Prevenção e atenção às IST/AIDS na saúde - BVS Ministério da ...
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social, o lazer, a hospitali<strong>da</strong>de e a oportuni<strong>da</strong>de de trabalho para os portadores de<br />
sofrimento mental (ALVES, 2006).<br />
Essas mu<strong>da</strong>nças apontam <strong>na</strong> direção de uma assistência integral aos portadores<br />
de sofrimento mental. Contudo, estudos indicam dificul<strong>da</strong>des <strong>na</strong> assistência <strong>às</strong> doenças<br />
clínicas não-psiquiátricas entre essa clientela. Para os pacientes psiquiátricos graves,<br />
a histórica setorização dos serviços psiquiátricos e dos serviços de clinica médica<br />
sempre significou o recebimento de cui<strong>da</strong>dos clínicos em serviços de <strong>saúde</strong> mental,<br />
onde essa assistência é escassa (SWARTZ et al, 2003). Com isso, os serviços de <strong>saúde</strong><br />
mental apresentam dificul<strong>da</strong>des em auxiliar a sua clientela no recebimento de cui<strong>da</strong>dos<br />
relacio<strong>na</strong>dos à sua <strong>saúde</strong> física. As relações entre os serviços psiquiátricos e os outros<br />
serviços de <strong>atenção</strong> médica são um desafio, já que nenhum dos grupos está preparado<br />
para assumir a responsabili<strong>da</strong>de fi<strong>na</strong>l pelos cui<strong>da</strong>dos clínicos dos pacientes (COLLINS et<br />
al, 2006; ROBSON; GRAY, 2007; SULLIVAN et al, 1999). Conseqüentemente, evidencia-se<br />
uma dificul<strong>da</strong>de <strong>na</strong> detecção <strong>da</strong>s doenças e no adequado tratamento para os pacientes<br />
portadores de doenças mentais graves, com qualquer tipo de co-morbi<strong>da</strong>de.<br />
Vários estudos têm demonstrado taxas de mortali<strong>da</strong>de que são pelo menos duas<br />
vezes maiores entre os pacientes psiquiátricos graves, com uma expectativa de vi<strong>da</strong><br />
10 anos menor do que entre a população geral. Alguns autores têm atribuído esses<br />
achados a uma falta de cui<strong>da</strong>dos clínicos regulares, assim como a uma fragmentação<br />
do cui<strong>da</strong>do em <strong>saúde</strong> (BLACK, 1998; DEMBLING, 1997; DEMBLING; CHEN; VACHON,<br />
1999; FELKER; YAZEL; SHORT, 1996; HARRIS; BARRABLOUGH, 1998; STROUP; GILMORE;<br />
JARSKOG, 2000; ROBSON; GRAY, 2007). Outros fatores que se relacio<strong>na</strong>m ao aumento <strong>da</strong><br />
morbi-mortali<strong>da</strong>de são a alta prevalência de tabagismo, dieta pobre, falta de ativi<strong>da</strong>de<br />
física, comorbi<strong>da</strong>de com uso de substâncias e práticas sexuais de risco (BROWN, 1997;<br />
LAMBERT; VELAKOULIS; PANTELIS, 2003).<br />
Nesse sentido, dentre essas várias situações de vulnerabili<strong>da</strong>de vivencia<strong>da</strong>s pelos<br />
indivíduos com sofrimento mental, ressaltam-se os riscos acrescidos para as infecções<br />
sexualmente transmissíveis (<strong>IST</strong>). Dificul<strong>da</strong>des cognitivas, falta de habili<strong>da</strong>de social para<br />
negociar sexo seguro, o uso de drogas ilícitas e problemas sociais, tais como maior grau<br />
de pobreza e ausência de moradia fixa, são fatores que aumentam a vulnerabili<strong>da</strong>de<br />
para as <strong>IST</strong> (VANABLE et al, 2007). As proporções de positivi<strong>da</strong>de de HIV entre esses<br />
pacientes variam de 0 a 23%, dependendo <strong>da</strong> população estu<strong>da</strong><strong>da</strong> e <strong>da</strong> metodologia<br />
adota<strong>da</strong>, sendo que ape<strong>na</strong>s 15 a 50% dos pacientes HIV positivos tinham conhecimento<br />
<strong>da</strong> sua situação sorológica (GRASSI,1996; SACKS et al, 1990; VOLVAKA, 1992). Tais <strong>da</strong>dos<br />
corroboram as necessi<strong>da</strong>des de cui<strong>da</strong>dos clínicos especiais para esses indivíduos,<br />
mas pouco se conhece sobre a <strong>saúde</strong> dos portadores de sofrimento mental, fora <strong>da</strong><br />
abor<strong>da</strong>gem psíquica desses transtornos. Mesmo antes <strong>da</strong> epidemia de HIV, cerca<br />
de 50% <strong>da</strong>s desordens físicas sérias não eram detecta<strong>da</strong>s entre os pacientes com<br />
problemas mentais graves que recebiam tratamento psiquiátrico (SULLIVAN et al, 1999).