Prevenção e atenção às IST/AIDS na saúde - BVS Ministério da ...
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Há, portanto, uma mistura de informações científicas com pensamentos carregados<br />
de dúvi<strong>da</strong>s e interpretações de notícias <strong>da</strong> imprensa ou de comentários de pessoas <strong>da</strong><br />
convivência sobre a transmissão do HIV, mas persistem pensamentos fragmentados<br />
que não contribuem para uma referência positiva para ca<strong>da</strong> pessoa.<br />
Para as <strong>IST</strong>, em geral, houve citação de nomes que os entrevistados conhecem<br />
porque já foram infectados ou porque já ouviram falar, sendo que aqueles que já se<br />
infectaram alguma vez buscaram o tratamento com pessoal de farmácia, por medo<br />
de serem descobertos pela família, mas, sobretudo, por se sentirem envergonhados. A<br />
representação de relações sexuais sujas e condenáveis é forte o suficiente para justificar<br />
o silêncio em torno do assunto. Porém, nenhum dos homens fazem a oposição curável/<br />
incurável para se referirem <strong>às</strong> <strong>IST</strong>, e alguns, quando perguntados, lembraram-se somente<br />
<strong>da</strong> aids como uma <strong>IST</strong>. Os demais, além <strong>da</strong> aids, referiram-se à “gonorréia”, “gonorréia<br />
branca e amarela”, “sifílis” “cancro” (E2, E3, E5, E7, E22, E25, E34, E37,E38) “crista de galo”<br />
(E38), “cavalo de crista” (E7, E22), “doenças que tem que parar de fazer coisas com mulher”<br />
(E26), “chato” (E30), “doença de pele” (E34), “hepatite, porque está falando <strong>na</strong> televisão”<br />
(E36), “caxumba e conjuntivite” (E39).<br />
Para os entrevistados, a representação <strong>da</strong> transmissão <strong>da</strong>s <strong>IST</strong> e aids define-se<br />
<strong>na</strong> oposição entre “mulher direita e mulher <strong>da</strong> zo<strong>na</strong>”, “mulher doente e mulher sadia”,<br />
“mulher suja e mulher limpinha”, havendo alguns que afirmam que as conhecem “só<br />
de olhar” ou “só do jeito <strong>da</strong> mulher an<strong>da</strong>r” (E22). A transmissão do HIV perde um pouco<br />
<strong>da</strong> objetivação pela falta de experiência, mas a informação sobre o fato de que vem<br />
pelo sangue ou pelo contato sexual não protegido é corrente; mas acabam todos se<br />
concentrando <strong>na</strong>s representações sobre a mulher. A ancoragem ain<strong>da</strong> se encontra<br />
em valores bastante estabelecidos em representações antigas sobre a mulher como a<br />
principal ‘fonte dos males’.<br />
Para as mulheres entrevista<strong>da</strong>s, a aids é antes de tudo transmissível pelas relações<br />
sexuais desprotegi<strong>da</strong>s. A maioria diz que aprendeu sobre ela <strong>na</strong> televisão, uma ou outra<br />
viu nos livros (as muito jovens), e algumas <strong>na</strong> rua, com amigas ou com um homem. Poucas<br />
fazem referência ao sangue, a seringas contami<strong>na</strong><strong>da</strong>s, e, quando o fazem, é lembrando<br />
a obrigação de se “usar material descartável nos serviços de <strong>saúde</strong>, conferindo quando<br />
for tomar uma injeção, e não compartilhar seringas quando usar drogas injetáveis” (E31).<br />
Suas falas podem ser assim resumi<strong>da</strong>s:<br />
“Aids é doença sexualmente transmissível” (E4, E6, E8, 39, E11, E12, E13, E14, E18,<br />
E21, E22, E28, E31, E33), mas “eu não sei direito como pega ou nunca ouvi falar” (E17, E22,<br />
E24, E32), “pega em relações com homem desconhecido” (E9), “pega no beijo e saliva” (E4,<br />
E12, E13, E16), e “<strong>na</strong>s carícias sem penetração” (E28), mas ter “relação com um homem<br />
só” é suficiente para não se infectar (E11). É doença que “esmagrece e faz cair o cabelo”<br />
(E21), “que não tem cura” (idem para a maioria cita<strong>da</strong>), “matando logo a pessoa” (E14): “se<br />
ela contami<strong>na</strong>r o sangue <strong>da</strong> gente, a gente vai pro brejo” (E18). Entre as mulheres, não