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Anais do IHC'2001 - Departamento de Informática e Estatística - UFSC

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<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> IHC’2001 - IV Workshop sobre Fatores Humanos em Sistemas Computacionais<br />

No mun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s programas <strong>de</strong> e-mail e <strong>do</strong>s browsers a confusão não é menor.<br />

Apesar <strong>de</strong> os programa<strong>do</strong>res terem consegui<strong>do</strong>, em poucos anos, <strong>de</strong>senvolver software <strong>de</strong><br />

comunicação e navegação bem mais simples <strong>do</strong> que aqueles <strong>do</strong>s primeiros tempos da<br />

Internet, os usuários ainda se sentem muito perdi<strong>do</strong>s. As reações <strong>de</strong>stes <strong>de</strong>ixam claras as<br />

gran<strong>de</strong>s dificulda<strong>de</strong>s que ainda encontram ao tentar usar equipamentos e programas. O email<br />

que se segue, envia<strong>do</strong> por uma usuária leiga, brasileira, resi<strong>de</strong>nte na França, é um bom<br />

exemplo disso:<br />

Recebemos uma resposta sua (...) mas nao conseguimos ler? ver? ouvir? o <strong>do</strong>cumento<br />

anexo. Quan<strong>do</strong> tentamos abrir aparece um ponto <strong>de</strong> exclamacao dizen<strong>do</strong> que o<br />

<strong>do</strong>cumento nao po<strong>de</strong> ser aberto pela razao 31, o que quer que isso signifique. (...)<br />

Continuan<strong>do</strong>: nao sabemos usar (nem explicar) quase nada <strong>do</strong> que se nos oferece. Sei<br />

dizer que estamos usan<strong>do</strong> o Netscape (suponho que isto seja o navega<strong>do</strong>r). Temos<br />

tambem o Internet Explorer (que eu suponho ser o navega<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Bill), mas nao usamos<br />

por incompetencia, por preguiça ou ainda por me<strong>do</strong>.<br />

Fica evi<strong>de</strong>nte que, por mais simples e óbvias que as interfaces, configurações e<br />

instruções tentem ser, a vida <strong>de</strong> um iniciante na Internet ainda é bastante difícil. Se<br />

acrescentarmos aos percalços no uso <strong>do</strong>s programas <strong>de</strong> navegação e <strong>de</strong> comunicação, todas<br />

as dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> uso <strong>do</strong>s <strong>de</strong>mais programas menciona<strong>do</strong>s acima (e <strong>de</strong> muitos outros)<br />

veremos que usuários e programa<strong>do</strong>res ainda têm muitos obstáculos pela frente.<br />

Dertouzos apontava os problemas existentes no ano <strong>de</strong> 1997 por meio <strong>do</strong> seguinte<br />

comentário bem-humora<strong>do</strong>:<br />

Na última década, qualquer pessoa que pronunciou a expressão user friendly na minha<br />

presença correu o risco <strong>de</strong> agressão física. Ela foi usada <strong>de</strong>scaradamente para sugerir que<br />

um programa é fácil e simples <strong>de</strong> operar, quan<strong>do</strong> isso raras vezes correspon<strong>de</strong> à verda<strong>de</strong>.<br />

(p. 327)<br />

Des<strong>de</strong> então, é óbvio que muito já foi feito para tornar prazerosa – ou, ao menos,<br />

não penosa – a experiência <strong>de</strong> usar um computa<strong>do</strong>r. É óbvio, também, que ainda há muito<br />

por fazer. Um passo importante foi da<strong>do</strong>. A estratégia <strong>de</strong> humanização <strong>do</strong> computa<strong>do</strong>r <strong>de</strong>u<br />

bons resulta<strong>do</strong>s iniciais. Não foi, porém, suficiente. Está cada vez mais claro que, para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> software e interfaces realmente amigáveis, é necessário conhecer<br />

gostos, preferências, hábitos, opiniões, sugestões, me<strong>do</strong>s, aversões, <strong>de</strong>sejos, etc. <strong>do</strong>s seres<br />

humanos que os usam.<br />

3. Conhecen<strong>do</strong> os usuários leigos<br />

Conhecer os seres humanos a partir <strong>de</strong> diferentes ângulos tem si<strong>do</strong> a tarefa prioritária das<br />

ciências humanas. Por isso mesmo, elas <strong>de</strong>senvolveram vários méto<strong>do</strong>s para coletar e<br />

analisar da<strong>do</strong>s. Os méto<strong>do</strong>s mais freqüentes <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s são as diversas variações da<br />

observação, em ambientes naturais ou em laboratório, e as pesquisas nas quais homens,<br />

mulheres e/ou crianças fornecem explicitamente informações sobre si mesmos por meio <strong>de</strong><br />

respostas às perguntas que lhes são feitas em questionários ou entrevistas. Já os méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

análise <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s se divi<strong>de</strong>m em basicamente <strong>do</strong>is: os quantitativos e os qualitativos.<br />

Ten<strong>do</strong> em vista a complexida<strong>de</strong> que uma discussão meto<strong>do</strong>lógica po<strong>de</strong> assumir nas<br />

ciências humanas, concentraremos nossa discussão em <strong>do</strong>is tipos <strong>de</strong> pesquisa. O primeiro,

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