Prevenção e atenção às IST/AIDS na saúde - BVS Ministério da ...
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Dentre as mulheres, quatro não têm filhos, sendo duas <strong>na</strong> faixa etária de 18 a 30<br />
anos. Das 13 mulheres que os têm, quatro não têm mais contato com os filhos (duas <strong>na</strong><br />
faixa etária de 31 a 50 anos com mais de quatro filhos, uma <strong>na</strong> faixa de 51 a mais de 70<br />
anos, com três filhos e uma de 31 a 50 anos com dois filhos), sendo que as nove outras<br />
relatam dificul<strong>da</strong>des varia<strong>da</strong>s de interação com os filhos, sentindo, muitas vezes, falta<br />
de apoio e mesmo negligência por partes dos que já estão mais velhos. Vale observar<br />
que, dentre estas, somente duas vivem atualmente com um companheiro, tendo sido<br />
abando<strong>na</strong><strong>da</strong>s pelos pais <strong>da</strong>s crianças, ou já tinham vivido maritalmente com alguém<br />
antes, separando-se depois, mesmo não sendo este o pai dos filhos, como afirmam <strong>na</strong>s<br />
entrevistas. Isto reitera o relato dos homens, que mostra dificul<strong>da</strong>des de manutenção <strong>da</strong><br />
convivência familiar: também para as mulheres com transtornos mentais a desagregação<br />
social é uma reali<strong>da</strong>de.<br />
No que se refere aos diagnósticos clínicos dos entrevistados, apesar de dificul<strong>da</strong>des<br />
<strong>na</strong> fonte de informação dos prontuários que, em alguns casos, têm até diagnósticos<br />
contraditórios em uma mesma época de suas trajetórias de adoecimentos, pode-se<br />
afirmar que esses estão relacio<strong>na</strong>dos a psicoses graves, esquizofrenias e transtornos<br />
afetivos, sendo também encontrados nos <strong>da</strong>dos referentes à população estu<strong>da</strong><strong>da</strong> no<br />
Brasil pelo eixo quantitativo do projeto PESSOAS.<br />
H<strong>IST</strong>ÓRIAS DE VIDA: TRANSTORNO MENTAL E IDENTIDADE DE DOENTE MENTAL<br />
A análise estrutural de <strong>na</strong>rração mostrou que os entrevistados têm representações<br />
sobre sua situação clíníca como doentes ou como portadores de agressivi<strong>da</strong>de em<br />
uma fase transitória de dificul<strong>da</strong>des para se relacio<strong>na</strong>rem, sobretudo com os familiares,<br />
quando estão hospitalizados, ou ao explicarem os motivos de serem acompanhados em<br />
serviços ambulatoriais de <strong>saúde</strong> mental. O sentimento presente sobre a necessi<strong>da</strong>de de<br />
hospitalização é o de perseguição de algum membro <strong>da</strong> família (em geral, aquele que<br />
decidiu trazê-lo ou pediu a inter<strong>na</strong>ção e precisou <strong>da</strong> aju<strong>da</strong> <strong>da</strong> polícia, por exemplo),<br />
mas há também o reconhecimento <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong>de de hospitalização ou de tratamento<br />
ambulatorial constante por parte <strong>da</strong>queles que têm uma longa trajetória de inter<strong>na</strong>ções,<br />
de moradia em hospital, de crises repeti<strong>da</strong>s e incapacitantes para o trabalho. Poucos<br />
são aqueles que não se referem ao fato de se sentirem diferentes de outras pessoas,<br />
ou que não <strong>na</strong>rram fatos que apontam o próprio reconhecimento de uma estranheza<br />
em relação ao meio familiar ou social mais amplo: são aqueles que já apresentam<br />
algum tipo de falta de memória ou deficiência cognitiva mais ou menos grave. A<br />
doença é centralmente representa<strong>da</strong> pelos si<strong>na</strong>is e sintomas, sem haver nomeação<br />
do diagnóstico, com exceção de generalizações provenientes do discurso clínico e <strong>da</strong><br />
mídia sobre depressão, como se tudo pudesse ser agrupado num único quadro que<br />
lhes permitisse torná-la objetiva<strong>da</strong> e reconheci<strong>da</strong> como algo que parece ser mais bem