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Prevenção e atenção às IST/AIDS na saúde - BVS Ministério da ...

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<strong>na</strong><strong>da</strong>, isso aí é coisa de careta, coisa de coroa”. O próprio coroa também<br />

aproveitando <strong>da</strong>s jovens pra ter um melhor prazer e não se importar com a<br />

<strong>saúde</strong> <strong>da</strong>s jovens, mas sim com o prazer deles. Ele induzi-la a não transar com<br />

camisinha.... (S14). Eu já não corro nenhum risco, não tenho relações com<br />

ninguém há muitos anos, mas já corri, [apesar de que] ele falava as coisas pra<br />

mim, ele não era mentiroso, mas eu achava que era porque geralmente todo<br />

homem é mentiroso, né? Depois achei camisinha no bolso dele e me separei.<br />

Ele estava me traindo” (S15).<br />

Nessa fala aparecem várias representações sobre risco de infecção: 1) o risco existe<br />

porque há ignorância; 2) o risco representa um desafio para a pessoa (para provar que<br />

é mais forte do que o objeto do risco?); 3) o outro é quem tem risco de se infectar; 4)<br />

corre-se risco porque o homem prefere o prazer e o preservativo ‘atrapalha’; 5) o homem<br />

geralmente é mentiroso quando o assunto é sexo; 6) existe risco de traição pelo homem,<br />

mesmo quando ele é parceiro fixo.<br />

As demais entrevista<strong>da</strong>s têm <strong>na</strong>rrativas <strong>na</strong>s mesmas vertentes, to<strong>da</strong>s relacio<strong>na</strong><strong>da</strong>s<br />

<strong>às</strong> representações de como se deve e de como se vive a sexuali<strong>da</strong>de, sendo mais ou<br />

menos retraí<strong>da</strong>s, ou mais ou menos atira<strong>da</strong>s. A maioria se diz mais retraí<strong>da</strong>, e, por isso<br />

mesmo, com menos risco, mas as que se consideram mais atira<strong>da</strong>s acham que não dá<br />

para controlar tudo ou que “um certo risco faz parte de suas vi<strong>da</strong>s” porque “não têm<br />

medo” (E9, E14, E 16...). Os relatos apontam que a maioria tem histórias de início de vi<strong>da</strong><br />

sexual muito precoce, algumas (sete mulheres entrevista<strong>da</strong>s) sofreram abuso sexual por<br />

parte de familiar, tais como pai, tio, ou conhecidos <strong>da</strong> família desde crianças, por exemplo,<br />

sendo que duas delas engravi<strong>da</strong>ram do pai, e a maioria nunca teve ou tem orgasmos.<br />

Em recente estudo quantitativo, realizado com pacientes de dois serviços nos Estados<br />

Unidos <strong>da</strong> América, Perry & Wright (2006) identificaram características semelhantes, que<br />

apontam para as dificul<strong>da</strong>des de uma vivência saudável <strong>na</strong>s relações sexuais.<br />

Várias mulheres dizem que as relações sexuais são uma violência, e muitas<br />

mantiveram relações para não apanhar dos companheiros, submeti<strong>da</strong>s também a<br />

abusos por parte destes. As representações sobre o ato sexual são, em geral, negativas,<br />

apontando raiva, desprezo por si mesma e pelo parceiro, justificando posturas de<br />

abandono de vi<strong>da</strong> sexual: “sentia dor, o negócio dele era cheio de espinho” (E13),<br />

“transava por transar, não tinha responsabili<strong>da</strong>de e homem nenhum prestava” (E16), “ter<br />

relações sexuais é engravi<strong>da</strong>r, já que a ca<strong>da</strong> vez que ficava com ele eu arrumava um<br />

filho” (E13), “homem é só pra botar filho <strong>na</strong> barriga <strong>da</strong> gente” (E18, E23). Para E4, “com o<br />

tempo, você não quer mais homem, [pois] não sente mais <strong>na</strong><strong>da</strong>”. As falas se repetem:<br />

“não quero saber de homem mais não comigo, não. Quero não...” (E18), “hoje não tem<br />

mais relação, não. Tem dois anos sem. Não transo mais. (Por quê?) Ah, porque eu tava<br />

com companheiro que não presta, então...” (E21). “Meu marido não prestava, sumia, me<br />

batia, me obrigava a ter sexo...” (E33) “Eu durmo... quando eu acordo, acordo com um pé<br />

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