20.01.2013 Views

Prevenção e atenção às IST/AIDS na saúde - BVS Ministério da ...

Prevenção e atenção às IST/AIDS na saúde - BVS Ministério da ...

Prevenção e atenção às IST/AIDS na saúde - BVS Ministério da ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

130<br />

público. Por último, destaca-se a alta proporção de pacientes que já moraram <strong>na</strong> rua,<br />

estiveram presos e já sofreram alguma violência física (56,0%) ou sexual (19,8%). Esses<br />

<strong>da</strong>dos são preocupantes, devendo ser objeto de análises mais aprofun<strong>da</strong><strong>da</strong>s.<br />

A soroprevalência <strong>da</strong> infecção pelo HIV é modera<strong>da</strong>mente alta (0,80%), considerando<br />

o desenho do estudo (amostra aleatória <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, exclusões metodológicas), quando<br />

comparado com estudos representativos de outras populações ou com a estimativa<br />

de prevalência para o Brasil (0,61%). São também preocupantes as soroprevalências de<br />

HCV, sífilis e HBsAg. É alta a proporção de pacientes (20,2%) que tiveram pelo menos<br />

um dos marcadores sorológicos positivo. Esses <strong>da</strong>dos indicam que essa população de<br />

pacientes psiquiátricos atendidos nos serviços estu<strong>da</strong>dos encontra-se em maior risco<br />

para as <strong>IST</strong> e que medi<strong>da</strong>s urgentes devam ser toma<strong>da</strong>s pelo poder público.<br />

O componente qualitativo indicou algumas importantes reflexões que<br />

complementam o componente quantitativo. Dentre elas cita-se: a prevenção não é a<br />

primeira e nem a principal preocupação <strong>da</strong>s pessoas com transtornos mentais crônicos;<br />

o que está também presente em outras populações. Essas, apesar de conhecerem as<br />

formas corretas de se prevenirem, confundem formas de se infectar e não se vêem em<br />

risco no momento que decidem ter relações sexuais, representando o parceiro como<br />

alguém que foi escolhido por ser ‘conhecido’, ‘limpo’, etc. Além disso, a maioria dos<br />

portadores de sofrimento mental não são assexuados ou de uma sexuali<strong>da</strong>de fora de<br />

controle como é corrente ouvir no senso comum dos profissio<strong>na</strong>is de <strong>saúde</strong>. A maioria<br />

gostaria de viver o que pode ser considerado como uma sexuali<strong>da</strong>de ple<strong>na</strong>, mas têm<br />

medo. Alguns têm sofrimentos e recalques ou dificul<strong>da</strong>des cognitivas, são inibidos e<br />

se sentem enfraquecidos em face autori<strong>da</strong>de do outro, cedendo aos seus desejos sem<br />

se sentirem participantes. Outros ain<strong>da</strong> são agressivos e buscam sexo para subjugar<br />

ou agredir alguém. A sexuali<strong>da</strong>de e o amor estão representados como fun<strong>da</strong>mentais<br />

para as mulheres, enquanto os homens não fazem essa ligação tão forte, mas a maioria<br />

gostaria de viver relacio<strong>na</strong>mentos afetivos estáveis, mesmo que isso ain<strong>da</strong> não tenha<br />

sido possível. As profissio<strong>na</strong>is do sexo podem, portanto, ter um papel relevante para<br />

os homens com agravos mentais, contribuindo para sua ‘sani<strong>da</strong>de’, por causa <strong>da</strong><br />

receptivi<strong>da</strong>de com que os acolhem e <strong>da</strong> representação de que estas sempre exigem<br />

o preservativo <strong>na</strong>s relações. As mulheres com agravos mentais parecem ter menores<br />

possibili<strong>da</strong>des de vivenciar uma sexuali<strong>da</strong>de que lhes confira prazer e gozo, havendo<br />

maior risco frente <strong>às</strong> <strong>IST</strong> e aids, além de abusos sexuais sofridos.<br />

Os resultados <strong>da</strong> análise qualitativa apontam uma grande vulnerabili<strong>da</strong>de <strong>na</strong>s<br />

interações sociais, aprofun<strong>da</strong>ndo a interpretação dos achados do eixo quantitativo.<br />

Além disso, o fato de os participantes gostarem de falar de si mesmos, de suas relações<br />

e de sexuali<strong>da</strong>de durante as entrevistas em profundi<strong>da</strong>de desvela a possibili<strong>da</strong>de de<br />

construção de cui<strong>da</strong>dos que incluam a educação em <strong>saúde</strong> sexual para essas pessoas.<br />

Essa poderia ser uma educação que considere as representações sobre os agravos

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!