Anais do IHC'2001 - Departamento de Informática e Estatística - UFSC
Anais do IHC'2001 - Departamento de Informática e Estatística - UFSC
Anais do IHC'2001 - Departamento de Informática e Estatística - UFSC
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> IHC’2001 - IV Workshop sobre Fatores Humanos em Sistemas Computacionais 129<br />
No auge <strong>de</strong> seu vigor e juventu<strong>de</strong> (<strong>de</strong> 15 a 29 anos é o principal grupo etário com 68%),<br />
livre <strong>de</strong> compromissos sérios (79% solteiros ou separa<strong>do</strong>s), voltada à sua própria<br />
formação (69% estuda, 55% fala inglês) e sustento (64% trabalha), qualificada para o<br />
consumo (renda mensal familiar situada entre 10 e 50 salários mínimos para 59%).<br />
A pesquisa qualitativa, em contrapartida, lida com usuários reais: homens, mulheres<br />
ou crianças situa<strong>do</strong>s em seus contextos sociais, econômicos, culturais, etc. <strong>de</strong> existência.<br />
Por essa razão, a pesquisa qualitativa tem início na seleção da fisionomia – ou perfil – cujas<br />
características queremos investigar. Ou seja, na pesquisa qualitativa, a fisionomia <strong>do</strong>s<br />
usuários é o ponto <strong>de</strong> partida e não o ponto <strong>de</strong> chegada da investigação. Recorren<strong>do</strong> a um<br />
exemplo <strong>de</strong> fácil visualização, se quisermos saber o que na Web é <strong>do</strong> interesse <strong>de</strong> homens<br />
<strong>de</strong> classe média, profissionais liberais, solteiros, com ida<strong>de</strong>s entre 30 e 35 anos, não<br />
recrutaremos ninguém que não apresente esse perfil <strong>de</strong>talha<strong>do</strong>, que chamamos <strong>de</strong> “alta<br />
<strong>de</strong>finição”.<br />
Outra importante diferença entre as pesquisas quantitativas e qualitativas diz<br />
respeito a como são coleta<strong>do</strong>s os da<strong>do</strong>s. Vimos que na pesquisa <strong>do</strong> Cadê/Ibope, que<br />
estamos usan<strong>do</strong> como contraponto, o instrumento <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s era um questionário<br />
online <strong>de</strong> perguntas fechadas. Questionários como esse são comuns nas pesquisas<br />
quantitativas justamente porque permitem a quantificação das respostas.<br />
Já na pesquisa qualitativa a coleta <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s é feita <strong>de</strong> um mo<strong>do</strong> bem diferente.<br />
Nesta, fazemos uso <strong>de</strong> entrevistas <strong>de</strong> perguntas abertas (nas quais procuramos preservar ao<br />
máximo as características <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontração e informalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma conversa cotidiana)<br />
baseadas em roteiros previamente construí<strong>do</strong>s. A entrevista permite que entremos em<br />
contato individual com nossos sujeitos e as perguntas abertas permitem que eles se<br />
pronunciem livremente sobre os diversos tópicos que lhes são coloca<strong>do</strong>s. Trocan<strong>do</strong> em<br />
miú<strong>do</strong>s, isso quer dizer que, uma vez feita uma pergunta (oralmente, em entrevistas face-aface,<br />
ou por escrito, em entrevistas online), o entrevista<strong>do</strong> po<strong>de</strong> respondê-la da forma que<br />
bem enten<strong>de</strong>r. Assim é que, continuan<strong>do</strong> com o exemplo da<strong>do</strong> acima, se quisermos saber o<br />
que na Web atrai o interesse <strong>de</strong> homens com um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> perfil, faremos a vários<br />
homens que tenham esse perfil uma mesma e simples pergunta: “O que na Web atrai seu<br />
interesse?”.<br />
Esses procedimentos dão ao pesquisa<strong>do</strong>r a oportunida<strong>de</strong> única <strong>de</strong> ouvir críticas e<br />
sugestões e <strong>de</strong> entrar em contato com novos pontos <strong>de</strong> vista que ele jamais po<strong>de</strong>ria ter<br />
previsto. Além disso permitem que os pesquisa<strong>do</strong>res aprofun<strong>de</strong>m sua investigação por<br />
meio <strong>de</strong> simples perguntas como “Por quê?” ou “Como?”. As respostas dadas à perguntaexemplo<br />
que apresentamos no parágrafo anterior seriam, <strong>de</strong>ste mo<strong>do</strong>, imediatamente<br />
seguidas <strong>de</strong> um “Por quê?”. É bom lembrar que perguntas simples e abertas não sugerem<br />
respostas (temos que pensar no problema da indução) e po<strong>de</strong>m, caso haja espaço para isso<br />
como na meto<strong>do</strong>logia que estamos apresentan<strong>do</strong>, gerar to<strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> respostas.<br />
Tentan<strong>do</strong> olhar para essas características a partir da ótica daqueles que<br />
<strong>de</strong>senvolvem software, acreditamos que o conhecimento das críticas e sugestões <strong>de</strong><br />
usuários, <strong>de</strong> suas razões para preferir esse ou aquele software e/ou essa ou aquela interface,<br />
bem como <strong>de</strong> seus mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> uso <strong>de</strong>sse ou daquele recurso, po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> utilida<strong>de</strong>.<br />
Nada impe<strong>de</strong>, como acontece no caso das perguntas <strong>de</strong> respostas fechadas, que os usuários<br />
forneçam importantes pistas para a resolução <strong>do</strong>s problemas <strong>de</strong>sses profissionais.