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Prevenção e atenção às IST/AIDS na saúde - BVS Ministério da ...

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<strong>na</strong><strong>da</strong>”, sintetizando o que muitos descrevem como falta de carinho e de afeto em seus<br />

relacio<strong>na</strong>mentos, sem, no entanto, acharem que podem construir outras relações que<br />

não as esporádicas e somente por sexo. Com as prostitutas “é necessário fazer uso de<br />

preservativos”, mas só os usam “quando elas exigem”, “quando lembram”, quando os “têm<br />

<strong>na</strong> hora <strong>da</strong> relação”. Em oposição, com as possíveis <strong>na</strong>mora<strong>da</strong>s ou companheiras fixas<br />

não há necessi<strong>da</strong>de de nenhuma prevenção porque elas são as “escolhi<strong>da</strong>s”, “limpas”, ou<br />

“com elas vou é casar e ter filhos”.<br />

Para alguns, a falta de desejo e de capaci<strong>da</strong>de para manter uma ereção é o que<br />

os fazem se distanciar <strong>da</strong>s mulheres que consideram ‘normais’, mas, também, há uma<br />

minoria que acha que uma mulher não vai se interessar “por um homem que ficou<br />

doido” ou que as mulheres com as quais ficou um tempo acabaram por traí-los. A<br />

representação corrente entre esses homens é de que as mulheres ou são aproveitadoras<br />

ou são ‘prostitutas’, com exceção de dois que disseram ter sido casados e que tiveram<br />

boas companheiras enquanto elas viveram. A raiva pelas mulheres está sempre liga<strong>da</strong> à<br />

idéia de traição, por terem sido ‘trocados’ ou ‘abando<strong>na</strong>dos’.<br />

Apesar, pois, de relações com múltiplas parceiras e de saberem <strong>da</strong> importância de<br />

se protegerem com o uso de preservativo e não o fazerem como regra, os entrevistados<br />

não representam o risco como algo presente em suas vi<strong>da</strong>s, ou dizem não querer<br />

saber dele, porque sempre escolheram mulheres “limpas”, “conheci<strong>da</strong>s”, que não “têm<br />

nenhum si<strong>na</strong>l de que estão doentes”, porque “isto se conhece pela pele”, “pelo jeito<br />

de an<strong>da</strong>r”, por “ouvir falar”, “pelo capricho delas”, mesmo quando são mulheres que só<br />

fazem sexo por dinheiro.<br />

Vale ressaltar a reflexão de um dos entrevistados, nesse sentido: E19 acredita que<br />

para se proteger <strong>da</strong> aids ‘tem que correr de mulher’ e depois se explica: “se é mulher<br />

conheci<strong>da</strong> tudo bem”, mas “se for vadia, mesmo conheci<strong>da</strong>, não tem jeito”, e “se a mulher<br />

for desconheci<strong>da</strong>, nem pensar!”. Depois, ele compara os possíveis riscos advindos de<br />

uma mulher bonita com os de uma mulher feia: “as bonitas são piores porque são mais<br />

persegui<strong>da</strong>s” (“eu era bonito e era perseguido!”). Se uma mulher bonita o procura ele<br />

diz que “tem certeza de que algo está errado”. Diz que prefere as feias porque “quase<br />

ninguém quer elas”. Porém, logo em segui<strong>da</strong>, lembra que existem homens que podem<br />

estar infectados e querem que o vírus seja transmitido a muitas pessoas, fazendo-os<br />

decidirem ter relações com as feias, pensando: “ah! eu estou desgraçado mesmo, vou<br />

ficar com essa meni<strong>na</strong>, distribuindo pros outros, porque vai só passando”. Sua escolha,<br />

depois de alguns anos, é a abstinência porque ele acha, além de tudo, que a única<br />

companheira com quem ficou certo tempo teve aids.<br />

As representações são, portanto, varia<strong>da</strong>s quando se fala de risco de transmissão <strong>da</strong><br />

aids. E1, por exemplo, diz que o risco existe para “as pessoas que fazem sexo demais”, sendo<br />

que “o gozo exagerado” é o maior risco, relacio<strong>na</strong>ndo-o ao fato de que pode haver muita<br />

fricção e passar “a doença”: “Muita gente faz sexo gozando demais e aí vai passando pras

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