 2.14 mostra uma secção transversal de uma fibra típica com e sem o controle de<br />

pressão interna da preforma. Sem o controle de pressão a estrutura torna-se irregular<br />

especialmente entre a estrutura de ar e o tubo externo. Quando o forno é aquecido, o ar<br />

dentro da preforma se aquece e se expande, mudando sua pressão.<br />

Como as condições variam continuamente durante o puxamento, pelo fato do topo da<br />

preforma se aproximar do topo do forno, a distribuição de temperatura e a pressão na<br />

estrutura de ar podem nunca se estabilizar.<br />

Também deve se levar em conta o gradiente radial de temperatura o qual expõe a parte<br />

externa da preforma a uma temperatura maior que a parte central. Por estes motivos, o<br />

controle da pressão interna da preforma torna-se essencial.<br />

Para que o controle de pressão seja eficiente, tanto a temperatura quanto a velocidade de<br />

avanço da preforma devem ser primeiramente otimizados.<br />

34


Fig. 2.13. Sistema de pressurização interna da preforma durante o<br />

puxamento. PID: controle Proporcional, Integral, Diferencial[26].<br />

(a) (b)<br />

Fig. 2.14. Micrografias ópticas da secção transversal de fibras típicas (a) sem e (b)<br />

com um controle de pressão interna da preforma. O diâmetro da fibra é de 125 µm<br />

para as duas fibras. [26]<br />

PID<br />

35<br />

Rotâmetro<br />

Gás inerte


2.6 Modelamento numérico do processo de puxamento<br />

O modelamento numérico do processo de puxamento de fibras ópticas foi feito por Xue<br />

[23] e [24]. Ele analisou o colapso de um tubo contendo somente um capilar em seu centro,<br />

isto é, um tubo anular, como mostra a figura 2.15. Para caracterizar as variações no<br />

tamanho do buraco de ar durante o processo de puxamento, foi definida uma taxa de<br />

colapso C0 :<br />

C<br />

0<br />

R ( z)<br />

l<br />

R0<br />

( z)<br />

≡ (2.1)<br />

χχχχ<br />

onde Rl(z) e R0(z) é o raio interno do buraco de ar e o raio da preforma na posição axial z,<br />

respectivamente. χ é a razão entre o raio do buraco de ar inicial, Rh, e o raio inicial da<br />

preforma Ri , isto é,<br />

R<br />

h<br />

χ ≡ . Com essa definição, o colapso total do buraco de ar ocorre<br />

R<br />

i<br />

quando C0 = 0 (isto é, quando Rl =0); a contração do buraco ocorre quando C0 < 1; o status<br />

quo é preservado quando C0 = 1; e uma expansão do buraco ocorre quando C0 > 1.<br />

36


Fig. 2.15. Diagrama esquemático do processo de puxamento contínuo[23].<br />

A razão de aspecto ε é definida como sendo a razão entre o raio Ri e o comprimento L da<br />

zona aquecida onde a preforma é puxada até a fibra, isto é,<br />

37<br />

R i<br />

εεεε ≡ . Esta razão deve ser<br />

L<br />

bem menor do que 1. A taxa de puxamento Dr é definida como sendo a razão entre a<br />

velocidade Vf de puxamento da fibra e a velocidade Vi de alimentação da preforma, isto é,<br />

V<br />

D ≡ .<br />

f<br />

r<br />

Vi<br />

O colapso do buraco de ar na posição z = L foi definido como:<br />

C<br />

0<br />

Rh = χ Ri<br />

Ar quente<br />

⎛ 1 ⎞⎛<br />

1<br />

= 1−<br />

⎜ ⎟<br />

⎜<br />

⎝ χχχχ ⎠⎝<br />

ln D<br />

r<br />

Ro<br />

Vf<br />

⎞⎛<br />

1 ⎞⎛<br />

1 ⎞<br />

⎟<br />

⎟⎜<br />

⎟ ⎜<br />

⎟<br />

⎠⎝<br />

εεεε ⎠⎝<br />

C a ⎠<br />

onde Ca é o número de capilar definido por<br />

Vi Ri<br />

(2.2)<br />

ηηηη Vi<br />

C a = ; η é a viscosidade na temperatura<br />

σσσσ<br />

de referência e σ é o coeficiente de tensão superficial do material da fibra.<br />

z<br />

Rl<br />

z<br />

L<br />

r


A viscosidade diminui com o aumento da temperatura. As tensões superficiais, que surgem<br />

devido às forças de atração das moléculas da superfície, também diminuem quando a<br />

temperatura aumenta, pois a distância entre as moléculas aumenta.<br />

A equação 2.2 mostra que pequenos valores de χ, ε, Dr e Ca promovem o colapso do<br />

buraco de ar. Para minimizar o colapso do buraco de ar devido aos efeitos de tensão<br />

superficial durante o puxamento da fibra, deve-se usar a menor temperatura e a maior<br />

velocidade de puxamento. Além disso, a região de estreitamento L deve ser a menor<br />

possível.<br />

A força viscosa Fvis em torno de um buraco de ar é igual à força de pressão requerida para<br />

manter dRI /dz =0, ou seja, para manter RI = Rh em toda a secção transversal (veja fig. 2.6).<br />

Fvis é dependente tanto da curvatura do buraco de ar como da inclinação da região de<br />

estreitamento. A razão entre a força viscosa e a força de tensão superficial Fs que atua ao<br />

redor de um buraco de ar pode ser aproximada por:<br />

Fvis dR0<br />

F<br />

s<br />

≈ 2 C a<br />

(2.3)<br />

dz<br />

Estas forças ‘competem’ ao longo da direção de puxamento, sendo que a razão entre elas é<br />

caracterizada não somente pelo número de capilar Ca local, mas também depende da taxa<br />

de deformação local. Na parte da região de estreitamento L onde a inclinação for mais<br />

acentuada, a força viscosa será dominante. Por outro lado, onde a inclinação for pequena, a<br />

força de tensão superficial pode tornar-se importante.<br />

Porém, o fato de que Ca >> 1, principalmente no começo da região de estreitamento,<br />

significa que é a força viscosa que é a principal responsável por qualquer variação no<br />

formato dos buracos de ar. Conseqüentemente, pode-se esperar que seja mais difícil manter<br />

o padrão inicial de buracos se a fibra for puxada usando um forno com zona de<br />

aquecimento curta.<br />

Esta conclusão tem sido de fato confirmada, como mostra a figura 2.16a comparada com<br />

2.16b. Nesta última a deformação foi mais acentuada, pois a zona de aquecimento tem a<br />

metade do comprimento daquela da figura 2.16(a).<br />

38


(a) (b)<br />

Fig. 2.16. (a) Formato da região de estreitamento, à esquerda, e secção<br />

transversal do buraco de ar, à direita, para uma fibra puxada com Dr = 100,<br />

Ri = 5 mm, L = 20 mm, ε = 0.25. (b) Idem, para L = 10 mm, ε = 0.5. [24]<br />

2.7 Condições típicas de puxamento<br />

As condições típicas de puxamento de fibras ópticas microestruturadas, para fibras de<br />

polímeros PolyMetilMetacrilato ⎯ PMMA e fibras de sílica, estão resumidas na tabela 2.1,<br />

onde Tw é a temperatura da parede do forno, para a fibra de sílica, ou a temperatura de ar<br />

quente para o puxamento secundário de uma fibra de polímeros microestruturada, e Rf é o<br />

raio da fibra puxada.<br />

Tabela 2.1<br />

Condições de Puxamento Típicas [21]<br />

Parâmetros Fibra PMMA Fibra de Sílica<br />

Ri (mm) 5 12.5<br />

Rf (mm) 240 x 10 -3<br />

39<br />

62.5 x 10 -3<br />

Tw (ºC) 220 2000<br />

L (mm) 40 – 50 40 - 50<br />

Vi (mm/min) 2.3 3.0<br />

Vf (m/min) 1.0 120


A figura 2.17 mostra uma fotografia de uma preforma de polímero com núcleo de ar, de 8<br />

cm de diâmetro, comparada com uma similar feita de sílica [25]. A preforma de polímero<br />

pode produzir um comprimento estimado de 300 km de fibra de uma única preforma<br />

puxada. O recorde mundial para as fibras de cristal fotônico de sílica é de 100 km.<br />

Fig. 2.17. Comparação entre uma preforma de polímero (esquerda) e uma<br />

preforma de sílica para uma estrutura similar[25]<br />

2.8 Fabricação de fibras microestruturadas por extrusão<br />

O pesquisador Ebendorff e colaboradores da universidade de Southampton, fabricaram uma<br />

fibra micro-estruturada utilizando um vidro de sílica com chumbo, de código SF57. [18].<br />

No processo de extrusão, um disco de vidro foi aquecido a uma temperatura próxima à do<br />

ponto de amolecimento (520 ºC para o SF57) e então o vidro foi pressionado através do<br />

‘die’ ou gabarito, cuja estrutura de saída determina a forma de vidro extrudado.<br />

A fibra foi feita em três etapas. Primeiro, a preforma estruturada e o tubo de revestimento<br />

são produzidos por extrusão. A preforma tem um núcleo central de aproximadamente 1 mm<br />

de diâmetro que é fixado por aletas ao tubo de 16 mm de diâmetro externo. Na segunda<br />

etapa, a preforma é colocada em uma torre de puxamento e afinada a uma vareta de cerca<br />

de 1.7 mm de diâmetro externo.<br />

Na terceira etapa, a vareta é inserida dentro de um tubo de revestimento de parede grossa, e<br />

esta montagem é puxada, resultando na fibra final, com um núcleo cujo diâmetro variou<br />

entre 1.7 a 2.9 µm. O ajuste do diâmetro da fibra foi feito escolhendo o diâmetro apropriado<br />

40


durante o puxamento da fibra. Para núcleos de 1.7 a 2.3 µm de diâmetro, as aletas foram de<br />

5 µm de largura por 250 nm de espessura.<br />

Fig. 2.18. (a) Secção transversal de um die usado para extrudar uma preforma<br />

estruturada.; (b) A preforma estruturada, (c) Imagem SEM da vareta<br />

resultante do afilamento da preforma, (d) Imagem SEM da fibra<br />

produzida[18].<br />

Para melhorar a qualidade da superfície, a preforma, a vareta e o tubo externo de<br />

revestimento foram ultrasonicamente limpos com metanol, e recozidos, para eliminar<br />

eventuais defeitos e bolhas. Para a melhor fibra, a perda foi de 2.6 dB/m. A figura 2.18<br />

mostra o die usado para extrudar, a preforma estruturada, a vareta resultante do afilamento<br />

da preforma, e a fibra produzida.<br />

O pesquisador Kumar e sua equipe da universidade de Bath, fabricaram uma fibra de cristal<br />

fotônico de telurito por extrusão.[19]. O vidro utilizado tinha a seguinte composição:<br />

5Na2CO3-20ZnO-75TeO2. Um cilindro de 20 mm de diâmetro e 50 mm de comprimento<br />

foi extrudado num sistema que permitiu o puxamento do vidro extrudado assim que o<br />

mesmo passou pelo ‘die’. Desta forma, uma vareta intermediária de 1 mm de diâmetro foi<br />

puxada. O tubo externo de revestimento, de 4 mm de diâmetro externo e 1 mm de diâmetro<br />

interno, também foi feito por extrusão. O conjunto tubo-vareta foi puxado resultando em<br />

fibras de diâmetro externo de 190 µm e núcleo com diâmetros de 7 µm. Núcleos de 2.6 µm<br />

41


de diâmetro também foram produzidos. O núcleo da fibra é suspenso por seis aletas de 70<br />

µm de largura e por 100 nm de espessura. As perdas foram de 2.3 dB/m em 1055 nm.<br />

Entretanto, devido a todos estes trabalhos realizados internacionalmente, é um processo<br />

extremamente complexo, notadamente no projeto do “die”e sempre os vidros estarão em<br />

contato com metais especiais que a altas temperaturas sempre sofrerão processo de<br />

contaminação. Diferentemente de todos estes grupos de pesquisa, nosso grupo optou pelo<br />

processo de puxamento de fibras ópticas fotônicas pelo método “stack and draw”, método<br />

este específico para a sílica.<br />

2.9 Fabricação de preformas de vidro telurito e fluortelurito por centrifugação.<br />

Quando se trabalha com vidros telurito, deve-se tomar cuidado não somente para evitar a<br />

contaminação do vidro durante sua fabricação, como também de não se contaminar, pois os<br />

seus vapores são tóxicos. A contaminação do vidro contribuirá, posteriormente, para<br />

aumentar a perda de potência óptica na fibra.<br />

M. O’Donnel usou uma torre da Heathway para puxar fibras de telurito e fluortelurito do<br />

tipo casca-núcleo (não fotônica). Para tanto, os vidros foram fundidos em um cadinho de<br />

ouro ou platina, em forno de resistência, alojado em um armário revestido de aço<br />

inoxidável. Um berço de cerâmica coloca e retira o cadinho dentro de um compartimento<br />

revestido de sílica, onde passa um fluxo de ar seco por uma tampa de sílica[29].<br />

Após a fusão do vidro a 800 ºC, este é vasado num molde de latão pré-aquecido a 250 ºC, o<br />

qual é girado a 1000 rpm na horizontal, por 10 s. Depois de formada a casca da preforma, o<br />

molde é posicionado na vertical, e o vidro que formará o núcleo é despejado. A preforma é,<br />

então, recozida por uma hora à temperatura Tg – 10 ºC, e lentamente resfriada à temperatura<br />

ambiente.<br />

42


_________________________________________________________________________<br />

CAPÍTULO 3<br />

_________________________________________________________________________<br />

Parte Experimental<br />

3.1 Sistemas de caracterização utilizados.<br />

3.1.1 Sistema para medida de índice de refração.<br />

As medidas de índice de refração dos vidros produzidos neste trabalho de tese foram<br />

realizadas utilizando um sistema de acoplamento por prisma modelo METRICON 2010. A<br />

figura 3.1.1(a) mostra uma representação esquemática do principio de funcionamento desse<br />

sistema.<br />

Um feixe laser entra no prisma e é refletido totalmente na base do mesmo. A radiação<br />

emergente do prisma é monitorada por um detector. A amostra é mantida em contato com a<br />

base do prisma com ajuda de um acoplador pneumático. O sistema prisma-detector–<br />

acoplador encontra-se sobre uma mesa giratória acionada por um motor de passo.<br />

Para certas posições angulares do feixe incidente a condição de reflexão total interna na<br />

base do prisma não é mais garantida e uma parte da radiação entra no filme propagando-se<br />

ao longo deste (modos guiados). Esse fato é percebido pelo detector como uma diminuição<br />

na intensidade. Utilizando os ângulos desses pontos de mínima intensidade (figura 3.1.1b)<br />

na lei de Snell, encontramos o índice de refração (n).<br />

θ<br />

F I L M<br />

α<br />

SUBSTRATO<br />

<strong>DE</strong>TECTOR<br />

Acoplador<br />

pneumático<br />

Figura 3.1.1. (a) Representação esquemática do sistema utilizado para a medição de índice de<br />

refração.(b) Curva típica de intensidade vs. ângulo externo registrada pelo detector.<br />

43<br />

I n t e n s i t y (a.u.)<br />

(a) (b)<br />

External Angle θ (deg.)


3.1.2 Sistema para Medidas de Fotoluminescência.<br />

Para medir a fotoluminescência, utilizamos a montagem descrita na figura 3.1.2. A fonte de<br />

bombeio utilizada foi um laser de Ti:Safira operando em 800nm. A potência do laser foi<br />

variada entre 900 mW a 1.2 W. A radiação foi focalizada com uma lente cilíndrica sobre a<br />

amostra produzindo um spot de aproximadamente 4 mm de diâmetro no foco da lente. A<br />

luminescência da amostra foi coletada a 90 o em relação ao feixe incidente. Para a faixa de<br />

1000 a 1600 nm foi utilizado um detector de InGaAs.<br />

Figura 3.1.2: Representação esquemática da montagem utilizada para medir a fotoluminescência<br />

3.1.3 Sistema do Analisador Térmico Diferencial (DTA)<br />

A figura 3.1.3 (a) mostra o forno do Analisador Térmico Diferencial, onde são colocados<br />

dois cadinhos de alumina ou platina, um para a amostra e o outro para uma substância de<br />

referência, que normalmente é o ar. Os dois cadinhos são aquecidos a uma taxa constante,<br />

como mostram as curvas pontilhadas da figura 3.1.3 (b). Quando a amostra sofre uma<br />

variação endotérmica, tal como uma fusão, o calor fornecido é consumido nesta variação, e<br />

a temperatura da amostra para de subir. A diferença de temperatura, ∆T = Tr – Ts, medida<br />

por meio de termopares, é o sinal DTA.<br />

44


Forno<br />

Referência<br />

Tr<br />

∆T<br />

Detetor<br />

(a) (b)<br />

Fig. 3.1.3. (a) Esquema do forno do Analisador Térmico Diferencial. (b) Curva típica de um<br />

DTA. Tr e Ts são as temperaturas de referência e da amostra, respectivamente.<br />

3.1.4 Análise Termo Mecânica (TMA)<br />

É uma técnica para avaliação das mudanças dimensionais de materiais em função da<br />

temperatura, tempo ou força. As medidas do TMA podem dar informações sobre os<br />

seguintes fenômenos: temperatura de transição vítrea, temperatura de amolecimento,<br />

transição sólido-sólido, fusão, decomposição e ainda informar com precisão dados sobre:<br />

� Coeficiente de expansão linear.<br />

� Comportamento de expansão.<br />

� Penetração.<br />

Amostra<br />

Ts<br />

� Relaxação elástica.<br />

A expansão térmica tem sua origem nas vibrações anarmônicas dos átomos na rede vítrea,<br />

influenciando as forças de atração e de repulsão entre estes. Em geral a forma das curvas de<br />

expansão térmica é semelhante para os sistemas vítreos. O coeficiente de expansão térmica<br />

(α) é determinado da inclinação pela curva de expansão entre 150-300 °C (para meus<br />

vidros), através da equação:<br />

∆L<br />

= ×<br />

∆T<br />

1<br />

α , onde ∆L é o aumento do comprimento da<br />

L O<br />

∆T<br />

45<br />

Tr<br />

Linha base<br />

Ts<br />

∆T<br />

Pico de fusão


amostra, ∆T é o aumento da temperatura e LO representa o comprimento inicial antes de ser<br />

aquecido. As figuras 3.1.4(a), (b) e (c) ilustram o equipamento e seu funcionamento para a<br />

realização das medidas mencionadas acima. No pico máximo encontramos a temperatura de<br />

amolecimento do vidro (“soft point” dilatométrico) Ta na figura.<br />

(a) (b)<br />

(c)<br />

Figura 3.1.4 a) Equipamento para medidas de TMA, b) Representação esquemática da técnica de<br />

TMA e, c) Curva característica do equipamento.<br />

46


3.1.5 Sistema para medir a Viscosidade<br />

O viscosímetro (fig. 3.1.5(a)) possui um forno onde o cadinho é colocado (figura 3.1.5b). A<br />

medida de viscosidade do vidro derretido é feita através do torque que o vidro exerce numa<br />

haste (spindle) que gira dentro do mesmo. Parta que a haste (spindle) não entorte, o torque<br />

que ela exerce no vidro deve ficar a 60 % do torque máximo.<br />

Este viscosímetro foi inaugurado pelo fim de 2005, e não possui saída para<br />

microcomputador. As medidas devem ser lidas e anotadas.<br />

(a) (b)<br />

Fig. 3.1.5. (a) O viscosímetro é composto de um sistema de controle de temperatura e<br />

de um forno onde o cadinho com o vidro é introduzido. (b) A parte inferior do forno<br />

abaixa para o cadinho ser introduzido. Um ‘spindle’ ou haste giratória é introduzida<br />

no vidro derretido para medir o torque.<br />

3.1.6 Sistema para medir o tempo de vida<br />

Para medir o tempo de vida, a amostra é iluminada por um laser de 980 nm, cortado por um<br />

‘chopper’, como mostra a figura 3.1.6. Um filtro seleciona a radiação emitida a 1500 nm, a<br />

qual é detectada e mostrada em um osciloscópio. O tempo de vida dos íons de Érbio e Túlio<br />

estão relacionados com o tempo de descida dos pulsos.<br />

47


Fig. 3.1.6. Montagem para medir o tempo de vida das amostras<br />

dopadas com Érbio e com Érbio e Túlio.<br />

3.1.7 Sistema de medidas de atenuação e espectro ASE<br />

A medida relevante e das mais importantes no campo das fibras ópticas é a medida<br />

da perda de potência do sinal quando o mesmo percorre ou se propaga na fibra<br />

óptica. Se denominarmos Po a potência na entrada de uma fibra óptica, a potência<br />

transmitida PT vem dada pela equação:<br />

P<br />

T<br />

− αL<br />

= P e o<br />

(3.1)<br />

onde α é a constante de atenuação, referendada como perda a fibra óptica e L é o<br />

comprimento da fira óptica. A perda da fibra é expressada em unidades de dB/km,<br />

fazendo uso da relação:<br />

λ = 980 nm<br />

120 mW<br />

Laser<br />

PC<br />

⎛ P ⎞ T<br />

= −<br />

⎜<br />

⎟<br />

L ⎝ Po<br />

⎠<br />

log<br />

10<br />

α dB<br />

(3.2)<br />

48<br />

Chopper<br />

Detetor<br />

Amostra<br />

Osciloscópio<br />

Filtro<br />

λ = 1550 nm


onde a equaão anterior foi utizada para relacionar αdB e α e L em km.<br />

A atenuação pode ser definida como a diminuição da intensidade do sinal luminoso<br />

que se propaga através de um determinado meio. Os mecanismos básicos<br />

responsáveis pela atenuação em fibras ópticas são a absorção, espalhamento e<br />

mecanismos de deformação.<br />

Absorção<br />

A absorção do material é o mecanismo da atenuação, que exprime a dissipação de<br />

parte da energia luminosa transmitida numa fibra óptica. Ela pode ser devido a<br />

presença de impurezas, notadamente dos elementos de transição da primeira série da<br />

tabela periódica e principalmente íons OH - .<br />

Espalhamento<br />

São mecanismos de atenuação que exprimem o desvio de parte da energia luminosa<br />

guiada pelos vários modos de propagação em várias direções. Existem diversos tipos<br />

de espalhamento: como Rayleigh, Raman, Brillouin estimulado e do guia de onda.<br />

Deformações mecânicas<br />

Em fibras fotônicas ou microestruturadas, devido a geometria de todo o conjunto dos<br />

capilares e núcleo, ocorre o perigo de ocorrer após o puxamento devido a tensões<br />

superficiais grandes tensões que causam perdas por deformação mecânica, pois o<br />

conjunto durante o puxamento é submetido à pressão transversal de maneira que é<br />

comprimida contra a superfície do núcleo. Perdas por curvatura como micro-<br />

curvatura e macro curvatura das fibras também são conhecidas produzirem perdas.<br />

Perdas por confinamento<br />

As mais importantes perdas ou atenuações produzidas principalmente em fibras<br />

microestruturadas são as perdas produzidas por confinamento.<br />

49


Na figura 3.1.8. mostra-se alguns valores das perdas por confinamento encontradas<br />

por White et al[32] para uma fibra óptica de sílica em função do número de anéis ou<br />

períodos dos buracos. Para a estrutura considerada os anéis são posicionados de<br />

maneira triangular e como mostrado nesta figura, valores maiores são determinados.<br />

Entretanto, os valores calculados são fortemente dependentes do tamanho dos buracos<br />

mostrando que as perdas por confinamento caem várias ordens de grandeza quando<br />

aumentamos o número de anéis na estrutura.<br />

Figura 3.1.7. Perdas por confinamento em uma fibra fotônica em função<br />

dos parâmetros da mesma para uma estrutura triangular[32].<br />

3.1.8 Sistema de medidas do espectro ASE<br />

A Figura 3.1.8 mostra o sistema de medidas do espectro ASE utilizado neste trabalho<br />

de tese.<br />

50


Espectrometro<br />

Fig. 3.1.8. Sistema de caracterização do espectro ASE das fibras dopadas com íons de Er 3+ . E<br />

uma fonte de laser de bombeio de 980 nm<br />

Fibra Telurito<br />

Dopada com Erbio<br />

Consiste de uma fonte de luz branca acoplada a um Analisador de Espectro Óptico AQ-<br />

6315A da Yokogawa. Duas fibras ópticas de sílica comerciais, uma alimentadora de luz do<br />

tipo multimodo e outra monomodo coletora de luz. O acoplamento entre a fibra de sílica e<br />

de vidro telurito era feira somente aproximando-se as duas fibras sem contacto, através de<br />

dois posicionadores x,y,z. Este tipo de acoplamento entre duas fibras de diferentes vidros,<br />

apresentam grandes problemas. Primeiramente ocorrem perdas por espalhamento, e o<br />

principal a reflexão de volta, ou “back reflection” devido a grande diferença entre o índice<br />

de refração entre o vidro de sílica (1,49) e o vidro telurito (2,1).<br />

3.1.9 Problema da Reflexão de Retorno “back reflection”.<br />

Na realidade tem-se a necessidade de se realizar a solda, emenda, ou “splice” entre a fibra<br />

óptica de sílica e a fibra óptica de vidro telurito. Até recentemente isto era impossível de se<br />

realizar devido a diferenças de pontos de fusão entre o vidro de telurito (650 o C) e a fibra de<br />

sílica (2000 o C), somente se realizava a emenda mecânica [33].<br />

51<br />

Fonte Laser<br />

Fibra<br />

Monomodo<br />

Fibra de sílica


Se realizarmos a emenda fibra a fibra em ângulo reto, surgirá no acoplamento o retorno da<br />

luz na direção reversa, contribuindo para as perdas de retorno. A figura 3.1.9 mostra de<br />

maneira esquemática o mecanismo de geração de “fantasmas” pela reflexão nas porções da<br />

emenda. A maneira correta para eliminar este fenômeno é realizar a solda entre os dois<br />

tipos diferentes de fibras em ângulo conforme ilustra a figura 3.1.10. que mostra de maneira<br />

esquemática a emenda entre estas duas fibras.<br />

Fig. 3.1.9 Representação esquemática dos efeitos da “back reflection” na região de solda entre uma<br />

fibra de sílica e uma fibra de vidro telurito[33]<br />

O ângulo θ ilustrado nesta figura provém da lei de Snell e da fórmula de refletância dada<br />

pela equação:<br />

2<br />

⎪<br />

⎧⎡(<br />

nNS<br />

− n ⎤ s ⎪<br />

⎫<br />

R = 10 log⎨⎢<br />

⎥ ⎬ dB (3.3)<br />

⎪⎩ ⎣ nNS<br />

+ ns<br />

⎦ ⎪⎭<br />

Onde nNS e ns são os índices de refração dos núcleos das fibras ópticas de vidro telurito e<br />

dos núcleos das fibras ópticas de sílica; para o caso real este valor deve cair em – 70 dB,<br />

respectivamente.<br />

52


Fig. 3.1.10 Representação esquemática de uma solda mecânica em ângulo entre uma fibra<br />

de sílica e uma fibra de vidro telurito[33]<br />

3.1.10 Sistema para medir a amplificação do sinal<br />

A figura 3.1.11 apresenta na forma de diagrama de bloco a parte experimental os<br />

equipamentos utilizados para a realização deste experimento, para o caso de fibras ópticas<br />

dopadas somente com várias concentrações de íons de Er 3+ .<br />

As amostras das fibras de vidros teluritos deste trabalho de tese (em verde) foram<br />

posicionadas entre duas fibras ópticas de sílica com boa clivagem. Estas fibras de sílica<br />

foram as responsáveis para o acoplamento e a coleta da luz proveniente da fibra de vidro<br />

telurito.<br />

Um laser de bombeio de 980 nm de sinal foi dividido em duas trajetórias ópticas através de<br />

um acoplador óptico de 3 dB, seguido por um WDM antes de alcançar a amostra de fibra<br />

óptica de vidro telurito.<br />

Nesta configuração a fibra de vidro telurito foi submetida a um bombeio bi-direcional. A<br />

potência de bombeio de cada uma das fibras de sílica foi limitada a 100 mW, por razões de<br />

segurança.<br />

53


Sinal<br />

1550nm<br />

WDM2<br />

Figura 3.1.11 Sistema experimental para a caracterização dos ganhos das fibras dopadas<br />

com íons de Er 3+ e abaixo mostramos o acoplamento mecânico entre a fibra de vidro<br />

telurito e a fibra de sílica.<br />

Atenuador<br />

3dB 980nm<br />

OSA<br />

Bombeio<br />

Isolador Filtro<br />

Os terminais restantes do WDM foram utilizados para acoplar o sinal de uma fonte laser<br />

sintonizável (Santec TSL-210V) de 1530-1570, cuja potência óptica foi controlada por um<br />

atenuador variável e para monitorar o sinal após a fibra de vidro telurito e/ou a emissão<br />

expontânea amplificada (ASE) em um analisador de espectro óptico (OSA-Agilent<br />

86146B). O isolador na figura 3.1.11 previne reflexões de retorno e sinais indesejáveis que<br />

podem retornar para a fonte de sinal. Posteriormente, fomos obrigados a inserir um filtro<br />

óptico FBG centrado em 1550 nm antes do WDM, para melhor sintonização do laser.<br />

Foram utilizados posicionadores de alinhamento fibra a fibra, além de que todos os<br />

equipamentos e componentes aceitavam conectores (FC/PC e PC/APC).<br />

Tentamos utilizar lentes para melhorar este acoplamento, entretanto pequenas diferenças<br />

nas distâncias de trabalho para os comprimentos de onda do bombeio e do sinal<br />

provocavam o não acoplamento máximo para ambas as fibras.<br />

54<br />

WDM1


Convém salientar que devido a dificuldades de clivagem, não foi possível a eliminação do<br />

problema de retroreflexção sempre presentes devido às grandes diferenças de índice de<br />

refração entre a sílica e a fibra óptica de vidro teluritos.<br />

Esta montagem experimental foi utilizada para analisar diferentes comprimentos de fibras<br />

ópticas de vidro telurito (25 cm, 12 cm e 5 cm) em ambos os tipos de fibra (convencional<br />

CCC e micro estruturada MC).<br />

A potência de bombeio variou de 6,25 mW a 10 mW, e a do sinal variou de –40 dBm a 0<br />

dBm em degraus de 10 dB. Todos os gráficos espectrais foram obtidos do OSA via captura<br />

de dados.<br />

A fibra óptica de vidro telurito convencional de composição 0,68TeO2–0,155ZnO–<br />

0,05Li2CO3–0,015Bi2O3–0,095CsCl tem diâmetro de núcleo de aproximadamente 12 µm e<br />

diâmetro externo de 125 µm. Seu núcleo foi dopado com íons de Er 3+ a uma concentração<br />

de 7500 ppm de Er2O3.<br />

A fibra microestruturada tem um diâmetro de núcleo de aproximadamente 20 µm e um<br />

diâmetro externo em torno de 125 µm. A composição química desta fibra de vidro telurito é<br />

0,68TeO2–0,155ZnO–0,05Li2CO3–0,015Bi2O3–0,095CsCl, com núcleo dopado com 7500<br />

ppm de Er2O3. A figura 3.1.12 mostra a secção reta da fibra micro estruturado estudada.<br />

Figura 3.1.12 Secção reta da amostra da fibra microestruturada de vidro<br />

telurito. O diâmetro externo da mesma é de 125 µm.<br />

55


3.1.11 Espectroscopia Raman<br />

É uma técnica baseada no espalhamento inelástico que acontece quando um feixe de luz<br />

interaciona com uma determinada amostra. Em materiais cristalinos ou sólidos, no<br />

espalhamento, o fóton perturba toda a rede cristalina produzindo uma vibração em toda a<br />

rede produzindo os modos chamados fônons.<br />

Nos vidros a posição da máxima energia de fônon é importante por que a relaxação devido<br />

a processos de multifônon dos íons de terras raras num vidro depende da energia máxima<br />

do fônon do sistema hospedeiro; neste caso o vidro telurito.<br />

Além disso, o espectro Raman permite identificar o tipo de estrutura em torno do átomo de<br />

telurio presente em meus vidros.<br />

As medidas de espalhamentos Raman das diferentes amostras vítreas, foram realizadas no<br />

Instituto de Química da <strong>Unicamp</strong>, utilizando o equipamento R-2001TM que possui um<br />

laser de excitação Raman de He-Ne.<br />

56


3.2. Fabricação e caracterização dos vidros teluritos<br />

3.2.1 Fabricação e caracterização do Vidro Telurito Binário.<br />

O primeiro vidro telurito fabricado foi feito com a seguinte composição: 0,77TeO2 –<br />

0,23WO3. Numa balança de precisão foram pesados 41,84 g (77 mols) de TeO2, e 18,15 g<br />

(23 moles) de WO3. Algumas amostras foram dopadas com 5000 ppm de Érbio, o que<br />

equivale a 5x10 -3 x massa total.<br />

Para uma massa da mistura de 60 g, a massa do Er2O3 é de 0,3 g. Após os pós terem sido<br />

homogeneizados em recipiente de ágata, a mistura é colocado em um cadinho de platina e<br />

levado a um forno do tipo indutivo e aquecido a 850 ºC por 15 minutos. O forno de rádio-<br />

freqüência utilizado está mostrado na figura 3.2.1(a).<br />

A mistura fundida é então retirada do forno e vazada em uma fôrma cilíndrica de aço inox,<br />

mostrada na figura 3.2.1c. O tempo para que o vidro se endureça sem ocorrer trincas é de<br />

aproximadamente um minuto. Em seguida, o cilindro de vidro é levado a uma Mufla a 270<br />

ºC para um recozimento de 4 horas, quando o forno é desligado e o vidro é gradualmente<br />

resfriado.<br />

(a) (b) (c)<br />

Fig. 3.2.1 (a) O Forno de rádio-freqüência (‘armário verde’ e capela) utiliza um circuito RLC.<br />

Dentro da capela está o indutor. O cilindro à direita, dentro da capela, é um outro forno<br />

resistivo. (b) O cadinho é colocado dentro do indutor, mostrado em (b). (c) Cilindro de vidro<br />

logo após ser retirado da fôrma.<br />

57


Para se medir a temperatura, o forno é desligado e o termopar inserido no cadinho com o<br />

vidro fundido, anotando-se a máxima leitura do termopar. Durante este processo, a<br />

temperatura sofre certa diminuição. Embora os valores medidos não correspondam aos<br />

valores reais do vidro fundido, eles mostram a tendência da variação da temperatura com o<br />

tempo.<br />

O gráfico da figura 3.2.2, mostra o comportamento do forno. Assim que a temperatura<br />

atinge o valor desejado, ela continua a subir a uma taxa aproximada de 1 ºC/min. Isto afeta<br />

adversamente o vidro telurito na medida em que o oxigênio é evaporado, modificando a<br />

estrutura do vidro após o resfriamento.<br />

Temperatura (ºC)<br />

600<br />

500<br />

400<br />

300<br />

200<br />

100<br />

0<br />

(548)<br />

Corrente rf na espira do forno:<br />

260 mA<br />

0 10 20 30 40 50<br />

Tempo (min)<br />

Fig. 3.2.2. Variação da temperatura do forno indutivo utilizado para se<br />

fazer os vidros. A taxa de variação após a temperatura de fusão ser atingida<br />

é de aproximadamente 1 ºC/min.<br />

58<br />

(581)


3.2.2. Análise térmica diferencial (DTA).<br />

Um pequeno pedaço do vidro foi triturado e peneirado. A curva DTA (Differential Termal<br />

Analiser), mostrada na figura (3.2.3.), mostra que a primeira depressão endotérmica,<br />

característica da transição vitrea, ocorre em torno de 390 ºC.<br />

SINAL DTA (u.a.)<br />

0<br />

-10<br />

-20<br />

-30<br />

-40<br />

-50<br />

-60<br />

TeO 2 -- WO 3<br />

0 100 200 300 400 500 600 700<br />

59<br />

T g<br />

Temperatura [ o C]<br />

Fig. 3.2.3. Análise de DTA (Differential Thermal Analisys). A primeira depressão<br />

neste gráfico indica o processo endotérmico que determina a temperatura de transição<br />

vítrea, Tg, que está em torno de 390 ºC.<br />

3.2.3. Caracterização Óptica e Espectroscópica<br />

O índice de refração do vidro dopado foi medido por meio do equipamento Metricon, para<br />

três comprimentos de onda, resultando em: 2,0818 em 632.8 nm; 2,0286 em 1305,4 nm e<br />

2,0231 em 1536 nm. O resultado está mostrado na figura 3.2.4.<br />

Os valores dos índices de refração são muito maiores do que os da sílica (~1.46), o que<br />

indica que este vidro deve apresentar altos índices de refração não lineares, pois o índice de<br />

refração linear escala com o índice de refração não linear.


Índice de Refração<br />

2,09<br />

2,08<br />

2,07<br />

2,06<br />

2,05<br />

2,04<br />

2,03<br />

2,02<br />

TeO 2 - WO 3<br />

600 800 1000 1200 1400 1600<br />

Comprimento de Onda (nm)<br />

Fig. 3.2.4. Medida do índice de refração do vidro telurito binário, para três<br />

comprimentos de onda.<br />

Uma lâmina deste vidro, de 3 mm de espessura, foi preparada para a realização da<br />

espectroscopia de absorção num espectrofotômetro Perkin Elmer Lambda 9. Na figura 3.2.5<br />

se observa as diversas bandas de absorção do Érbio e suas notações espectroscópicas.<br />

60


Absorbância<br />

0.8<br />

0.7<br />

0.6<br />

0.5<br />

0.4<br />

0.3<br />

0.2<br />

4 F7/2<br />

2 H11/2<br />

4 F9/2<br />

4 I9/2<br />

Amostra de TeO 2 -WO 3 -Er 2 O 3<br />

I 11/2<br />

0.1<br />

400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000<br />

Comprimento de onda (nm)<br />

61<br />

4 I13/2<br />

Fig. 3.2.5. Curva de absorbância do vidro telurito dopado com íons de Érbio.<br />

A fotoluminescência de uma amostra do vidro dopado com íons de Érbio foi medida por<br />

meio de um laser de argônio em 514 nm, e com potências de 2,4 e 5,5 W. O resultado está<br />

mostrado na figura 3.2.6.<br />

O espectro de luminescência mostra duas bandas, uma em torno de 1000 nm e outra em<br />

torno de 1550 nm, características das transições típicas e muito conhecidas na literatura<br />

sobre este íon em diversas matrizes[30-31]. Em 1000 nm temos a transição 4 I11/2 → 4 I15/2 e<br />

em 1600 nm a transição 4 I13/2 → 4 I15/2, respectivamente.


Fotoluminescência (u.a.)<br />

2x10 -9<br />

2x10 -9<br />

1x10 -9<br />

5x10 -10<br />

0<br />

Amostra de TeO 2 -WO 3 -Er 2 O 3<br />

Potência do Laser de Argônio:<br />

2 Watt<br />

4 Watt<br />

5,5 Watt<br />

800 900 1000 1100 1200 1300 1400 1500 1600 1700 1800<br />

Comprimento de Onda (nm)<br />

Fig. 3.2.6. Espectro de luminescência do vidro dopado com Érbio, para três potências<br />

do laser de argônio em 514 nm.<br />

3.3 Vidro telurito quinquenário<br />

3.3.1 Fabricação e caracterização do vidro telurito quinqüenário<br />

O vidro telurito quinquenário fabricado tem a seguinte composição: 0,68TeO2–0,155ZnO–<br />

0,05Li2CO3–0,015Bi2O3–0,095CsCl.<br />

Numa balança de precisão foram pesados 18,36 g de TeO2; 2,13 g de ZnO2; 0,625 g de<br />

Li2CO3; 1,18 g de Bi2O3 e 2,71 g de CsCl. Uma amostra foi dopada com 10000 ppm de<br />

Er2O3 (0,25 g) e outra com dois dopantes: 5000 ppm de Er2O3 (0,125 g) e 15000 ppm de<br />

Tm2O3 (0,375 g). A massa total de 25 g foi bem misturada, colocada em um cadinho de<br />

ouro e levada a um forno do tipo indutivo aquecido a ~ 830 ºC por 30 minutos[34].<br />

O vidro fundido tirado do forno foi vasado em uma fôrma de aço inox e resfriado a<br />

temperatura ambiente por aproximadamente 1 minuto. Em seguida a pastilha de vidro foi<br />

62


levada para uma Mufla a 250 ºC por 5 horas. Após este período, a Mufla foi desligada e o<br />

vidro foi gradativamente esfriado.<br />

3.3.2. Análise Térmica<br />

O gráfico DTA (Differential Thermal Analysis) mostrado na figura 3.3.1. revela que a<br />

temperatura de transição vítrea Tg deste vidro está em torno de 280 ºC, e que a temperatura<br />

de cristalização Tx está em torno de 360 para o vidro dopado com Érbio e Túlio, e em torno<br />

de 380 para o vidro dopado somente com Érbio.<br />

DTA (Micro Volt)<br />

0<br />

-20<br />

-40<br />

-60<br />

-80<br />

T g<br />

T x<br />

0.68 TeO 2 - 0,155 ZnO - 0,05 Li 2 O - 0,015 Bi 2 O 3 - 0,095CsCl<br />

10000 ppm Er (Amostra sólida)<br />

10000 ppm Er (Amostra em pó)<br />

5000 ppm Er, 15000 ppm Tm (Amostra em pó)<br />

0 100 200 300 400 500 600 700 800<br />

Temperatura ( o C)<br />

Fig. 3.3.1. Análise térmica mostrando as temperaturas de transição vítrea (Tg )<br />

e de cristalização (Tx) dos vidros dopados.<br />

63


A análise termomecânica do vidro dopado com Érbio e Túlio, mostrada na figura 3.3.2.<br />

revela que a temperatura dilatométrica do vidro está em torno de 286 ºC e coeficiente de<br />

dilatação de 2,73 x 10 -5 [ o C] -1 , valor este uma ordem de grandeza maior do que o da sílica.<br />

TMA [um]<br />

6<br />

4<br />

2<br />

0<br />

-2<br />

-4<br />

-6<br />

-8<br />

-10<br />

Análise Termo-Mecânica<br />

0.68 TeO 2 - 0,155 ZnO - 0,05 Li 2 O - 0,015 Bi 2 O 3 - 0,095CsCl<br />

5k ppm Er + 10k ppm Tm<br />

Temperatura Dilatométrica: T d = 286,39 ºC<br />

Coeficiente de Dilatação : α = 2,73 x 10 -5 - 1<br />

[ºC]<br />

0 50 100 150 200 250 300 350<br />

Temperatura [ºC]<br />

Fig. 3.3.2. Análise TMA (Thermo Mechanical Analysis ) do vidro dopado.. A<br />

temperatura dilatométrica situa-se em torno de 286 ºC.<br />

3.3.3. Análise Óptica e Espectroscópica<br />

A figura 3.3.3. mostra os índices de refração dos vidros dopados com Érbio e com Érbio e<br />

Túlio, medidos em três comprimentos de onda. Os índices de refração não variaram<br />

significativamente de uma amostra para outra. Seus valores estão mostrados na tabela 3.1.<br />

Pode-se observar que os valores obtidos são muito maiores do que os da sílica, indicando<br />

assim vidros que apresentam altos valores do índice de refração não linear, pois estes<br />

valores são proporcionais ao índice de refração linear.<br />

64<br />

t d


Tabela 3.1. Índices de refração do vidro quinqënário<br />

Índice de Refração Comprimento de onda (nm)<br />

índice de Refração<br />

1,99<br />

1,98<br />

1,97<br />

1,96<br />

1,95<br />

1,94<br />

1,93<br />

1,98 632,6<br />

1,94 1300<br />

1,93 1532,6<br />

10k ppm -Er<br />

5k ppm Er - 15k ppm Er-Tm<br />

600 800 1000 1200 1400 1600<br />

Comprimento de onda (nm)<br />

Fig. 3.3.3. Medida do índice de refração para três comprimentos de onda<br />

A Figura 3.3.4. mostra a luminescência dos vidros dopados, para os estados 4 I13/2 -> 4 I15/2, e<br />

revela uma largura a meia altura de ~73 nm para o vidro dopado com Érbio, e uma largura<br />

a meia altura de ~172 nm para o vidro dopado com Érbio e Túlio. Isto indica que um<br />

amplificador dopado com Érbio e Túlio pode ter uma largura de banda ~100 nm maior do<br />

que um amplificador dopado somente com Érbio, com o presente vidro como matriz. Tal<br />

amplificador apresentaria ganho nas bandas S (1460 nm – 1530nm), C (1530 nm – 1565<br />

nm) e L (1565 nm – 1625 nm), respectivamente.<br />

É interessante comparar o vidro por nós utilizado com aquele utilizado por Fonseca e<br />

colaboradores[21], cuja composição é 60TeO2–10GeO2–10K2O–10Li2O–10Nb2O5,<br />

dopados com 2.5%Tm 3+ -0.5%Er 3+ . Este último apresentou uma largura a meia altura de<br />

~120 nm (1460-1580 nm).<br />

65


A absorbância dos vidros dopados e não dopados está mostrada na Figura 3.3.5. com os<br />

respectivos picos identificados.<br />

A importância de se manter a temperatura constante durante a fusão do vidro telurito foi<br />

demonstrada no trabalho de Tikhomirov [22]. O vidro por ele utilizado, de composição<br />

80TeO2 -10Na2O – 10ZnO (mol%), foi fundido por uma hora a 750 ºC, resultando numa<br />

perda por evaporação de 0.5 % do peso do vidro fundido. A cor das amostras variou de<br />

amarelo claro para cor de laranja com o aumento da temperatura e/ou do tempo de fusão.<br />

Como a massa atômica do Oxigênio é 16 e a do Telúrio é 128, a volatilização do vidro é<br />

predominantemente devido à evaporação do Oxigênio. Esta evaporação causa defeitos na<br />

matriz vitrea que afetam a luminescência dos íons de terras raras [22].<br />

Luminescência (nA)<br />

1,2<br />

0,8<br />

0,4<br />

0,0<br />

10K ppm Er<br />

5k ppm Er + 15k ppm Tm<br />

1200 1300 1400 1500 1600 1700 1800<br />

Comprimento de Onda (nm)<br />

Fig. 3.3.4. Luminescência dos vidros dopados com Érbio e Érbio + Túlio.<br />

O fato mais importante a ser observado na figura 3.3.4 é a grande largura da banda em 1550<br />

nm e sua planicidade, quando dopamos o vidro telurito com íons de Er 3+ e codopamos com<br />

íons de Tm 3+ , tornando este sistema um dos que apresentação maiorespotencialidades para<br />

aplicações em amplificadores com grrande largura de banda.<br />

66


Absorbância (u.a.)<br />

1 ,2<br />

1 ,0<br />

0 ,8<br />

0 ,6<br />

0 ,4<br />

0 ,2<br />

E r( 2 H 11/2 )<br />

T m ( 3 F 2 ,3 )<br />

E r( 4 S 3/2 ) E ( 4 F 9 /2 )<br />

T m ( 3 H 4 )<br />

+ E r( 4 I 9 /2 )<br />

E r( 4 I 11/2 )<br />

4 0 0 6 0 0 8 0 0 10 0 0 12 0 0 1 40 0 1 60 0 1 80 0 2 0 00<br />

67<br />

T m ( 3 H 5 )<br />

S e m D o p a r<br />

1 0 k p p m E r<br />

5 k p p m E r + 1 0 k p p m T m<br />

E r( 4 I 13/2 )<br />

C o m p rim e n to d e O n d a (n m )<br />

T m ( 3 F 4 )<br />

Fig. 3.3.5. Absorbância dos vidros dopados e não dopado. As amostras apresentavam 5<br />

mm de diâmetro por 2 mm de altura.<br />

3.3.4 Tempos de vida medidos<br />

O tempo de vida luminescente (τ) pode ser escrito como:<br />

1<br />

ττττ =<br />

(1)<br />

W + W + W<br />

RAD<br />

NR<br />

ET<br />

onde WRAD é a taxa de emissão radiativa (fóton) e WNR é a taxa de emissão não radiativa<br />

(multi-fônon). O termo WET é a taxa de transferência de energia entre os íons de terras raras<br />

vizinhos, e para uma interação do tipo dipolo-dipolo, é proporcional ao inverso da sexta<br />

potência da distância interatômicas entre o doador e o aceitador. Para baixas concentrações<br />

de íons de Érbio ou Túlio, este termo pode ser desprezado.<br />

Utilizando um ajuste exponencial, o tempo de vida da amostra dopada com 10000 ppm de<br />

Érbio foi de 4.55 ms, como mostra a figura 3.3.6; e o tempo de vida da amostra dopada com<br />

5000 ppm de Érbio e 15000 ppm de Túlio foi de 0.63 ms, com mostra a figura 3.3.7.


Amplitude (V)<br />

0,050<br />

0,045<br />

0,040<br />

0,035<br />

0,030<br />

0,025<br />

0,020<br />

0,015<br />

10k ppm Er<br />

λ = 1550 nm<br />

Tempo de Vida: 4.55 ms<br />

y = 0.01677 + 9.0 10 16 -(0.0579 ) / 4.55 10-3<br />

e<br />

0,13 0,14 0,15 0,16 0,17 0,18<br />

Tem po (s)<br />

Fig. 3.3.6. Decaimento do pulso de luz ao passar pela amostra dopada com Érbio.<br />

O tempo de vida medido é de 4.55 ms.<br />

Na realidade, como nos vidros teluritos os íons de terras raras Er 3+ e Tm 3+ ocupam diferentes sítios<br />

na rede vítrea, devido a subestruturas como TeO4, TeO3 e TEO3+1, devemos ter mais do que uma<br />

exponencial para ser ajustada, e este valor de 0,63 mseg, não corresponde ao real.<br />

Tensão [V]<br />

0 ,0 1 9<br />

0 ,0 1 8<br />

0 ,0 1 7<br />

0 ,0 1 6<br />

0 ,0 1 5<br />

0 ,0 1 4<br />

0 ,0 1 3<br />

5 k p p m E r + 1 5 k p p m T m<br />

λ = 1 5 5 0 n m<br />

T e m p o d e V id a : 0 .6 3 m s<br />

y = 0 .0 1 3 1 1 + 1 .6 7 1 6 1 0 2 9 -4<br />

-(0 .0 9 0 5 )/ 6 .3 1 0<br />

e<br />

0 ,1 3 5 0 ,1 3 6 0 ,1 3 7 0 ,1 3 8 0 ,1 3 9 0 ,1 4 0 0 ,1 4 1 0 ,1 4 2 0 ,1 4 3 0 ,1 4 4<br />

T e m p o ( s )<br />

Fig 3.3.7. Decaimento do pulso de luz ao passar pela amostra dopada com<br />

Érbio e Túlio. O tempo de vida medido é 630 µs. Somente se utilizou uma<br />

única curva exponencial para ajuste.<br />

68


3.4 Vidros teluritos ternários<br />

3.4.1 Fabricação e caracterização do vidro Telurito Ternário<br />

O terceiro tipo de vidro preparado tem a seguinte composição: 0,75 TeO2 – 0,20 Li2O –<br />

0,05 TiO2.<br />

Foram pesados em balança de precisão, 36,92 g de TeO2 ; 4,56 g de Li2CO3 ; e 1,23 g de<br />

TiO2, resultando numa massa total de 40 g. Após a mistura do pó, este foi posto num<br />

cadinho de platina e levado para o forno resistivo. Este forno consiste de um tubo de<br />

quartzo em contato com três estágios de resistências com temperatura controlada. As<br />

extremidades do tubo de quartzo são abertas para a atmosfera ambiente, e as amostras são<br />

colocadas no centro do tubo através de uma porta-cadinho de quartzo. A figura 3.4.1.<br />

mostra o vidro sendo preparado dentro do forno.<br />

Duas amostras de 40 g foram fundidas. A primeira a 845 ºC por uma hora, com um fluxo<br />

contínuo de oxigênio sobre o cadinho; e a segunda a 850 ºC por uma hora, sem fluxo de<br />

oxigênio. Após a fusão, os vidros foram derramados em uma forma cilíndrica e postos na<br />

Mufla para recozimento por duas horas a 290 ºC. Utilizando o mesmo processo, foram<br />

preparadas amostras de 60 g dopadas com 5000 ppm de Er2O3, correspondendo a 0,3 g de<br />

Er2O3.<br />

Fig. 3.4.1. Interior do forno, mostrando o cadinho de platina dentro<br />

do porta-cadinho, e o tubo por onde passa o oxigênio para dentro<br />

do cadinho.<br />

69


As figuras 3.4.2(a) e 3.4.2(b) mostram o resultado. O vidro fundido com fluxo de oxigênio<br />

dentro do cadinho apresentou uma cor alaranjada; e o fundido sem fluxo de oxigênio<br />

apresentou uma coloração amarela. A figura 3.19(b) mostra os tarugos de vidro dopados<br />

com 5000 ppm de Érbio, para serem submetidos à extrusão. A amostra adquire uma cor<br />

mais avermelhada devido aos íons de Érbio.<br />

(a) (b)<br />

Fig. 3.4.2. Tarugos de vidro após o recozimento. (a) O da esquerda foi fundido com um<br />

fluxo de oxigênio, e o da direita , sem fluxo. (b) Tarugos dopados com 5000 ppm de<br />

érbio, para serem extrudados.<br />

3.4.2. Análise óptica e espectroscópica<br />

O gráfico da figura 3.4.3. mostra os índices de refração medidos no equipamento Metricon,<br />

para três comprimentos de onda. A maior diferença ocorre para λ = 632,8 nm, onde os<br />

índices medidos para os vidros feitos com e sem fluxo de oxigênio foram de 2.0556 e<br />

2.0544, respectivamente.<br />

70


Índice de Refração<br />

2,06<br />

2,05<br />

2,04<br />

2,03<br />

2,02<br />

2,01<br />

2,00<br />

1,99<br />

600 800 1000 1200 1400 1600<br />

Comprimento de Onda (nm)<br />

71<br />

Sem 0 2<br />

Com 0 2<br />

Fig. 3.4.3. Índice de refração dos vidros feitos com e sem fluxo de oxigênio<br />

Os vidros mostrados na figura 3.4.2(a) foram analisados por espectroscopia Raman, cujo<br />

espectro está mostrado na figura 3.4.4. Como se pode notar, a maior diferença nos dois<br />

espectros está no pico a 700 cm -1 , sendo que para o vidro feito com fluxo de O2 cai dentro<br />

da resolução do equipamento.<br />

Esta análise por espectroscopia Raman somente nos mostra os diferentes modos de<br />

vibração entre os cátions e os ânions componentes dos vidros teluritos, o pico em 700 cm -1<br />

corresponde a vibrações de estiramento das subestruturas TeO4 situadas na estrutura vítrea<br />

e o pico em 750 cm -1 as vibrações de estiramento das subestruturas TeO3, enquanto que o<br />

pico em 450 cm -1 , as vibrações de deformação (“bending”) das ligações Te-O-Te.<br />

(Apêndice A). Com este método não dá para diferenciar as duas cores dos vidros teluritos<br />

deste trabalho de tese que devem naturalmente ser processos de oxi-redução durante a fusão<br />

dos vidros.


U.A.<br />

1,00<br />

0,75<br />

0,50<br />

0,25<br />

0,00<br />

0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200<br />

Frequencia Raman (cm -1 )<br />

72<br />

Com O 2<br />

Sem O 2<br />

Fig. 3.4.4. Espectro Raman do vidro 0,75 TeO2 – 0,20 Li2O – 0,05 TiO2, com e<br />

sem fluxo de oxigênio durante a fabricação.<br />

3.4.3. Análises Térmicas<br />

A curva de viscosidade pôde ser medida, variando a temperatura de 332 ºC a 550 ºC.<br />

O gráfico da figura 3.4.5. mostra as curvas DTA, TMA e de viscosidade. Dela podemos<br />

tirar os seguintes pontos: temperatura de transição vítrea, Tg ~275 ºC; temperatura de<br />

cristalização, Tx = ~350 ºC; e temperatura de amolecimento, Ts ~320 ºC. A temperatura de<br />

amolecimento é definida para uma viscosidade tal que log η = 7.6.<br />

Evitando que a haste (spindle) não entorte, o torque que ela exerce no vidro deve ficar a 60<br />

% do torque máximo. Por isso a viscosidade pôde ser medida somente até log η = 7.0. Por<br />

extrapolação, chega-se a Ts = 320 ºC. A faixa de temperatura adequada para a extrusão<br />

deve estar entre Tx – Ts = 350 ºC – 320 ºC.


DTA; TMA (u.a)<br />

0<br />

-20<br />

-40<br />

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500<br />

0.75TeO 2 -0.2LiO 2 -0.05TiO 2<br />

Viscosidade<br />

DTA<br />

TMA<br />

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500<br />

Temperatura ( o C)<br />

Fig. 3.4.5. Análise térmica diferencial (curva em vermelho), análise termomecânica<br />

(curva em roxo) e curva de viscosidade (em verde). As duas primeiras retas pontilhadas à<br />

esquerda indicam a temperatura de transição vítrea; em seguida vem a temperatura de<br />

amolecimento obtida por extrapolação da curva de viscosidade com o valor 7.6; e à<br />

direita, a temperatura de cristalização.<br />

O gráfico TMA, mostrado na figura 3.4.6, ilustra como varia a espessura da amostra, de<br />

aproximadamente 2 mm, com a temperatura. A temperatura de amolecimento Td está em<br />

torno de 275 ºC.<br />

73<br />

Extrusão<br />

8<br />

7<br />

6<br />

5<br />

4<br />

3<br />

2<br />

1<br />

0<br />

Viscosidade Log η (dPa.s)


Comprimento (µm)<br />

1975<br />

1970<br />

1965<br />

1960<br />

L 0 =1976 um<br />

1955<br />

0 50 100 150 200 250 300<br />

Temperatura ( 0 C)<br />

Fig. 3.4.6. Análise TMA da amostra do vidro TeO2 – 0,20 Li2O – 0,05 TiO2 . A<br />

temperatura de amolecimento está em torno de 270 ºC.<br />

74


___________________________________________________<br />

CAPÍTULO 4<br />

Fabricação de fibras Micro estruturadas — Parte Experimental<br />

_____________________________________________________________<br />

4.1 Fabricação de preformas por extrusão<br />

O vidro utilizado na extrusão foi o ternário: 0.75TeO2 – 0.20LiO2 – 0.05TiO2.<br />

As peças utilizadas na extrusão, mostradas na figura 4.1.1., foram fabricadas na oficina<br />

mecânica da <strong>Unicamp</strong>. A peça mais importante é o ‘die’ ou gabarito, o qual foi feito na<br />

máquina de eletro-erosão mostrada na figura 4.1.1(a) e 4.1.1(b).<br />

(a) (b)<br />

Fig.4.1.1.(a) Máquina de eletro-erosão da oficina mecânica da<br />

<strong>Unicamp</strong>. (b) A peça de aço (die) erodida pelo eletrodo de cobre. A<br />

peça e o eletrodo trabalham submersos em banho de óleo.<br />

75


(a) (b)<br />

Fig. 4.1.2. (a) Conjunto de peças utilizadas na extrusão. (b) Perfil do ‘die’, mostrando a<br />

parte cônica superior.<br />

O conjunto de peças é encaixado dentro do forno da torre de extrusão, mostrado na figura<br />

4.3.3a. O forno está apoiado em uma plataforma de aço, sendo que a distância entre esta<br />

plataforma e a imediatamente superior é de 33 cm.<br />

As peças maiores, situadas à esquerda na figura 4.1.2(a), se encaixam com a segunda maior<br />

peça da mesma figura. O sistema foi idealizado desta forma para facilitar a introdução do<br />

êmbolo na parte superior, quando os tarugos de vidro estiverem dentro do sistema.<br />

Para tentar impedir que o vidro derretido vazasse por esta junção foi feito um ressalto na<br />

parte inferior da peça maior. Infelizmente, o ressalto não foi suficiente, e o vidro derretido<br />

acabou vazando pela junção, durante a extrusão.<br />

Para se corrigir este defeito, é necessário construir um sistema de peças que não possua esta<br />

junção; porém, neste caso, o êmbolo não poderá ser introduzido devido à pequena altura de<br />

33 cm entre as plataformas, mostradas na figura 4.1.3(b).<br />

76


(a) (b) (c)<br />

Fig. 4.1.3. (a) O forno aberto, depois de submetido a uma zincagem, dentro do qual se<br />

encontra o sistema montado para a extrusão. (b) O sistema está apoiado em uma plataforma<br />

azul. A distância entre esta plataforma e a superior é de 33 cm. (c) Vista de toda a extrusora.<br />

A figura 4.1.4 mostra como ficou o vidro ao sair do “die” quando este estava aquecido a<br />

345 ºC. Devido ao gradiente radial de temperatura, o centro do “die” ficou a uma<br />

temperatura de aproximadamente 17 ºC menor do que na periferia do mesmo, o que<br />

resultou em uma não uniformidade do vidro, como mostra a figura.<br />

O aço do qual o “die” foi feito continha certa porcentagem de carbono que reagiu com o<br />

telurito, tornando difícil sua remoção.<br />

A despeito de todo trabalho e tempo envolvido neste processamento, não tivemos sucesso<br />

na fabricação de preformas para puxamento de fibras ópticas microestruturadas com a<br />

extrusora. Isto se deve a muitos fatores, principalmente porque a região de aquecimento do<br />

forno é muito pequena, conforme ilustra a figura 4.1.3, e a estrutura da extrusora não<br />

permite aumentar o forno.<br />

Se futuramente este for um dos objetivos do grupo, deve-se obter equipamento adequado<br />

para tal fim.<br />

77


(a) (b)<br />

Fig. 4.1.4. Devido ao gradiente radial de temperatura de aproximadamente 17 ºC, o<br />

vidro fica mais quente na periferia do que no centro do “die”, causando a não<br />

uniformidade na saída do “die” .<br />

4.2 Fabricação e caracterização de fibras ópticas microestruturadas por<br />

Empilhamento e Puxamento<br />

4.2.1 Método de Sucção a Vácuo<br />

Os tubos foram fabricados com o vidro binário 0,77TeO2 – 0,23WO3 , o qual foi feito em<br />

um pequeno forno do tipo resistivo, e em cadinho de cerâmica[35,36,40]. A temperatura foi<br />

ajustada a 850 ºC por 15 minutos. A cor do vidro ficou amarela clara, e não amarela escura<br />

como é característica dos vidros teluritos feitos no forno indutivo sem controle de<br />

temperatura.<br />

Após retirar o cadinho com o vidro fundido, este foi sugado por um tubo de quartzo cuja<br />

extremidade posterior está ligada a uma bomba de sucção por um tubo de borracha (fig.<br />

4.2.1b). É preciso ter muita habilidade para se obter um tubo sem bolhas, e com espessura<br />

adequada.<br />

O uso de um redutor com um orifício adequado na extremidade posterior do tubo de<br />

quartzo mostrou-se eficiente para melhorar a uniformidade do tubo. Visto que o tubo é<br />

sugado na posição vertical, ocorre uma diminuição gradual na espessura do tubo de baixo<br />

para cima, devido ao efeito da gravidade (fig. 4.2.1c). Aproximadamente 1 minuto após a<br />

sucção, o tubo de vidro telurito é formado dentro do tubo de quartzo. O tubo deve ser,<br />

então, recozido a uma temperatura de 250 ºC por 3 horas.<br />

78


Após o resfriamento do tubo de telurito, este deve ser retirado do tubo de quartzo com<br />

muito cuidado para não danificá-lo. Qualquer não-uniformidade na parede interna do tubo<br />

de quartzo, ou qualquer grão de poeira que tenha se fixado no mesmo, pode ocasionar a<br />

quebra do tubo de telurito ao tentar retirá-lo (fig. 4.2.1(d)).<br />

Uma vez obtidos o tubo ou o cilindro sólido de telurito cada um é, por sua vez, adaptado a<br />

outro tubo de quartzo para ser preso ao mandril da torre de puxamento. Esta adaptação, ou<br />

fixação, também constitui um problema à parte. O método de fixação utilizado consiste em<br />

fazer duas ranhuras no tubo telurito por onde passam dois pinos de vidro os quais prenderão<br />

o tubo de telurito ao tubo de quartzo, conforme mostrado na figura 4.2.1(e). Posteriormente,<br />

este método foi substituído por outro mais eficiente.<br />

Para fazer cilindros sólidos de vidro telurito, a sucção do vidro derretido deve ser tal que<br />

não se permita a entrada da bolha que forma o tubo. A partir do cilindro sólido são feitas as<br />

varetas do núcleo que constituirão a preforma.<br />

Com o sistema mecânico adaptado à torre de puxamento, mostrado na figura 4.2.2(a) e<br />

4.2.2(b), os capilares e varetas são puxados. Este sistema é formado por duas rodas de<br />

borracha, no meio das quais o capilar é puxado, sendo que uma das rodas está conectada ao<br />

eixo de um motor que regula a sua velocidade.<br />

79


(a) (b) (c)<br />

(d) (e)<br />

Fig. 4.2.1.(a) A bomba de ar (em baixo) está conectada ao tubo de quartzo (b)<br />

que suga o vidro no cadinho. A temperatura do cadinho é monitorada por um<br />

termopar. (c) Detalhe do tubo telurito dentro do tubo de quartzo após a sucção,<br />

e após retirá-lo do vidro de quartzo (d). (e) Detalhe da adaptação do tubo<br />

telurito ao tubo de quartzo para prendê-lo ao mandril na torre de puxamento.<br />

Os capilares foram puxados com o forno da torre de puxamento a uma temperatura de<br />

570°C. A velocidade de alimentação da preforma foi variada de 4.5 mm/min a 5.2 mm/min<br />

para se obter capilares e barras com diâmetros em torno de 800 µm a 1 mm , mostrados na<br />

figura 4.2.2(c).<br />

80


(a) (b) (c)<br />

Fig.4.2.2. (a) Torre de puxamento, onde se vê , na parte superior da figura, o forno<br />

que chega até ~1050 ºC. Para puxar fibras de sílica, seria necessário um forno para<br />

2100 ºC. (b) detalhe do sistema para puxamento dos capilares e barras e capilares<br />

mostrados em (c).<br />

A preforma fabricada de vidro telurito continha seis capilares de tamanhos diferentes, como<br />

mostra a figura 4.2.3(a). Uma foto tirada no microscópio óptico de uma secção transversal<br />

da fibra feita desta preforma está mostrada na figura 4.2.3(b) e 4.2.3(c), onde se vê que o<br />

núcleo da mesma está propagando a luz em 633 nm. O mecanismo de transmissão é o de<br />

reflexão interna total.<br />

(a) (b) (c)<br />

Fig. 4.2.3. (a) Preforma com núcleo dopado com érbio. (b) Foto da fibra no microscópio<br />

óptico tirada com câmera digital, e (c) com câmera CCD. O diâmetro da fibra é de ∼130 µm.<br />

A figura 4.2.4 mostra a secção transversal de uma das fibras fotônicas de telurito que foi<br />

analisada por elementos finitos. Estas simulações foram feitas no Instituto de Estudos<br />

Avançados (IEAv) em São José dos Campos.<br />

81


(a) (b)<br />

Fig. 4.2.4 (a) Campo Magnético Hx, e (b) O campo elétrico Ex no núcleo da fibra.<br />

Pedaços de fibras de vários tamanhos foram bombeadas a 980 nm com potência de 46 mW<br />

e 30 mW. O espectro de emissão espontânea amplificada (ASE) foi obtido com o<br />

analisador de espectro HP7004A, cujo resultado está mostrado na figura 4.2.6.<br />

Observa-se um deslocamento da transição 4 I13/2 → 4 I15/2 para a direita, isto é, para maiores<br />

comprimentos de onda, correspondentes a uma variação menor de nível de energia, à<br />

medida que o comprimento da fibra aumenta. Isto porque, com o aumento do comprimento<br />

da fibra, as transições predominantes são aquelas dos subníveis inferiores do nível 4 I13/2<br />

para os subníveis superiores do nível 4 I15/2, devido à re-absorção e re-emissão da ASE<br />

propagante, como mostra a Figura 4.2.5.[26]<br />

Fig. 4.2.5. Diagrama esquemático dos subníveis Stark<br />

envolvidos nas transições de re-absorção ao longo da fibra.<br />

82


ASE (dBm)<br />

-20<br />

-40<br />

-60<br />

-80<br />

P 980 nm = 46 m W<br />

5 cm<br />

10 cm<br />

16 cm<br />

23 cm<br />

38 cm (30 m W )<br />

-100<br />

800 900 1000 1100 1200 1300 1400 1500 1600 1700 1800<br />

C om prim ento de O nda (nm )<br />

Fig. 4.2.6. Espectro de emissão espontânea (ASE) de fibras dopadas com érbio de vários<br />

comprimentos. À medida que aumenta o comprimento da fibra, ocorre re-absorção e reemissão<br />

dos sub-níveis stark, resultando num deslocamento para a direita do pico 4 I13/2. [34]<br />

Quando esta fibra é bombeada a 980 nm, ocorre o processo de “up-conversion”, no<br />

qual os íons de érbio absorvem em 980 nm e emitem em ~520 nm. O diagrama da<br />

Figura 4.2.8 mostra este processo. Por isso, a fibra toda emite uma luz verde,<br />

conforme se vê na figura 4.2.7. Esta emissão corresponde a perdas para o<br />

amplificador óptico.<br />

83


Fig. 4.2.7. A fibra de telurito com núcleo dopado com érbio emite no<br />

verde devido à absorção de estado excitado quando bombeada com um<br />

laser a 980 nm.<br />

Fig. 4.2.8. Diagrama esquemático do processo de absorção de estado<br />

excitado no íon de Er 3+ , e emissão no comprimento de luz verde.<br />

84


4.3 Tubos e capilares fabricados por centrifugação<br />

4.3.1. Fabricação de tubos de vidro telurito por centrifugação a chama<br />

Como foi mencionado na sessão 4.2, os tubos de vidro telurito feitos por sucção do vidro<br />

fundido através de um tubo de quartzo apresentaram um problema. Visto que o tubo é<br />

sugado na posição vertical, ocorre uma diminuição gradual na espessura do tubo de baixo<br />

para cima, devido ao efeito da gravidade. Se o tubo for usado como tubo de revestimento,<br />

esta quebra da simetria cilíndrica dificulta o preenchimento de capilares, fazendo com que<br />

a preforma e a fibra apresentem espaços vazios, como mostrado nas figuras 4.2.3.<br />

Uma única forma viável, até hoje, de fabricar tubos capilares de vidros teluritos com um<br />

diâmetro interno uniforme ao longo do comprimento é pelo método de centrifugação.<br />

Tubos capilares com diâmetro interno uniforme são usados na fabricação de fibras micro<br />

estruturadas, porque o empilhamento ou arranjo de capilares dentro do tubo pode ser feito<br />

com certa periodicidade.<br />

O processo de sucção de vidro telurito em fase líquida realiza-se em um tubo de sílica com<br />

ajuda de uma bomba mecânica. Após a sucção do vidro fundido, o tubo é resfriado por um<br />

minuto e em seguida é colocado no mandril, o qual está acoplado ao sistema de<br />

centrifugação.<br />

Como mostra a Figura 4.3.1, o sistema de centrifugação consiste de: um motor de 1.5 kW<br />

de potência com uma velocidade controlada entre 0 a 3000 rpm (1), um mandril para<br />

sujeitar o tubo de sílica (2), um cabo flexível (3) que transmite a rotação do motor para o<br />

mandril, um maçarico tipo planar (4) e um microposicionador (MP) (5) para deslocar o<br />

maçarico na proximidade do eixo do tubo de sílica o qual é preso no mandril [34].<br />

Em (6) temos o controlador de velocidade do motor (1).<br />

O maçarico é deslocado próximo ao eixo do tubo de sílica de tal forma que a distribuição<br />

de temperatura no eixo do tubo seja a mais uniformemente possível. Isto é muito<br />

importante, porque a uniformidade do diâmetro interno que se está formando depende desta<br />

distribuição.<br />

Ao se produzir o tubo numa temperatura maior que a temperatura de transição vítrea (Tg) a<br />

velocidade de rotação do motor é aumentada de 750 a 1800 rpm, para que a barra seja<br />

convertida completamente em tubo e com um diâmetro interno uniforme. Após este<br />

85


processo de confecção do tubo de vidro telurito começamos com o processo de<br />

resfriamento gradual. Isto é feito com a ajuda do micro-posicionador XYZ. Em cada<br />

experiência o diâmetro interno do tubo de vidro telurito é diferente. Isto ocorre porque no<br />

momento não temos um sistema de controle de temperatura.<br />

O processo seguinte, é o mais crítico, isto é o processo de resfriamento, pois o vidro está na<br />

fase líquida acondicionado no interior de um tubo de sílica. O vidro telurito apresenta maior<br />

coeficiente de expansão térmica do que o vidro de sílica. Então o processo de resfriamento<br />

tem que ser o mais lento possível.<br />

A uma determinada temperatura, devido a diferenças relativamente grandes entre o<br />

coeficiente de expansão térmica entre os dois vidros, o vidro de telurito na forma de um<br />

tubo solta-se do tubo de sílica sem ocorrer processo de trincas.<br />

O resfriamento é feito deslocando lentamente o micro-posicionador na direção vertical e<br />

desta forma afasta-se o maçarico da proximidade do eixo do tubo, logo o deslocamento é<br />

feito numa outra direção lateral, tudo isto a uma baixa velocidade que pode ser controlada<br />

ou manualmente pelos micro-posicionadores ou usando micro-posicionadores motorizados.<br />

Podem ser produzidos com este processo, tubos com diâmetros externos diferentes assim<br />

como diâmetros internos diferentes, obtendo-se tubos com diâmetros externos de 7mm e<br />

10mm cujos comprimentos chegam até 10 cm. O comprimento dos tubos produzidos está<br />

limitado ao tamanho da chama do maçarico. Este grande problema pode ser resolvido<br />

mudando a configuração do maçarico ou mudando o diâmetro do tubo externo de sílica.<br />

86


1<br />

6<br />

600 RPM<br />

3<br />

Figura 4.3.1. Sistema para a fabricação de tubos de vidro telurito por centrifugação. (1)<br />

Motor; (2) Mandril; (3) Cabo flexível; (4) Maçarico; (5) Micro-posicionador; (6)<br />

Controlador de velocidade do motor. [34].<br />

A figura 4.3.2 mostra uma fotografia do sistema de centrifugação por maçarico por chama.<br />

Fig 4.3.2 Fotografia do sistema de centrifugação por chama.<br />

87<br />

O2<br />

5<br />

Gas<br />

2<br />

H2O<br />

4


4.3.2. Vantagens e desvantagens da produção de vidros teluritos por centrifugação em<br />

chama.<br />

O processo de produção de tubos por centrifugação é conhecido principalmente por grupos<br />

que trabalham com vidros fluoretos. Em um molde metálico que gira a alta rotação, é<br />

despejado o vidro fundido e inicia-se a centrifugação para a produção do tubo vítreo que<br />

por sua vez poderá servir, por exemplo, como casca para fibras ópticas de vidros fluoretos.<br />

Tivemos a idéia de usar esta técnica que produziria tubos de vidros teluritos além de<br />

servirem como substratos para a produção de capilares. Por sorte descobrimos que tubos de<br />

vidro de sílica eram um dos melhores substratos para a produção de tubos, pois após a<br />

centrifugação o vidro com resfriamento lento soltava-se facilmente das paredes do tubo de<br />

quartzo sem trincas, coisa muito complicada com moldes metálicos. Isto é possível porque<br />

a sílica apresenta baixo coeficiente de expansão térmica, enquanto que vidros teluritos<br />

apresentavam coeficientes com uma ordem de grandeza maior [38].<br />

A figura 4.3.3.(a) apresenta o tubo de sílica com o vidro telurito em seu início de<br />

centrifugação com rotações em torno de 3000 rpm e o processo é realizado através de um<br />

maçarico de chama. A figura 4.3.3(b) ilustra outra foto com o tubo de vidro telurito já<br />

formado em seu interior.A vantagem de se utilizar à chama de um maçarico é que você<br />

pode ir observando todo o desenrolar do processo.<br />

88


(a) (b)<br />

Fig. 4.3.3(a) Processamento de produção de tubos de vidro telurito por centrifugação e aquecimento<br />

por maçarico; início do processo. (b) Final do processamento, onde se inicia a retirada lenta da<br />

chama do tubo externo de sílica.<br />

As figuras 4.3.4(a) e 4.3.4(b) mostram o tubo produzido por este método, e os capilares<br />

derivados deste tubo, além da preforma pronta para a fabricação das fibras ópticas<br />

microestruturadas pelo processo de empilhamento e puxamento.<br />

(a) (b)<br />

Figura 4.3.4(a) Tubo e capilares de vidro telurito produzidos. (b) Preforma e fibras<br />

ópticas micro estruturadas.<br />

As Figuras 4.3.5(a) e (b), mostram um gabarito e uma preforma após ter sido puxada na<br />

torre de puxamento, e as Figuras 4.3.5( c) e (d) mostram fibras com dois e com três anéis ao<br />

redor do núcleo, respectivamente.<br />

89


Fig.4.3.5(a) Template Fig 4.3.5(b) Preforma após puxamento.<br />

Fig.4.3.5(c) Fibra com 2 períodos. Fig 4.3.5(d) Fibra com 3 períodos.<br />

O processamento por empilhamento e puxamento inicia-se pela introdução na parte central<br />

do tubo de vidro telurito (no caso 10 mm de diâmetro) de uma barra central com 0,8 mm de<br />

diâmetro, dopada com 7500 ppm de íons de Er 3+ , e introduzindo em sua periferia uma série<br />

de capilares, seguindo um gabarito mostrado na figura 4.3.5(a).<br />

A figura 4.3.5(b) mostra um pedaço de uma preforma após o puxamento das fibras<br />

microestruturadas. Foi possível produzir fibras microestruturadas com 1 período ou anel, 2<br />

períodos mostrada na figura 4.3.5(c ) e 3 períodos mostrada na figura 4.3.5(d). As duas<br />

fibras apresentaram diâmetros médios de 125 µm, respectivamente.<br />

90


Podemos observar a luz de um laser HeNe confinada no núcleo da fibra com 3 períodos na<br />

figura 4.3.5(d).<br />

O processo todo é muito dificultoso e a principal desvantagem do mesmo é o perigo de<br />

contaminação produzida pela chama do maçarico durante a fabricação dos tubos. A<br />

espessura dos tubos é controlada pela temperatura que com o maçarico é difícil de se<br />

realizar e pela velocidade de centrifugação.<br />

Os diferentes diâmetros dos furos apresentados na figura 4.3.4(d) é devido a não<br />

uniformidade dos capilares, apesar da escolha selecionada dos mesmos.<br />

Os tubos de quartzo utilizados tiveram que ser primeiramente testados, isto é, postos a<br />

girar, para ver se realmente possuíam simetria cilíndrica.<br />

Um tubo de vidro telurito produzido por rotação foi puxado na torre de puxamento até<br />

produzir um capilar de aproximadamente 1 mm de diâmetro, do qual foram cortados<br />

seis capilares de 12 cm de comprimento.<br />

Um bastão sólido de vidro telurito dopado com 7500 ppm de Er2O3, para o núcleo da<br />

fibra, também foi puxado até um diâmetro de aproximadamente 1 mm. Uma preforma<br />

foi montada, com seis capilares ao redor do núcleo e revestida com um tubo externo.<br />

Desta preforma foi puxada uma fibra, de 125 µm de diâmetro externo, e núcleo de 10<br />

µm de diâmetro[37,39].<br />

As condições de puxamento da preforma foram as seguintes:<br />

Temperatura lida no grafite do forno: 580 ºC.<br />

Temperatura no centro do forno: 434 ºC.<br />

Fluxo de N2 no forno : 8,0 litros/min.<br />

Velocidade de alimentação da preforma: 1,0 mm/min.<br />

Velocidade de puxamento da fibra: 2,8 m/min.<br />

91


4.4 Fabricação de tubos por centrifugação com forno radiante<br />

Como mostra a Figura 4.4.1 (a) e (b), nosso forno radiante opera por meio de quatro<br />

lâmpadas de quartzo colocadas em cavidades elípticas, e com foco comum no centro, isto é,<br />

no eixo longitudinal do forno, e pode atingir rapidamente temperaturas da ordem de 1400<br />

o C em poucos minutos. Isto faz com que exista um gradiente transversal (radial) de<br />

temperatura, com um máximo no eixo longitudinal que passa pelo centro do forno.<br />

A vantagem de se utilizar este equipamento é que ele não tem os problemas de<br />

contaminantes provenientes das paredes refratárias de fornos normais aquecidos por<br />

resistência elétrica e das chamas dos maçaricos.<br />

Entretanto apresenta a desvantagem de não podermos observar os fenômenos que ocorrem<br />

durante a centrifugação do vidro telurito fundido no tubo de sílica. Além disso, a<br />

temperatura é medida por meio de um termopar que fica posicionado próximo, isto é, ao<br />

lado do tubo de quartzo contendo o vidro telurito. Assim, a temperatura medida não é a do<br />

interior do tubo contendo o vidro telurito, mas uma temperatura aproximada.<br />

O forno é utilizado tanto para se fazer o vidro, a partir dos seus constituintes em forma de<br />

pós, como para fazer o tubo telurito. No primeiro caso, um tubo de quartzo contendo os pós<br />

constituintes é preso ao mandril e posicionado no centro do forno. A temperatura do forno é<br />

programada da seguinte maneira: primeiro uma rampa de subida até 830 ºC e um patamar<br />

nesta temperatura por 30 minutos, quando o vidro é fundido. Durante a fusão do vidro este<br />

recebe um fluxo de oxigênio que entra pela extremidade aberta do tubo. Em seguida, uma<br />

rampa de descida até 280 ºC, e um patamar de 60 minutos nesta temperatura, para o<br />

recozimento. Após este patamar, o forno é desligado e o tubo é resfriado naturalmente.<br />

No segundo caso, isto é, para se formar o tubo, o forno é programado com uma rampa de<br />

subida até 440 ºC, seguido de um patamar nesta temperatura por um minuto, quando o<br />

motor é ligado e o tubo é girado a 2500 rpm. Em seguida, uma rampa descendente e um<br />

patamar em 250 ºC por 30 minutos, quando, então, o forno é desligado e o tubo é resfriado<br />

naturalmente.<br />

92


A figura 4.4.1(a), mostra o forno aberto, com o termopar posicionado no eixo horizontal<br />

que passa no centro do forno. Dentro do forno, existe um tubo de quartzo de 60 cm de<br />

diâmetro, que serve para prevenir possíveis contaminações dos espelhos elípticos. Dentro<br />

deste tubo, está o tubo de quartzo sem o vidro telurito dentro, fixado ao mandril mostrado<br />

na parte superior da figura 4.4.1(a).<br />

(a) (b)<br />

Fig. 4.4.1. (a) Forno radiante aberto, mostrando o fio termopar ao longo do eixo central, o tubo de<br />

quartzo de proteção dentro do qual gira o tubo contendo o vidro telurito fixado ao mandril, no topo<br />

da figura, (o tubo de quartzo está sem o vidro telurito). (b) Montagem completa do sistema,<br />

mostrando o forno ligado.<br />

4.5 As fibras confeccionadas e a medida da atenuação.<br />

Duas fibras foram produzidas: uma do tipo casca-núcleo, e outra micro-estruturada com um<br />

anel de capilar ao redor do núcleo. A Figura 4.5.1(a) ilustra a fibra óptica casca-núcleo de<br />

vidro quinqüenário produzida pelo método convencional “rod in tube”, com núcleo de 12<br />

µm e diâmetro externo com 125 µ e a Figura 4.5.1(b) ilustra a fibra óptica micro-<br />

estruturada, com núcleo de 20 µm de diâmetro. Ambas com dopagem no núcleo com 7500<br />

ppm de íons de Érbio. O guiamento da luz destas fibras tem caráter multímodo.<br />

93


(a) (b)<br />

Fig. 4.5.1(a) Fibra óptica casca-núcleo com núcleo de 12 µm de diâmetro. (b) Fibra óptica<br />

micro-estruturada com núcleo de 20 µm de diâmetro.<br />

Utilizando um analisador de espectro e duas fibras ópticas de sílica comercial, realizamos<br />

através de quatro micro-posicionadores xyz, o acoplamento entre a fibra casca-núcleo e as<br />

duas fibras comerciais de sílica. Como fonte de luz utilizamos uma lâmpada alógena de<br />

Tungstênio [34], cuja curva espectral está mostrada na Figura 4.5.2 (a), curva (i). As curvas<br />

(ii), (iii) e (iv) mostram a intensidade após a passagem desta fonte de luz através da fibra<br />

casca-núcleo, para comprimentos de 37, 57 e 77 cm, respectivamente. Destas curvas foi<br />

obtido o espectro de atenuação (AdB/m) da fibra mostrado na figura 4.5.2(b), através do<br />

seguinte cálculo:<br />

AdB/m = (1/ L) 10 Log10 [((ii)-(iii)+(iii)-(iv)) / 2]<br />

onde L é o comprimento cortado da fibra (20 cm); e (i) a (iv) são os valores de intensidade<br />

transmitida das curvas mostradas na Figura 4.5.2 (a).<br />

A janela de transmissão obtida para esta fibra óptica situa-se entre 540 a 1750 nm. O valor<br />

mínimo de atenuação foi de 9 dB/m em 1300 nm. Esta figura também mostra as bandas de<br />

absorção características dos íons Er 3+ em 660 nm ( 4 F9/2); 800 nm ( 4 I9/2) e 1540 nm ( 4 I13/2).<br />

94


(a) (b)<br />

Fig. 4.5.2(a) (i) Espectro da lâmpada alógena de tungstênio e a luz transmitida após passar através<br />

de diferentes comprimentos de fibras: (ii) 37 cm; (iii) 57 cm e (iv) (77) cm, respectivamente [34].<br />

Fig. 4.5.2(b) Curva de atenuação em função do comprimento de onda da fibra óptica do vidro<br />

quinqüenário dopado com 7500 ppm de íons de Er 3+ [34].<br />

4.6 Medidas do sinal amplificado e do ganho<br />

Tanto o bombeio como o sinal foram medidos, tendo a potência de bombeio como<br />

parâmetro. Como esperado, a amplitude ASE aumenta com a potência de bombeio de<br />

maneira diretamente proporcional. Das medidas espectrais no Optical Spectrum Analyser −<br />

OSA, é possível observar que a largura de banda a –3 dB do pico máximo, para a fibra<br />

micro estruturada , é da ordem de 95 nm (bombeio de 100 mW), conforme a Figura 4.6.2.<br />

Em termos absolutos, os níveis ASE da fibra casca-núcleo para a mesma potência de<br />

bombeio são bem menores. Para 100 mW de potencia de bombeio, o pico máximo, ao redor<br />

de 1550 nm, está a 3,16x10 -4 mW (-35 dBm) para a fibra micro-estruturada mostrada na<br />

Figura 4.6.2; e a 7,94x10 -6 mW (-51 dBm, a ~1530 nm) para a fibra tipo casca-núcleo,<br />

mostrada na Figura 4.6.3. Para esta última, a largura de banda a –3dB do pico máximo, é de<br />

60 nm (nível de bombeio de 100 mW). As discrepâncias entre os níveis ASE observados<br />

para os dois tipos de fibra poderiam ter surgido por diferentes razões, entre elas, o<br />

acoplamento de potência, clivagem imprópria da fibra, retro-reflexão, e impurezas.<br />

95


A figura 4.7.1 mostra distintos comportamentos da absorção do bombeio (~ 980 nm) para<br />

as duas fibras, quando a potência de bombeio torna-se maior (50 e 100 mW). Para 100 mW<br />

de bombeio, a absorção pelo núcleo da fibra tipo casca-núcleo foi de ~2,51x10 -2 mW (-16<br />

dBm), enquanto que para a fibra micro estruturada foi de 7,94x10 -3 mW (-21 dBm),<br />

embora o diâmetro do núcleo da fibra micro estruturada fosse maior (20 µm) do que o<br />

diâmetro da fibra casca-núcleo (12 µm). Esta diferença pode ser atribuída às perdas por<br />

confinamento na fibra micro estruturada, pois esta possui somente um anel de capilares e<br />

também perdas por espalhamento durante o acoplamento da fibra emissora de luz.<br />

(a) (b)<br />

Fig.4.6.1(a) Espectro do laser de bombeio para a fibra micro-estruturada de 12 cm de comprimento<br />

e núcleo de 20 µm de diâmetro. (b) Idem, para a fibra casca-núcleo de 12 cm de comprimento e 12<br />

µm de diâmetro . Parâmetros são as potências de bombeio.<br />

O último ponto pesquisado foi se as fibras ópticas de vidros teluritos dopados com íons de<br />

Er 3+ poderiam fornecer ganho óptico para um sinal propagante na fibra óptica. Para isto, foi<br />

utilizado um sinal de comprimento de onda na faixa 1530-1570 nm da fonte de laser<br />

sintonizável.<br />

Inicialmente não se observou nenhuma amplificação para os dois tipos de fibra, ao variar-se<br />

o comprimento de onda do sinal dentro da faixa de ASE apresentada pelas duas fibras<br />

ópticas. A contribuição da retro-reflexão poderia ser a responsável por tal comportamento.<br />

96


Fig. 4.6.2 Características espectrais de uma fibra de vidro telurito dopada com<br />

íons de Er 3+ do tipo micro-estruturada, tendo a potência de bombeio como<br />

parâmetro e considerando um sinal de – 10 dBm acoplado em 1550 nm.<br />

Observamos que o laser sintonizável apresentava um espectro peculiar que poderia<br />

interferir nas medidas. Foi então que posicionamos um filtro óptico centrado em 1550 nm.<br />

Após o ajuste do laser sintonizável neste comprimento de onda os procedimentos de<br />

medidas foram repetidos.<br />

Novamente, a fibra micro estruturada foi incapaz de mostrar ganho para qualquer<br />

comprimento de onda, como é mostrado na figura 4.6.2 para potência do sinal de – 10dBm<br />

na saída da fibra de sílica, acoplada à entrada da fibra telurito. Em particular para um nível<br />

de bombeio de 6,25 mW, é impossível observar o sinal do laser. A alta atenuação óptica<br />

durante a propagação (-30 dB/m) implica em que as perdas por confinamento na fibra<br />

micro estruturada devam ter sobrepujado qualquer propriedade de ganho da fibra.<br />

Como ilustra a figura 4.6.3, para a fibra tipo casca-núcleo, dentro das mesmas condições<br />

operacionais que as da fibra micro estruturada, a amplitude do sinal em 1550 nm aumenta<br />

em 10 dB (de -38 a -28 dBm) quando o bombeio varia de 6,25 mW a 100 mW.<br />

97


Fig. 4.6.3 . Espectro do sinal amplificado na fibra casca-núcleo, tendo a potência de<br />

bombeio por parâmetro e considerando um sinal de -10dBm em 1550 nm.<br />

Baseando-se nos resultados da Figura 4.6.3, a medida de ganho do sinal foi calculada<br />

segundo a seguinte expressão:<br />

GdB = 10 Log10 [(Pout – PASE) / Pin]<br />

onde Pout e Pin são as potências do sinal na saída e na entrada da fibra casca-núcleo,<br />

respectivamente, e PASE é a potência da emissão estimulada amplificada.<br />

Neste cálculo, foi feito uma estimativa de 30% de acoplamento, ou seja, consideramos que<br />

somente 30% da potência de entrada (-10 dBm ) foi acoplada à entrada da fibra casca-<br />

núcleo. Os resultados estão mostrados na tabela 4. Como o ganho é negativo, houve<br />

atenuação ao longo da fibra.<br />

Para se obter um bom acoplamento entre a fibra de sílica e a fibra telurito, seja do tipo<br />

casca-núcleo ou micro-estruturada, ambas precisam ser clivadas e polidas de certo ângulo,<br />

para evitar a retro-reflexão. Após este procedimento, elas podem ser emendadas. Um<br />

98


sistema de emendas (Patente US 6,705,771; 2004) entre fibras de sílica e fibras telurito<br />

está mostrado na Figura 4.6.4.<br />

Tabela 4. Ganho do sinal<br />

PSinal = - 10 dBm ; λsinal= 1550 nm<br />

Pot. Bombeio<br />

(mW)<br />

6,25 - 22,3<br />

12,5 - 13,8<br />

25 - 13,3<br />

50 - 12,3<br />

100 - 12,3<br />

99<br />

Ganho do sinal<br />

(dB)<br />

Fig. 4.6.4. Esquema do processo de emenda entre fibras de sílica e de telurito.<br />

Em baixo, o gráfico da variação da temperatura em torno da emenda.<br />

Nesse processo de emenda, o aquecedor resistivo está sobre a fibra de sílica, a certa<br />

distância da fibra telurito, para que esta última esteja a uma temperatura menor que a da<br />

fibra de sílica.


_______________________________________________________________<br />

CAPÍTULO 5 − Conclusões e Trabalhos Futuros<br />

_____________________________________________________________<br />

5.1 Conclusões<br />

Da análise dos resultados, apresentamos as seguintes conclusões:<br />

5.1.1 Fabricação dos vidros teluritos.<br />

O forno de indução, como não apresentava controle de temperatura, tinha o inconveniente<br />

de aumentar a temperatura de fusão das matérias primas.<br />

Com isto fomos obrigados a utilizar um forno de resistência com proteção de um tubo de<br />

sílica e utilizar atmosfera controlada. Os vidros nele fabricados não apresentaram<br />

cristalizações, foram mais transparentes e homogêneos, sem a presença de estrias, muito<br />

comum quando se funde pequenas amostras de vidro.<br />

5.1.2 Caracterizações térmicas<br />

Pela análise térmica diferencial dos vidros, obtivemos as temperaturas características, como<br />

temperatura de transição vítrea Tg, temperatura do começo de cristalização Tx, temperatura<br />

do pico de cristalização ou Tc e temperatura de fusão, Tf.<br />

Destes valores constatamos que estes vidros apresentam boa estabilidade térmica, com<br />

valor Tx – Tg acima de 100 o C, típico para puxamento de fibras ópticas de vidros especiais<br />

como os vidros teluritos.<br />

Da análise termomecânica foram obtidos os valores do coeficiente de expansão térmica α,<br />

temperatura de amolecimento Td mostrando serem vidros com altos coeficientes de<br />

expansão térmica (maiores do que o da sílica) e baixo Td.<br />

Através de um viscosímetro foram traçadas as curvas de viscosidade versus temperatura e<br />

encontrada a temperatura de puxamento e de extrusão destes vidros.<br />

100


5.1.3 Fabricação de preformas.<br />

Pelo método de extrusão não tivemos sucesso na fabricação de preformas para puxamento<br />

de fibras ópticas micro-estruturadas devido às pequenas dimensões da extrusora do<br />

laboratório. Necessitaríamos de uma extrusora maior e com melhor controle de processo.<br />

Os tubos de vidro telurito foram obtidos, primeiramente por sucção vertical, depois por<br />

rotação horizontal em chama e finalmente os tubos de vidro teluritos foram produzidos por<br />

rotação ou centrifugação em forno radiante para eliminar contaminações provenientes da<br />

chama. Estes tubos sofreram processo de puxamento em uma torre de puxamento de fibras<br />

ópticas Heatway para produzir capilares e barras que serviriam para a casca e para o núcleo<br />

da fibra óptica micro-estruturada, respectivamente. Tivemos êxito com o método de<br />

empilhamento e puxamento de vidros telurito na produção das fibras micro-estruturadas,<br />

diferente do que é realizado a nível internacional, que é por extrusão.<br />

O núcleo da fibra micro-estruturada dopada com íons de terras raras (no caso íons de Er 3+ e<br />

também íons de Tm 3+ ) também foi realizado a partir da sucção em tubo de sílica, do vidro<br />

líquido dentro do cadinho de platina, e puxados na torre de puxamento, mas com<br />

problemas.<br />

5.1.4 Puxamento de fibras ópticas micro-estruturadas<br />

Das preformas, as fibras foram puxadas com sucesso através do controle da velocidade de<br />

alimentação das preformas, velocidade de puxamento das fibras e temperatura de<br />

puxamento.<br />

O comprimento de fibra puxada dependeu do tamanho da preforma, chegando até 300<br />

metros e com diâmetros de 125 µm, com certa homogeneidade.<br />

5.1.5 Caracterização espectral<br />

Do espectro ASE, mediu-se a largura de banda a – 3dB do pico da curva, que está em torno<br />

de 95 nm.<br />

101


Com um sistema de bombeio bi-direcional, obteve-se a curva ASE de uma fibra normal<br />

casca/núcleo e de uma fibra micro-estruturada. Aumentando a potência de bombeio de 6.25<br />

mW a 100 mW, a fibra casca-núcleo apresentou uma atenuação de – 22 a -12 dB. Com<br />

fibra micro-estruturada somente se constatou a presença da curva ASE, mas sem apresentar<br />

ganho deste mesmo sinal. São dadas hipóteses sobre este fenômeno, sendo as mais<br />

importantes as perdas por confinamento que apresentam as fibras micro-estruturadas com<br />

somente um anel.<br />

5.2 Trabalhos futuros<br />

Fabricação de tubos de vidro telurito com forno radiante, e fabricação de fibras ópticas<br />

micro-estruturadas por empilhamento e puxamento, com maior número de anéis de<br />

capilares. Os bastões do núcleo da preforma deverão ser dopados com íons de Érbio. A<br />

caracterização das fibras será feita em termos de atenuação e ganho.<br />

Eliminação do problema da retro-reflexão, através do polimento das extremidades das<br />

fibras em ângulo e realizando a solda (“splice”) das mesmas com fibras de sílica com<br />

equipamento especial que já existe no mercado internacional, onde o sistema de<br />

aquecimento das fibras durante o processo de soldagem é diferente daquele usado em fibras<br />

convencionais sílica.<br />

102


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106


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