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Anais do IHC'2001 - Departamento de Informática e Estatística - UFSC

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<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> IHC’2001 - IV Workshop sobre Fatores Humanos em Sistemas Computacionais<br />

etc., além <strong>de</strong> programa<strong>do</strong>res e analistas <strong>de</strong> sistemas, tinham a habilida<strong>de</strong> técnica e o<br />

raciocínio lógico necessários para usá-lo com relativo conforto.<br />

Em um da<strong>do</strong> momento, no entanto, “nasceram” os usuários leigos; usuários que,<br />

apesar <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento tecnológico ocorri<strong>do</strong> no século XX, sequer se davam<br />

conta <strong>de</strong> que já tinham contato com diferentes tipos <strong>de</strong> tecnologia; usuários cuja<br />

experiência cotidiana informava que máquinas eram coisas fáceis <strong>de</strong> operar.<br />

Esses usuários nasceram da curiosida<strong>de</strong> ou <strong>de</strong> contingências (geralmente associadas<br />

ao trabalho). Homens, mulheres ou crianças, não importa, eles resolveram enfrentar o<br />

<strong>de</strong>safio gera<strong>do</strong> pelo <strong>de</strong>sconhecimento e se embrenhar no novo mun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s computa<strong>do</strong>res.<br />

Enquanto esses usuários eram pouco numerosos, não eram problema. Por serem<br />

<strong>de</strong>sbrava<strong>do</strong>res, eles eram suficientemente curiosos para suportar um processo <strong>de</strong><br />

“alfabetização” nas linguagens digitais. Eles conseguiam, a duras penas, apren<strong>de</strong>r a<br />

escrever o que, aos seus olhos, eram estranhos códigos. Ao contrário <strong>do</strong>s usuários originais<br />

– os profissionais da informática e áreas afins –, no entanto, esses usuários leigos não<br />

conheciam a lógica subjacente à digitação <strong>do</strong>s coman<strong>do</strong>s operacionais. Sentiam-se,<br />

portanto, extremamente <strong>de</strong>sconfortáveis ao executar tarefas cuja razão <strong>de</strong> ser não<br />

compreendiam.<br />

Po<strong>de</strong>mos dizer, resumidamente, que o “nascimento” <strong>de</strong> uma população pouco<br />

numerosa <strong>de</strong> usuários leigos gerou um tipo <strong>de</strong> relação homem-computa<strong>do</strong>r calcada na<br />

adaptação <strong>do</strong>s usuários ao funcionamento <strong>de</strong> equipamentos e programas. Os profissionais<br />

da informática, ainda inexperientes no contato com esses novos usuários, buscaram<br />

transmitir-lhes aquela parte <strong>de</strong> seus conhecimentos – a linguagem <strong>do</strong>s coman<strong>do</strong>s – que era<br />

imprescindível para operar um computa<strong>do</strong>r. Da<strong>do</strong> que não podiam transmitir a lógica por<br />

trás <strong>de</strong>sses coman<strong>do</strong>s para leigos, terminaram levan<strong>do</strong> a cabo o que po<strong>de</strong>ria ser chama<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> uma “alfabetização mecanizada <strong>do</strong> usuário”. Esta rapidamente veio a ser questionada<br />

<strong>de</strong>ntro da própria informática.<br />

2.2. Conquistan<strong>do</strong> os usuários leigos<br />

Com o boom tecnológico e com a economia e o merca<strong>do</strong> volta<strong>do</strong>s para as novas<br />

tecnologias computacionais, o número <strong>de</strong> usuários leigos começou a se multiplicar<br />

rapidamente. A partir daí, tanto na área da pesquisa acadêmica quanto na da pesquisa<br />

comercial, os profissionais da informática passaram a se preocupar em tornar as<br />

tecnologias digitais mais acessíveis aos usuários cada vez mais numerosos. Como revela<br />

Michael Dertouzos (1997), diretor <strong>do</strong> Laboratório <strong>de</strong> Ciência da Computação <strong>do</strong> MIT<br />

(Massachusetts Institute of Technology), o principal <strong>de</strong>safio da informática <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua<br />

difusão passou a ser o <strong>de</strong> “humanizar” a tecnologia, ou seja, o <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quar as tecnologias<br />

aos usuários em vez <strong>de</strong> tentar adaptá-los àquelas.<br />

Os resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>sse processo <strong>de</strong> humanização foram muito positivos. Fazen<strong>do</strong> uso<br />

<strong>de</strong> da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> pesquisa, intuição, imaginação, criativida<strong>de</strong> e muito ensaio-e-erro, como<br />

revelam os <strong>de</strong>poimentos <strong>do</strong> polêmico Bill Gates (1995), passou a ser <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> software<br />

para uso leigo. Com isso foram cria<strong>do</strong>s recursos mais confortáveis e simples para aqueles<br />

que nada entendiam <strong>de</strong> programação. Bons exemplos <strong>de</strong>sse novo tipo <strong>de</strong> software são os<br />

programas para Win<strong>do</strong>ws, cujas interfaces gráficas tornaram os coman<strong>do</strong>s operacionais<br />

invisíveis.

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