macroRESENHAS 6.Novos pensamentos que confirmam os dos diálogos precedentes. Últimas descobertas feitas no céu. Este último capitulo é bem ilustrativo, afinal ele deixa claro o quanto as novas descobertas científicas aconteciam de forma vertiginosa, pois entre a confecção dos primeiros capítulos e a publicação do livro foi necessário um capitulo sobressalente <strong>com</strong>entando as novas descobertas astronômicas. Futuramente Diderot acharia o meio correto de divulgar conhecimento ao povo de forma didática e concisa, a enciclopédia. A partir e 1700, a idéia da pluralidade dos mundos habitados se popularizou em conseqüência de fatores <strong>com</strong>o a difusão do copernicanismo, o crescimento das ciências naturais e a assimilação da física newtoniana. A nova física havia criado um novo Universo de dimensões infinitas no espaço e no tempo, que será o palco onde se desenrola o conto Micromégas de Volteire, um dos mais populares escritores iluministas. Neste conto Volteire narra a viagem de um habitante da estrela de Sírio ao pla<strong>net</strong>a Saturno, e depois destes dois a Terra. No conto ele explora <strong>com</strong> incrível antecipação para a sua época as diferenças na estrutura corpórea e intelectual que raças alienígenas podem ter por viverem em ambientes tão diferentes da Terra, e chega a propor o uso de naves espaciais semelhante a <strong>com</strong>etas e da energia solar. “O nosso viajente conhecia ás maravilhas das leis da gravitação e todas as forças atrativas e repulsivas. Utilizava-as tão de acordo que, ou por meio de um raio de sol, ou graça à <strong>com</strong>odidade de um <strong>com</strong>eta, ia de pla<strong>net</strong>a em pla<strong>net</strong>a, ele e os seus <strong>com</strong>o um pássaro voa de galho em galho.” (VOLTAIRE, pág. 111) Já no livro O filósofo ignorante, Volteire afirma que: “...Tenho até mesmo motivos para crer que os pla<strong>net</strong>as estão povoados de seres sensíveis e pensantes, mas uma barreira eterna nos separa, e nenhum dos habitantes dos outros globos se <strong>com</strong>unica conosco” (VOLTAIRE) As obras citadas de Fontenelle e Volteire são relativamente fáceis de se achar, seja em livrarias, sebos ou mesmo em coleções vendidas em bancas. Isso sem falar na estante de muita gente que <strong>com</strong>pra qualquer coleção destas baratas e de capa dura, vendidas em bancas e nunca lêem nada. Infelizmente o espírito iluminista ainda esta longe de ser uma unanimidade. São leituras proveitosas para o astrônomo amador, afinal conhecer a própria historia da ciência que se prática é indispensável, também são obras incrivelmente atuais em seus ataques a imbecilidade de uma certa elite conservadora que quer manter o conhecimento científico longe da população. E não a quem se delicie <strong>com</strong> o sarcasmo de Voltaire diante das posições de místicos e religiosos que insistem em defender idéias retrogradas, mesmo quando a ciências já as descartou. Boa leitura! FONTENELLE, Bernard de Bouvier de. Diálogos sobre A Pluralidade dos Mundos. Trad. Denise Bottmann. Campinas: Editora da Unicamp, 1993. VOLTAIRE. Contos. Trad. Roberto Domenico Proença. São Paulo: Nova Cultural, 2002. Edgar Indalecio Smaniotto, é filósofo e cientista social (mestrando), pela UNESP de Marília. Onde pesquisa a obra de Augusto Emilio Zaluar e a Constituição do Campo da Antropologia no Brasil. Astrônomo amador e escritor de Ficção Cientifica publicou recentemente o conto: Parasitas (In: Perry Rhodan. Belo Horizonte: SSPG, 2004. V. 21), edição brasileiro de livros alemães. E-mail: edgarfilosofo@uol.<strong>com</strong>.br Blog: http://edgarfilosofo.blog.uol.<strong>com</strong>.br 70 revista <strong>macroCOSMO</strong>.<strong>com</strong> | abril de 2005
© NASA / HST EXPLORANDO O UNIVERSO HH47 Situado a cerca de 1.500 anos-luz da Terra, na constelação da Vela, está o objeto HH47. Encontrado na borda da Nebulosa Gum, restos de uma antiga supernova, o objeto HH47 possui jatos <strong>com</strong> milhões de quilômetros de <strong>com</strong>primento e está associado à formação de uma única estrela, diferente da maioria das nebulosas onde pares de estrelas se formam ao mesmo tempo. revista <strong>macroCOSMO</strong>.<strong>com</strong> | abril de 2005 71