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Anais do IHC'2001 - Departamento de Informática e Estatística - UFSC

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<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> IHC’2001 - IV Workshop sobre Fatores Humanos em Sistemas Computacionais 121<br />

a se interessar pelo conhecimento <strong>do</strong> ser humano gera<strong>do</strong> pela psicologia clínica (a esse<br />

respeito, ver Leitão e Nicolaci-da-Costa, no prelo).<br />

Essa não é, no entanto, uma aproximação fácil. Muito pelo contrário, é uma<br />

aproximação que <strong>de</strong>manda gran<strong>de</strong> <strong>do</strong>se <strong>de</strong> esforço, tanto por parte <strong>do</strong>s profissionais da<br />

psicologia quanto <strong>do</strong>s da informática. Há, como to<strong>do</strong>s sabemos, gran<strong>de</strong>s diferenças entre<br />

suas formas <strong>de</strong> pensar e <strong>de</strong> trabalhar. Para mencionar apenas algumas, são diferentes suas<br />

concepções <strong>de</strong> homem (universal versus socialmente construí<strong>do</strong>), é diferente sua atribuição<br />

<strong>de</strong> valor ao que é objetivo ou subjetivo, é diferente a sua forma <strong>de</strong> encarar o espontâneo<br />

(no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> não pensa<strong>do</strong>), o irracional e o racional, são diferentes suas meto<strong>do</strong>logias,<br />

etc.<br />

Essas diferenças geram <strong>de</strong>sconfianças nos profissionais <strong>de</strong> ambas as áreas. Para dar<br />

somente um exemplo, no caso que conhecemos <strong>de</strong> perto – o da psicologia – a <strong>de</strong>sconfiança<br />

em relação àquilo que vem das áreas tecnológicas é tão gran<strong>de</strong> que gerou uma visão<br />

negativa das tecnologias digitais difícil <strong>de</strong> combater. Ainda hoje, muitos clínicos revelam<br />

sofrer <strong>de</strong> “tecnofobia” (ver, por exemplo, Birman, 1985). Isso porque consi<strong>de</strong>ram que a<br />

utilização cotidiana das tecnologias digitais vem transforman<strong>do</strong> homens, mulheres e<br />

crianças em seres cada vez menos “humanos”.<br />

Essa certamente não é a visão que temos. Partimos da premissa <strong>de</strong> que as<br />

tecnologias digitais, tal como outras tecnologias, não são boas ou más em si mesmas.<br />

Sabemos, no entanto, que todas as tecnologias que são realmente revolucionárias geram<br />

impactos imprevistos sobre os seres humanos. Por isso mesmo, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os primórdios da<br />

difusão <strong>do</strong>s microcomputa<strong>do</strong>res e da Internet no Brasil, vimos nos <strong>de</strong>dican<strong>do</strong> a investigar:<br />

(a) Como os homens, mulheres e crianças contemporâneos estão reagin<strong>do</strong> às<br />

novas tecnologias (gostos, preferências, aversões, <strong>de</strong>sejos, etc.). Ver, por exemplo,<br />

Nicolaci-da-Costa (1998).<br />

(b) Como usam as novas tecnologias (uso esse que po<strong>de</strong> ser bastante diferente<br />

daquele previsto por seus cria<strong>do</strong>res). Ver, por exemplo, Nicolaci-da-Costa (2000) e<br />

Zaremba, Abreu e Nicolaci-da-Costa (2000).<br />

(c) Quais os impactos que seu uso das novas tecnologias tem sobre suas vidas<br />

(relações pessoais, profissionais, formas <strong>de</strong> falar, <strong>de</strong> pensar, <strong>de</strong> produzir, <strong>de</strong> se agrupar,<br />

<strong>de</strong> se comunicar, <strong>de</strong> se informar, <strong>de</strong> sentir, etc.). Ver, por exemplo, Costa (2001),<br />

Romão-Dias (2001) e Zaremba (2001).<br />

Partin<strong>do</strong> da experiência obtida nesses e em outros estu<strong>do</strong>s, preten<strong>de</strong>mos, neste<br />

artigo, dar uma pequena contribuição para o estabelecimento <strong>de</strong> um contato proveitoso<br />

entre a informática e a psicologia clínica. Para tanto, concentraremos nossa atenção em<br />

diferentes formas <strong>de</strong> gerar conhecimento sobre os gran<strong>de</strong>s articula<strong>do</strong>res da aproximação<br />

<strong>de</strong>ssas duas áreas: os homens, mulheres e crianças que usam os computa<strong>do</strong>res e a Internet.<br />

2. Entran<strong>do</strong> em contato com novos usuários<br />

2.1. Alfabetizan<strong>do</strong> os usuários leigos<br />

Enquanto o computa<strong>do</strong>r era principalmente uma ferramenta <strong>de</strong> trabalho <strong>do</strong>s profissionais<br />

das áreas tecnológicas ou exatas, seu uso necessitava <strong>de</strong> conhecimentos específicos<br />

amplamente <strong>do</strong>mina<strong>do</strong>s por aqueles que o operavam. Engenheiros, físicos, matemáticos,

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