Recife Lugar de Memória - AERPA
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Plínio Santos-Filho<br />
Malthus Oliveira <strong>de</strong> Queiroz<br />
Sidney Rocha<br />
R ecife<br />
<strong>Lugar</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>Memória</strong><br />
Mártires, heróis, personagens<br />
históricos são comemorados<br />
em locais públicos e privados<br />
do <strong>Recife</strong>. Neste Guia<br />
apresentamos alguns <strong>de</strong>stes<br />
personagens e locais.<br />
2012
Santos-Filho, Plínio<br />
Queiroz, Malthus Oliveira <strong>de</strong><br />
Rocha, Sidney<br />
<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong> / Plínio Santos-Filho;<br />
Malthus Oliveira <strong>de</strong> Queiroz; Sidney Rocha<br />
_<strong>Recife</strong>: SDHSC - Secretaria <strong>de</strong> Direitos Humanos e Segurança<br />
Cidadã, Prefeitura do <strong>Recife</strong>. _Ministério da Justiça, Pronasci.<br />
_<strong>AERPA</strong> Editora, 2012.<br />
104p. : il.<br />
Inclui bibliografia / Inclu<strong>de</strong>s bibliography<br />
ISBN: 978-85-60136-05-6<br />
1. Geografia e viagem – Brasil. I. Santos-Filho, Plínio. I I. Título.<br />
CDD 918.1<br />
<strong>AERPA</strong> Editora<br />
Rua Antônio Vitrúvio, 71, Poço da Panela, <strong>Recife</strong><br />
Pernambuco - Brasil CEP 52061-210<br />
Os horários <strong>de</strong> visitação, os números dos telefones e os preços<br />
<strong>de</strong> ingresso dos museus, das igrejas e <strong>de</strong>mais monumentos<br />
constantes <strong>de</strong>ste guia foram obtidos junto aos órgãos oficiais<br />
da administração pública e nos próprios estabelecimentos.<br />
Horários atualizados, localização <strong>de</strong> hotéis e pousadas, bares<br />
e restaurantes, assim como outras informações, po<strong>de</strong>m ser<br />
encontrados na internet, nos sites dos estabelecimentos.<br />
Seus comentários e sugestões po<strong>de</strong>m ser enviados pelo e-mail<br />
constante no site da <strong>AERPA</strong>:<br />
www.restaurabr.org<br />
Este livro foi parcialmente financiado pelo Ministério da Justiça<br />
através do Projeto “Restauração <strong>de</strong> Fachadas - Construção<br />
Civil”, do Programa Nacional <strong>de</strong> Segurança Pública com<br />
Cidadania - Pronasci, da Secretaria Nacional <strong>de</strong> Segurança<br />
Pública - Ministério da Justiça, com Convênio coor<strong>de</strong>nado<br />
pela Secretaria <strong>de</strong> Direitos Humanos e Segurança Cidadã da<br />
Prefeitura do <strong>Recife</strong> e pelas <strong>de</strong>mais instituições e empresas<br />
listadas pelas logomarcas na contracapa.
I<strong>de</strong>ia original e autoria<br />
Plínio Santos-Filho<br />
Malthus Oliveira <strong>de</strong> Queiroz<br />
Sidney Rocha<br />
<strong>AERPA</strong> Editora<br />
Diretor Editorial - Plínio Santos-Filho<br />
Design e Tipografia - Carla Andra<strong>de</strong> Reis<br />
Pesquisa e revisão - Catarina S. Queiroz,<br />
Malthus O. Queiroz, Plínio Santos-Filho<br />
Fotografia, projeto gráfico e direção <strong>de</strong> arte - Plínio Santos-Filho<br />
Publicado pela <strong>AERPA</strong> Editora - Rua Antônio Vitrúvio, 71<br />
Poço da Panela, <strong>Recife</strong>, Pernambuco - Brasil CEP 52061-210<br />
Telefone: 55 (81) 3266-8463<br />
Prefeitura do <strong>Recife</strong><br />
João da Costa - Prefeito<br />
Amparo Araújo - Sec. <strong>de</strong> Direitos Humanos e Segurança Cidadã<br />
Cacilda Me<strong>de</strong>iros - Diretora <strong>de</strong> Segurança Cidadã<br />
Impressão e enca<strong>de</strong>rnação - Gráfica Santa Marta<br />
Todos os direitos reservados <strong>de</strong> acordo com as leis brasileiras,<br />
panamericanas e leis internacionais e convenções <strong>de</strong> copyright.<br />
Nenhuma parte <strong>de</strong>sta publicação po<strong>de</strong> ser reproduzida,<br />
armazenada em sistemas <strong>de</strong> bancos <strong>de</strong> dados ou transmitida<br />
em nenhuma forma ou por qualquer meio, eletrônico, mecânico,<br />
fotocópia, gravação ou qualquer outro, sem a permissão prévia<br />
e por escrito dos proprietários dos direitos <strong>de</strong> copyright.<br />
Copyright 2012 © <strong>AERPA</strong> Editora<br />
Impresso no Brasil - Printed in Brazil
Sumário<br />
Apresentação 6<br />
O <strong>Recife</strong> 8<br />
Rota Ver<strong>de</strong><br />
10 - O Açúcar<br />
Engenhos do Capibaribe 16<br />
Engenho Magdalena 15<br />
Engenho da Torre 16<br />
Engenho do Cor<strong>de</strong>iro 17<br />
Engenho Ambrósio Machado 17<br />
Engenho Casa Forte 19<br />
Poço da Panela 20<br />
Museu do Homem do Nor<strong>de</strong>ste 21<br />
Engenho São Pantaleão do Monteiro 25<br />
Engenho <strong>de</strong> Apipucos 26<br />
Fundação Gilberto Freyre 27<br />
Engenho Dois Irmãos 28<br />
Engenho Brum-Brum 29<br />
Engenho Poeta 29<br />
A Várzea do Capibaribe 30<br />
Engenho do Meio 30<br />
Engenho <strong>de</strong> Santo Antônio 31<br />
Instituto Ricardo Brennand 32<br />
Engenho São João 33<br />
Ateliê e Oficina Cerâmica Francisco Brennand 33<br />
Museu do Estado <strong>de</strong> Pernambuco 34<br />
Teatro <strong>de</strong> Santa Isabel 34<br />
Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Direito do <strong>Recife</strong> 35<br />
Parque 13 <strong>de</strong> Maio 35<br />
Basílica e Convento do Carmo 35<br />
Joaquim Nabuco 36<br />
Porto do <strong>Recife</strong> - Cruz do Patrão 37<br />
Rota Azul<br />
38 - Os Holan<strong>de</strong>ses<br />
O Período Holandês 40<br />
Forte do Brum 42<br />
Quarteirão Franciscano 43<br />
Forte Ernesto 43<br />
Praça da República e Imperador 44<br />
Maurício <strong>de</strong> Nassau 45<br />
Rua do Bom Jesus 46<br />
Palácio da Boa Vista 46<br />
Forte das Cinco Pontas 47<br />
A Insurreição Pernambucana 48<br />
Praça Sérgio Loreto e Arredores 48<br />
Os Quatro Heróis 49<br />
A Batalha <strong>de</strong> Casa Forte 50<br />
Arraial Velho do Bom Jesus - Sítio da Trinda<strong>de</strong> 51<br />
Nossa Senhora dos Prazeres do Monte Guararapes 52
Rota Amarela<br />
54 - 1817 e 1824<br />
Revolução <strong>de</strong> 1817 56<br />
Forte do Brum 58<br />
Campo da Honra 59<br />
Ponte do <strong>Recife</strong> 60<br />
Forte das Cinco Pontas 61<br />
Matriz <strong>de</strong> Santo Antônio 61<br />
Confe<strong>de</strong>ração do Equador - 1824 63<br />
Monumento a Frei Caneca 63<br />
Capelinha da Praça da Jaqueira 64<br />
Cemitério dos Ingleses 65<br />
Rota Vermelha<br />
66 - Ditadura 64<br />
Resistência ao Regime Militar 68<br />
O Centro do <strong>Recife</strong> 69<br />
Miguel Arraes 70<br />
Palácio do Campo das Princesas 72<br />
Gregório Bezerra 74<br />
Casa da Cultura 76<br />
O Dom - Igreja das Fronteiras 78<br />
Padre Henrique - Cida<strong>de</strong> Universitária 82<br />
Rua da Aurora 405 84<br />
Vila Buriti - Macaxeira 86<br />
Ruas da Vila Buriti 88<br />
Colônia Penal do Bom Pastor 94<br />
Monumento Contra a Tortura 96<br />
Paulo Freire 98<br />
Índice Geral do Mapa 101<br />
Bibliografia 104
Apresentação<br />
O presente livro é resultado <strong>de</strong> uma parceria entre a Prefeitura<br />
da Cida<strong>de</strong> do <strong>Recife</strong>, através <strong>de</strong> sua Secretaria <strong>de</strong> Direitos<br />
Humanos e Segurança Cidadã, e a Agência <strong>de</strong> Estudos e<br />
Restauro do Patrimônio – <strong>AERPA</strong>, que, por meio <strong>de</strong> financiamento<br />
pelo Ministério da Justiça, conseguiram produzir este Guia tão<br />
importante para o <strong>Recife</strong>. Importante porque revisita fatos,<br />
personalida<strong>de</strong>s e locais da cida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> ocorreram esses fatos,<br />
buscando, <strong>de</strong> forma direta, <strong>de</strong>svendar um <strong>Recife</strong> escondido na<br />
sua intensa agitação cotidiana <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> metrópole.<br />
Para Gilberto Freyre, um dos gran<strong>de</strong>s inspiradores <strong>de</strong>sse livro,<br />
o <strong>Recife</strong> é uma cida<strong>de</strong> a ser <strong>de</strong>svendada. “Tanto nos subúrbios<br />
como no centro, o <strong>Recife</strong> é uma cida<strong>de</strong> recatada. Não se exibe.<br />
Não se mostra. Retrai-se. Contrai-se. Escon<strong>de</strong>-se, até, dos olhos dos<br />
estranhos. (...) O <strong>Recife</strong> é assim: cida<strong>de</strong> que antes se escon<strong>de</strong> dos<br />
admiradores que se oferece à sua curiosida<strong>de</strong>.” Para os autores<br />
da presente obra, <strong>de</strong>svendar o <strong>Recife</strong> é contar um pouco da sua<br />
história, visitar lugares, perceber mudanças e, principalmente,<br />
exercitar a curiosida<strong>de</strong>, já que muito das informações aqui<br />
apresentadas são fruto <strong>de</strong> um conhecimento resultante da paixão<br />
pela <strong>de</strong>scoberta, da imensa vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> saber mais sobre quem<br />
somos, on<strong>de</strong> vivemos e que cida<strong>de</strong> é essa que nos acolhe e nos<br />
<strong>de</strong>serta nos <strong>de</strong>svãos <strong>de</strong> seus caminhos e <strong>de</strong>scaminhos.<br />
Por isso, o formato <strong>de</strong> guia <strong>de</strong> visitação, com roteiros<br />
selecionados para serem percorridos a pé, <strong>de</strong> carro ou mesmo<br />
<strong>de</strong> bicicleta, nos mol<strong>de</strong>s dos recentemente lançados Um Dia<br />
no <strong>Recife</strong> e Um Dia em Olinda, ambos também pela <strong>AERPA</strong><br />
Editora. Esse formato, coadunado com as práticas saudáveis e<br />
ecologicamente corretas do turismo urbano contemporâneo,<br />
permite uma <strong>de</strong>scoberta sem pressa, interativa e certamente<br />
construtiva.<br />
Quatro rotas compõem este guia: A Rota do Açúcar, que<br />
explora os locais e as memórias remanescentes <strong>de</strong>ixadas pelo<br />
“ouro branco”, base <strong>de</strong> um época rica e faustosa da cida<strong>de</strong> e<br />
6<br />
Photo: Downtown <strong>Recife</strong> at sunset<br />
Acima, arrecifes e molhe, Forte do Pição. À direita na foto, ilhabairro<br />
<strong>de</strong> Santo Antônio visto do Paço Alfân<strong>de</strong>ga, Bairro do <strong>Recife</strong>.
profundamente enraizada na sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural; a Rota dos<br />
Holan<strong>de</strong>ses, época <strong>de</strong>cisiva para a formação do <strong>Recife</strong> e do i<strong>de</strong>al<br />
<strong>de</strong> nacionalida<strong>de</strong> brasileira; a Rota das Revoluções <strong>de</strong> 1817 e 1824,<br />
movimentos que refletem o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> se estabelecer uma república<br />
no Brasil, confrontando os i<strong>de</strong>ais reacionários da monarquia; e o<br />
período do regime militar <strong>de</strong> 1964, ainda uma mancha recente e<br />
<strong>de</strong> proporções in<strong>de</strong>finidas na <strong>de</strong>mocracia brasileira.<br />
A pesquisa textual e iconográfica envolveu várias idas à<br />
Fundação Joaquim Nabuco - Fundaj, on<strong>de</strong> sempre contamos<br />
com a cortesia e a colaboração <strong>de</strong> seus funcionários;<br />
buscas em publicações impressas e digitais especializadas;<br />
e conversas com especialistas e curiosos na área, como o<br />
escritor Paulo Santos <strong>de</strong> Oliveira, o que muito nos ajudou a<br />
formatar o conteúdo abordado neste livro. A maioria das<br />
imagens, no entanto, são <strong>de</strong> Plínio Santos-Filho, que <strong>de</strong>screve<br />
através da lente fotográfica o trajeto visual das rotas.<br />
É importante ressaltar que o presente trabalho não é <strong>de</strong><br />
forma alguma completo. Sabemos e avisamos <strong>de</strong> antemão<br />
que assuntos, fatos, pessoas, datas e locais ficaram <strong>de</strong> fora<br />
da publicação, não por ignorância, mas pelo tamanho e<br />
abrangência do assunto, assim como não foi possível consultar<br />
todas as fontes sobre os temas.<br />
Gostaríamos <strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cer o empenho <strong>de</strong> Amparo Araújo,<br />
Secretária <strong>de</strong> Direitos Humanos e Segurança Cidadã da<br />
cida<strong>de</strong> do <strong>Recife</strong>; os parceiros <strong>de</strong> caminhadas dominicais,<br />
Antônio Carlos Montenegro, Carla Andra<strong>de</strong> Reis, Fernando<br />
Braga, Francisco Cunha, Fred Leal, Nelson Telles e Nilce Falcão,<br />
sem os quais não seria possível a realização <strong>de</strong>ste trabalho.<br />
Desejamos a todos uma boa leitura e ótimas caminhadas!<br />
Plínio Santos-Filho<br />
Malthus Oliveira <strong>de</strong> Queiroz<br />
Sidney Rocha<br />
7
<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />
O <strong>Recife</strong><br />
O <strong>Recife</strong> é a capital do Estado <strong>de</strong> Pernambuco e uma das mais importantes<br />
capitais do Nor<strong>de</strong>ste brasileiro. Por sua localização estratégica,<br />
a cida<strong>de</strong> é polo comercial e <strong>de</strong> serviços e porta <strong>de</strong> entrada<br />
e saída para o comércio com a Europa e a América do Norte.<br />
Originado <strong>de</strong> um pequeno povoado <strong>de</strong> pescadores, marinheiros<br />
e mercadores, o <strong>Recife</strong> tem profunda ligação com o mar, simbolizada<br />
por seu porto natural <strong>de</strong> arrecifes, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> surgiu o nome da<br />
cida<strong>de</strong>, e pela famosa Praia <strong>de</strong> Boa Viagem, consi<strong>de</strong>rada uma<br />
das mais aprazíveis praias urbanas do Brasil. O clima tropical, na<br />
maior parte do tempo com sol, favorece as caminhadas no calçadão<br />
e os banhos <strong>de</strong> mar. Os rios Capibaribe e Beberibe, cortando<br />
a cida<strong>de</strong>, dão-lhe certo charme veneziano.<br />
O <strong>Recife</strong> é marcado pela pluralida<strong>de</strong>. Sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural<br />
multifacetada abre espaço para variadas manifestações artísticas,<br />
que permeiam música, literatura, teatro, cinema, dança e<br />
arquitetura. A boa estrutura para eventos possibilita a realização<br />
<strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s festivais, segmento importante do calendário cultural<br />
da cida<strong>de</strong>. Seu patrimônio histórico reminiscente, narrando constante<br />
e gratuitamente o passado glorioso e <strong>de</strong> lutas, se insere no<br />
ambiente contemporâneo como uma importante atração.<br />
A infraestrutura hoteleira do <strong>Recife</strong> é uma das melhores da região.<br />
A cida<strong>de</strong> oferece ao visitante muitas opções <strong>de</strong> hospedagem,<br />
com gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> preços e serviços. O lazer fica<br />
por conta <strong>de</strong> restaurantes, bares, teatros, shoppings, praças, mercados<br />
públicos, boates e shows, além <strong>de</strong> outras ativida<strong>de</strong>s que<br />
po<strong>de</strong>m ser programadas previamente.<br />
O <strong>Recife</strong>, com sua brisa, mergulhado no azul do céu e no ver<strong>de</strong><br />
do mar, é fonte <strong>de</strong> inspiração para artistas diversos. Descobri-lo e<br />
re<strong>de</strong>scobri-lo é sempre um gran<strong>de</strong> prazer.<br />
1537<br />
1561<br />
1595<br />
8<br />
Primeira referência sobre o <strong>Recife</strong>, feita por Duarte<br />
Coelho no Foral <strong>de</strong> Olinda. Nessa época, o donatário o<br />
<strong>de</strong>screve como um pequeno povoado junto ao porto, em<br />
torno da ermida <strong>de</strong> São Frei Pedro Gonçalves. Esse porto<br />
<strong>de</strong> Olinda foi durante muitos anos o <strong>de</strong> maior movimento<br />
da América Portuguesa.<br />
Franceses inva<strong>de</strong>m o <strong>Recife</strong> com o objetivo <strong>de</strong> dominar o<br />
comércio do açúcar. São expulsos no mesmo ano.<br />
Invasão inglesa, que durou apenas 30 dias.<br />
Acima, Forte das Cinco Pontas - Museu da Cida<strong>de</strong> do <strong>Recife</strong>
1630<br />
1636<br />
1649<br />
1654<br />
1709<br />
1709<br />
1710<br />
1801<br />
1817<br />
1823<br />
1824<br />
1825<br />
1827<br />
1848<br />
1867<br />
2000<br />
14 <strong>de</strong> fevereiro – Holan<strong>de</strong>ses, buscando dominar o comércio do<br />
açúcar, inva<strong>de</strong>m a cida<strong>de</strong>. Passando por Olinda, instalam logo<br />
<strong>de</strong>pois a capital do seu governo no <strong>Recife</strong>. Sob o comando <strong>de</strong><br />
Maurício <strong>de</strong> Nassau, promovem muitas inovações.<br />
Fundação da Sinagoga Kahal Zur Israel, a primeira sinagoga<br />
das Américas.<br />
19 <strong>de</strong> fevereiro – Segunda Batalha dos Guararapes, travada nos<br />
Montes Guararapes, na qual os holan<strong>de</strong>ses foram <strong>de</strong>rrotados.<br />
26 <strong>de</strong> janeiro – Expulsão dos holan<strong>de</strong>ses do <strong>Recife</strong>, que em pouco<br />
tempo <strong>de</strong>ixaria <strong>de</strong> ser um simples povoado para se tornar um<br />
núcleo <strong>de</strong> progresso e abastança.<br />
10 <strong>de</strong> novembro – Carta régia eleva o <strong>Recife</strong> à condição <strong>de</strong> vila,<br />
chamada Santo Antônio do <strong>Recife</strong>. Esse fato foi mais tar<strong>de</strong> um<br />
dos motivos para a Guerra dos Mascates.<br />
1709 a 1714 – Guerra entre o <strong>Recife</strong> e Olinda, conhecida como<br />
Guerra dos Mascates (assim eram chamados os comerciantes<br />
recifenses). Nessa época, o <strong>Recife</strong> crescia economicamente e<br />
reivindicava autonomia política. Com a autorida<strong>de</strong> ameaçada,<br />
os nobres olin<strong>de</strong>nses utilizaram da força para sabotar as intenções<br />
dos recifenses.<br />
15 <strong>de</strong> fevereiro – Foi erguido o pelourinho na cida<strong>de</strong> do <strong>Recife</strong>,<br />
indicando que a vila possuía governo próprio.<br />
O <strong>Recife</strong> expandiu seu território no séc. XIX. Foram feitos aterros em<br />
áreas alagadas, e alguns bairros foram incorporados ao <strong>Recife</strong>.<br />
6 <strong>de</strong> março – Inspirada pelos i<strong>de</strong>ais iluministas e republicanos,<br />
é <strong>de</strong>flagrada a Revolução Pernambucana <strong>de</strong> 1817, primeiro<br />
movimento brasileiro que buscava a formação <strong>de</strong> um governo<br />
próprio, fora do domínio português.<br />
5 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro – O <strong>Recife</strong> é elevado à categoria <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>.<br />
Julho – Eclo<strong>de</strong> a Confe<strong>de</strong>ração do Equador. Descontentes com<br />
o Imperador D. Pedro I, o movimento tentava estabelecer um<br />
estado in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>ntro da Região Nor<strong>de</strong>ste do Brasil.<br />
7 <strong>de</strong> novembro – Primeira edição do Diario <strong>de</strong> Pernambuco, jornal<br />
mais antigo da América Latina, até hoje em circulação.<br />
15 <strong>de</strong> fevereiro – A cida<strong>de</strong> do <strong>Recife</strong> torna-se a capital do Estado<br />
<strong>de</strong> Pernambuco.<br />
Eclo<strong>de</strong> a Revolução Praieira, movimento liberal que se opunha<br />
à monarquia e pregava a instituição da República no Brasil. Foi<br />
a última das revoluções provinciais.<br />
Janeiro – Inauguração da primeira linha <strong>de</strong> trem urbano da<br />
América Latina, a Maxambomba.<br />
1930 22 <strong>de</strong> maio – O Zeppelin pousa pela primeira vez no Brasil.<br />
1930 26 <strong>de</strong> julho – Assassinato <strong>de</strong> João Pessoa na Rua Nova, em frente<br />
à Confeitaria Glória. Esse fato foi um dos motivos da Revolução<br />
<strong>de</strong> 1930.<br />
1964 De 64 a 85 o Brasil fica sob o regime <strong>de</strong> Ditadura Militar.<br />
O <strong>Recife</strong> industrializa-se e se consolida como polo <strong>de</strong> serviços<br />
(turismo, informática, medicina, entre outros), estruturando sua<br />
base econômica atual.<br />
9
<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />
10
Açúcar<br />
O Açúcar<br />
Engenhos do Capibaribe<br />
Pontos <strong>de</strong> Interesse<br />
Porto do <strong>Recife</strong><br />
12<br />
14<br />
34<br />
37<br />
1
<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />
1<br />
O Açúcar<br />
O açúcar e a exploração humana, por si só, requerem uma publicação<br />
volumosa e distinta. Aqui nesse guia, relacionamos alguns locais<br />
que po<strong>de</strong>m ser visitados e que guardam, mostram ou pertencem à<br />
história do açúcar e da escravidão no <strong>Recife</strong>. Bairros, ruas e praças,<br />
edifícios, instituições e museus locais possuem referências diretas à<br />
escravidão e ao seu principal produto econômico, o Açúcar.<br />
O açúcar é diretamente responsável pelo modo <strong>de</strong> ser e <strong>de</strong> viver no<br />
<strong>Recife</strong> e em todo um Brasil. Gilberto Freyre escreveu em Casa Gran<strong>de</strong><br />
& Senzala (G. Freyre, CG&S, pg. 265, Global Editora, 2005):<br />
12<br />
“O escravocrata terrível, que só faltou transportar da África<br />
para a América, em navios imundos, que <strong>de</strong> longe se adivinhavam<br />
pela inhaca, a população inteira <strong>de</strong> negros, foi,<br />
por outro lado, o colonizador europeu que melhor confraternizou<br />
com as raças chamadas inferiores. O menos cruel<br />
nas relações com os escravos. É verda<strong>de</strong> que, em gran<strong>de</strong><br />
parte, pela impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> constituir-se em aristocracia<br />
europeia nos trópicos: escasseava-lhe, para tanto, o capital,<br />
senão em homens, em mulheres brancas. Mas, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />
da falta ou escassez <strong>de</strong> mulher branca, o português<br />
sempre pen<strong>de</strong>u para o contato voluptuoso com mulher<br />
exótica. Para o cruzamento e miscigenação. Tendência<br />
que parece resultar da plasticida<strong>de</strong> social, maior no português<br />
que em qualquer outro colonizador europeu”.<br />
P. 10: Painel <strong>de</strong> F. Brennand - Museu do Homem do Nor<strong>de</strong>ste - MHN<br />
Acima: Tapeçaria belga baseada em <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> A. Echkout e F. Post - MHN
Rota do Açúcar<br />
O <strong>Recife</strong>, como cenário da sua história <strong>de</strong> quase cinco séculos,<br />
reflete a colonização a que foi submetido. A distribuição física e<br />
geográfica da sua população, dos serviços e equipamentos urbanos<br />
reflete diretamente os efeitos da economia açucareira <strong>de</strong><br />
Pernambuco. O donatário Duarte Coelho veio pelo açúcar; os holan<strong>de</strong>ses<br />
invadiram o Nor<strong>de</strong>ste para dominar o açúcar; na Guerra<br />
dos Mascates, os donos <strong>de</strong> terras e engenhos em Olinda não<br />
queriam pagar suas dívidas aos seus credores e comerciantes no<br />
<strong>Recife</strong>; a Revolução Pernambucana <strong>de</strong> 1817 tinha por um lado um<br />
Portugal (fugido no Rio <strong>de</strong> Janeiro) que tirava ouro do açúcar, e,<br />
do outro, os donos <strong>de</strong> engenho, que queriam ficar com esse ouro.<br />
Recentemente, passamos pela ditadura civil e militar <strong>de</strong> 1964, que<br />
teve o apoio no latifúndio açucareiro regional contra os movimentos<br />
que pregavam a reforma agrária; e chegamos à contemporaneida<strong>de</strong>,<br />
on<strong>de</strong> uma boa parcela da economia <strong>de</strong> Pernambuco<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> dos mercados do açúcar e do álcool.<br />
“No Brasil, a catedral ou a igreja mais po<strong>de</strong>rosa que o próprio<br />
rei seria substituída pela casa-gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> engenho.”<br />
(G. Freyre, CG&S, pg. 271, Global Editora, 2005)<br />
E ainda é um tanto disso. Em Pernambuco e no <strong>Recife</strong> somos<br />
cana e açúcar. A cana que adoça é a mesma que move veículos<br />
e nos embriaga. Nesse guia <strong>de</strong> memórias do <strong>Recife</strong>, vamos<br />
visitar alguns dos locais on<strong>de</strong> essa nossa história está presente.<br />
São locais on<strong>de</strong> a cana e o seu açúcar marcam com nomes e<br />
objetos a paisagem e história da cida<strong>de</strong>.<br />
Acima: Detalhe <strong>de</strong> tapeçaria belga baseada em <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> A. Eckhout e F. Post<br />
Presenteada por Maurício <strong>de</strong> Nassau a Luís XIV - MHN<br />
1<br />
13
<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />
1<br />
Engenhos do Capibaribe<br />
As margens do Rio Capibaribe, que junto com as do Rio Beberibe<br />
formam a bacia hidrográfica responsável pelo cultivo da cana-<br />
-<strong>de</strong>-açúcar no <strong>Recife</strong>, têm <strong>de</strong> um lado a Avenida Caxangá, que<br />
da Madalena vai dar no Bairro da Várzea, extremo oeste da cida<strong>de</strong>,<br />
e do outro lado a “Volta ao Mundo”, que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a Várzea leva<br />
a Av. Dois Irmãos, Av. Apipucos e Av. 17 <strong>de</strong> Agosto, já nos bairros<br />
<strong>de</strong> Casa Forte e Parnamirim. Essas terras foram ocupadas a partir<br />
do século XVI por engenhos <strong>de</strong> cana, esses tornados arruados e<br />
vilarejos que <strong>de</strong>ram origem a muitos bairros do <strong>Recife</strong>.<br />
Aqui, relacionamos os engenhos que la<strong>de</strong>avam o Rio Capibaribe<br />
e marcaram a memória da cida<strong>de</strong>. Uma gran<strong>de</strong> rota circular <strong>de</strong><br />
visitação aos locais citados po<strong>de</strong> ser iniciada no bairro da Madalena,<br />
na direção oeste pela Avenida Caxangá, chegando após<br />
sete quilômetros <strong>de</strong> linha reta ao norte do bairro da Várzea. Antes<br />
da ponte e à esquerda, chegamos ao centro da Várzea. Cruzando<br />
a ponte sobre o Capibaribe e em frente, chegaremos a Camaragibe;<br />
e dobrando à direita iremos dar em Dois Irmãos, Apipucos,<br />
Monteiro, Casa Forte, Torre e <strong>de</strong> volta ao bairro da Madalena. Nesse<br />
circuito, passamos por muitos dos locais on<strong>de</strong> a economia e história<br />
do <strong>Recife</strong> foram forjadas. Nessa proposta <strong>de</strong> Rota do Açúcar<br />
no <strong>Recife</strong>, listamos a seguir os engenhos que nela existiram, subindo<br />
o Capibaribe e olhando para o que existiu às suas margens.<br />
14<br />
Acima: Gravura sobre trabalho no engenho <strong>de</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar - MHN
Engenho da Magdalena<br />
Rota do Açúcar<br />
Bairro da Madalena - Foi construído no século XVI por Pedro Afonso<br />
Duro, casado com Magdalena Gonçalves. A casa-gran<strong>de</strong> era<br />
on<strong>de</strong> hoje está o Museu da Abolição, no início da Av. Caxangá.<br />
O Museu da Abolição é recoberto por azulejos portugueses. Este revestimento<br />
colonial melhorava a umida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro das edificações.<br />
Perto do museu está o Mercado da Madalena que faz parte da área<br />
da Praça da Madalena, que é um dos mais tradicionais mercados<br />
públicos do <strong>Recife</strong>, com bares, comedorias e feira <strong>de</strong> pássaros.<br />
1<br />
15
<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />
1<br />
Engenho da Torre<br />
Bairro da Torre - Conhecido no séc. XVI como Engenho Marcos<br />
André, rico colono português, foi chamado <strong>de</strong> Torre por causa da<br />
torre original da capela da proprieda<strong>de</strong>. O engenho era movido<br />
a animais. Os holan<strong>de</strong>ses tomaram o engenho e construíram uma<br />
fortaleza capaz <strong>de</strong> atacar o Forte Real do Bom Jesus do outro lado<br />
do rio. A praça tem brinquedos com formato mo<strong>de</strong>rnista do escultor<br />
Abelardo da Hora. Uma agradável travessia <strong>de</strong> barco a remo<br />
pelo Rio Capibaribe po<strong>de</strong> ser feita do Bairro da Torre para o Bairro<br />
da Jaqueira. Os barqueiros também po<strong>de</strong>m transportar até duas<br />
bicicletas, facilitando as visitas com esse tipo <strong>de</strong> transporte.<br />
16
Engenho do Cor<strong>de</strong>iro<br />
Rota do Açúcar<br />
Bairro do Cor<strong>de</strong>iro - Atualmente, o Cor<strong>de</strong>iro fica entre os bairros<br />
do Zumbi e Iputinga. O engenho surgiu nas terras do rico colono<br />
português e senhor <strong>de</strong> engenho Ambrósio Machado, que<br />
também foi governador da Capitania do Rio Gran<strong>de</strong> do Norte.<br />
O capitão João Cor<strong>de</strong>iro <strong>de</strong> Medanha, ajudante <strong>de</strong> or<strong>de</strong>ns do<br />
Governador João Fernan<strong>de</strong>s Vieira, administrou o engenho e as<br />
suas terras após a expulsão dos holan<strong>de</strong>ses em 1654.<br />
A Igreja do Cor<strong>de</strong>iro (acima) fica na Av. Caxangá. Essa avenida<br />
foi revitalizada e teve colocado marcos (abaixo) nas suas paradas<br />
<strong>de</strong> ônibus, registrando os antigos engenhos cujas terras ela corta.<br />
Engenho Ambrósio Machado<br />
Bairro do Zumbi - Foi confiscado pelos holan<strong>de</strong>ses em 1635 e passou<br />
a produzir açúcar para a Companhia das Índias Oci<strong>de</strong>ntais dos<br />
invasores holan<strong>de</strong>ses. O Capitão João Cor<strong>de</strong>iro <strong>de</strong> Medanha também<br />
cuidou <strong>de</strong>sse engenho, a mando <strong>de</strong> João Fernan<strong>de</strong>s Vieira,<br />
após a expulsão dos holan<strong>de</strong>ses.<br />
1<br />
17
<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />
18
Engenho Casa Forte<br />
Rota do Açúcar<br />
Bairro do Poço da Panela - Foi fundado no século XVI por Diogo<br />
Gonçalves em terras doadas por Duarte Coelho. A casa-gran<strong>de</strong><br />
do engenho e capela eram on<strong>de</strong> hoje estão o Colégio da Congregação<br />
da Sagrada Família (acima esquerda) e a Igreja (acima<br />
direita), na Praça <strong>de</strong> Casa Forte. Em 17 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1645, houve<br />
a Batalha <strong>de</strong> Casa Forte, que dá nome à avenida, no sítio on<strong>de</strong><br />
está a Praça e arredores, para libertar a proprietária Ana Paes dos<br />
invasores holan<strong>de</strong>ses.<br />
Página anterior: grilhões para pren<strong>de</strong>r escravos - MHN<br />
1<br />
A praça e suas edificações próximas<br />
ficam na comarca do<br />
Poço da Panela, limite com o<br />
bairro <strong>de</strong> Casa Forte. A Praça <strong>de</strong><br />
Casa Forte, construída em 1934,<br />
foi projetada pelo paisagista recifence<br />
Roberto Burle Marx. A<br />
calçada tem <strong>de</strong>senho mo<strong>de</strong>rnista<br />
<strong>de</strong> ondas <strong>de</strong> Burle Marx,<br />
inspirado no antigo calçadão<br />
português da Avenida Atlântica<br />
do Rio <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> 1906.<br />
19
<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />
1<br />
Poço da Panela<br />
O bairro do Poço da Panela é contíguo ao bairro <strong>de</strong> Casa Forte na margem<br />
esquerda do Rio Capibaribe. As terras são originárias do Engenho<br />
Casa Forte. Muitas das suas edificações são preservadas. O centro histórico<br />
compreen<strong>de</strong> a Igreja <strong>de</strong> Nossa Senhora da Saú<strong>de</strong>, o monumento<br />
ao Escravo Liberto e o busto <strong>de</strong> José Mariano Carneiro da Cunha,<br />
o abolicionista, a casa <strong>de</strong> Dona Olegarina, esposa <strong>de</strong> J. Mariano (foto<br />
acima), a venda <strong>de</strong> Seu Vital e outros casarões coloniais.<br />
O local é um dos mais urbanizados, bucólicos e aprazíveis do <strong>Recife</strong>.<br />
A Estrada Real do Poço é o seu principal acesso. No Poço, as casas<br />
antigas <strong>de</strong> família ainda são habitadas e estão em bom estado <strong>de</strong><br />
conservação, conferindo ao local um ar dos tempos passados.<br />
20<br />
Fotos no sentido horário: Igreja <strong>de</strong> Nossa Senhora da Saú<strong>de</strong>,<br />
Estrada Real do Poço, Venda <strong>de</strong> Seu Vital e casarões preservados
Rota do Açúcar<br />
Museu do Homem do Nor<strong>de</strong>ste<br />
Visitação: Terça a Sexta <strong>de</strong> 9h às 17h - Sábado e domingo <strong>de</strong> 13h às 17h<br />
O MHN é localizado na Av. 17 <strong>de</strong> Agosto, Poço da Panela, e foi<br />
fundado em 1979 por Gilberto Freyre. O Museu faz parte da Diretoria<br />
<strong>de</strong> <strong>Memória</strong>, Educação, Cultura e Arte da Fundação Joaquim<br />
Nabuco - Fundaj. Sua missão é pesquisar, documentar, preservar<br />
e difundir o patrimônio cultural material e imaterial do Nor<strong>de</strong>ste.<br />
O Museu do Açúcar é hoje parte do Museu do Homem do Nor<strong>de</strong>ste.<br />
O seu edifício foi projeto do arquiteto Carlos Antônio Falcão Correia<br />
Lima. Possui dois pavimentos e abriga o MHN. Seu acervo, representativo<br />
da formação histórica, étnica e social da atual Região Nor<strong>de</strong>ste,<br />
possui cerca <strong>de</strong> 15 mil peças, herança cultural do índio, do<br />
europeu e do africano na formação do povo brasileiro.<br />
Compõem o acervo do museu materiais <strong>de</strong> construção dos séculos<br />
XVIII e XIX referentes aos mocambos; ex-votos e objetos <strong>de</strong><br />
cultos afro; peças e utensílios da agroindústria açucareira; instrumentos<br />
<strong>de</strong> suplício <strong>de</strong> escravos; bonecas <strong>de</strong> pano e brinquedos<br />
populares; cerâmica regional <strong>de</strong> Vitalino, Nhô Caboclo, Zé Rodrigues,<br />
Porfírio Faustino e <strong>de</strong> outros notáveis e anônimos artistas do<br />
povo; além das tecnologias do trabalho no açúcar e peças da<br />
vida nas casas-gran<strong>de</strong>s e senzalas. Esse acervo o torna um dos<br />
mais importantes museus histórico-antropológicos do Brasil.<br />
Acima: moenda <strong>de</strong> cana-<strong>de</strong>-açucar manual; Escrava ama <strong>de</strong> leite Mônica com<br />
Augusto G. Leal - Coleção Cehibra - Fundaj - Foto <strong>de</strong> João Ferreira Vilella, 1860<br />
1<br />
21
<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />
22
Rota do Açúcar<br />
Os folguedos populares, originados nos <strong>de</strong>sejos <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> dos<br />
escravos e sempre regados a cachaça, são parte importante da<br />
cultura nor<strong>de</strong>stina. O Bumba-meu-Boi e o Maracatu são espetáculos<br />
que misturam elementos <strong>de</strong> comédia, drama, sátira e tragédia<br />
<strong>de</strong>monstrando a força bruta e fragilida<strong>de</strong> humanas.<br />
Página anterior: Cazumbá do Bumba-meu-Boi. Acima: Festa <strong>de</strong> N. S. do Rosário dos<br />
Pretos, Caboclo <strong>de</strong> Lança e Boneca do Maracatu e Cachaça - acervo MHN - Fundaj<br />
1<br />
23
<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />
1<br />
Índios e principalmente escravos trazidos da África foram a força<br />
motriz na agricultura, engenhos <strong>de</strong> açúcar e mineração no Brasil.<br />
A escravidão indígena foi abolida pelo Marquês do Pombal no final<br />
do séc. XVII. Mas a escravidão só foi abolida com a Lei Áurea em 13<br />
<strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1888. O Parque 13 <strong>de</strong> Maio comemora essa data.<br />
24<br />
Acima, grilhões <strong>de</strong> ferro para pren<strong>de</strong>r e torturar escravos<br />
Acervo do Museu do Homem do Nor<strong>de</strong>ste - MHN - Fundaj
Rota do Açúcar<br />
Eng. São Pantaleão do Monteiro<br />
1<br />
Bairro do Monteiro - O engenho <strong>de</strong> São Pantaleão do Monteiro foi<br />
fundado no século XVI por Manuel Vaz e sua mulher Maria Rodrigues.<br />
Seu proprietário no século XVII, Francisco Monteiro Bezerra,<br />
<strong>de</strong>u o nome ao engenho e à localida<strong>de</strong>. Ficava entre o Engenho<br />
Casa Forte e o Engenho Apipucos. Ainda existem um arruado colonial<br />
e algumas residências antigas preservadas. Há vestígios das<br />
colunas da entrada <strong>de</strong> acesso à casa-gran<strong>de</strong> da proprieda<strong>de</strong>.<br />
O Rio Capibaribe ainda encontra-se<br />
em um estado bastante<br />
natural no Monteiro. Tem-se<br />
acesso às vistas do rio por trás<br />
<strong>de</strong> algumas proprieda<strong>de</strong>s e edifícios.<br />
A <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r da maré, observa-se<br />
o Capibaribe subindo<br />
ou <strong>de</strong>scendo, pelo movimento<br />
das baronesas (plantas aquáticas)<br />
sobre sua superfície.<br />
25
<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />
1<br />
Engenho <strong>de</strong> Apipucos<br />
Bairro <strong>de</strong> Apipucos - O Engenho <strong>de</strong> Apipucos foi partilhado em<br />
1577 das terras do Engenho São Pantaleão do Monteiro. Foi atacado<br />
em 1645 pelos holan<strong>de</strong>ses, que <strong>de</strong>struíram a sua capela (on<strong>de</strong><br />
hoje está a Igreja <strong>de</strong> Apipucos). Tudo foi saqueado e levado para o<br />
Engenho Casa Forte, on<strong>de</strong> Ana Paes, proprietária, era feita refém.<br />
Apipucos (ape-puca, “caminho que bifurca” em Tupi) tem um belo<br />
conjunto colonial <strong>de</strong> casas dos dois lados da Rua Apipucos, continuação<br />
da Av. 17 <strong>de</strong> Agosto. O Açu<strong>de</strong> <strong>de</strong> Apipucos é uma das belas<br />
vistas do <strong>Recife</strong> e <strong>de</strong>ságua no Rio Capibaribe. A Fundação Gilberto<br />
Freyre está logo em seguida à direita, na direção <strong>de</strong> Dois Irmãos.<br />
26
Fundação Gilberto Freyre<br />
Rota do Açúcar<br />
Visitação: Segunda a Sexta <strong>de</strong> 9h às 17h - Rua Dois Irmãos, 320, Apipucos<br />
A Casa <strong>de</strong> Gilberto Freyre foi transformada em Fundação no dia<br />
11 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1987. A Vivenda Santo Antônio <strong>de</strong> Apipucos, hoje<br />
Casa-Museu Magdalena e Gilberto Freyre, está instalada no local<br />
on<strong>de</strong> o escritor escolheu para morar, por mais <strong>de</strong> 40 anos. A sua<br />
construção é reconhecida como casa-gran<strong>de</strong> original do século<br />
XIX. Foi reformada em 1881. Hoje abriga o conjunto <strong>de</strong> objetos colecionados,<br />
guardados e or<strong>de</strong>nados pela família Freyre.<br />
Gilberto Freyre nasceu em 15<br />
<strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1900 e morreu em<br />
18 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1987, no <strong>Recife</strong>.<br />
Dedicou-se a interpretar o Brasil.<br />
Foi sociólogo, antropólogo, historiador,<br />
jornalista, autor <strong>de</strong> ficção,<br />
poeta, pintor e fazedor <strong>de</strong><br />
licor <strong>de</strong> pitanga, <strong>de</strong>ntre muitas<br />
outras coisas. Entre os seus livros<br />
que inspiram este guia estão<br />
Casa-Gran<strong>de</strong> & Senzala, 1933;<br />
Sobrados e Mucambos, 1936; e<br />
Assucar, 1939. Sua estátua está<br />
no Largo <strong>de</strong> Apipucos.<br />
Acima: painel cerâmico do artísta Francisco Brennand<br />
com poema <strong>de</strong> João Cabral <strong>de</strong> Melo Neto (1920-1999)<br />
1<br />
27
<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />
1<br />
Engenho Dois Irmãos<br />
Bairro <strong>de</strong> Dois Irmãos - O Engenho foi erguido nas terras do engenho<br />
Apipucos pelos irmãos Antônio e Tomás Lins Caldas no século<br />
XIX. Por serem muito unidos, eles construíram duas casas idênticas,<br />
lado a lado, e <strong>de</strong>nominaram o engenho <strong>de</strong> Dois Irmãos. Na frente<br />
das casas está a Praça <strong>de</strong> Dois Irmãos, projetada por Burle Marx.<br />
Nos fundos da praça está o Parque Zoológico <strong>de</strong> Dois Irmãos.<br />
O Açu<strong>de</strong> do Prata, que fazia parte da proprieda<strong>de</strong>, e que agora<br />
está por trás do zoológico, foi usado pela antiga Companhia Beberibe<br />
<strong>de</strong> águas para abastecer o <strong>Recife</strong>. A água era bombeada<br />
para cima do morro <strong>de</strong> Dois Irmãos (agora reserva florestal <strong>de</strong><br />
Mata Atlântica) e por gravida<strong>de</strong> era distribuída para a cida<strong>de</strong>.<br />
28
Engenho Brum-Brum<br />
Rota do Açúcar<br />
Era localizado à margem esquerda do Capibaribe, com terras<br />
que iam da povoação <strong>de</strong> Caxangá (final da Avenida Caxangá)<br />
até a proprieda<strong>de</strong> que é hoje o município <strong>de</strong> Camaragibe.<br />
Acima, temos a casa-gran<strong>de</strong> do Engenho Camaragibe (camara<br />
é planta / gibe é rio, em tupi-guarani) sobre a colina que é a continuação<br />
geográfica natural da várzea do Capibaribe.<br />
Engenho Poeta<br />
Esse engenho ficava on<strong>de</strong> hoje é o final da avenida Caxangá.<br />
Também pertenceu ao Governador da Capitania <strong>de</strong> Pernambuco<br />
João Fernan<strong>de</strong>s Vieira e funcionou até 1942 como engenho<br />
<strong>de</strong> açúcar. Um arruado histórico ainda existe na margem direita<br />
do Capibaribe, arruado que teve sua origem nas ativida<strong>de</strong>s do<br />
engenho. Suas terras foram vendidas ao Caxangá Golf & Country<br />
Club, ainda em operação.<br />
A beleza da várzea do Capibaribe po<strong>de</strong> ser vista na UFRPE, Campus Dois Irmãos<br />
1<br />
29
<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />
1<br />
A Várzea do Capibaribe<br />
Muitos engenhos surgiram na Várzea do Capibaribe, engenhos esses<br />
que <strong>de</strong>ram nomes e localida<strong>de</strong>s para muitos bairros do <strong>Recife</strong>.<br />
As terras <strong>de</strong> várzea, que eram i<strong>de</strong>ais para o plantio da cana-<strong>de</strong>-<br />
-açúcar, pertenceram ao Engenho do Meio, Engenho São João,<br />
Engenho Santo Antônio e compreen<strong>de</strong>ram o que hoje são os bairros<br />
da Várzea, Brasilit, Cida<strong>de</strong> Universitária, Iputinga, Engenho do Meio<br />
e Monsenhor Fabrício, chegando até o Cor<strong>de</strong>iro, Torre e Madalena.<br />
Engenho do Meio<br />
Bairros do Engenho do Meio e Cida<strong>de</strong> Universitária - Foi tomado<br />
pelos holan<strong>de</strong>ses no século XVII. Nas suas terras foi erguida a fortificação<br />
do Arraial Novo do Bom Jesus, com as suas ruínas hoje<br />
localizadas na Av. do Forte, s/nº, Bairro do Torrões. Também, as<br />
ruínas da fundação da casa-gran<strong>de</strong> do Engenho do Meio ainda<br />
po<strong>de</strong>m ser vistas no canteiro central do Campus da Universida<strong>de</strong><br />
Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Pernambuco, quase em frente à Biblioteca Central.<br />
30
Engenho <strong>de</strong> Santo Antônio<br />
Rota do Açúcar<br />
Bairro da Várzea - Foi fundado por Diogo Gonçalves no século XVI<br />
e <strong>de</strong>u origem a uma povoação que era cercada por 16 engenhos<br />
<strong>de</strong> açúcar. Em 1630 o holandês Adriaen Verdonck escreveu que<br />
na Várzea “está a melhor e mais bela moradia… e é <strong>de</strong> on<strong>de</strong> vem<br />
o melhor e a maior parte do açúcar <strong>de</strong> Pernambuco”.<br />
Em 1645, João Fernan<strong>de</strong>s Vieira, por ser proprietário dos engenhos<br />
São João, do Meio e Santo Antônio e ser o principal chefe da Insurreição<br />
Pernambucana, estabeleceu na Várzea do Capibaribe<br />
resistência e o novo Governo da Capitania <strong>de</strong> Pernambuco, <strong>de</strong><br />
1645 até a expulsão dos holan<strong>de</strong>ses, em 1654. A povoação e a<br />
igreja são as origens do Bairro da Várzea.<br />
Uma restauração arquitetônica recente e uma prospecção arqueológica<br />
expôs pare<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>talhes da construção da capela original.<br />
Uma placa na igreja registra que ali foi sepultado “O Bravo Dom Antônio<br />
Felipe Camarão, governador <strong>de</strong> índios, que, com seus arcos e<br />
flechas, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u a fé e a Pátria contra o batavo invasor”. Na sua<br />
sacristia foi <strong>de</strong>scoberto o cemitério dos mortos das duas batalhas da<br />
guerra holan<strong>de</strong>sa dos Montes Guararapes, em 1648 e 1649.<br />
Foto no alto: Praça da Várzea, ponto central da povoação inicial<br />
Foto acima: lateral da Igreja da Várzea com a construção original exposta<br />
1<br />
31
<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />
1<br />
Instituto Ricardo Brennand<br />
Aberto <strong>de</strong> terça a domingo das 13h às 17h, Bairro da Várzea<br />
O Instituto Ricardo Brennand possui um rico acervo em peças medievais<br />
e a maior coleção privada <strong>de</strong> obras do pintor holandês<br />
Frans Post, que veio com Nassau ao <strong>Recife</strong>. Fica à margem direita<br />
do Capibaribe, nas terras do antigo Engenho <strong>de</strong> Santo Antônio.<br />
No jardim estão dispostas esculturas e diversas obras <strong>de</strong> arte. A<br />
torre <strong>de</strong> entrada é originária da França. O visitante po<strong>de</strong> encontrar<br />
também quadros <strong>de</strong> orientalistas, tapeçarias, vitrais, mobiliário<br />
gótico e outras peças que remetem aos séculos XVI e XVII.<br />
32<br />
Acima, uma cópia autorizada do David <strong>de</strong> Miguelangelo<br />
faz parte do acervo do Instituto Ricardo Brennand
Engenho São João<br />
Rota do Açúcar<br />
Bairro da Várzea - Esse engenho também pertenceu a João Fernan<strong>de</strong>s<br />
Vieira no século XVII. Na margem esquerda do Rio Capibaribe,<br />
fazia limite com o Engenho Camaragibe, hoje município.<br />
Pertence à família Brennand <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o século XIX. Até 1945 nele funcionou<br />
a Cerâmica São João, que fabricava tijolos e telhas.<br />
Ateliê e Oficina Cerâmica<br />
Francisco Brennand<br />
Aberto <strong>de</strong> segunda a sexta das 8h às 16h, Bairro da Várzea<br />
O artista plástico pernambucano Francisco Brennand reconstruiu<br />
os galpões da fábrica cerâmica e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1971 tem o seu ateliê <strong>de</strong><br />
pintura, <strong>de</strong>senho e cerâmica no local.<br />
Também merece <strong>de</strong>staque o ver<strong>de</strong> da Mata Atlântica e o espaço,<br />
que é ao mesmo tempo museu e ateliê <strong>de</strong> produção e possui capela,<br />
auditório e loja-café.<br />
1<br />
33
<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />
1<br />
Museu do Estado <strong>de</strong> Pernambuco<br />
Aberto <strong>de</strong> terça a sexta, das 9h às 17h. Sábados e domingos, das 14h às 17h<br />
O Museu do Estado foi criado em 1928 e funcionou até 1940 no<br />
Palácio da Justiça, quando se transferiu para o atual en<strong>de</strong>reço,<br />
um luxuoso casarão do século XIX situado na Avenida Rui Barbosa,<br />
960, Bairro das Graças. Seu acervo é bastante variado e conta<br />
com estátuas <strong>de</strong> divinda<strong>de</strong>s greco-romanas, cerâmicas variadas,<br />
mobiliário seiscentista, Frans-Post e Barléu, pinturas retratando pessoas<br />
importantes e a cida<strong>de</strong> em seus antigos tempos. O Museu<br />
tem um anexo <strong>de</strong>dicado à arte mo<strong>de</strong>rna e contemporânea.<br />
Teatro <strong>de</strong> Santa Isabel<br />
Situado no Campo das Princesas, foi inaugurado em 1850 e tem formas<br />
neoclássicas. O projeto é <strong>de</strong> Louis Vauthier. Companhias internacionais<br />
se apresentavam nele antes <strong>de</strong> seguir para o sul do País.<br />
Abrigou os <strong>de</strong>bates que consolidaram a abolição da escravatura.<br />
34
Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Direito<br />
Aberta em horário comercial e <strong>de</strong> aulas.<br />
Rota do Açúcar<br />
A Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Direito do <strong>Recife</strong> é situada na Rua Princesa Isabel.<br />
O prédio apresenta características ecléticas, com predomínio do<br />
neoclassicismo. Nesta faculda<strong>de</strong> estudaram intelectuais e políticos,<br />
como Tobias Barreto e Joaquim Nabuco, que com discussões<br />
sobre a abolição da escravatura e instalação da república chamavam<br />
a atenção da socieda<strong>de</strong> da época. Os jardins têm estátuas<br />
e entre elas um busto <strong>de</strong> Castro Alves. Uma jovem árvore baobá<br />
está plantada à direita <strong>de</strong> quem olha para o prédio.<br />
Parque 13 <strong>de</strong> Maio<br />
O Parque 13 <strong>de</strong> Maio situa-se em frente à Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Direito.<br />
Foi inaugurado em 1939 e homenageia a abolição da escravatura.<br />
Burle Marx participou do projeto paisagístico. O Parque<br />
possui lago, pista <strong>de</strong> cooper e minizoológico.<br />
Basílica e Convento do Carmo<br />
Aberta <strong>de</strong> segunda a sexta das 6h às 11h30 e das 14h às 17h<br />
A Faculda<strong>de</strong> é projeto <strong>de</strong> José Antônio <strong>de</strong> Almeida Pernambuco e<br />
Gustave Varin e data <strong>de</strong> 1880<br />
1<br />
A praça em frente à Igreja do<br />
Carmo recebeu em um poste,<br />
no dia 20 <strong>de</strong> novembro<br />
<strong>de</strong> 1695, a cabeça <strong>de</strong>golada<br />
e salgada <strong>de</strong> Zumbi, lí<strong>de</strong>r do<br />
Quilombo dos Palmares. Ele<br />
foi capturado em Alagoas e<br />
trazido ao <strong>Recife</strong>. Foi morto e<br />
<strong>de</strong>capitado. A data <strong>de</strong> 20 <strong>de</strong><br />
novembro é a Data Nacional<br />
da Consciência Negra em<br />
memória a Zumbi e sua causa.<br />
Dom Hel<strong>de</strong>r Camara celebrou<br />
a “Missa dos Quilombos” em<br />
1981 na igreja, ligando o martírio<br />
<strong>de</strong> Zumbi aos dos perseguidos<br />
da Ditadura <strong>de</strong> 1964.<br />
35
<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />
1<br />
Joaquim Nabuco - Praça e Túmulo<br />
A Praça Joaquim Nabuco tem uma estátua em bronze do<br />
abolicionista <strong>de</strong> autoria <strong>de</strong> João Bereta <strong>de</strong> Carrara, sobre um<br />
pe<strong>de</strong>stal <strong>de</strong> argamassa calcária, esculpido por Pedro Mayol.<br />
A inauguração foi no dia 28 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1915. Um edifício<br />
em frente à praça possui painel em cerâmica pintada do artista<br />
Abelardo da Hora.<br />
O Cemitério <strong>de</strong> Santo Amaro é o maior cemitério público do <strong>Recife</strong>.<br />
Nele estão enterradas gran<strong>de</strong>s personalida<strong>de</strong>s pernambucanas,<br />
como Manuel Borba, ex-governador <strong>de</strong> Pernambuco; o pintor<br />
e poeta Vicente do Rego Monteiro; os abolicionistas Joaquim<br />
Nabuco e José Mariano Carneiro da Cunha; o ex-governador<br />
Miguel Arraes; os músicos Capiba; Chico Science; entre outros.<br />
Merecem <strong>de</strong>staque os mausoléus, ornados com belíssimas<br />
obras <strong>de</strong> arte, em bronze, ferro, mármore, granitos das mais diversas<br />
cores, como <strong>de</strong>monstra a foto acima e à direita, do túmulo<br />
<strong>de</strong> Joaquim Nabuco. Neste cemitério também está enterrada<br />
a Menina-sem-nome, santa católica popular não canonizada.<br />
36<br />
Fotos acima: mural em azulejo <strong>de</strong> Abelardo da Hora, estátua em bronze da Praça<br />
e mausoléu em mármore <strong>de</strong> Carrara no Cemitério <strong>de</strong> Santo Amaro
Rota do Açúcar<br />
Porto do <strong>Recife</strong> - Cruz do Patrão<br />
O Porto do <strong>Recife</strong> está ligado ao <strong>de</strong>senvolvimento socioeconômico<br />
e cultural do estado <strong>de</strong> Pernambuco e do Nor<strong>de</strong>ste. Ele foi<br />
o ponto <strong>de</strong> trocas <strong>de</strong> mercadorias e abastecimento das capitanias<br />
do nor<strong>de</strong>ste durante a colonização. No século XVI aumenta<br />
a importação, produção e exportação <strong>de</strong> açúcar. A cida<strong>de</strong> do<br />
<strong>Recife</strong> surge da vizinhança do porto. Nele, imigrantes europeus<br />
se estabeleceram para viver do comércio. O Rio Capibaribe<br />
<strong>de</strong>ságua no porto do <strong>Recife</strong> o açúcar dos engenhos das suas<br />
margens, e as pessoas frequentavam as áreas da alfân<strong>de</strong>ga do<br />
porto. Foram construídos armazéns, para estocar açúcar, sobrados,<br />
casarões, moradias populares e estabelecimentos comerciais,<br />
alguns ainda existentes.<br />
Na <strong>de</strong>scida da Ponte do Limoeiro,<br />
à esquerda, está a Cruz do<br />
Patrão, edificada originalmente<br />
no século XVI, em ma<strong>de</strong>ira,<br />
sendo reconstruída em 1814.<br />
A Cruz se alinha ao cruzeiro da<br />
Igreja <strong>de</strong> Santo Amaro das Salinas<br />
e orientava os navios que<br />
manobravam no Porto do <strong>Recife</strong>.<br />
O nome refere-se a patrão-<br />
-mor, mestre <strong>de</strong> barco.<br />
Foto acima: a Cruz do Patrão está no imaginário popular como local sagrado às<br />
religiões afro-brasileiras. Pensa-se que escravos tenham sido sacrificados nela<br />
1<br />
37
<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />
38
Os Holan<strong>de</strong>ses<br />
O Período Holandês<br />
Maurício <strong>de</strong> Nassau<br />
A Insurreição Pernambucana<br />
Monte dos Guararapes<br />
40<br />
45<br />
48<br />
52<br />
2
<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />
2<br />
O Período Holandês<br />
A memória holan<strong>de</strong>sa no <strong>Recife</strong> perdura em vários lugares. Uma<br />
era <strong>de</strong> prosperida<strong>de</strong> financeira e social para a cida<strong>de</strong>. Entre 1580<br />
e 1640, a União Ibérica, que era formada à época pelos atuais territórios<br />
da Espanha e <strong>de</strong> Portugal, proibiu o comércio <strong>de</strong> açúcar da<br />
América com a Holanda. Mas os holan<strong>de</strong>ses <strong>de</strong>tinham gran<strong>de</strong> volume<br />
<strong>de</strong> capital investido nessa ativida<strong>de</strong> comercial e resolveram<br />
enviar expedições militares para conquistar a região Nor<strong>de</strong>ste brasileira,<br />
com o objetivo <strong>de</strong> restabelecer o seu comércio do açúcar.<br />
Assim, po<strong>de</strong>-se dizer que o período holandês no <strong>Recife</strong> teve início<br />
na chamada Dinastia Filipina, que <strong>de</strong>correu entre 1580 e 1640,<br />
quando Portugal e as suas colônias estavam sob domínio da Coroa<br />
da Espanha.<br />
Os holan<strong>de</strong>ses chegaram ao Brasil em 9 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1624, aportando<br />
no Farol da Barra, na Bahia, on<strong>de</strong> ficava a então capital<br />
da colônia, Salvador. A esquadra holan<strong>de</strong>sa, composta <strong>de</strong> 3.400<br />
homens, não <strong>de</strong>morarou a ren<strong>de</strong>r o governador-geral. Mas a resistência<br />
foi forte. Em 27 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1625, uma esquadra portuguesa,<br />
comandada pelo espanhol D. Fradique <strong>de</strong> Toledo Osório,<br />
aportou nas terras baianas. Em 1º <strong>de</strong> maio os holan<strong>de</strong>ses se ren<strong>de</strong>ram<br />
e logo foram expulsos.<br />
Em fevereiro <strong>de</strong> 1630, uma nova expedição, com 64 navios e 3.800<br />
homens, chegou a Pau Amarelo, próximo a Olinda. Os portugueses<br />
armaram uma frágil resistência e foram <strong>de</strong>rrotados às margens do<br />
Rio Doce. Os holan<strong>de</strong>ses marcharam para Olinda, on<strong>de</strong> ficaram por<br />
um ano. Mas, para dominar o comércio do açúcar, foram para o<br />
<strong>Recife</strong>, um subúrbio <strong>de</strong> Olinda com seu porto. Ao <strong>de</strong>ixarem Olinda,<br />
os holan<strong>de</strong>ses atearam fogo às principais construções da cida<strong>de</strong>.<br />
Os holan<strong>de</strong>ses se estabeleceram no <strong>Recife</strong>, local estratégico para<br />
o domínio do comércio do açúcar. Interessava-lhes principalmente<br />
o porto do <strong>Recife</strong>, um dos principais pontos <strong>de</strong> escoamento e chegada<br />
<strong>de</strong> produtos provindos das mais diversas partes do mundo.<br />
A situação, no entanto, era bastante árdua para os invasores holan<strong>de</strong>ses.<br />
O <strong>Recife</strong>, à época apenas um povoado ao redor do porto,<br />
40<br />
No alto, gravura <strong>de</strong> John Ogilby, “Ataque Holandês a Olinda”, 1671 - Londres
Rota Holan<strong>de</strong>sa<br />
com pouquíssimas casas e nenhuma infraestrutura, não era um lugar<br />
seguro, e as condições <strong>de</strong> vida eram quase inumanas.<br />
Valendo-se disso, os portugueses, sob o comando <strong>de</strong> Matias <strong>de</strong> Albuquerque<br />
e então relegados aos arredores do <strong>Recife</strong>, organizaram<br />
a resistência, realizada na forma <strong>de</strong> emboscadas e investidas<br />
pontuais contra o inimigo, episódio que ficou conhecido como<br />
Guerra Brasilis. Depois, vários confrontos foram travados, culminando<br />
na Insurreição Pernambucana. Desse movimento, consta<br />
a batalha <strong>de</strong>rra<strong>de</strong>ira, conhecida como Batalha dos Guararapes,<br />
ocorrida nos Montes Guararapes.<br />
Desse período consta a contribuição grandiosa dos holan<strong>de</strong>ses<br />
para o <strong>de</strong>senvolvimento do <strong>Recife</strong>: <strong>de</strong> pequeno povoado às margens<br />
do porto, o <strong>Recife</strong>, principalmente sob o comando do Con<strong>de</strong><br />
João Maurício <strong>de</strong> Nassau, tornou-se um centro urbano <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>senvolvimento, possuindo, ao fim do período holandês, um comércio<br />
e uma estrutura bastante <strong>de</strong>senvolvidos.<br />
Da ocupação holan<strong>de</strong>sa, muitos heróis, dos quais as guerras<br />
tiraram a vida, ainda hoje persistem nas narrativas históricas<br />
recifenses. Dos locais, ainda que poucos restem <strong>de</strong> pé, nascem<br />
as memórias <strong>de</strong> um tempo outro, que o passar das épocas<br />
não conseguiu apagar.<br />
Acima: Mapa do <strong>Recife</strong>, Johannes Vingboons, 1665<br />
Abaixo: Batalha dos Guararapes, Francisco Brennand, Rua das Flores, <strong>Recife</strong><br />
2<br />
41
<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />
2<br />
Forte do Brum<br />
Aberto <strong>de</strong> terça a sexta das 9h às 16h; sábados e domingos das 14h às 16h<br />
O Forte do Brum, iniciado em 1629, por or<strong>de</strong>m do então governador<br />
Matias <strong>de</strong> Albuquerque, foi tomado pelos neerlan<strong>de</strong>ses logo<br />
a seguir, quando ainda estava nos alicerces. De Forte Diogo Pais,<br />
passou a ser chamado Forte Bruyne (e, por corruptela, Brum), em<br />
honra ao conselheiro holandês Johan Bruyne.<br />
De sua existência, escreve Gaspar Barléu, em História dos feitos<br />
recentemente praticados durante oito anos no Brasil: “Não longe<br />
do Forte <strong>de</strong> S. Jorge, avista-se o do Brum com quatro bastiões e<br />
sete peças <strong>de</strong> bronze, fechado, <strong>de</strong>mais, com a sua estacada”. Estacadas<br />
são as estacas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, preenchidas com areia, da<br />
construção original holan<strong>de</strong>sa. A atual, em alvenaria, foi feita pelos<br />
portugueses, concluída no século XVII. Nessa época, foi rebatizado<br />
<strong>de</strong> Forte <strong>de</strong> São João Batista, acrescentado <strong>de</strong>pois o nome Brum.<br />
O Forte do Brum testemunhou a Revolução Pernambucana, a Confe<strong>de</strong>ração<br />
do Equador e a Revolução Praeira.<br />
42
Quarteirão Franciscano<br />
Rota Holan<strong>de</strong>sa<br />
Os mapas holan<strong>de</strong>ses constituem um valoroso registro da empreitada<br />
neerlan<strong>de</strong>sa no <strong>Recife</strong>. Neles, po<strong>de</strong>-se ver o planejamento<br />
urbano nos bairros <strong>de</strong> Antônio Vaz e da Boa Vista, o primeiro da<br />
cida<strong>de</strong>. Desse planejamento, resta-nos o Quarteirão Franciscano,<br />
à direita na Rua do Imperador, em frente à Praça da República.<br />
O Convento Franciscano <strong>de</strong> Santo Antônio foi iniciado em<br />
28 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1606, pelos fra<strong>de</strong>s franciscanos <strong>de</strong> Olinda, nas<br />
terras do senhor <strong>de</strong> engenho Marcos André. No período holandês<br />
(século XVII), o lugar fez parte do Forte Ernesto.<br />
No claustro, que é anterior ao barroco, encontram-se colunas esculpidas<br />
em um só bloco <strong>de</strong> pedra <strong>de</strong> arrecifes que sustentam arcos<br />
plenos. As colunas e os arcos formam um harmonioso conjunto<br />
arquitetônico. A foto acima, à direita, mostra os azulejos holan<strong>de</strong>ses<br />
do Convento, únicos exemplos remanescentes no <strong>Recife</strong>.<br />
O conjunto franciscano ainda tem a Capela Dourada, finalizada<br />
em 1724, a Igreja da Or<strong>de</strong>m Terceira <strong>de</strong> São Francisco, datada<br />
<strong>de</strong> 1702, e o Hospital <strong>de</strong> São Francisco, também do século XVIII.<br />
Forte Ernesto<br />
Escreveu Barléu: “O forte <strong>de</strong> Ernesto ergue-se na ilha <strong>de</strong> Antônio<br />
Vaz, ao oci<strong>de</strong>nte do <strong>Recife</strong>. Tem três faces e é munido <strong>de</strong> um<br />
fosso assaz largo, <strong>de</strong> paliçadas e bastiões. Com quatro bocas <strong>de</strong><br />
fogo, guarda ele o rio, as planícies da ilha e a vila <strong>de</strong> Antônio Vaz,<br />
que aí nasceu”. Acredita-se que o Forte se localizava on<strong>de</strong> hoje<br />
está situado o Quarteirão Franciscano e servia <strong>de</strong> proteção ao<br />
Palácio <strong>de</strong> Friburgo, residência do Con<strong>de</strong> Maurício <strong>de</strong> Nassau.<br />
Acima: Mapa do <strong>Recife</strong>, <strong>de</strong>talhe, Forte Ernesto, Johannes Vingboons, 1665<br />
2<br />
43
<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />
2<br />
Praça da República e Imperador<br />
A Praça da República está situada on<strong>de</strong> antes havia o parque<br />
zoobotânico no qual se inseria o Palácio <strong>de</strong> Friburgo, residência<br />
<strong>de</strong> Nassau durante sua estadia no <strong>Recife</strong>. O Palácio <strong>de</strong> Friburgo<br />
era também conhecido como Palácio das Torres, <strong>de</strong>vido às suas<br />
duas torres laterais que ajudavam na <strong>de</strong>fesa e na orientação dos<br />
navegantes. Nele, viviam espécies da fauna e flora local, hoje<br />
substituídas pelas belas estátuas e pelo imenso baobá. A Praça é<br />
consi<strong>de</strong>rada o primeiro espaço urbano projetado do <strong>Recife</strong>.<br />
S e g u i n d o p e l a R u a d o I m p e r a d o r, d a P r a ç a d a R e p ú b l i c a ,<br />
veem-se os resultados da urbanização <strong>de</strong> Nassau: na esquina<br />
com a Rua 1º <strong>de</strong> Março, encontra-se uma construção antiga, <strong>de</strong><br />
dois pavimentos, on<strong>de</strong> havia o prédio que serviu <strong>de</strong> primeira residência<br />
a Nassau e on<strong>de</strong> funcionou o Primeiro Observatório Astronômico<br />
das Américas, construído por Marcgrave; observam-se<br />
“sobrados magros” ao estilo <strong>de</strong> Amsterdã; e mais adiante a Igreja<br />
do Espírito Santo, 1642, que originalmente era um templo calvinista,<br />
e única igreja erguida sob o domínio holandês.<br />
44<br />
No alto, gravura <strong>de</strong> Frans Post do Palácio Frigurgo <strong>de</strong> 1642<br />
Ao centro, baobá, Teatro <strong>de</strong> Santa Isabel e edificações na Rua do Imperador
Maurício <strong>de</strong> Nassau<br />
Rota Holan<strong>de</strong>sa<br />
O Con<strong>de</strong> João Maurício <strong>de</strong> Nassau-Siegen foi o eleito para comandar<br />
o governo holandês no <strong>Recife</strong>. De espírito renascentista,<br />
Nassau empreen<strong>de</strong>u uma grandiosa reforma urbana na cida<strong>de</strong>,<br />
dos quais restam ainda o quarteirão franciscano, ruas no bairro<br />
da Boa Vista, a Praça da República e o Palácio do Governo, que,<br />
se não é o original, traz consigo a proximida<strong>de</strong> arquitetônica e o<br />
planejamento paisagístico do governador flamengo.<br />
2<br />
Em 1644, Nassau foi <strong>de</strong>stituído<br />
do cargo. Instala-se a crise:<br />
revoltas ocorrem nos arredores,<br />
sendo a mais conhecida<br />
a Insurreição Pernambucana,<br />
da qual fazem parte a Batalha<br />
das Tabocas e a fatídica Batalha<br />
dos Guararapes. Esta selou<br />
o fim do período holandês no<br />
<strong>Recife</strong> — pelo menos, o fim <strong>de</strong><br />
um período político, visto que<br />
o imaginário coletivo da Cida<strong>de</strong><br />
Maurícia, Mauriciópolis ou<br />
Mauritsstad, ainda é habitado<br />
por personagens flamengos.<br />
Com Nassau, foram construídas<br />
duas fortalezas na Ilha<br />
<strong>de</strong> Antônio Vaz (hoje bairro <strong>de</strong> Santo Antônio): o Forte Ernesto,<br />
junto ao qual havia o Gran<strong>de</strong> Alojamento, área fortificada que<br />
mais tar<strong>de</strong> viria a ser a Praça da República, e o Forte Fre<strong>de</strong>rico<br />
Henrique (Fre<strong>de</strong>rick Hendrick), hoje <strong>de</strong>nominado Forte das Cinco<br />
Pontas. Também <strong>de</strong>ssa época constam a Ponte Maurício <strong>de</strong> Nassau,<br />
o Palácio <strong>de</strong> Friburgo, o zoológico e o palácio <strong>de</strong> Nassau,<br />
também chamado <strong>de</strong> Palácio da Boa Vista, situado a leste da<br />
Ilha, às margens do rio Capibaribe, sua residência <strong>de</strong> <strong>de</strong>scanso.<br />
Na comitiva <strong>de</strong> Nassau estavam artistas, cientistas, cartógrafos,<br />
entre eles: Gaspar Barléu, Frans Post, Albert Eckhout e George<br />
Marcgraf, que retrataram e inventaram um <strong>Recife</strong> holandês.<br />
Acima, capa <strong>de</strong> “Historia Naturalis Brasiliae”, Guilherme Piso, 1648<br />
Nassau, gravura <strong>de</strong> Willen Jacobz Delff, 1637, Museu do Estado <strong>de</strong> Pernambuco<br />
45
<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />
2<br />
Rua do Bom Jesus<br />
Atualmente conhecida como Rua do Bom Jesus, a Rua dos Ju<strong>de</strong>us<br />
tinha esse nome justamente por sediar a sinagoga. É consi<strong>de</strong>rada<br />
a rua mais antiga do <strong>Recife</strong>. Seu nome vem do Arco do<br />
Bom Jesus, porta da cida<strong>de</strong> até 1850. É uma das mais importantes<br />
e belas ruas do Bairro do <strong>Recife</strong>.<br />
Na Rua do Bom Jesus, está a Sinagoga Kahal Zur Israel, primeira<br />
sinagoga oficial das Américas, fundada por ju<strong>de</strong>us que se<br />
fixaram no <strong>Recife</strong> durante o governo holandês. O monumento<br />
marca um período <strong>de</strong> tolerância religiosa, quando o Estado holandês<br />
permitiu aos ju<strong>de</strong>us professarem sua fé no Novo Mundo.<br />
Com a saída dos flamengos, os ju<strong>de</strong>us foram expulsos, e um dos<br />
navios que os conduzia <strong>de</strong> volta à Europa per<strong>de</strong>u o rumo, indo<br />
aportar em Nova York. Lá ajudaram a fundar a primeira comunida<strong>de</strong><br />
judaica da cida<strong>de</strong>.<br />
Palácio da Boa Vista<br />
Às margens do Rio Capibaribe, signo cultural do <strong>Recife</strong>, localizava-se<br />
o Palácio da Boa Vista, construído por Maurício <strong>de</strong> Nassau<br />
para seu <strong>de</strong>scanso. Sua arquitetura apresentava telhado baixo,<br />
com quatro águas, e janelas pequenas. Na frente, Nassau<br />
mandou construir a segunda ponte do <strong>Recife</strong>, hoje conhecida<br />
como Seis <strong>de</strong> Março. Historiadores acreditam que o Palácio da<br />
Boa Vista localizava-se on<strong>de</strong> hoje está o Convento do Carmo.<br />
46<br />
Acima, abóbada da Basílica do Convento do Carmo na Av. Dantas Barreto<br />
A cabeça <strong>de</strong> Zumbi foi exposta em estaca na praça em frente à Basílica em 1695
Forte das Cinco Pontas<br />
Aberto <strong>de</strong> segunda a sexta das 9h às 18h; sáb. e dom. das 13h às 17h<br />
Rota Holan<strong>de</strong>sa<br />
Localizado bem próximo ao Porto do <strong>Recife</strong>, o Forte <strong>de</strong> São Tiago<br />
das Cinco Pontas foi erguido sob or<strong>de</strong>m do coronel Die<strong>de</strong>rick van<br />
Waer<strong>de</strong>nburch, comandante das tropas holan<strong>de</strong>sas quando da<br />
tomada <strong>de</strong> Olinda e do <strong>Recife</strong>. A fortificação tinha por objetivo<br />
proteger o porto, na foz do rio dos Afogados, e as cacimbas <strong>de</strong><br />
água potável <strong>de</strong> Ambrósio Machado.<br />
Foi projetado por Tobias Commersteyn, apresentando, em sua planta,<br />
um polígono pentagonal com baluartes nos vértices. Ainda em<br />
obras, o Forte foi alvo <strong>de</strong> ataque dos portugueses em 1630, tendo<br />
resistido bravamente. Foi o ponto final <strong>de</strong> resistência dos holan<strong>de</strong>ses,<br />
que ali concentraram suas últimas <strong>de</strong>fesas. Foi nesse forte que, no<br />
dia 28 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1654, o General Francisco Barreto <strong>de</strong> Menezes<br />
entrou solenemente, pondo fim ao período holandês no Brasil.<br />
Do lado esquerdo, existe um monumento em homenagem a Frei<br />
Caneca, que marca o local on<strong>de</strong> ele foi arcabuzado em 1825.<br />
2<br />
47
<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />
2<br />
A Insurreição Pernambucana<br />
A Insurreição Pernambucana foi o movimento <strong>de</strong> resistência portuguesa<br />
à invasão holan<strong>de</strong>sa no século XVII à capitania <strong>de</strong> Pernambuco.<br />
Culminou com a expulsão dos holan<strong>de</strong>ses da região Nor<strong>de</strong>ste<br />
do Brasil e o retorno do governo português a Pernambuco.<br />
A Holanda, com combates na Europa e bastante endividada,<br />
resolveu cobrar os empréstimos dados aos produtores açucareiros,<br />
e aquele que não pagasse teria suas terras tomadas.<br />
Vários confrontos ocorreram. Em 3 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1645 houve<br />
a primeira gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>rrota dos holan<strong>de</strong>ses no Monte das Tabocas,<br />
on<strong>de</strong> está a atual cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Vitória <strong>de</strong> Santo Antão.<br />
Os que estavam contra os holan<strong>de</strong>ses inva<strong>de</strong>m o <strong>Recife</strong> e<br />
fundam o Arraial Velho do Bom Jesus, on<strong>de</strong> hoje é o Sítio da<br />
Trinda<strong>de</strong>. Neste momento, João Fernan<strong>de</strong>s Vieira é nomeado<br />
Governador da Capitania. Os confrontos continuam, até que<br />
insurretos e invasores lutam <strong>de</strong>cisivamente nos Montes Guararapes,<br />
em 19 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1648 e 19 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1649.<br />
Praça Sérgio Loreto e Arredores<br />
A Praça Sérgio Loreto se localiza no final da Avenida Dantas Barreto.<br />
Na Praça, encontra-se o monumento à Restauração Pernambucana,<br />
<strong>de</strong> Abelardo da Hora (fotos abaixo). Perto da praça, no<br />
Forte das Cinco Pontas, os holan<strong>de</strong>ses captulam em 1654.<br />
48<br />
No alto, Batalha dos Guararapes, Igreja Conceição dos Militares, <strong>Recife</strong>
Rota Holan<strong>de</strong>sa<br />
Henrique Dias - Filho <strong>de</strong> escravos africanos, Henrique Dias<br />
nasceu em Pernambuco. Li<strong>de</strong>rou um grupo <strong>de</strong> africanos ao<br />
lado e sob o comando <strong>de</strong> Matias <strong>de</strong> Albuquerque, lí<strong>de</strong>r militar<br />
da resistência lusitana.<br />
Felipe Camarão - Antonio Felipe Camarão, indígena da tribo<br />
potiguar. Convertido ao cristianismo, tomou parte na batalha<br />
portuguesa contra os holan<strong>de</strong>ses.<br />
João Fernan<strong>de</strong>s Vieira - João Fernan<strong>de</strong>s Vieira foi Senhor <strong>de</strong><br />
engenho <strong>de</strong> origem portuguesa, mulato, e teve parte nas<br />
Batalhas dos Guararapes como mestre <strong>de</strong> campo. Foi aclamado<br />
Chefe Supremo da Resistência e Governador <strong>de</strong> Pernambuco<br />
após a expulsão dos holan<strong>de</strong>ses.<br />
André Vidal <strong>de</strong> Negreiros - Brasileiro, André Vidal <strong>de</strong> Negreiros<br />
lutou ao lado dos lusos nas Batalhas dos Guararapes. Noticiou<br />
o rei D. João IV sobre a expulsão dos holan<strong>de</strong>ses. Foi<br />
Governador e Capitão-Geral da Capitania do Maranhão, da<br />
Capitania <strong>de</strong> Pernambuco e <strong>de</strong> Angola.<br />
Os Quatro Heróis<br />
Henrique Dias Felipe Camarão<br />
João Fernan<strong>de</strong>s Vieira André Vidal <strong>de</strong> Negreiros<br />
Retratos dos Quatro Heróis por pintor <strong>de</strong>sconhecido, séc. XVII, Wikimedia Commons<br />
49
<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />
2<br />
A Batalha <strong>de</strong> Casa Forte<br />
Em memória a esse episódio, o bairro <strong>de</strong> Casa Forte <strong>de</strong>dica o nome<br />
<strong>de</strong> sua principal avenida, a Avenida 17 <strong>de</strong> Agosto.<br />
A batalha <strong>de</strong> Casa Forte ocorreu em 17 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1645, logo<br />
após a <strong>de</strong>rrota holan<strong>de</strong>sa no Monte das Tabocas. Ao marchar <strong>de</strong><br />
volta para o <strong>Recife</strong>, os holan<strong>de</strong>ses saquearam o Engenho Apipucos<br />
e acamparam no Engenho Casa Forte, <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Anna Paes.<br />
Um dia antes do combate, o chefe dos holan<strong>de</strong>ses, coronel Henrique<br />
Hous (van Haus), enviou um <strong>de</strong>stacamento para pren<strong>de</strong>r<br />
as mulheres <strong>de</strong> chefes revolucionários pernambucanos. Ao voltarem,<br />
com várias prisioneiras, entre elas Isabel <strong>de</strong> Góis, mulher <strong>de</strong><br />
Antônio Bezerra; Ana Bezerra, sogra <strong>de</strong> João Fernan<strong>de</strong>s Vieira; e<br />
Maria Luísa <strong>de</strong> Oliveira, mulher <strong>de</strong> Amaro Lopes, tornou-se o fato<br />
<strong>de</strong> conhecimento do exército português, que se encontrava perto<br />
<strong>de</strong> Tejipió. João Fernan<strong>de</strong>s Vieira, André Vidal <strong>de</strong> Negreiros,<br />
Henrique Dias e Felipe Camarão arregimentaram seus homens e<br />
partiram em socorro das prisioneiras, chegaram ao local na manhã<br />
<strong>de</strong> 17 <strong>de</strong> agosto. As tropas pernambucanas surpreen<strong>de</strong>ram<br />
os holan<strong>de</strong>ses, que puseram as mulheres à mostra na janela.<br />
Interpretando o ato como a rendição dos flamengos, o chefe da<br />
tropa pernambucana or<strong>de</strong>nou o cessar-fogo, e enviou um emissário<br />
para negociar os termos <strong>de</strong> rendição, sendo ele morto pelos<br />
holan<strong>de</strong>ses. Isso <strong>de</strong>belou um ataque feroz dos pernambucanos<br />
que, se<strong>de</strong>ntos <strong>de</strong> vingança, atearam fogo à casa. Sufocado pela<br />
fumaça, o coronel Henrique Hous ren<strong>de</strong>u-se junto com sua tropa.<br />
A <strong>de</strong>rrota dos holan<strong>de</strong>ses custou<br />
37 mortos, mais <strong>de</strong> 300<br />
prisioneiros e proporcionou<br />
gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> armamento,<br />
cavalos e víveres aos<br />
portugueses. A casa-gran<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Anna Paes era à esquerda<br />
da igreja, on<strong>de</strong> agora existe o<br />
Colégio Sagrada Família, na<br />
Praça <strong>de</strong> Casa Forte<br />
50<br />
No alto, Praça <strong>de</strong> Casa Forte, projeto <strong>de</strong> Burle Marx<br />
Abaixo, locais da “casa-gran<strong>de</strong>” e “capela” <strong>de</strong> Dona Anna Paes
Arraial Velho do Bom Jesus<br />
Sítio da Trinda<strong>de</strong><br />
Rota Holan<strong>de</strong>sa<br />
O Arraial Velho do Bom Jesus foi um dos principais pontos da resistência<br />
pernambucana à invasão holan<strong>de</strong>sa no <strong>Recife</strong>. A edificação<br />
foi erguida quando as <strong>de</strong>fesas litorâneas já haviam capitulado, tendo<br />
sido construída em taipa <strong>de</strong> pilão e circundada por um fosso <strong>de</strong><br />
aproximadamente 4,5 m <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>. Foi i<strong>de</strong>alizado por Matias<br />
<strong>de</strong> Albuquerque para impedir o avanço das tropas flamengas em<br />
direção aos engenhos <strong>de</strong> açúcar.<br />
Após 1633, com a queda do Passo dos Afogados, posto avançado<br />
que impedia o acesso dos holan<strong>de</strong>ses ao interior pelo Rio Capibaribe,<br />
o Arraial foi cercado. Um ataque robusto pôs abaixo o Forte Real<br />
do Bom Jesus. O ataque veio por terra e pela artilharia em ponto<br />
elevado do hoje Morro da Conceição. Sem mantimentos e com os<br />
soldados à míngua, o forte ren<strong>de</strong>u-se em 1635.<br />
Mais tar<strong>de</strong>, em 1859, quando da visita <strong>de</strong> D. Pedro II a Pernambuco,<br />
buscou-se, a mando do imperador, a localização <strong>de</strong> suas ruínas. Os<br />
vestígios, no entanto, só foram encontrados recentemente, em 2009,<br />
pela equipe do Arqueólogo Marcos Albuquerque, UFPE.<br />
No alto, visada do Arraial, do ponto on<strong>de</strong> os holan<strong>de</strong>ses tinham sua artilharia<br />
pesada. Abaixo, vestígios do fosso encontrado no Sítio da Trinda<strong>de</strong> em 2009<br />
2<br />
51
<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />
2<br />
Nossa Senhor a dos Pr azeres<br />
do Monte Guararapes<br />
Aberta <strong>de</strong> terça a sábado das 7h às 12h e das 14h às 17h<br />
A Igreja dos Guararapes foi erguida por João Fernan<strong>de</strong>s Vieira<br />
em honra à vitória portuguesa nas duas batalhas dos Guararapes.<br />
Sua fachada é em estilo barroco, com três portadas principais,<br />
galilé (espaço entre as portadas e porta <strong>de</strong> acesso à nave<br />
central), óculo, frontão e torres sineiras com cúpula em obelisco.<br />
A cantaria da Igreja é toda em pedra <strong>de</strong> arenito, incluindo sua<br />
fachada, que apresenta, em algumas partes, cobertura <strong>de</strong> azulejos<br />
portugueses. A igreja tem obras <strong>de</strong> arte dos séculos 17 e<br />
18, além dos restos mortais <strong>de</strong> André Vidal <strong>de</strong> Negreiros e João<br />
Fernan<strong>de</strong>s Vieira, heróis das batalhas nos Guararapes.<br />
52<br />
Monte Guararapes: Município <strong>de</strong> Jaboatão dos Guararapes · PE
Rota Holan<strong>de</strong>sa<br />
2<br />
As Batalhas dos Guararapes <strong>de</strong>ixaram gran<strong>de</strong>s heranças culturais<br />
ao povo pernambucano e brasileiro. Para confirmar isso, basta<br />
dizer que elas <strong>de</strong>ram simbolicamente origem ao exército brasileiro,<br />
pois, pela primeira vez na história do Brasil as três raças que<br />
simbolizam a heterogeneida<strong>de</strong> brasileira lutaram em torno <strong>de</strong> um<br />
i<strong>de</strong>al comum <strong>de</strong> pátria e nação que não a portuguesa.<br />
A área ao redor da Igreja é o Parque Histórico Nacional dos Montes<br />
Guararapes, protegido por lei. O parque tem construções mo<strong>de</strong>rnistas<br />
do arquiteto pernambucano Armando Holanda.<br />
53
<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />
54
1817 e 1824<br />
Revolução <strong>de</strong> 1817<br />
Campo da Honra<br />
Confe<strong>de</strong>ração do Equador<br />
Capelinha da Jaqueira<br />
56<br />
59<br />
62<br />
64<br />
3
<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />
3<br />
Revolução <strong>de</strong> 1817<br />
A chegada da Família Real Portuguesa, em 1808, ocasionou várias<br />
transformações nas estruturas econômicas do Brasil, sendo<br />
a principal <strong>de</strong>las o apoio mais engajado às elites agroexportadoras<br />
do País e aos comerciantes portugueses. As regalias geradas<br />
por esse apoio, no entanto, acabaram por ocasionar, por<br />
sua vez, o aumento dos impostos, que serviam para financiar os<br />
conflitos do reinado <strong>de</strong> D. João VI.<br />
Tal aumento <strong>de</strong> impostos, no entanto, interferiu sobremaneira nas<br />
ativida<strong>de</strong>s açucareiras e algodoeiras, principalmente porque a<br />
produção do açúcar atravessava um período <strong>de</strong> recessão, com<br />
a flutuação do preço <strong>de</strong>sses produtos nos mercados internacionais.<br />
Enfrentando dificulda<strong>de</strong>s econômicas, os produtores açucareiros<br />
e gran<strong>de</strong> parte da população encontraram dificulda<strong>de</strong>s<br />
em pagar os impostos, o que gerou uma gran<strong>de</strong> insatisfação na<br />
socieda<strong>de</strong>, já alimentada pelos i<strong>de</strong>ais iluministas <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong> e<br />
liberda<strong>de</strong>, pregados por intelectuais à época.<br />
Esse contexto social e i<strong>de</strong>ológico acabou por insuflar alguns<br />
proprietários <strong>de</strong> terra e uma parte da população formada por<br />
brancos livres pobres, que, unidos em torno do i<strong>de</strong>al republicano,<br />
fizeram eclodir um movimento revolucionário no estado <strong>de</strong> Pernambuco.<br />
Esse movimento foi chamado <strong>de</strong> Revolução <strong>de</strong> 1817.<br />
A Revolução Pernambucana <strong>de</strong> 1817, também chamada <strong>de</strong> Revolução<br />
dos Padres, teve como marco inicial o dia 6 <strong>de</strong> março<br />
<strong>de</strong>sse ano, com a ocupação na cida<strong>de</strong> pelas tropas revoltosas.<br />
No regimento <strong>de</strong> artilharia, estava o capitão José <strong>de</strong> Barros Lima,<br />
conhecido como o Leão Coroado, que reagiu à voz <strong>de</strong> prisão e<br />
matou a golpes <strong>de</strong> espada o comandante Barbosa <strong>de</strong> Castro.<br />
Após isso, o Leão Coroado e sua tropa tomaram o quartel, montando<br />
trincheiras nas ruas vizinhas para impedir o avanço das tropas<br />
monarquistas. Cercado no Forte do Brum, on<strong>de</strong> se refugiou,<br />
o governador Caetano Pinto <strong>de</strong> Miranda Montenegro se ren<strong>de</strong>u<br />
pouco <strong>de</strong>pois.<br />
56<br />
Selo postal comemorativo aos 100 anos da Revolução <strong>de</strong> 1817<br />
emitido em 6.03.1917, durante a República Velha brasileira<br />
P. 54: Praça Frei Caneca, perto do Forte das Cinco Pontas
Rota 1817 e 1824<br />
Participaram do movimento Domingos José Martins, Antônio Carlos<br />
<strong>de</strong> Andrada e Silva e Frei Caneca. O movimento se apossou do<br />
tesouro da província e instalou um governo republicano provisório.<br />
Em 29 <strong>de</strong> março, uma assembleia constituinte foi convocada,<br />
participando <strong>de</strong>la representantes eleitos em todas as comarcas.<br />
Nessa ocasião, separaram-se os po<strong>de</strong>res Legislativo, Executivo e<br />
Judiciário; foi instituída a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> culto, com o catolicismo<br />
permanecendo a religião oficial; e proclamada a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
imprensa, pela primeira vez no Brasil. Também alguns impostos<br />
foram abolidos, embora a escravidão tenha sido mantida.<br />
A <strong>de</strong>rrocada do movimento ocorreu principalmente pela não<br />
a<strong>de</strong>são das províncias vizinhas, o que facilitou o sufocamento da<br />
revolução pelas forças do Império.<br />
SONETO<br />
Meus ternos pensamentos, que sagrados<br />
Me fostes quazi à par da Liberda<strong>de</strong>;<br />
Em vós não tem po<strong>de</strong>r a Iniqüida<strong>de</strong>;<br />
À esposa voai, narrai meos fados.<br />
Dizei-lhe, que nos trances apertados,<br />
Ao passar d’esta vida à Eternida<strong>de</strong>,<br />
Ela d’alma reinava na ameta<strong>de</strong>,<br />
E com a Pátria partia-lhe os cuidados.<br />
A Patria foi o meo Nunem primeiro,<br />
A Espôza <strong>de</strong>pois o mais querido<br />
Objecto do disvelo verda<strong>de</strong>iro.<br />
E na morte entre ambas repartindo<br />
Será <strong>de</strong> huma o suspiro <strong>de</strong>rra<strong>de</strong>iro,<br />
O da outra ha <strong>de</strong> ser final gemido.<br />
(Domingos José Martins, nos cárceres da Bahia, em 1817)<br />
Acima: Embarque <strong>de</strong> Dom João e toda a família Real para o Brasil no<br />
cais <strong>de</strong> Belém - H. L’Èveque, 1815 - Biblioteca Nacional <strong>de</strong> Portugal<br />
3<br />
57
<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />
3<br />
Forte do Brum<br />
Aberto <strong>de</strong> terça a sexta das 9h às 16h; sábados e domingos das 14h às 16h<br />
Um importante lugar <strong>de</strong> memória <strong>de</strong>sse evento é o Forte do<br />
Brum, on<strong>de</strong> o então governador Caetano Pinto <strong>de</strong> Miranda<br />
Montenegro buscou refúgio quando cercado pelos revoltosos.<br />
Nesse local, ele acabou se ren<strong>de</strong>ndo ao capitão José Barros <strong>de</strong><br />
Lima, o Leão Coroado.<br />
José <strong>de</strong> Barros Lima nasceu no <strong>Recife</strong>. Serviu no Regimento <strong>de</strong> Artilharia.<br />
Foi diretor da al<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> índios <strong>de</strong> Limoeiro entre 1794 e 1796 e<br />
cursou matemática em Lisboa. Ele foi o responsável simbólico pelo<br />
início da Revolução Pernambucana, após rejeitar uma or<strong>de</strong>m <strong>de</strong><br />
prisão e matar o briga<strong>de</strong>iro Manoel Joaquim <strong>de</strong> Barbosa e Castro,<br />
no dia 6 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1817. Com a <strong>de</strong>rrota do movimento, foi <strong>de</strong>tido<br />
em 6 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1817, sendo enforcado quatro dias <strong>de</strong>pois. Teve a<br />
cabeça cortada e fincada em um poste <strong>de</strong> Olinda; suas mãos foram<br />
<strong>de</strong>cepadas; e seu corpo foi arrastado a cavalo para sepultamento.<br />
58<br />
Acima, <strong>de</strong>talhe do vitral <strong>de</strong> H. Moser, alegoria à Revolução <strong>de</strong> 1817<br />
na escadaria principal do Palácio dos Campos das Princesas
Campo da Honra<br />
Antigo Largo do Erário - hoje Praça da República<br />
Rota 1817 e 1824<br />
No extremo norte da Ilha <strong>de</strong> Santo Antônio, na qual o con<strong>de</strong> Maurício<br />
<strong>de</strong> Nassau mandara erguer um dos seus palácios e instalara<br />
um zoológico e um jardim botânico, existia um <strong>de</strong>scampado que<br />
abrigava uma imensa praça pública. Nesta praça, também se<br />
localizavam os restos do prédio holandês on<strong>de</strong> funcionava o Erário<br />
Público, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> provém o nome Largo do Erário.<br />
O nome <strong>de</strong> Campo da Honra veio após as tropas revolucionárias<br />
<strong>de</strong> 1817 terem rendido a tropa monarquista, na tar<strong>de</strong> do dia 6 <strong>de</strong><br />
março. No prédio do Erário instalou-se o primeiro governo republicano<br />
da história do Brasil.<br />
Duas das maiores celebrações revolucionárias ocorreram neste<br />
local: o casamento <strong>de</strong> Domingos Martins e Maria Teodora, em 14<br />
<strong>de</strong> março; e a bênção da ban<strong>de</strong>ira republicana, hoje símbolo <strong>de</strong><br />
Pernambuco, em 2 <strong>de</strong> abril.<br />
Acima, bênçao da ban<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> Pernambuco, que foi consagrada<br />
no Campo <strong>de</strong> Honra, em quadro a óleo <strong>de</strong> A. Parreiras, no<br />
Arquivo Público do <strong>Recife</strong>, e retrato <strong>de</strong> Domingos José Martins,<br />
comerciante e Chefe Imortal da Revolução Pernambucana <strong>de</strong><br />
1817, em óleo sobre tela <strong>de</strong> F. T. J, Lôbo, acervo do Instituto Arqueológico<br />
Histórico e Geográfico Pernambucano, na Rua do Hospício.<br />
Ele representou o comércio na Junta da Nova República.<br />
No alto, monumento à Revolução <strong>de</strong> 1817 na Praça da República<br />
Abaixo, imagens do Wikimedia Commons<br />
3<br />
59
<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />
3<br />
Ponte do <strong>Recife</strong><br />
Atual Ponte Maurício <strong>de</strong> Nassau<br />
A Ponte do <strong>Recife</strong>, on<strong>de</strong> atualmente se localiza a Ponte Maurício<br />
<strong>de</strong> Nassau, foi palco <strong>de</strong> um combate <strong>de</strong>cisivo da Revolução<br />
<strong>de</strong> 1817. Na tar<strong>de</strong> do dia seis <strong>de</strong> março, as forças revolucionárias<br />
marchavam em direção ao bairro do <strong>Recife</strong>, que pretendiam<br />
tomar, e lá encontraram a resistência monarquista. Os revoltosos<br />
saíram vitoriosos.<br />
Antiga Ca<strong>de</strong>ia Pública<br />
Atual Arquivo Público do <strong>Recife</strong><br />
A ca<strong>de</strong>ia pública funcionou on<strong>de</strong> hoje está o prédio do Arquivo<br />
Público da Cida<strong>de</strong> do <strong>Recife</strong>, na Rua do Imperador — esta,<br />
inclusive, chamava-se a Rua da Ca<strong>de</strong>ia. Para lá eram enviados<br />
os prisioneiros civis que tomaram parte nas revoluções <strong>de</strong> 1817 e<br />
1824. Os militares eram presos nos fortes.<br />
Na rua do Imperador, foto à direita, saindo da Praça da República,<br />
está localizado o Quarteirão Franciscano, na esquina<br />
à direita (on<strong>de</strong> foi o Forte Ernesto na época <strong>de</strong> Nassau). Mais<br />
adiante, à esquerda, está o prédio da antiga Ca<strong>de</strong>ia Pública.<br />
60<br />
No alto, Ponte Maurício <strong>de</strong> Nassau, antiga Ponte do <strong>Recife</strong>
Forte das Cinco Pontas<br />
Rota 1817 e 1824<br />
O Forte das Cinco Pontas marca o local on<strong>de</strong> Frei Caneca, lí<strong>de</strong>r<br />
das Revoluções <strong>de</strong> 1817 e 1824, foi arcabuzado. Remanescente da<br />
guerra contra os holan<strong>de</strong>ses, o local também abrigou a se<strong>de</strong> do<br />
Quartel General Militar.<br />
Para lá foi mandado, preso, o capitão Domingos Teotônio, comandante<br />
militar dos patriotas pernambucanos, pouco antes<br />
do movimento rebentar. Lá ficaram presos os oficiais portugueses<br />
durante o movimento, e, após sua queda, também serviu <strong>de</strong><br />
prisão aos <strong>de</strong>rrotados.<br />
O forte já possuiu subterrâneos, que serviam <strong>de</strong> prisão, mas eles<br />
foram <strong>de</strong>molidos em 1822, pelo então governador da província<br />
Gervásio Pires Ferreira. No forte, ficou preso, à época da Ditadura,<br />
em 1935, o romancista Graciliano Ramos. O escritor retratou esse<br />
período em seu livro <strong>Memória</strong>s do Cárcere.<br />
Matriz <strong>de</strong> Santo Antônio<br />
Aberta <strong>de</strong> seg. a sex. 8h às 12h e 14h às 18h; sáb. e dom. 8h às 12h<br />
3<br />
A Matriz <strong>de</strong> Santo Antônio<br />
é um dos marcos da arquitetura<br />
barroca <strong>de</strong> Pernambuco.<br />
É situada no coração<br />
da cida<strong>de</strong> do <strong>Recife</strong>,<br />
na esquina da Rua Nova<br />
com a Avenida Dantas Barreto.<br />
A igreja foi também<br />
parte da história da Revolução<br />
<strong>de</strong> 1817: no local, foi<br />
celebrado um suntuoso Te<br />
Deum, em honra ao movimento,<br />
em 9 <strong>de</strong> março. Sua<br />
construção foi iniciada em<br />
1753 e finalizada em 1790,<br />
ao lado do local on<strong>de</strong> havia<br />
a Casa <strong>de</strong> Pólvora.<br />
61
<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />
3<br />
62
Rota 1817 e 1824<br />
Confe<strong>de</strong>ração do Equador 1824<br />
A Confe<strong>de</strong>ração do Equador, ocorrida em 1824, foi outro dos<br />
gran<strong>de</strong>s movimentos revolucionários <strong>de</strong> Pernambuco ocorrido<br />
no <strong>Recife</strong>. Tinha intenções emancipacionistas e republicanas,<br />
simbolizando a principal reação contra o absolutismo e a política<br />
centralizadora do governo <strong>de</strong> D. Pedro I, que dissolveu a<br />
Assembleia Constituinte em 1823.<br />
Em 2 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1824, Manuel Carvalho Paes <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, militar<br />
e político pernambucano, proclamou a in<strong>de</strong>pendência da província<br />
<strong>de</strong> Pernambuco e assumiu provisoriamente seu governo. Sua<br />
intenção era formar, junto com Piauí, Ceará, Rio Gran<strong>de</strong> do Norte,<br />
Alagoas, Sergipe e Paraíba, uma confe<strong>de</strong>ração in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, livre<br />
do po<strong>de</strong>r imperialista. O movimento obteve um êxito momentâneo,<br />
sendo, porém, dilacerado pelas dissidências internas e pelas tropas<br />
do Império. Alguns <strong>de</strong> seus lí<strong>de</strong>res foram con<strong>de</strong>nados à morte.<br />
Monumento a Frei Caneca<br />
Na Praça Abreu e Lima, junto ao Cemitério dos Inglêses,<br />
gran<strong>de</strong> painel <strong>de</strong> Abelardo da Hora em memória do martírio <strong>de</strong> Frei Caneca<br />
Página anterior: Frei Caneca, óleo <strong>de</strong> Cícero Dias, 1982, Casa da Cultura<br />
3<br />
Joaquim da Silva Rabelo, <strong>de</strong>pois Frei Joaquim do Amor Divino Rabelo,<br />
popularmente conhecido como Frei Caneca, nasceu e morreu<br />
no <strong>Recife</strong>, participando <strong>de</strong> várias revoltas libertárias. Envolveu-se na<br />
Revolução Pernambucana <strong>de</strong> 1817 e na Confe<strong>de</strong>ração do Equador.<br />
Exerceu a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> jornalista à frente do Typhis Pernambucano.<br />
Devido à sua participação na Confe<strong>de</strong>ração do Equador,<br />
Frei Caneca foi morto em 13 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1825, junto ao Forte das<br />
Cinco Pontas (acima). No local, uma placa rememora o fato.<br />
63
<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />
3<br />
Capelinha da Praça da Jaqueira<br />
Aberta manhãs, tar<strong>de</strong>s e noites durante a semana em horários diversos<br />
A área da Praça da Jaqueira era, à época da Revolução <strong>de</strong> 1817,<br />
um sítio <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> do português Bento da Costa, pai <strong>de</strong> Maria<br />
Teodora. Nessa capelinha, foi celebrado o casamento <strong>de</strong>la com<br />
Domingos Martins, um dos lí<strong>de</strong>res da Revolução, em 14 <strong>de</strong> março. A<br />
celebração ocorreria publicamente no Campo da Honra.<br />
Uma construção barroca <strong>de</strong> 1781, a Capelinha possui talhas douradas<br />
no altar-mor, painéis <strong>de</strong> azulejos portugueses no mesmo estilo<br />
dos azulejos dos conventos carmelitas e franciscanos e painéis<br />
sacros a óleo sobre ma<strong>de</strong>ira do século XVIII. Na sacristia existe um<br />
raro lavatório do século XVIII com uma longa torneira <strong>de</strong> bronze.<br />
64
Cemitério dos Ingleses<br />
Rota 1817 e 1824<br />
General Abreu e Lima<br />
José Inácio <strong>de</strong> Abreu e Lima nasceu no <strong>Recife</strong>, a 6 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong><br />
1794. Foi militar, político, jornalista e escritor. Mesmo nascido<br />
no Brasil, participou com forte <strong>de</strong>staque das guerras <strong>de</strong> in<strong>de</strong>pendência<br />
da América espanhola, sendo um dos principais<br />
lí<strong>de</strong>res pela libertação dos países hispânicos da América do<br />
Sul. Saiu do Brasil em 1818, após a morte do seu pai, o Padre<br />
Roma, em 1817. Depois <strong>de</strong> residir no Rio <strong>de</strong> Janeiro, o General<br />
retornou ao Estado <strong>de</strong> Pernambuco em 1844, mas foi preso<br />
sob a acusação <strong>de</strong> envolvimento na Revolta Praieira (1848).<br />
Um fato curioso sobre a sua <strong>de</strong>stacada carreira é que, por<br />
conta <strong>de</strong> suas opiniões <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> religiosa e <strong>de</strong>vido ao<br />
fato <strong>de</strong> ser maçom, o bispo Dom Francisco Cardoso Aires<br />
acabou não autorizando o seu sepultamento no Cemitério<br />
<strong>de</strong> Santo Amaro, no <strong>Recife</strong> em 1869. O General Abreu e Lima<br />
teve que ser sepultado no Cemitério dos Ingleses.<br />
O pai do General foi José Inácio <strong>de</strong> Abreu e Lima, também<br />
conhecido como Padre Roma, <strong>de</strong>fensor também dos i<strong>de</strong>ais<br />
republicanos. Foi um dos lí<strong>de</strong>res da Revolução <strong>de</strong> 1817 e também<br />
consi<strong>de</strong>rado um dos heróis da libertação da Venezuela,<br />
<strong>de</strong>sfrutando <strong>de</strong> maior reconhecimento<br />
nesse país do<br />
que no próprio Brasil.<br />
As fotos <strong>de</strong>ssa página mostram o túmulo do<br />
General Abreu e Lima no Cemitério dos Ingleses<br />
3<br />
Foi preso e con<strong>de</strong>nado à morte<br />
logo após o sufocamento<br />
da Revolução. De sua memória,<br />
consta a Rua Padre Roma,<br />
no bairro <strong>de</strong> Parnamirim.<br />
O Cemitério dos Ingleses é <strong>de</strong><br />
1852 e marca a presença britânica<br />
em Permanbuco. A família<br />
Brotherhood, fundadora<br />
dos times <strong>de</strong> futebol Náutico e<br />
Sport, tem túmulo nele.<br />
65
Ditadura 64<br />
Miguel Arraes<br />
Gregório Bezerra<br />
Dom Hel<strong>de</strong>r Camara<br />
Padre Henrique<br />
70<br />
74<br />
78<br />
82<br />
4
<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />
4<br />
resistência ao regime militar<br />
A resistência ao golpe militar continuou nas ruas numa passeata<br />
<strong>de</strong> estudantes. Da Escola <strong>de</strong> Engenharia à Praça da In<strong>de</strong>pendência<br />
gritavam “Abaixo o golpe! Viva Miguel Arraes!” Soldados<br />
do Exército e da Polícia Militar respon<strong>de</strong>ram com balas ao<br />
léu e tiros à queima roupa. Mataram os estudantes Jonas José<br />
<strong>de</strong> Albuquerque Barros, <strong>de</strong> 17 anos, e Ivan Rocha Aguiar, <strong>de</strong> 22.<br />
Jonas era poeta (“vejo casebres/ símbolo <strong>de</strong> miséria/ miséria<br />
porém/ que até agora/ não passou”) e um dos fundadores da<br />
Associação Literária Machado <strong>de</strong> Assis (Alma). Em sua memória,<br />
a irmã, Marisa, lançou o livro Jonas! Presente... Agora e Sempre!,<br />
em que também homenageia Ivan Rocha Aguiar, que militava<br />
no movimento estudantil:<br />
vice-presi<strong>de</strong>nte da União dos<br />
Estudantes <strong>de</strong> Palmares.<br />
68<br />
Gregório Bezerra, David Capistrano<br />
e outros quiseram uma<br />
resistência armada, e muitos<br />
até armaram como pu<strong>de</strong>ram,<br />
mas não estavam organizados<br />
o suficiente para isso.<br />
Ivan e Jonas foram mortos no cruzamento das<br />
Avenidas Dantas Barreto e Marquês <strong>de</strong> Olinda, perto do Palácio do Governo
Rota Ditadura 64<br />
Uma frase <strong>de</strong> Gregório Bezerra resume bem a situação dos que<br />
pensaram em resistir com força aos golpistas: “Em 35, a gente<br />
tinha armas e não tinha massa; em 64, a gente tinha massa, mas<br />
não tinha arma”. Com todas as armas disponíveis (não só as físicas),<br />
a resistência ao regime militar e a luta pela <strong>de</strong>mocracia<br />
levou mais <strong>de</strong> vinte anos.<br />
O Centro do <strong>Recife</strong><br />
A Avenida Guararapes foi por muito tempo “cartão postal do<br />
<strong>Recife</strong>”. José Estelita (nome <strong>de</strong> um cais) e Domingos Ferreira<br />
(nome <strong>de</strong> avenida) foram os engenheiros da obra, concluída<br />
em 1937, no início do Estado Novo. Os prédios mais importantes,<br />
na época, eram o cinema Trianon, hoje em ruínas, e os Correios.<br />
Criada para resolver os problemas do trânsito da época, a Guararapes<br />
era um gran<strong>de</strong> terminal <strong>de</strong> transporte coletivo.<br />
Alguns en<strong>de</strong>reços, com finalida<strong>de</strong>s conhecidas, outras nem<br />
tanto, “funcionavam” ali.<br />
Av. Guararapes nº 131<br />
Ali funcionou o IAPB (Instituto <strong>de</strong> Aposentadoria e Pensões dos<br />
Bancários). Na verda<strong>de</strong> foi, por algum tempo, o quartel da IV<br />
Frota dos EUA. Ao lado do 131, havia o Café Nicola. O preferido<br />
<strong>de</strong> Miguel Arraes.<br />
Av. Guararapes nº 147<br />
Edifício Sigismundo Cabral. Era o en<strong>de</strong>reço do Bar Savoy (hoje,<br />
filial <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> farmácias). O Savoy era ponto <strong>de</strong> encontro<br />
político-lírico e etílico durante os anos <strong>de</strong> chumbo.<br />
Poetas, militantes, políticos, estudantes. Por isso no Bar Savoy,/<br />
o refrão é sempre assim:/ São trinta copos <strong>de</strong> chopp,/ são trinta<br />
homens sentados,/ trezentos <strong>de</strong>sejos presos,/ trinta mil sonhos<br />
frustrados”, dizem os versos do poeta Carlos Pena Filho.<br />
Avenida Rio Branco nº 243<br />
Edifício São Paulo. Ali funcionaram os serviços secretos da Usaid,<br />
FBI e CIA nos anos da ditadura, no <strong>Recife</strong>.<br />
Imagens dos jornais locais <strong>de</strong>ssa Rota: Acervo e Biblioteca do MTNM-PE<br />
4<br />
69
<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />
70
Miguel Arr aes<br />
Palácio do Campo das Pincesas - Praça da República<br />
Rota Ditadura 64<br />
Miguel Arraes <strong>de</strong> Alencar (1916-2005) só po<strong>de</strong> governar Pernambuco<br />
por treze meses, <strong>de</strong> 1963 a 1964, embora tivesse sido eleito para um<br />
mandato <strong>de</strong> quatro anos. No dia 1º. <strong>de</strong> abril, os militares cercaram o<br />
Palácio do Governo. Antes <strong>de</strong> ser preso e afastado do cargo, Arraes fez<br />
um pronunciamento pelo rádio <strong>de</strong>nunciando as arbitrarieda<strong>de</strong>s que<br />
estavam sendo cometidas no país e <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo o seu mandato, legi-<br />
timamente concedido pelo povo. Os golpistas trataram <strong>de</strong> materializar<br />
juridicamente na Assembleia Legislativa o seu afastamento compulsório<br />
e forçado. O projeto <strong>de</strong> resolução 996 foi aprovado, em votação secreta.<br />
63 <strong>de</strong>putados estavam presentes. 45 votaram a favor, 17 contra, e<br />
houve um em branco. Na mesma noite, às 23h30, foi realizada a sessão<br />
<strong>de</strong> posse <strong>de</strong> Paulo Guerra (o vice), que substituiu o governador <strong>de</strong>posto.<br />
“Não!”<br />
A resposta do governador<br />
Miguel Arraes ao general Justino<br />
Alves Bastos, que levou<br />
pronta uma carta <strong>de</strong> renúncia<br />
para ele assinar, foi o primeiro<br />
ato <strong>de</strong> rebeldia ao 1º. <strong>de</strong> abril<br />
<strong>de</strong> 1964, no <strong>Recife</strong>, quando se<br />
iniciou o regime militar. Depois,<br />
os militares voltaram e o pren<strong>de</strong>ram,<br />
conduzindo-o primeiro<br />
ao quartel do Exército em<br />
Jaboatão e, em seguida, ao<br />
presídio da Ilha <strong>de</strong> Fernando<br />
<strong>de</strong> Noronha.<br />
Página anterior: retorno <strong>de</strong> Miguel Arraes <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> anistiado,<br />
Acima, militares cercam a região do Palácio. Abaixo, Arraes recebe voz <strong>de</strong> prisão.<br />
4<br />
71
<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />
4<br />
Palácio do Campo das Princesas<br />
72<br />
1841. O Palácio do Governo<br />
foi construído no tempo em<br />
que era presi<strong>de</strong>nte da província<br />
(como se dizia na época)<br />
Francisco do Rego Barros, o<br />
con<strong>de</strong> da Boa Vista.<br />
Serviu <strong>de</strong> paço imperial em<br />
1859 para hospedar D. Pedro<br />
II, que passou alguns meses<br />
no <strong>Recife</strong>. Diz-se que data<br />
<strong>de</strong>sse momento o nome que<br />
se popularizou: Palácio do<br />
Campo das Princesas (pelo<br />
fato <strong>de</strong> as filhas casal imperial<br />
terem brincado no jardim).<br />
No seu diário, o imperador comentou a estadia: “O palácio<br />
está muito bem arranjado: ao pé da casa também me prepararam<br />
um banheiro no rio. Mas por cautela não vou tomar banho<br />
lá...” Ao longo do tempo, o palácio sofreu outras reconstruções,<br />
reformas, remo<strong>de</strong>lações e modificações diversas, sendo<br />
as maiores as <strong>de</strong> 1922. Não somente a arquitetura, o mobiliário<br />
e as obras <strong>de</strong> arte (como um vitral em alegoria à Revolução<br />
<strong>de</strong> 1817 no acesso ao primeiro andar) dão sentido à riqueza<br />
cultural e histórica do palácio.
Rota Ditadura 64<br />
Momentos políticos tensos, como a Revolução <strong>de</strong> 30, quando,<br />
sem meios <strong>de</strong> resistir, tropas do Exército cercando o palácio, o<br />
governador Estácio Coimbra, partiu para o exílio. Trinta e quatro<br />
anos <strong>de</strong>pois era a vez <strong>de</strong> Miguel Arraes.<br />
Gilberto Freyre (secretário particular <strong>de</strong> Estácio), quando a <strong>de</strong>sgraça<br />
se abateu sobre o governador, lembrou-se do que diziam<br />
velhos funcionários do Palácio: quando estavam para acontecer<br />
<strong>de</strong>sgraças aparecia antes um vulto escuro e alto no salão nobre.<br />
Quando a <strong>de</strong>sgraça se abateu<br />
sobre o governador um<br />
funcionário do Palácio comentou:<br />
“Eu não lhe dizia<br />
que o vulto do salão nobre<br />
vinha anunciando <strong>de</strong>sgraça?<br />
Quando ele aparece é para<br />
anunciar <strong>de</strong>sgraça. Não<br />
falha. Apareceu a Zé Bezerra<br />
que morreu logo <strong>de</strong>pois.<br />
Apareceu a Barbosa<br />
antes do cozinheiro <strong>de</strong> Zé<br />
Mariano espalhar veneno<br />
na fritada que quase<br />
mata mais <strong>de</strong> cem casacudos<br />
<strong>de</strong> uma vez.”<br />
A Praça da República, em frente ao Palácio, também tem<br />
uma história com muitas camadas sobrepostas <strong>de</strong> fatos, datas<br />
e pessoas. Em 1945, durante um ato <strong>de</strong> protesto contra a Ditadura<br />
Vargas, o estudante <strong>de</strong> Direito e lí<strong>de</strong>r estudantil, Demócrito<br />
<strong>de</strong> Souza Filho, levou um tiro da polícia <strong>de</strong> Pernambuco<br />
e morreu algumas horas <strong>de</strong>pois. Além <strong>de</strong>le, também foi morto<br />
o operário, que se encontrava no meio da multidão, Manoel<br />
Elias dos Santos, conhecido como Manoel Carvoeiro. Esse fato<br />
é visto por alguns historiadores como um marco no que viria a<br />
ser o fim da Ditadura Vargas.<br />
Arraes está enterrado em um túmulo simples, muito visitado, no Cemitério<br />
<strong>de</strong> Santo Amaro. Um chapéu <strong>de</strong> palha lhe faz companhia.<br />
Acima: Praça da República em frente ao Palácio do Campo das Princesas<br />
4<br />
73
<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />
74
Gregório Bezerra<br />
Rota Ditadura 64<br />
Gregório [Lourenço] Bezerra nasceu em Panelas, interior <strong>de</strong> Pernambuco,<br />
em 13 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1900, e morreu em São Paulo, em 1983.<br />
Fotos <strong>de</strong> Gregório Bezerra <strong>de</strong>ssa seção são cortesia <strong>de</strong> Jurandir Bezerra<br />
4<br />
Mas sua história estaria mais<br />
marcada ao <strong>Recife</strong>, para on<strong>de</strong><br />
veio aos quatro anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>.<br />
Sem-teto. Sem-terra. Analfabeto<br />
até os 25 anos. Carregador<br />
<strong>de</strong> bagagens na estação.<br />
Operário da construção civil.<br />
Jornaleiro. Interessou-se por<br />
política “<strong>de</strong> outiva”. Lí<strong>de</strong>r político,<br />
preso em 1935. Anistiado,<br />
elegeu-se <strong>de</strong>putado em 1946.<br />
Cassado em 1948. Preso após<br />
o golpe <strong>de</strong> 1964. Preso. Preso.<br />
Preso. Esta palavra iniciava<br />
qualquer frase, quando se referia<br />
ao preso Gregório Bezerra.<br />
“A solidarieda<strong>de</strong> humana/como uma flor <strong>de</strong>spontou/ no Largo<br />
da Casa Forte/ on<strong>de</strong> o cortejo parou.”<br />
75
<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />
4<br />
Casa da Cultura<br />
Antiga Casa <strong>de</strong> Detenção<br />
Os versos <strong>de</strong> Ferreira Gullar se referem ao ponto culminante <strong>de</strong><br />
uma cena que se perpetuou na memória política como uma das<br />
mais explícitas ignomínias do regime militar: a tortura pública,<br />
(Gregório foi torturado e arrastado pelas ruas <strong>de</strong> Casa Forte.<br />
Uma corda no pescoço. Os pés em carne viva. Tudo isso exibido<br />
pelas TVs da época do golpe militar).<br />
Os versos do poeta <strong>de</strong>finiram bem Gregório Bezerra como quem<br />
76<br />
“é bravo sem matar gente<br />
mas não teme matador,<br />
que gosta <strong>de</strong> sua gente<br />
e que luta a seu favor,<br />
como Gregório Bezerra,<br />
feito <strong>de</strong> ferro e <strong>de</strong> flor.”<br />
Comunista convicto, Gregório tentou arregimentar esforços contra<br />
o regime que se instalava e indo até ao Palácio do Governo<br />
obter armas para, com os camponeses, promover a resistência no<br />
Fotos acima mostram Gregório Bezerra no período que esteve na Casa <strong>de</strong> Detenção.
Rota Ditadura 64<br />
campo. Não conseguiu. Foi preso. Mais uma vez. Dos 83 anos <strong>de</strong><br />
vida, 22 foram em prisões, por motivos exclusivamente políticos. Foi<br />
enterrado no Cemitério <strong>de</strong> Santo Amaro, numa tar<strong>de</strong> <strong>de</strong> outubro.<br />
Gregório Bezerra é nome <strong>de</strong> ponte que liga as zonas Oeste e Sul<br />
do <strong>Recife</strong>. A rua Gregório Bezerra fica na Macaxeira. Uma tranquila<br />
rua, <strong>de</strong> casas e sobrados.<br />
Até 1973 era Casa da Detenção. Uma obra do engenheiro José<br />
Mame<strong>de</strong> Alves Ferreira,1855. Foi reformada e transformada em<br />
Casa da Cultura, 1976. As celas passaram a se chamar “boxes”<br />
e, no lugar dos prisioneiros, abrigam peças <strong>de</strong> artesanato. Lá<br />
também funcionam as se<strong>de</strong>s dos Movimento Negro Unificado e<br />
dos Anistiados Políticos. A passagem <strong>de</strong> alguns prisioneiros ilustres<br />
é também parte da cultura e da história da antiga Detenção:<br />
como João Dantas, que matou à queima-roupa João Pessoa,<br />
em 1930, na Rua Nova, bem próxima dali, e serviu como pretexto<br />
para <strong>de</strong>flagrar-se a Revolução <strong>de</strong> 30. O prisioneiro número 1122<br />
da cela 35, do raio leste, <strong>de</strong> 1914 a 1937, foi Antônio Silvino. Gregório<br />
Bezerra que conviveu com ele na juventu<strong>de</strong> (1917-1922), quando<br />
foram colegas <strong>de</strong> prisão, <strong>de</strong>finiu-o como “o bandido mais famoso,<br />
mais popular e mais humano da história do cangaço”.<br />
Foto acima mostra uma das pare<strong>de</strong>s com <strong>de</strong>senhos feitos por presos.<br />
4<br />
Na Casa há dois gran<strong>de</strong>s painéis<br />
do pintor Cícero Dias que<br />
homenageiam os revolucionários<br />
<strong>de</strong> 1817 e 1824. Em frente<br />
aos painéis uma placa homenageia<br />
os ex-presos políticos<br />
que lá ficaram <strong>de</strong>tidos durante<br />
o período da ditadura militar,<br />
entre 1964 e 1974.<br />
77
<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />
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Rota Ditadura 64<br />
O Dom - Igreja das Fronteiras<br />
O nome assim um tanto simplificado po<strong>de</strong> levar a crer que apenas<br />
se refira à localização geográfica: entre a rua das Fronteiras<br />
e a dom Bosco, no bairro da Boa Vista. Se dito completamente<br />
– Igreja <strong>de</strong> Nossa Senhora Assunção das Fronteiras da Estância<br />
<strong>de</strong> Henrique Dias – vai ficando claro porque, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1949, é patri-<br />
mônio reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico<br />
Nacional (Iphan). Serviu como a última estadia a Henrique<br />
Dias, em 26 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1656. Ele, como se sabe, foi um dos<br />
gran<strong>de</strong>s heróis da Restauração Pernambucana, ou seja, na luta<br />
contra os invasores holan<strong>de</strong>ses no século 17.<br />
Imagens dos jornais locais <strong>de</strong>ssa seção: Acervo e Biblioteca do MTNM-PE<br />
4<br />
79
<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />
4<br />
Um pormenor na sua fachada é outra lembrança do que ela<br />
expõe, mas está oculto talvez para a maioria: o emblema <strong>de</strong><br />
Imperial Capela concedido por Dom Pedro II, em 1823. Alguns<br />
anos <strong>de</strong>pois disso (1859), o imperador esteve ali, quando visitou<br />
solenemente o <strong>Recife</strong>.<br />
Mas a igreja é reconhecida principalmente por causa <strong>de</strong> outro<br />
“dom”. Dom Hel<strong>de</strong>r Camara, arcebispo <strong>de</strong> Olinda e <strong>Recife</strong>, que<br />
nas <strong>de</strong>pendências anexas da sacristia residiu por 31 anos. Por<br />
todo esse tempo, ele e a igreja estiveram abertos a receber todos<br />
os que os procuravam. Sem fronteiras.<br />
Dom Hel<strong>de</strong>r Camara é um dos principais símbolos da resistência<br />
à ditadura militar que se instalou no Brasil em 1964. Poucas semanas<br />
antes do golpe, ele havia sido <strong>de</strong>signado arcebispo <strong>de</strong> Olinda<br />
e <strong>Recife</strong>. Assim ficou até 2 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1985, coinci<strong>de</strong>ntemente<br />
o ano em que o Brasil começa a retomar a normalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mocrática.<br />
Seu compromisso sempre foi com os direitos humanos,<br />
contra o autoritarismo e acima <strong>de</strong> todas as i<strong>de</strong>ologias políticas.<br />
Por todos os meios disponíveis <strong>de</strong>nunciou os atos arbitrários praticados<br />
durante o regime <strong>de</strong> exceção.<br />
No en<strong>de</strong>reço funciona o Memorial Dom Hel<strong>de</strong>r Camara, que faz<br />
parte do Sistema Brasileiro <strong>de</strong> Museus. Inclui, além da igreja, a<br />
casa-museu, o centro <strong>de</strong> documentação e o Espaço Dom José<br />
Lamartine. O memorial abre <strong>de</strong> segunda a sexta-feira, das 14h<br />
às 17h, e objetiva manter vivas e conhecidas as i<strong>de</strong>ias do “Dom”.<br />
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Rota Ditadura 64<br />
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<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />
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Rota Ditadura 64<br />
Pe. Henrique - Cid. Universitária<br />
Antônio Henrique Pereira da Silva Neto (1940-1969). Mais simples:<br />
Padre Henrique. 28 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Torturado e morto. Madrugada.<br />
26/27 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1969. Entre a avenida perimetral e uma cerca <strong>de</strong><br />
arame que <strong>de</strong>marcava um canavial, na Cida<strong>de</strong> Universitária. O crime<br />
nunca foi totalmente esclarecido, mas houve sempre um consenso<br />
nos segmentos <strong>de</strong> esquerda – as motivações foram políticas.<br />
Henrique, que atuava também na Pastoral da Juventu<strong>de</strong>, era auxiliar<br />
direto <strong>de</strong> Dom Hel<strong>de</strong>r Camara e “persona non grata” dos segmentos<br />
mais radicais favoráveis ao regime militar que ele combatia.<br />
A multidão que acompanhou o cortejo fúnebre, que saiu da Igreja<br />
do Espinheiro, portou faixas <strong>de</strong> protesto, com dizeres como “A Ditadura<br />
Militar matou o Padre Henrique”, e cantou ao longo do percurso<br />
até o cemitério da Várzea: “Prova <strong>de</strong> amor maior não há que<br />
doar a vida pelo Irmão.” A <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> testemunhos e provas, ninguém<br />
foi con<strong>de</strong>nado. A comoção popular atravessou as fronteiras<br />
e alcançou os versos <strong>de</strong> Patativa do Assaré: “Prezado amigo leitor/<br />
esta dor é minha e sua/ <strong>de</strong> ver morrer padre Henrique/ <strong>de</strong> morte<br />
tirana e crua/ porém a Igreja dos pobres/ sua luta continua.”<br />
Ao lado, mapa com seta indicando on<strong>de</strong> o corpo <strong>de</strong> Pe. Henrique foi encontrado.<br />
Acima, fotos do local como é hoje e como era em 1969.<br />
4<br />
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<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />
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Rua da Aurora 405<br />
Rota Ditadura 64<br />
A Sorbonne da Rua da Aurora. Se<strong>de</strong> do DOPS - PE durante a Ditadura Militar<br />
Palacete da Boa Vista, em estilo neoclássico, que foi projetado<br />
pelo arquiteto francês Louis Léger Vauthier. Antiga residência <strong>de</strong><br />
Francisco do Rego Barros (o con<strong>de</strong> da Boa Vista), <strong>de</strong> 1842 a 1870.<br />
Rua da Aurora, n. 405. Um dos en<strong>de</strong>reços mais solenes do <strong>Recife</strong>.<br />
No começo do século 20 lá funcionava o Senado Estadual.<br />
A memória ali não está somente no charme arquitetônico e<br />
histórico, mas como uma das mansões <strong>de</strong> horrores do <strong>Recife</strong>.<br />
Notabilizou-se com o apelido <strong>de</strong> Sorbonne da Rua da Aurora<br />
(que teria sido dado pelo jornalista Aníbal Fernan<strong>de</strong>s) <strong>de</strong>vido a<br />
frequência com que intelectuais, escritores e professores eram<br />
levados ao casarão para <strong>de</strong>poimentos aos policiais, a partir <strong>de</strong><br />
1931, quando passou a se<strong>de</strong> da Secretaria <strong>de</strong> Segurança Pública,<br />
a partir <strong>de</strong> 1931.<br />
O primeiro chefe <strong>de</strong> polícia foi Jurandir <strong>de</strong> Bizarria Mame<strong>de</strong>,<br />
militar baiano que, anos <strong>de</strong>pois, conspiraria abertamente contra<br />
a posse <strong>de</strong> Juscelino Kubitschek (presi<strong>de</strong>nte) e João Goulart<br />
(vice), eleitos em 3 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1955.<br />
4<br />
As instalações da Delegacia<br />
<strong>de</strong> Or<strong>de</strong>m Política e Social<br />
(DOPS), durante a época do<br />
regime militar estavam na<br />
parte posterior do prédio, e<br />
assim foi, por vários anos, se<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> prisões, interrogatórios e<br />
torturas durante o regime militar.<br />
Lá teria sido assassinado o<br />
estudante <strong>de</strong> agronomia Odijas<br />
Carvalho. O anexo, on<strong>de</strong><br />
hoje é estacionamento, foi<br />
<strong>de</strong>rrubado em 1986 durante<br />
o governo <strong>de</strong> Miguel Arraes.<br />
Uma placa no local honra os<br />
que lá foram assassinados.<br />
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<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />
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Vila Buriti - Macaxeira<br />
Acesso pela Avenida Norte, perto da BR 101<br />
Rota Ditadura 64<br />
Da exuberância à <strong>de</strong>cadência: antigo Engenho Apipucos.<br />
Com açu<strong>de</strong> e com afeto. Século 19 que se vê <strong>de</strong> longe, no alto.<br />
Terra <strong>de</strong> filhos <strong>de</strong> algo, logo terras <strong>de</strong> alguéns. Ocupação. Assentamento.<br />
Autoconstrução. A vila é uma cida<strong>de</strong>. Que se renova.<br />
Centro Popular <strong>de</strong> Lazer. Escola Pernambucana <strong>de</strong> Circo.<br />
Tecendo antigas e novas fábricas. Othon Bezerra <strong>de</strong> Mello. Arte<br />
na praça. União dos Moradores e da Santa Maria Mãe <strong>de</strong> Deus.<br />
Vila Buriti é o centro <strong>de</strong> um mundo: a cultura popular urbana do<br />
<strong>Recife</strong>. Do Circo da Juventu<strong>de</strong> aos afoxés. Zumbi dos Palmares.<br />
Maracatu Linda Flor. O gran<strong>de</strong> templo do padre Reginaldo Veloso.<br />
Do Movimento <strong>de</strong> Trabalhadores Cristãos. A vila operária<br />
sobreviveu à fabrica, e tem sua própria indústria: <strong>de</strong> música,<br />
poesia e sonho. Ali a vez não é da utopia, mas da realida<strong>de</strong> (ou<br />
realização?), como o pão <strong>de</strong> cada dia. Tudo tão firme: como<br />
falar <strong>de</strong> precário? Tudo tão centrado: como dizer <strong>de</strong> periferia?<br />
Rua <strong>de</strong> povo casa cheia <strong>de</strong> alegria. Da Macaxeira para o mundo.<br />
Tudo é ressonância e tambor.<br />
Página anterior: uma das entradas à Vila Buriti vindo pela Av. Norte<br />
Foto acima: vegetação preservada na entrada da Vila Buriti<br />
4<br />
87
<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />
Ruas da Vila Buriti - Macaxeira<br />
O bairro da Macaxeira guarda uma importante parte da memória<br />
recifense, com relação à Ditadura Militar. O local está diretamente<br />
ligado ao período do Golpe <strong>de</strong> 64, pois foi para lá que foram levados<br />
professores, artistas e políticos capturados durante o regime,<br />
para serem torturados, com o objetivo <strong>de</strong> enfraquecer o movimento<br />
intelectual, que era contra o autoritarismo. Muitas <strong>de</strong>ssas pessoas<br />
dão nome às ruas da localida<strong>de</strong> conhecida como Vila Buriti, uma<br />
homenagem tardia mas necessária para a conservação da memória<br />
recente no Estado.<br />
O nome Macaxeira <strong>de</strong>riva da antiga Fábrica <strong>de</strong> Tecidos <strong>de</strong> Apipucos,<br />
conhecida também como a Fábrica da Macaxeira, comprada<br />
em 1924 pelo notável Othon Lynch Bezerra <strong>de</strong> Mello.<br />
Rua Almir Custódio <strong>de</strong> Lima<br />
Almir Custódio <strong>de</strong> Lima nasceu em 24 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1950, no <strong>Recife</strong>.<br />
Filho <strong>de</strong> João Custódio <strong>de</strong> Lima e Maria <strong>de</strong> Lour<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Lima, Almir foi<br />
estudante secundarista da Escola Técnica Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Pernambuco<br />
e trabalhou como operário metalúrgico no Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />
Militante do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), foi<br />
preso em circunstâncias até hoje <strong>de</strong>sconhecidas, junto com outras<br />
pessoas, e levado para a Praça da Sentinela, em Jacarepaguá, Rio<br />
<strong>de</strong> Janeiro, on<strong>de</strong> foi carbonizado com mais 3 companheiros pela<br />
polícia política no dia 27 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1973.<br />
Rua Amaro Luiz <strong>de</strong> Carvalho<br />
Nascido em 4 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1931, Amaro Luiz <strong>de</strong> Carvalho iniciou sua<br />
militância política no Partido Comunista Brasileiro (PCB), aos 15 anos<br />
<strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Apelidado <strong>de</strong> Capivara, trabalhou como operário da<br />
indústria têxtil, período no qual li<strong>de</strong>rou greves na zona canavieira,<br />
ajudando a criar ligas camponesas e sindicatos. Desligou-se do PCB<br />
em 1961, quando se aliou ao PCdoB, logo <strong>de</strong> <strong>de</strong>svinculando <strong>de</strong>ste<br />
também por motivos i<strong>de</strong>ológicos. Em 1966, funda o Partido Comunista<br />
Revolucionário (PCR), junto com Manuel Lisboa, tendo forte participação<br />
política nas cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Jaboatão, São Lourenço da Mata,<br />
Moreno, Vitória e Sirinhaém.<br />
Permaneceu preso na Casa <strong>de</strong> Detenção do <strong>Recife</strong>, local on<strong>de</strong> hoje<br />
funciona a Casa da Cultura, on<strong>de</strong> morreu envenenado às vésperas<br />
<strong>de</strong> ser libertado, em 22 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1971.<br />
Rua Anatália Souza Alves <strong>de</strong> Melo<br />
Anatália Souza Alves <strong>de</strong> Melo nasceu em 9 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1945, em<br />
Mombassa, hoje município Frutuoso Gomes, Rio Gran<strong>de</strong> do Norte.<br />
Seus pais eram Nicácio Loia <strong>de</strong> Melo e Maria Pereira <strong>de</strong> Melo. Mudou-se<br />
para Mossoró para concluir o curso científico no Colégio Estadual<br />
<strong>de</strong> Mossoró, tendo trabalhado na Cooperativa <strong>de</strong> Consumo<br />
Popular <strong>de</strong>sta cida<strong>de</strong> até 1968. Em 1969, casa-se com Luiz Alves Neto<br />
e muda-se para o <strong>Recife</strong>, on<strong>de</strong> passa a militar no PCBR.<br />
Atuou na Zona da Mata (PE), local on<strong>de</strong> haviam se formado as Ligas<br />
Camponesas. Viveu também em Campina Gran<strong>de</strong> (PB), Palmeira<br />
dos Índios (AL) e Gravatá (PE), local <strong>de</strong> sua prisão e do marido, em<br />
17 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1972. Em 22 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1973, foi encontrada<br />
morta nas <strong>de</strong>pendências do DOPS/PE. A causa anunciada foi suicídio<br />
por enforcamento, tendo ainda ela supostamente ateado fogo<br />
às suas partes genitais.<br />
88
Rota Ditadura 64<br />
Rua Carlos Marighela<br />
Estudante <strong>de</strong> Engenharia da Escola Politécnica da Bahia, Carlos<br />
Marighela foi preso e torturado <strong>de</strong>vido a sua luta contra a Ditadura<br />
Vargas. Eleito <strong>de</strong>putado em 1945, época da re<strong>de</strong>mocratização no<br />
Brasil, elegeu-se <strong>de</strong>putado constituinte em 1946 pelo PCB, quando já<br />
fazia parte do Comitê Central do Partido.<br />
Logo tem seus direitos cassados, em 1948, ficando a partir <strong>de</strong> então<br />
na clan<strong>de</strong>stinida<strong>de</strong>. Rompe com o PCB em 1966 e funda a Ação<br />
Libertadora Nacional (ALN), dando início à luta armada contra o<br />
regime militar. Em 4 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1969, às 20 horas, quando se<br />
dirigia ao encontro <strong>de</strong> Fra<strong>de</strong>s Dominicanos, em São Paulo, é surpreendido<br />
por mais <strong>de</strong> 30 agentes da polícia política, entre soldados e<br />
<strong>de</strong>legados. Estes fuzilaram seu veículo, tentando após forjar circunstâncias<br />
do crime.<br />
Rua Eduardo Collier Filho<br />
Nascido a 5 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1948, no <strong>Recife</strong>, Eduardo Collier Filho<br />
estudou na Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral da Bahia (UFBA) e militou na Ação<br />
Popular Marxista-Leninista (APML). É um dos milhares que constam<br />
como <strong>de</strong>saparecidos ou mortos políticos, tendo sido visto a última<br />
vez em 22 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1974.<br />
Rua Manoel Lisbôa <strong>de</strong> Moura<br />
Manoel Lisbôa <strong>de</strong> Moura foi membro da União Estadual <strong>de</strong> Estudantes<br />
Secundaristas <strong>de</strong> Alagoas (Uesa), tendo participado do<br />
Movimento <strong>de</strong> Cultura Popular nesse estado, encenando peças <strong>de</strong><br />
teatro em praças públicas. Ingressou no curso <strong>de</strong> Medicina da Universida<strong>de</strong><br />
Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Alagoas e participou da fundação do Partido<br />
Comunista Revolucionário (PCR), tendo sido preso várias vezes.<br />
Sua última prisão ocorreu na Praça Ian Fleming, no <strong>Recife</strong>, 16 <strong>de</strong><br />
agosto <strong>de</strong> 1973. Levado ao DOI-Codi do IV Exército, foi posteriormente<br />
enviado ao Dops <strong>de</strong> São Paulo, on<strong>de</strong> foi assassinado.<br />
Rua Ranúsia Alves Rodrigues<br />
Natural <strong>de</strong> Garanhuns (PE), Ranúsia Alves Rodrigues nasceu em 18<br />
<strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1945. Estudante <strong>de</strong> Enfermagem da UFPE, militou no Partido<br />
Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), tendo sido expulsa<br />
da universida<strong>de</strong> por ter participado do XXX Congresso da UNE em<br />
Ibiúna (SP), em outubro <strong>de</strong> 1968. Foi presa em 27 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1973,<br />
no Rio <strong>de</strong> Janeiro. Torturada e morta, foi enterrada como indigente,<br />
apesar <strong>de</strong> sua morte ter sido reconhecida pelo I Exército. Uma placa<br />
com seu nome po<strong>de</strong> ser vista no Monumento Tortura Nunca Mais.<br />
Rua Odijas Carvalho <strong>de</strong> Souza<br />
Odijas Carvalho <strong>de</strong> Souza nasceu em Atalaia, estado das Alagoas,<br />
em 08 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1971. Estudante <strong>de</strong> Agronomia da Universida<strong>de</strong><br />
Fe<strong>de</strong>ral Rural <strong>de</strong> Pernambuco (UFRPE), foi lí<strong>de</strong>r estudantil e<br />
militante do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), o<br />
que lhe custou a prisão em Maria Farinha, em 30 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1971.<br />
Torturado por quase 24 horas seguidas, <strong>de</strong>u entrada no dia 06 <strong>de</strong><br />
fevereiro <strong>de</strong> 1971 no Hospital da Polícia Militar <strong>de</strong> Pernambuco, on<strong>de</strong><br />
morreu dois dias <strong>de</strong>pois. Odijas apresentava fraturas <strong>de</strong> ossos, ruptura<br />
<strong>de</strong> rins, baço e fígado, retenção urinária e embolia pulmonar.<br />
Rua Luiz José da Cunha<br />
Luiz José da Cunha nasceu no <strong>Recife</strong> a 02 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1943.<br />
Também conhecido como Crioulo, entrou para a militância no PCB<br />
quando ainda estudava no Colégio Estadual Beberibe. Por sua atuação<br />
no partido, ingressou na escola <strong>de</strong> Konsomol - Juventu<strong>de</strong> Comunista<br />
da URSS, on<strong>de</strong> estudou Filosofia, Economia Política, Ciência<br />
Social e História do Movimento Operário.<br />
89
<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />
Retornou ao Brasil após o golpe <strong>de</strong> 1964, ficando residência no Rio<br />
<strong>de</strong> Janeiro (era procurado no <strong>Recife</strong>). Depois <strong>de</strong> orientar o Comitê<br />
Secundarista da Guanabara do PCB, <strong>de</strong>sliga-se do partido em 1967,<br />
<strong>de</strong>vido a divergências políticas. Junta-se a Carlos Marighela para<br />
formar a ALN, organização da qual se torna comandante.<br />
Após sofrer uma emboscada em São Paulo, é preso e torturado, vindo<br />
a falecer no dia 13 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1973. Foi enterrado como indigente,<br />
em um cemitério clan<strong>de</strong>stino.<br />
Só <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> trinta anos, em 2006, sua viúva, Amparo Araújo, recebeu<br />
os restos mortais i<strong>de</strong>ntificados pelo IML/SP.<br />
Rua Stuart Edgar Angel Jones<br />
Stuart Edgar Angel Jones, conhecido como Tuti, nasceu a 11 <strong>de</strong> janeiro<br />
<strong>de</strong> 1946, em Salvador, estado da Bahia. Foi estudante <strong>de</strong> Economia<br />
da UFRJ e participou ativamente do Movimento Estudantil.<br />
Atuou pelo PCB e <strong>de</strong>pois pelo Movimento Revolucionário 8 <strong>de</strong> Outubro<br />
(MR-8), do qual foi um dos formadores e dirigente.<br />
Stuart <strong>de</strong>sapareceu em 14 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1971, data em que foi preso<br />
em Vila Isabel-RJ. Denúncias relatam que ele teria sido arrastado por<br />
um carro e obrigado a inalar os gases do escape do veículo, <strong>de</strong>ntro<br />
do Centro <strong>de</strong> Informações <strong>de</strong> Segurança da Aeronáutica (Cisa).<br />
Por ele possuir cidadania americana, o caso ganhou repercussão<br />
internacional. Os Estados Unidos pediram explicações ao Estado<br />
brasileiro sobre seu <strong>de</strong>saparecimento, pedido que não foi atendido,<br />
limitando-se o Brasil a <strong>de</strong>stituir do cargo o então Ministro da Aeronáutica,<br />
Briga<strong>de</strong>iro João Paulo Penido Burnier, reformando-o.<br />
Sua mãe, a célebre estilista Zuzu Angel, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a data <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>saparecimento,<br />
procurou pelo filho. Sua busca foi interrompida em 14<br />
<strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1976, quando foi assassinada pela repressão.<br />
Rua Pauline Reichstul<br />
Nascida em 18 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 1947, em Praga, antiga Checoslováquia,<br />
Pauline Reichstul viveu na França e no Brasil até 18 anos, quando<br />
partiu para Israel, Dinamarca e, por fim, França, on<strong>de</strong> terminou seu<br />
curso <strong>de</strong> Psicologia, em 1970. Conheceu vários exilados do Brasil na<br />
Europa, tendo trabalhado com vários órgãos <strong>de</strong>nunciando as violações<br />
dos direitos humanos no Brasil.<br />
Nesse tempo, <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> voltar e se engajar na luta armada e, em 1972,<br />
se junta a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Em 8 <strong>de</strong> janeiro<br />
<strong>de</strong> 1973, é <strong>de</strong>tida no bairro <strong>de</strong> Boa Viagem, no <strong>Recife</strong>, junto com<br />
Soledad Barret Viedma, e levada para a Chácara São Bento, on<strong>de</strong><br />
morre <strong>de</strong>pois ser torturada.<br />
Em sua homenagem, seu irmão Henri Philip Reichstul criou o Instituto<br />
Pauline Reichstul <strong>de</strong> Educação Tecnológica, Direitos Humanos e Defesa<br />
do Meio Ambiente, em Belo Horizonte (MG).<br />
Rua Manuel Aleixo da Silva<br />
Conhecido como Ventania, Manuel Aleixo da Silva nasceu em São<br />
Lourenço da Mata (PE), a 3 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1973. Foi um dos organizadores<br />
das Ligas Camponesas, tendo atuado em São Lourenço<br />
da Mata, Ribeirão, Cabo e toda região da Zona da Mata Sul. Foi um<br />
dos principais responsáveis pelo trabalho rural do Partido Comunista<br />
Revolucionário (PCR).<br />
Seu assassinato se <strong>de</strong>u em 29 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1973, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter sido<br />
sequestrado em sua própria casa e torturado. À época, no entanto,<br />
os documentos oficiais registraram que sua morte havia se passado<br />
em um tiroteio, o que <strong>de</strong>pois se mostrou falso.<br />
90
Rota Ditadura 64<br />
Rua Míriam Lopes Verbena<br />
Míriam Lopes Verbena nasceu em Irituia-Guamá, estado do Pará,<br />
em 10 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1946, tendo chegado ao <strong>Recife</strong> em 1952.<br />
Diplomou-se professora primária, após ter estudado em escolas do<br />
município. Militou pelo Partido Comunista Brasileiro Revolucionário<br />
(PCBR). Sua morte ocorreu em 08 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1972, em um suposto<br />
<strong>de</strong>sastre <strong>de</strong> carro, no qual também morreu Luís Alberto Andra<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Sá e Benevi<strong>de</strong>s, seu marido.<br />
Rua Jarbas Pereira Marques<br />
Nascido no <strong>Recife</strong> em 27 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1948, Jarbas Pereira Marques<br />
estudou no Colégio Porto Carreiro, no <strong>Recife</strong>, época em que ingressou<br />
no Movimento Estudantil Secundarista. Regressando ao <strong>Recife</strong><br />
no fim <strong>de</strong> 1971, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> uma rápida passagem por São Paulo, trabalhou<br />
na Livraria Mo<strong>de</strong>rna, <strong>de</strong> on<strong>de</strong>, em 6 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1973, saiu<br />
com “estranhos”, <strong>de</strong> pois <strong>de</strong> receber um telefonema.<br />
Jarbas foi Militante da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Sua<br />
morte teria ocorrido na Chácara São Bento, em suposto tiroteio. A<br />
notícia <strong>de</strong> sua morte chegou a sua mãe no dia 11 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1973.<br />
Rua Evaldo Luiz Ferreira <strong>de</strong> Souza<br />
Evaldo Luiz Ferreira <strong>de</strong> Souza é natural <strong>de</strong> Pelotas (RS), tendo nascido<br />
em 5 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1942. Formou-se ajustador-mecânico pelo Senai<br />
e ainda jovem ingressou na Escola <strong>de</strong> Aprendizes <strong>de</strong> Marinheiros<br />
<strong>de</strong> Santa Catarina. Dirigiu-se para o Rio <strong>de</strong> Janeiro, on<strong>de</strong> se formou<br />
marinheiro, e conheceu Cabo Anselmo, que mais tar<strong>de</strong> se tornaria<br />
agente policial infiltrado e <strong>de</strong>lataria os seis mortos no massacre da<br />
Chácara São Bento.<br />
Evaldo tornou-se membro da Associação <strong>de</strong> Marinheiros e Fuzileiros<br />
Navais e, após o golpe <strong>de</strong> 1964, foi expulso da Marinha, tendo ficado<br />
nove meses preso. Quando saiu, engajou-se Movimento Nacionalista<br />
Revolucionário (MNR), retomando assim sua militância política.<br />
Em 1966, ficou mais cinco anos preso, exilando-se logo após por oito<br />
anos no exterior (cinco <strong>de</strong>les em Cuba). Retornando em 1973, entrou<br />
para a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Delatado por<br />
Cabo Anselmo, Evaldo foi assassinado sob tortura na Chácara São<br />
Bento, a 8 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1973.<br />
Rua Ivan Rocha Aguiar<br />
Ivan Rocha Aguiar nasceu em Triunfo (PE), em 24 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong><br />
1941. Estudante secundarista, atuou como Secretário do Grêmio Estudantil<br />
Joaquim Nabuco e vice-presi<strong>de</strong>nte da União dos Estudantes<br />
<strong>de</strong> Palmares. Sua morte em 1º <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1964, dia do golpe militar,<br />
quando, em uma manifestação estudantil na Av. Dantas Barreto<br />
(no Centro do <strong>Recife</strong>/PE), ele foi alvejado por tiros dos soldados do IV<br />
Exército. Além <strong>de</strong> Ivan, também morreu na ocasião o estudante secundarista<br />
Jonas José Albuquerque Barros, <strong>de</strong> apenas 17 anos, com<br />
um tiro na mandíbula.<br />
Rua Luiz Carlos Almeida<br />
Com data e local <strong>de</strong> nascimento ignorados, Luiz Carlos Almeida graduou-se<br />
em Física pela Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo (USP), lecionando<br />
Física Experimental nesse mesmo lugar. Militante do Partido Operário<br />
Comunista (POC), teve mandado <strong>de</strong> prisão preventiva expedido,<br />
o que o levou a exilar-se no Chile, on<strong>de</strong> ensinou Física. Sua prisão<br />
ocorreu em 14 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1973, em sua casa, três dias após o<br />
golpe militar no Chile.<br />
Luiz Carlos Almeida foi torturado e <strong>de</strong>pois levado até as margens do<br />
rio Mapocho, on<strong>de</strong> foi fuzilado. Com ele, estavam também um uruguaio<br />
e um jovem brasileiro, <strong>de</strong> nome parecido: Luiz Carlos Almeida<br />
Vieira, que sobreviveu e <strong>de</strong>nunciou o fato.<br />
91
<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />
Rua Hiram <strong>de</strong> Lima Pereira<br />
Hiram <strong>de</strong> Lima Pereira nasceu em Caicó (RN), em 3 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong><br />
1913. Sua militância política teve início ainda cedo, em 1930. Foi<br />
preso e ficou <strong>de</strong>tido por um ano, época em que prestava serviço<br />
ao exército na polícia do exército. Eleito Deputado Fe<strong>de</strong>ral pelo Rio<br />
Gran<strong>de</strong> do Norte em 1946, com uma das maiores votações <strong>de</strong> sua<br />
legenda, o PCB, foi cassado pouco tempo <strong>de</strong>pois.<br />
Transferiu-se para o <strong>Recife</strong> em 1949 e atuou na campanha <strong>de</strong> Miguel<br />
Arraes para prefeito, sendo convidado para exercer o cargo <strong>de</strong><br />
Secretário <strong>de</strong> Administração após a vitória <strong>de</strong> Arraes. Dirigente do<br />
Partido Comunista Brasileiro (PCB) e redator do órgão <strong>de</strong> imprensa<br />
<strong>de</strong>ste partido, o jornal Folha do Povo, Hiram foi para o Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
e <strong>de</strong>pois para São Paulo logo após o golpe militar <strong>de</strong> 1964, passando<br />
a viver na clan<strong>de</strong>stinida<strong>de</strong>. O dia oficial <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>saparecimento<br />
é o mesmo dia em que sua esposa foi sequestrada pelo exército,<br />
15 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1975. A data provável <strong>de</strong> sua morte é 28 <strong>de</strong> janeiro<br />
<strong>de</strong> 1975.<br />
Rua Gregório Bezerra<br />
Nascido na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Panelas, no estado <strong>de</strong> Pernambuco, Gregório<br />
Lourenço Bezerra começou cedo, com quatro anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>,<br />
a trabalhar na lavoura <strong>de</strong> cana. Mudando-se para o <strong>Recife</strong>, após<br />
sofrer a perda dos pais, trabalhou como jornaleiro e, apesar <strong>de</strong> não<br />
saber ler os jornais que vendia, manifestou gran<strong>de</strong> interesse pela realida<strong>de</strong><br />
política brasileira.<br />
Iniciou sua atuação política numa greve ocorrida em 1917, quando<br />
lutou pela jornada <strong>de</strong> oito horas <strong>de</strong> trabalho e em favor da Revolução<br />
Bolchevique. Foi preso, acusado <strong>de</strong> perturbar a or<strong>de</strong>m pública,<br />
e cumpriu 5 anos <strong>de</strong> prisão.<br />
Atuou como lí<strong>de</strong>r do PCB em Pernambuco, sendo eleito como o Deputado<br />
Fe<strong>de</strong>ral mais votado para a Constituinte, em 1945. Defen<strong>de</strong>u<br />
o direito a greve e à autonomia sindical e o voto dos analfabetos<br />
e dos militares, além <strong>de</strong> <strong>de</strong>nunciar a exploração do trabalho, principalmente<br />
infantil. Também <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u a Reforma Agrária Radical.<br />
Com o Golpe Militar <strong>de</strong> 64, Gregório Bezerra foi perseguido e torturado,<br />
acusado <strong>de</strong> subversão. Foi um dos treze presos trocados pelo<br />
Embaixador Americano, sequestrado em 1969. Foi enviado ao México,<br />
a Cuba e à antiga União Soviética, retornando ao Brasil em 1979,<br />
com a anistia.<br />
Gregório Bezerra morreu em 21 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1983, em São Paulo.<br />
Foi tranladado, e enterrado no Cemitério <strong>de</strong> Santo Amaro.<br />
92
Rota Ditadura 64<br />
Rua José Inocêncio Pereira<br />
José Inocêncio Barreto, verda<strong>de</strong>iro nome <strong>de</strong> José Inocêncio Pereira,<br />
nasceu em Escada (PE), em 16 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1940. Lí<strong>de</strong>r Camponês<br />
e Sindical Rural, José Inocêncio participou da greve em exigência<br />
ao pagamento das férias e 13° salário aos trabalhadores da Usina<br />
Engenho Matapiruna <strong>de</strong> Baixo, ocasião em que houve confronto<br />
entre grevistas e a polícia.<br />
José Inocêncio Barreto foi assassinado a tiros por agentes da Delegacia<br />
<strong>de</strong> Or<strong>de</strong>m Política e Social (Dops) – PE, <strong>de</strong>vido, <strong>de</strong>vido a uma<br />
greve feita<br />
Rua Sônia Maria Lopes <strong>de</strong> Morais<br />
Sônia Maria Lopes <strong>de</strong> Morais nasceu em 09 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1946. Filha<br />
<strong>de</strong> militar, estudou na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Economia e Administração<br />
da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong> Janeiro, mas não chegou a concluir<br />
o curso, pois sua militância política no Movimento Revolucionário<br />
8 <strong>de</strong> Outubro (MR-8) lhe custou o <strong>de</strong>sligamento da instituição.<br />
Sônia exilou-se na França, on<strong>de</strong> lecionava português e estudava na<br />
Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Vincenes, voltando ao Brasil por causa do <strong>de</strong>saparecimento<br />
do marido. Reassumindo a luta contra a ditadura, Sônia<br />
ingressa na Aliança Libertadora Nacional em maio <strong>de</strong> 1973, sendo<br />
presa em novembro do mesmo ano. Torturada cruelmente em uma<br />
casa clan<strong>de</strong>stina por 5 a 10 dias, morre alvejada por tiros neste mesmo<br />
mês. Após uma cansativa batalha judicial, sua família conseguiu<br />
enterrar a filha em 12 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1991.<br />
Rua Iuri Xavier Pereira<br />
Nascido em 02 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1948, na cida<strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro (RJ), foi<br />
militante da Ação Libertadora Nacional (ALN) e do Partido Comunista<br />
Brasileiro (PCB).<br />
Rua João Men<strong>de</strong>s Araújo<br />
Nascido em 28 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1943, na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Bom Jardim (PE), foi<br />
agricultor e militante da Ação Libertadora Nacional (ALN).<br />
Rua Joaquim Câmara Ferreira<br />
Nascido em 5 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1913, na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo (SP),<br />
foi militante da Ação Libertadora Nacional (ALN), da Corrente Revolucionária<br />
<strong>de</strong> Minas Gerais e do Partido Comunista Brasileiro (PCB).<br />
93
<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />
4<br />
Colônia Penal do Bom Pastor<br />
Colônia Penal do Bom Pastor é o nome do presídio <strong>de</strong> mulheres<br />
no <strong>Recife</strong>. A razão do nome: era inicialmente dirigida por padres<br />
e freiras da Congregação Nossa Srª da Carida<strong>de</strong> do Bom Pastor,<br />
ainda na época do Estado Novo, em 1943, quando foi lançada a<br />
pedra fundamental. Começou com o sentido mais <strong>de</strong> preparar,<br />
educar ou reeducar, não <strong>de</strong> punir. O nome oficial é atualmente<br />
Colônia Penal Feminina do <strong>Recife</strong>. Misto <strong>de</strong> presídio e penitenciária,<br />
a Colônia está localizada no bairro da Engenho do Meio<br />
[outras fontes informam Iputinga]. Quase a totalida<strong>de</strong> das que<br />
ali estão presas são pobres. Escolarida<strong>de</strong>: no máximo o nível médio<br />
(somente 10%). As <strong>de</strong>mais ou são analfabetas ou não foram<br />
além do ensino fundamental. Profissões: domésticas, cozinheiras,<br />
estudantes, ven<strong>de</strong>doras ambulantes, camareiras, doceiras,<br />
manicures, professoras, comerciantes, faxineiras. Mas também<br />
para lá foram levadas mulheres que militaram na política. Adalgisa<br />
Cavalcanti, comunista e primeira <strong>de</strong>putada estadual <strong>de</strong><br />
Pernambuco, foi uma <strong>de</strong>las, em 1936. Durante o regime militar<br />
, várias militantes políticas foram mandadas para lá. Nomes e<br />
codinomes que lutavam pelo PCB, VAR Palmares, PCBR, PCR,<br />
Aliança Libertadora Nacional.<br />
94<br />
Próxima página: Igreja do Bom Pastor
Rota Ditadura 64<br />
95
<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />
Cais do Apolo alongsi<strong>de</strong> the Capibaribe river. A Mo<strong>de</strong>rn building<br />
by Acácio Borsói now houses the Porto Digital enterprise.<br />
96
Rota Ditadura 64<br />
Monumento contra a tortura<br />
A praça se chama Padre Henrique, aquele que foi torturado e<br />
morto no auge do regime militar. Ali está o monumento Tortura<br />
Nunca Mais, obra do escultor Demétrio Albuquerque, que venceu<br />
um concurso promovido pela prefeitura do <strong>Recife</strong>. Des<strong>de</strong><br />
1993, quem percorrer aquele trecho da Rua da Aurora vai se<br />
<strong>de</strong>parar não com uma simples homenagem, comum aos monumentos,<br />
mas com uma <strong>de</strong>núncia em forma <strong>de</strong> escultura. Denúncia<br />
<strong>de</strong> violação do artigo 5 da Declaração Universal dos Direitos<br />
do Homem, adotado em 1948, e sistematicamente <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rado<br />
durante todo o período que os militares governaram o Brasil a<br />
partir <strong>de</strong> 1964. O monumento traz a representação <strong>de</strong> um homem<br />
nu em posição chamada pau <strong>de</strong> arara, um dos mais frequentes<br />
tipos <strong>de</strong> tortura empregados no Brasil.<br />
4<br />
97
<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />
98
Paulo Freire<br />
Rota Ditadura 64<br />
Estrada do Encanamento, 21, Casa Amarela, no ano <strong>de</strong> 1921.<br />
Na casa (emprestada <strong>de</strong> um tio), localizada num dos bairros on<strong>de</strong><br />
vivem os mais pobres do <strong>Recife</strong>, nasceu um novo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> pedagogia,<br />
com nome e sobrenome: Paulo Freire. Como sempre<br />
gostou <strong>de</strong> lembrar, o chão do quintal on<strong>de</strong> viveu a infância foi seu<br />
primeiro quadro e gravetos o primeiro giz. Dessa pobreza real veio<br />
a consciência social e o sentido da importância do contexto na<br />
aprendizagem, pois, como ele mesmo disse, sua compreensão<br />
da fome não era “dicionária” .Da experiência no magistério, no<br />
ensino profissionalizante e o conhecimento <strong>de</strong> filosofia foram <strong>de</strong>senvolvendo<br />
e moldando um método original <strong>de</strong> alfabetização<br />
que o mundo ganhou. No começo da década <strong>de</strong> 1960 extrapolou<br />
toda a vivência acadêmica promovendo a educação popular,<br />
por meio do Movimento <strong>de</strong> Cultura Popular (MCP), interrompido<br />
pelo golpe militar. Ficou setenta dias <strong>de</strong>tidos em celas diferentes<br />
no <strong>Recife</strong> e em Olinda. No exílio escreveu alguns dos seus livros<br />
mais conhecidos, como Pedagogia do oprimido e Educação<br />
como prática <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>.<br />
Foto no alto: Estrada do Encanamento n. 742, on<strong>de</strong> morou Paulo Freire<br />
Foto abaixo: trabalhadores sendo alfabetizados pelo método Paulo Freire em 1963<br />
Página anterior, acervo MTNM-PE<br />
4<br />
99
<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />
4<br />
Largo da Igreja <strong>de</strong> Nossa Senhora da Saú<strong>de</strong>, Poço da Panela, on<strong>de</strong><br />
o método pedagógico <strong>de</strong> Paulo Freire foi aplicado pela primeira<br />
vez. A casa <strong>de</strong> Dona Olegarina (atrás das estátuas), esposa <strong>de</strong><br />
José Mariano, o abolicionista, foi o primeiro local on<strong>de</strong> Paulo Freire<br />
testou as suas i<strong>de</strong>ias. Uma placa no local marca essa memória.<br />
100
Índice Geral do Mapa<br />
Ruas<br />
A<br />
Afrânio Peixoto, R. Dr<br />
Águas Ver<strong>de</strong>s, R. das<br />
Alegria, R. da<br />
Alfân<strong>de</strong>ga, R. da<br />
Alfredo Lisboa, Av.<br />
Álvares <strong>de</strong> Cabral, R.<br />
Apolo, R. do<br />
Aragão, R. do<br />
Araripina, R.<br />
Arthur Lima Cavalcante, Av.<br />
Assembleia, R. da<br />
Aurora, R. da<br />
B<br />
Barão <strong>de</strong> Vitória, R.<br />
Barbosa Lima, Av.<br />
Bernardo Vieira <strong>de</strong> Melo, R.<br />
Bione, R.<br />
Bom Jesus, R. do<br />
Bom Jesus, Tv. do<br />
Brum, R. do<br />
Bulhões Marques, R.<br />
C<br />
Cais da Alfân<strong>de</strong>ga<br />
Cais da Detenção, Tv.<br />
Cais <strong>de</strong> Santa Rita, R.<br />
Cais do Apolo<br />
Calçadas, R. das<br />
Capitão Lima, R.<br />
Carioca, R.<br />
Carlos Salazar, R.<br />
Coelho Leite, R.<br />
Conceição, R. da<br />
Concórdia, R. da<br />
Con<strong>de</strong> da Boa Vista, Av.<br />
Coração <strong>de</strong> Maria, R.<br />
Cruz Cabugá, Av.<br />
D<br />
Dantas Barreto, Av.<br />
Dique, R. do<br />
Direita, R.<br />
do Muniz, R.<br />
Dois <strong>de</strong> Julho, R.<br />
Duque <strong>de</strong> Caxias, R.<br />
E<br />
Edgar Werneck, R.<br />
Estreita do Rosário, R.<br />
F<br />
Flores, R. das<br />
H8<br />
E2<br />
B4<br />
G3<br />
G3<br />
G4<br />
G4<br />
C4<br />
E7<br />
F8<br />
G3<br />
D4<br />
D2<br />
G4<br />
H6<br />
G5<br />
G4<br />
G4<br />
G5<br />
C3<br />
G3<br />
D2<br />
F2<br />
G5<br />
E2<br />
E7<br />
F2<br />
G8<br />
D7<br />
C4<br />
D3<br />
C5<br />
E1<br />
D7<br />
D2<br />
D1<br />
E2<br />
C1<br />
F7<br />
E3<br />
G5<br />
E3<br />
E3<br />
Floriano Peixoto. R.<br />
Floriano, R. Pe.<br />
Forte, R. do<br />
Forte, Tv. do<br />
Forte, Tv. do<br />
Frei Caneca, R.<br />
Frei Henrique, R.<br />
Fundição, R. da<br />
G<br />
Gervásio Pires, Av.<br />
Giriquiti, R. do<br />
Glória, R. da<br />
Guararapes, Av.<br />
Gusmão, Tv. do<br />
H<br />
Hospício, R. do<br />
I<br />
Imp. Dom Pedro II, R. do<br />
Imperatriz Tereza Cristina, R.<br />
J<br />
João Lira, R.<br />
João Menezes, R. Dr.<br />
José Mariano, R. Dr.<br />
L<br />
Lambari, R.<br />
Leão Coroado, R.<br />
Livramento, R. do<br />
M<br />
Madre <strong>de</strong> Deus, R.<br />
Mame<strong>de</strong> Simões, R.<br />
Manoel Borba, Av.<br />
Mário Melo, Av.<br />
Mariz e Barros, R.<br />
Marquês <strong>de</strong> Olinda, Av.<br />
Marquês <strong>de</strong> Pombal, R.<br />
Marquês <strong>de</strong> <strong>Recife</strong>, R.<br />
Marroquim, Bc. do<br />
Martins <strong>de</strong> Barros. Av.<br />
Matias <strong>de</strong> Albuquerque, R.<br />
Matriz, R. da<br />
Militar, Av.<br />
Moeda, R. da<br />
Moinho, R. do<br />
Mq. <strong>de</strong> Herval, R.<br />
Muniz, R. Pe.<br />
N<br />
N. Sra do Carmo, Av.<br />
Nogueira, R. do<br />
Norte, Av.<br />
D2<br />
E2<br />
D1<br />
E1<br />
E2<br />
E3<br />
D1<br />
E6<br />
C6<br />
B5<br />
B3<br />
E3<br />
C1<br />
C4<br />
F4<br />
D4<br />
D6<br />
E7<br />
D4<br />
C1<br />
B3<br />
E2<br />
G3<br />
E5<br />
B4<br />
E6<br />
G3<br />
G3<br />
C8<br />
E3<br />
E2<br />
F4<br />
E3<br />
C4<br />
H6<br />
G3<br />
F5<br />
D3<br />
E2<br />
E3<br />
E1<br />
F8<br />
101
Índice Geral do Mapa<br />
Ruas<br />
O<br />
Observatório, R. do<br />
Oci<strong>de</strong>nte, R. do<br />
P<br />
Palma, R. da<br />
Palmares, R. do<br />
Passo da Pátria, R.<br />
Peixoto, R. do<br />
Pilar, R. do<br />
Ponte 12 <strong>de</strong> Setembro<br />
Ponte Buarque <strong>de</strong> Macedo<br />
Ponte da Boa Vista<br />
Ponte do Limoeiro<br />
Ponte Duarte Coelho<br />
Ponte Maurício <strong>de</strong> Nassau<br />
Ponte Velha<br />
Porão, R. do<br />
Parque 13 <strong>de</strong> Maio<br />
Parque das Esculturas<br />
Praça da Comunida<strong>de</strong><br />
Luso-Brasileira<br />
Praça da República<br />
Praça Dezessete<br />
Pça. do Arsenal da Marinha<br />
Praça do Brum<br />
Praça Dom Vital<br />
Praça Joaquim Nabuco<br />
Praça Maciel Pinheiro<br />
Pça. Manoel da Costa Leal<br />
Praça Sérgio Loreto<br />
Praça Tira<strong>de</strong>ntes<br />
Praça Visc. <strong>de</strong> Mauá<br />
Praia, R. da<br />
1º <strong>de</strong> Março, R.<br />
Princesa Isabel, R.<br />
Príncipe, R. do<br />
Projetada, R.<br />
R<br />
Rangel, R. do<br />
Riachuelo, R. do<br />
Rio Branco, Av.<br />
Rio Capibaribe, Av.<br />
Roda, R. da<br />
Rosário da Boa Vista, R.<br />
102<br />
G4<br />
G5<br />
D2<br />
B8<br />
D2<br />
C1<br />
G6<br />
F2<br />
F4<br />
D3<br />
G7<br />
D4<br />
F3<br />
C3<br />
E2<br />
D5<br />
H3<br />
G6<br />
E4<br />
F3<br />
G4<br />
G7<br />
E2<br />
D3<br />
C4<br />
F3<br />
C1<br />
G5<br />
D2<br />
F2<br />
F3<br />
D5<br />
B6<br />
F8<br />
E2<br />
D4<br />
G4<br />
D3<br />
E4<br />
B4<br />
S<br />
Santa Cruz, R. da<br />
Santa Rita, R.<br />
São Geraldo, R.<br />
São João, R.<br />
São Jorge, R. <strong>de</strong><br />
São José do Ribamar, R.<br />
São Pedro, R.<br />
Saturnino <strong>de</strong> Brito, Av.<br />
Sauda<strong>de</strong>, R. da<br />
Sauda<strong>de</strong>, Av. da<br />
Sete <strong>de</strong> Setembro, R.<br />
Silvia Ferreira, R. Dra.<br />
Siqueira Campos, R.<br />
Sol, R. do<br />
Sossego, R. do<br />
Sul, Av.<br />
T<br />
Tira<strong>de</strong>ntes, Tv.<br />
Tobias Barreto, R.<br />
Tomazina, R. da<br />
Treze <strong>de</strong> Maio, R.<br />
U<br />
Ulhoa Cintra, R.<br />
União, R. da<br />
V<br />
Velha, R.<br />
Veras, Tv. do<br />
Vidal <strong>de</strong> Negreiros, R.<br />
Vigário Tenório, R.<br />
24 <strong>de</strong> Agosto, R.<br />
24 <strong>de</strong> Maio, R.<br />
Visc. <strong>de</strong> Suassuna, Av.<br />
B4<br />
E1<br />
E7<br />
D2<br />
F5<br />
E1<br />
E2<br />
E1<br />
D5<br />
D7<br />
D4<br />
E7<br />
E4<br />
D3<br />
B6<br />
F2<br />
G5<br />
D2<br />
G3<br />
C8<br />
E4<br />
D5<br />
C3<br />
C4<br />
D1<br />
G3<br />
E8<br />
D2<br />
B7
Monumentos<br />
A<br />
Arquivo Público <strong>de</strong> PE<br />
Assembleia Legislativa<br />
B<br />
Basílica da Penha<br />
C<br />
Casa da Cultura<br />
Cemitério <strong>de</strong> Santo Amaro<br />
Cemitério dos Ingleses<br />
Convento do Carmo<br />
Cruz do Patrão<br />
E<br />
Estação Central<br />
Estação do Brum<br />
F<br />
Fábrica da Pilar<br />
Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Direito<br />
Forte das Cinco Pontas<br />
Forte do Brum<br />
F3<br />
E5<br />
E2<br />
D3<br />
C8<br />
E8<br />
E3<br />
H8<br />
D2<br />
H6<br />
G6<br />
D5<br />
D1<br />
G7<br />
G<br />
Gabinete Português<br />
<strong>de</strong> Leitura<br />
E4<br />
Ginásio Pernambucano<br />
I<br />
E5<br />
Igreja Conceição dos Militares E3<br />
Igreja da Boa Vista<br />
C4<br />
Igreja da Madre <strong>de</strong> Deus G3<br />
Igreja <strong>de</strong> Santa Cruz<br />
B4<br />
Igreja <strong>de</strong> Santa Rita <strong>de</strong> Cássia<br />
Igreja <strong>de</strong> Santo Amaro<br />
D1<br />
das Salinas<br />
F8<br />
Igreja <strong>de</strong> São José do Ribamar D1<br />
Igreja <strong>de</strong> São Pedro<br />
E2<br />
Igreja do Espírito Santo F3<br />
Igreja do Livramento<br />
Igreja Rosário dos<br />
E2<br />
Homens Pretos<br />
L<br />
E3<br />
Liceu <strong>de</strong> Artes e Ofícios<br />
M<br />
E4<br />
Mamam<br />
D4<br />
Marco Zero<br />
G4<br />
Matriz <strong>de</strong> Santo Antônio E3<br />
Mercado da Boa Vista B4<br />
Mercado <strong>de</strong> São José E2<br />
Museu a Céu Aberto<br />
O<br />
G4<br />
Or<strong>de</strong>m Terceira do Carmo<br />
P<br />
E3<br />
Paço Alfân<strong>de</strong>ga<br />
G3<br />
Palácio da Justiça<br />
Palácio do Campo<br />
E4<br />
das Princesas<br />
E4<br />
Prefeitura do <strong>Recife</strong><br />
Q<br />
G6<br />
Quarteirão Franciscano<br />
S<br />
E4<br />
Sinagoga Kahal Zur Israel<br />
T<br />
G4<br />
Teatro <strong>de</strong> Santa Isabel E4<br />
Teatros Apolo e Hermilo G4<br />
Torre Malakoff<br />
G4<br />
103
Bibliogr afia<br />
CAVALCANTI, Carlos André Macedo; CUNHA, Francisco Carneiro da.<br />
Pernambuco Afortunado: da Nova Lusitânia à Nova Economia. <strong>Recife</strong>:<br />
INTG, 2006.<br />
LIMA, M. <strong>de</strong> Oliveira. Pernambuco Seu Desenvolvimento Histórico.<br />
Prefácio <strong>de</strong> Gilberto Freyre. <strong>Recife</strong>: Cepe, 1975.<br />
SILVA, Leonardo Dantas. Holan<strong>de</strong>ses em Pernambuco. <strong>Recife</strong>:<br />
L. Dantas Silva, 2005.<br />
As ruas da Vila Buriti foram obtidas no site: https://maps.google.com.<br />
br/maps/, com a colaboração: “Locais <strong>de</strong> Resistência, Lutas e <strong>Memória</strong><br />
- Roteiro da consciência do Brasil” e também no site: http://<br />
www.<strong>de</strong>saparecidospoliticos.org.br/<br />
COSTA, Francisco Augusto Pereira da. Annais Pernambucanos: 1795 -<br />
1817. V. viii. <strong>Recife</strong>: Arquivo Público Estadual, 1958. p. 505 – 506.<br />
_____. Diccionario biographico <strong>de</strong> pernambucanos célebres. <strong>Recife</strong>:<br />
Typographia Universal, 1882. 804p.<br />
GALVÃO, Sebastião <strong>de</strong> Vasconcellos. Diccionario chorographico, historico<br />
e estatistico <strong>de</strong> Pernambuco. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Imprensa Nacional, 1910.<br />
MARTINS, Dias. Os martires pernambucanos: victimas da liberda<strong>de</strong><br />
nas duas revoluções ensaiadas em 1710 e 1817. [<strong>Recife</strong>]: Typ. <strong>de</strong> F. C.<br />
<strong>de</strong> Lemos e Silva, 1853.<br />
PERNAMBUCO (Estado). Decreto n. 459, 23 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1917.<br />
Adoptando como ban<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> Pernambuco dos revolucionarios republicanos<br />
<strong>de</strong> 1817. REVISTA do Instituto Archeologico Geographico<br />
<strong>de</strong> Pernambuco, <strong>Recife</strong>, v.19, n.95 – 98. 1918, p – 168 – 170.<br />
SANTOS, André Maranhão. Ativida<strong>de</strong> tipográfica em Pernambuco e<br />
a construção da Biblioteca Pública no século XIX. Ca<strong>de</strong>rnos Olinda.<br />
Ano ii, n. 03, <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2006.<br />
SONETO. [<strong>Recife</strong>]: Na Typ. <strong>de</strong> Cav. & C.a., [1817].<br />
Textos extraídos das Peças Oficiais relativas às revoluções <strong>de</strong> Pernambuco,<br />
1817 – 1824, pertencentes à Biblioteca Pública do Estado <strong>de</strong> Pernambuco.<br />
OLIVEIRA, Paulo Santos <strong>de</strong> - Comunicações particulares, 2012.<br />
CAVALCANTI, Paulo. O caso eu conto como o caso foi, <strong>Recife</strong>; Cepe<br />
Editora, Vol. 1. 2008.<br />
BLACK, Jan Knippers. A penetração do Brasil nos Estados Unidos.<br />
Trad.: Sérgio <strong>de</strong> Queiroz Duarte. <strong>Recife</strong>; Massangana, 2009.<br />
CORTAZAR, Julio. Último round, [Ler o conto “Turismo aconselhável” e<br />
o conto “Apocalipse <strong>de</strong> Solentiname”]<br />
ANDRADE, Manuel Correia <strong>de</strong>; FERNANDES, Eliane Moury. Vencedores<br />
e vencidos: O movimento <strong>de</strong> 1964 em Pernambuco. <strong>Recife</strong>;<br />
Massangana, 2004.<br />
http://www.fundaj.gov.br/in<strong>de</strong>x.php?<br />
Gilberto Freyre<br />
http://www.releituras.com/gilbertofreyre_bio.asp<br />
http://www.fgf.org.br/instituicao/instituicao.html<br />
SANTOS-FILHO, Plínio; CUNHA, Francisco Carneiro da.<br />
Um Dia no <strong>Recife</strong>, <strong>AERPA</strong> Editora, 2008.<br />
104
1<br />
2<br />
Rota Ver<strong>de</strong> - O Açúcar<br />
Engenhos do Capibaribe, Engenho Magdalena, Engenho da Torre, Engenho do Cor<strong>de</strong>iro,<br />
Engenho Ambrósio Machado, Engenho Casa Forte, Poço da Panela, Museu do Homem<br />
do Nor<strong>de</strong>ste, Engenho São Pantaleão do Monteiro, Engenho <strong>de</strong> Apipucos, Fundação<br />
Gilberto Freyre, Engenho Dois Irmãos, Engenho Brum-Brum, Engenho Poeta, A Várzea do<br />
Capibaribe, Engenho do Meio, Engenho <strong>de</strong> Santo Antônio, Instituto Ricardo Brennand,<br />
Engenho São João, Ateliê e Oficina Cerâmica Francisco Brennand, Museu do Estado <strong>de</strong><br />
Pernambuco, Teatro <strong>de</strong> Santa Isabel, Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Direito do <strong>Recife</strong>, Parque 13 <strong>de</strong> Maio,<br />
Basílica e Convento do Carmo, Joaquim Nabuco, Porto do <strong>Recife</strong> e Cruz do Patrão<br />
Rota Azul - Os Holan<strong>de</strong>ses<br />
O Período Holandês, Forte do Brum, Quarteirão Franciscano, Forte Ernesto, Praça da<br />
República e Rua do Imperador, Maurício <strong>de</strong> Nassau, Rua do Bom Jesus, Palácio da Boa<br />
Vista, Forte das Cinco Pontas, A Insurreição Pernambucana, Praça Sérgio Loreto e<br />
Arredores, Os Quatro Heróis, A Batalha <strong>de</strong> Casa Forte, Arraial Velho do Bom Jesus - Sítio da<br />
Trinda<strong>de</strong>, Nossa Senhora dos Prazeres do Monte Guararapes<br />
3<br />
4<br />
1<br />
2<br />
3<br />
4<br />
Açúcar<br />
Holan<strong>de</strong>ses<br />
1817 e 1824<br />
Ditadura 64<br />
N<br />
Rota Amarela - Revoluções <strong>de</strong> 1817 e 1824<br />
Revolução <strong>de</strong> 1817, Forte do Brum, Campo da Honra, Ponte do <strong>Recife</strong>,<br />
Forte das Cinco Pontas, Matriz <strong>de</strong> Santo Antônio, Confe<strong>de</strong>ração do<br />
Equador - 1824, Monumento a Frei Caneca, Capelinha da Praça da<br />
Jaqueira, Cemitério dos Ingleses<br />
Rota Vermelha - Ditadura 64<br />
Resistência ao Regime Militar, O Centro do <strong>Recife</strong>, Miguel Arraes, Palácio<br />
do Campo das Princesas, Gregório Bezerra, Casa da Cultura, O Dom -<br />
Igreja das Fronteiras, Padre Henrique - Cida<strong>de</strong> Universitária, Rua da<br />
Aurora 405, Vila Buriti - Macaxeira, Ruas da Vila Buriti, Colônia Penal do<br />
Bom Pastor, Monumento Contra a Tortura, Paulo Freire<br />
Informações Úteis<br />
Dicas da Semana, On<strong>de</strong> Ficar, On<strong>de</strong> Comer, Locais <strong>de</strong> Interesse,<br />
Itinerário, Casa <strong>de</strong> Câmbio e Bancos consulte a recepção do hotel<br />
ou site específico na internet.<br />
Importante<br />
Nos meses <strong>de</strong> chuva (abril a agosto) use guarda-chuvas. Nos meses<br />
<strong>de</strong> sol (setembro a março) procure caminhar das 8h às 11h e<br />
das 15h às 18h. Use chapéu, bloqueador solar e óculos escuros.<br />
Os roteiros do livro são seguros . Porém, como em qualquer outro<br />
lugar do mundo, não é recomendada exposição <strong>de</strong> jóias,<br />
celulares ou equipamento que chame a atenção.<br />
Eventos<br />
Alguns dos eventos comemorados na cida<strong>de</strong> do <strong>Recife</strong>.<br />
09 <strong>de</strong> fevereiro – Dia do frevo<br />
12 <strong>de</strong> março – Aniversário <strong>de</strong> fundação da cida<strong>de</strong><br />
24 <strong>de</strong> junho – São João<br />
16 <strong>de</strong> julho – Nossa Senhora do Carmo, padroeira do <strong>Recife</strong><br />
20 <strong>de</strong> novembro – Dia da Consciência Negra<br />
08 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro – Nossa Senhora da Conceição<br />
Delegacias<br />
Delegacia do Turista<br />
Dentro do Aeroporto Internacional Gilberto Freyre, <strong>Recife</strong><br />
Tel.: (81) 3322-4867<br />
Delegacia <strong>de</strong> Defraudação e Repreensão ao Estelionato<br />
Av. Montevidéu, 123 – Boa Vista<br />
<strong>Recife</strong> – PE<br />
Tels.: (81) 3182-5451<br />
Hospitais Públicos<br />
Hosp. Agamenon Magalhães<br />
Estrada do Arraial, 2723<br />
Tamarineira – <strong>Recife</strong> – PE<br />
Tel.: (81) 3184-1600<br />
Hospital Getúlio Vargas<br />
Av. Gal. San Martin, s/n<br />
Cor<strong>de</strong>iro – <strong>Recife</strong> – PE<br />
Tel.: (81) 3184-5600<br />
Hospital da Restauração<br />
Av. Agamenon Magalhães, s/n<br />
Derby – <strong>Recife</strong> – PE<br />
Tel.: (81) 3181-5400<br />
Hospital das Clínicas<br />
Av. Prof. Moraes Rêgo, s/n<br />
Cid. Universitária – <strong>Recife</strong> – PE<br />
Tel.: (81) 2126-3633<br />
Outros Serviços<br />
Caso você precise mandar fotos digitais, e-mails ou acessar a internet,<br />
o <strong>Recife</strong> possui lan houses em vários pontos da cida<strong>de</strong>,<br />
além dos business centers dos hotéis.<br />
Para usar os telefones públicos, é necessário comprar cartões<br />
telefônicos, vendidos em quase todos os estabelecimentos comerciais<br />
da cida<strong>de</strong>. Fazendo uma ligação: insira o cartão no local<br />
indicado e digite o código do país (quando for o caso) + 0 +<br />
código da operadora (os principais são 21, 31 e 51) + código da<br />
cida<strong>de</strong> + número do telefone.<br />
Existem várias linhas <strong>de</strong> ônibus que operam no <strong>Recife</strong>. Você po<strong>de</strong><br />
também pegar um táxi, que circula em gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> nas ruas.<br />
Copyright 2012 © <strong>AERPA</strong> Editora
8<br />
7<br />
6<br />
5<br />
4<br />
3<br />
2<br />
1<br />
A B<br />
RECIFE<br />
<strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />
Monumentos<br />
01 Ponte do Limoeiro<br />
02 Forte do Brum<br />
03 Estação do Brum e Fábrica da Pilar<br />
04 Prefeitura do <strong>Recife</strong><br />
05 Teatro Apolo e Teatro Hermilo<br />
06 Torre Malako�<br />
07 Museu a Céu Aberto<br />
08 Sinagoga Kahal Zur Israel<br />
09 Marco Zero<br />
10 Parque das Esculturas - Arrecife<br />
11 Igreja da Madre <strong>de</strong> Deus<br />
12 Paço Alfân<strong>de</strong>ga<br />
13 Palácio do Campo das Princesas<br />
Praça da República<br />
14 Teatro <strong>de</strong> Santa Isabel<br />
15 Liceu <strong>de</strong> Artes e Ofícios<br />
16 Palácio da Justiça<br />
17 Quarteirão Franciscano<br />
18 Gabinete Português <strong>de</strong> Leitura<br />
19 Arquivo Público do <strong>Recife</strong><br />
20 Igreja do Espírito Santo<br />
21 Mercado <strong>de</strong> São José<br />
22 Basílica da Penha<br />
23 Igreja <strong>de</strong> Santa Rita <strong>de</strong> Cássia<br />
24 Igreja <strong>de</strong> São José do Ribamar<br />
25 Forte das Cinco Pontas<br />
Monumento a Frei Caneca<br />
26 Matriz <strong>de</strong> São José<br />
27 Igreja do Terço<br />
28 Igreja <strong>de</strong> São Pedro<br />
29 Igreja do Livramento<br />
30 Basílica e Convento do Carmo<br />
31 Or<strong>de</strong>m Terceira do Carmo<br />
32 Estação Central do <strong>Recife</strong><br />
33 Casa da Cultura<br />
34 Igreja da Conceição dos Militares<br />
35 Matriz <strong>de</strong> Santo Antônio<br />
36 Igreja do Rosário dos Homens Pretos<br />
37 Igreja da Boa Vista<br />
38 Igreja <strong>de</strong> Santa Cruz<br />
39 Mercado da Boa Vista<br />
40 Mamam<br />
Rua da Aurora 405<br />
41 Assembléia Legislativa<br />
42 Ginásio Pernambucano<br />
Praça Padre Henrique<br />
Monumento Tortura Nunca Mais<br />
43 Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Direito do <strong>Recife</strong><br />
Parque 13 <strong>de</strong> Maio<br />
44 Igreja <strong>de</strong> Santo Amaro das Salinas<br />
Cemitério dos Ingleses<br />
Praça Abreu e Lima<br />
45 Cruz do Patrão<br />
46 Batalha dos Guararapes - Brennand<br />
47 Cemitério <strong>de</strong> Santo Amaro<br />
A B<br />
R. do Giriquiti<br />
Av. Manoel Borba<br />
R. da Santa Cruz<br />
R. da Alegria<br />
39<br />
R. Leão Coroado<br />
38<br />
R. dos Palmares<br />
Av. Visc. <strong>de</strong> Suassuna<br />
R. do Sossego<br />
R. do Príncipe<br />
R. do Riachuelo<br />
R. Rosário da Boa Vista<br />
R. do Aragão<br />
R. da Glória<br />
R. da Conceição<br />
Tv. do Gusmão<br />
Cemitério <strong>de</strong><br />
Santo Amaro<br />
Av. Con<strong>de</strong> da Boa Vista<br />
R. Velha<br />
Tv. do Veras<br />
47<br />
37<br />
C D E F G H<br />
Av. Gervásio Pires<br />
Praça Maciel<br />
Pinheiro<br />
R. da Matriz<br />
Av. Rio Capibaribe<br />
R. do Muniz<br />
Praça Sérgio<br />
Loreto<br />
R. Marquês do Pombal<br />
R. do Hospício<br />
Ponte Velha<br />
R. Treze <strong>de</strong> Maio<br />
R. Imperatriz Tereza Cristina<br />
R. Bulhões Marques<br />
R. do Peixoto<br />
R. do Hospício<br />
R. 7 <strong>de</strong> Setembro<br />
R. Lambari<br />
R. Coelho Leite<br />
R. João Lira<br />
Av. Rio Capibaribe<br />
Trav. Cais da Detenção<br />
32<br />
R. São João<br />
R. Floriano PeixotoR. Floriano Peixoto<br />
R. da Concórdia<br />
Praça Visc.<br />
<strong>de</strong> Mauá<br />
Av. Dantas Barreto<br />
R. Pedro Afonso<br />
Av. da Sauda<strong>de</strong><br />
R. Passo da Pátria<br />
26<br />
R. Princesa Isabel<br />
R. da Sauda<strong>de</strong><br />
33<br />
43<br />
R. do Riachuelo<br />
Ponte da Boa Vista<br />
Av. Cruz Cabugá<br />
R. João Lira<br />
R. da União<br />
R. da Sauda<strong>de</strong><br />
Ponte Duarte Coelho<br />
R. São Geraldo<br />
Av. Mário Melo<br />
R. Mame<strong>de</strong> Simões<br />
R. Dr. João Menezes<br />
R. do Sol<br />
R. Dr. Silva Ferreira<br />
R. Cap. Lima<br />
R. da Fundição<br />
R. 24 <strong>de</strong> Agosto<br />
R. Araripina<br />
R. Dr. José Mariano R. da Aurora R. da Aurora<br />
R. do Sol<br />
R. Mq <strong>de</strong> Herval<br />
R. Barão <strong>de</strong> Vitória<br />
R. do Dique<br />
Parque<br />
13 <strong>de</strong> Maio<br />
R. Tobias Barreto<br />
R. da Palma<br />
R. da Concórdia<br />
R. Frei Henrique<br />
40<br />
R. Vidal <strong>de</strong> Negreiros<br />
R. do Sol<br />
Praça Joaquim<br />
Nabuco<br />
R. Frei Caneca<br />
R. 24 <strong>de</strong> Maio<br />
Av. Dantas Barreto<br />
R. do Forte<br />
Praça das<br />
Cinco Pontas<br />
25<br />
R. Ulhoa Cintra<br />
Av. Guararapes<br />
R. Matias <strong>de</strong> Albuquerque<br />
30<br />
31<br />
41<br />
R. Nova<br />
R. das Flores<br />
R. das Águas Ver<strong>de</strong>s<br />
27<br />
R. Pe. Floriano<br />
Tv. do Forte<br />
R. da Roda<br />
R. Siqueira Campos<br />
R. Marquês <strong>de</strong> <strong>Recife</strong><br />
R. Estreita do Rosário<br />
Av. N. Sra. do Carmo<br />
R. Direita<br />
R. das Calçadas<br />
R. Coração <strong>de</strong> Maria<br />
24<br />
R. S. José do Ribamar<br />
R. Santa Rita<br />
R. do Livramento<br />
Tv. do Forte<br />
R. Duque <strong>de</strong> Caxias<br />
R. do Rangel<br />
Bc. do Marroquim<br />
R. do Porão<br />
R. Pe. Muniz<br />
R. do Nogueira<br />
Ponte Buarque <strong>de</strong> Macedo<br />
Ponte Maurício <strong>de</strong> Nassau<br />
C D E F G H<br />
Av. Saturnino <strong>de</strong> Brito<br />
15<br />
42<br />
R. São Pedro<br />
28<br />
22<br />
14<br />
R. do Fogo<br />
Cemitério dos<br />
Ingleses<br />
Praça da<br />
In<strong>de</strong>pendência<br />
29<br />
Praça<br />
Dom Vital<br />
23<br />
17<br />
Praça da<br />
República<br />
36<br />
18<br />
16<br />
R. Imperador Dom Pedro II<br />
R. 2 <strong>de</strong> Julho<br />
Av. Martins <strong>de</strong> Barros<br />
R. 1º <strong>de</strong> Março<br />
21<br />
20<br />
R. da Praia<br />
44<br />
13<br />
R. Carioca<br />
R. Cais <strong>de</strong> Santa Rita<br />
Av. Norte<br />
Praça<br />
Dezessete<br />
Praça Manoel<br />
da Costa Leal<br />
R. Projetada<br />
Av. Arthur Lima Cavalcante<br />
Av. Sul<br />
R. Álvares Cabral<br />
Av. Marquês <strong>de</strong> Olinda<br />
R. da<br />
Alfân<strong>de</strong>ga<br />
Cais da Alfân<strong>de</strong>ga<br />
Ponte 12 <strong>de</strong> Setembro<br />
Ponte do Limoeiro<br />
Cais do Apolo<br />
Av. Rio Branco<br />
R. Vigário Tenório<br />
R. da Tomazina<br />
R. Madre <strong>de</strong> Deus<br />
01<br />
R. da Moeda<br />
Av. Barbosa Lima<br />
R. Mariz e Barros<br />
Cais o do Apolo<br />
R. do Apolo<br />
R. da Assembléia<br />
Praça do<br />
Brum<br />
04<br />
Praça<br />
Tira<strong>de</strong>ntes<br />
R. do Oci<strong>de</strong>nte<br />
R. Bione<br />
R. do Brum<br />
Tv. do Bom Jesus<br />
Av. Alfredo Lisboa<br />
R. do Brum<br />
R. do Observatório<br />
R. da Guia<br />
R. do Pilar<br />
R. Bernardo V. <strong>de</strong> Melo<br />
R. Edgar Werneck<br />
Travessa Tira<strong>de</strong>ntes<br />
Praça<br />
do Arsenal<br />
da Marinha<br />
R. do Bom Jesus<br />
45<br />
R. Carlos Salazar<br />
09<br />
R. Dr. Afrânio Peixoto<br />
02<br />
Praça da Comunida<strong>de</strong><br />
Luso-Brasileira<br />
07<br />
03<br />
Av. Militar<br />
R. <strong>de</strong> São Jorge<br />
R. do Moinho<br />
19<br />
11<br />
34 10<br />
35<br />
46<br />
12<br />
05<br />
08<br />
06<br />
Av. Alfredo Lisboa<br />
N<br />
2012 <strong>AERPA</strong> Editora<br />
© www.restaurabr.org<br />
0m 100m<br />
1.4 cm = 100m<br />
200m<br />
8<br />
7<br />
6<br />
5<br />
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