Prevenção e atenção às IST/AIDS na saúde - BVS Ministério da ...
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menor facili<strong>da</strong>de do que as mulheres, como se percebessem estar mais ou menos imunes<br />
a eles (aos riscos?). Há uma representação corrente do poder preservado diante <strong>da</strong> vi<strong>da</strong><br />
e <strong>da</strong> morte, <strong>da</strong> qual os entrevistados mais atirados se valem e os mais retraídos nem se<br />
lembram <strong>da</strong> existência. Os limites do risco são, portanto, para serem ultrapassados, ou<br />
não são reconhecidos ou são considerados simplesmente inexistentes.<br />
CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />
Com a interpretação dos <strong>da</strong>dos, pode-se afirmar que as pessoas com agravos<br />
mentais têm representações próximas de outros grupos específicos e <strong>da</strong> população<br />
geral sobre as <strong>IST</strong> e aids. Porém, esses homens e mulheres têm desigual<strong>da</strong>des em seus<br />
contextos de vi<strong>da</strong>, que os fazem diferentes em face do risco, apesar de a maioria, nos<br />
dois grupos, estar em abstinência sexual, o que traz, para eles, a representação de que<br />
não há mais risco. Os homens, em sua maioria, ain<strong>da</strong> querem voltar a ter vi<strong>da</strong> sexual<br />
ativa, enquanto muitas mulheres consideram isso fora de cogitação. Obviamente, podese<br />
dizer e esperar que tais posturas não sejam definitivas, sendo a maioria <strong>da</strong>s mulheres<br />
capazes, autonomamente, de ter vi<strong>da</strong> sexual ativa.<br />
Os homens com agravos mentais buscam mais as relações esporádicas com<br />
profissio<strong>na</strong>is do sexo e têm relações sexuais fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong>s em um ponto de vista<br />
que se pode denomi<strong>na</strong>r de pragmático, sendo que os mais jovens pensam em sexo<br />
também para ter filhos. No entanto, as mulheres sonham/ram com relações amorosas<br />
duradouras para ter vi<strong>da</strong> sexual ativa e prazerosa, o que, em geral, não conheceram.<br />
Algumas ain<strong>da</strong> mantêm o desejo, mas a maioria já o abandonou.<br />
Pode-se, portanto, inferir que as representações sobre as doenças, inclusive<br />
aquelas relativas aos transtornos mentais, sobre a sexuali<strong>da</strong>de e suas formas de vivenciála<br />
contribuem essencialmente para se representar o risco de infecção pelas <strong>IST</strong> e aids,<br />
e a ter ou não posturas de prevenção. Saber <strong>da</strong> existência <strong>da</strong>s doenças, de como se<br />
transmitem os agentes infecciosos e até mesmo representar a aids como morte não<br />
diminui os riscos e a vulnerabili<strong>da</strong>de desse grupo.<br />
As estratégias de acompanhamento, com construção de conhecimento,<br />
reestruturação de representações, paralelas a mu<strong>da</strong>nças de atitudes, para o cui<strong>da</strong>do<br />
consigo mesmo e com os outros, devem ser pensa<strong>da</strong>s como uma necessi<strong>da</strong>de de<br />
<strong>atenção</strong> integral, contínua e multiprofissio<strong>na</strong>l que possa estar disponível em locais onde<br />
há maior acesso e facili<strong>da</strong>des dessas pessoas, no cotidiano.<br />
O saber objetivo não é suficiente, mas necessário. O saber acompanhado de<br />
reflexão do contexto e de possibili<strong>da</strong>des de cui<strong>da</strong>dos que levem a uma maior adesão<br />
aos tratamentos propostos, bem como à adoção de condutas preventivas, pode<br />
propiciar maior autonomia aos sujeitos e a reconstrução de identi<strong>da</strong>des, por vezes tão<br />
fragmenta<strong>da</strong>s, de pessoas com transtornos mentais graves.