Prevenção e atenção às IST/AIDS na saúde - BVS Ministério da ...
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e mal<strong>da</strong>de, equilíbrio e desordem, retar<strong>da</strong>mento e degeneração, além de uma<br />
determi<strong>na</strong>ção do modo de vi<strong>da</strong> e moral como fontes de perturbação, tão antigos e tão<br />
ain<strong>da</strong> presentes (JODELET, 1989; GIAMI, 2004).<br />
Nun<strong>na</strong>lly (1961) apresenta o doente mental do ponto de vista <strong>da</strong> população como<br />
estigmatizado, com representações de imprevisível, sujo, perigoso e sem senso de valores.<br />
Guilhon de Albuquerque (1978), Jacques (2002), Perussi (1995) e Schurmans (1990)<br />
apontam os mesmos resultados em seus estudos com populações e sujeitos diferentes,<br />
podendo ser cita<strong>da</strong>s representações de “fraqueza <strong>na</strong> cabeça”, “cabeça ruim”, “amnésia”<br />
que levam a “um sentimento ruim, aquela ira, aquela agitação”, atitudes de agressivi<strong>da</strong>de,<br />
descontrole e imprevisibili<strong>da</strong>de, mostrando a falta de utilização <strong>da</strong> razão no cotidiano e<br />
a não observância de normas de condutas sociais. A imprevisibili<strong>da</strong>de de atitudes causa<br />
medo <strong>na</strong>s pessoas em torno do doente mental e vários entrevistados a isto se referem,<br />
como algo percebido, mas sobre o qual sempre acreditam que estavam certos (E1, E3,<br />
E7, E8, E9, E10.....). O uso constante de medicamentos está no centro desse conflito: a<br />
necessi<strong>da</strong>de de tomá-los para se manterem sem delírios, para ‘manter a normali<strong>da</strong>de’<br />
(E2) e para ‘cortar a agitação’ (E4, E7, E25, E33), é aponta<strong>da</strong> <strong>na</strong>s falas, mas <strong>na</strong> prática, há<br />
um relaxamento no uso, de maneira ‘despercebi<strong>da</strong>’ ou devido à certeza que ‘agora fiquei<br />
bem’ ou, ain<strong>da</strong>, porque ‘<strong>na</strong> igreja dizem que vou ficar curado’. O retorno <strong>às</strong> crises tor<strong>na</strong>-se,<br />
assim, uma constante <strong>na</strong> trajetória <strong>da</strong> maioria dos entrevistados. As representações aqui<br />
se misturam entre as originárias de uma cultura secular com as advin<strong>da</strong>s de informações<br />
científicas, mas estas últimas, não são necessariamente objetiva<strong>da</strong>s em saberes ou são<br />
construí<strong>da</strong>s confundindo-se informações, não sendo, por si só, capazes de engendrar<br />
posturas de cui<strong>da</strong>do consigo próprios, para o controle do agravo mental.<br />
Na prática, os conflitos e dificul<strong>da</strong>des que os familiares vivenciam no relacio<strong>na</strong>mento<br />
com o sujeito portador de transtorno mental parecem acumular-se e não haver a<br />
possibili<strong>da</strong>de de rompimento com a lógica de não-adesão, levando ao ciclo de crises,<br />
reinter<strong>na</strong>ções, permeados, muitas vezes, por desistências e abandonos, em um contexto<br />
social que também é desfavorável pela falta de condições mínimas que assegurem um<br />
acompanhamento constante do sujeito.<br />
REPRESENTAÇÕES SOBRE INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS<br />
E HIV/<strong>AIDS</strong> – PREVENÇÃO E RISCO<br />
Os estudos <strong>da</strong>s representações sobre a aids, desde o aparecimento <strong>da</strong> epidemia,<br />
mostram que o sexo, o sangue e a morte são seus símbolos; no entanto, são também<br />
os símbolos <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. Os comportamentos desviantes em relação aos três elementos<br />
atribuem sua maior representação à noção de culpabili<strong>da</strong>de: mais que um comportamento<br />
perigoso ou de simples fraqueza, é um lado condenável de hábitos desviantes, de<br />
perversão, reprovados socialmente, que se tor<strong>na</strong>m responsáveis pela epidemia (SONTAG,