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Recife Lugar de Memória - AERPA

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Plínio Santos-Filho<br />

Malthus Oliveira <strong>de</strong> Queiroz<br />

Sidney Rocha<br />

R ecife<br />

<strong>Lugar</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Memória</strong><br />

Mártires, heróis, personagens<br />

históricos são comemorados<br />

em locais públicos e privados<br />

do <strong>Recife</strong>. Neste Guia<br />

apresentamos alguns <strong>de</strong>stes<br />

personagens e locais.<br />

2012


Santos-Filho, Plínio<br />

Queiroz, Malthus Oliveira <strong>de</strong><br />

Rocha, Sidney<br />

<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong> / Plínio Santos-Filho;<br />

Malthus Oliveira <strong>de</strong> Queiroz; Sidney Rocha<br />

_<strong>Recife</strong>: SDHSC - Secretaria <strong>de</strong> Direitos Humanos e Segurança<br />

Cidadã, Prefeitura do <strong>Recife</strong>. _Ministério da Justiça, Pronasci.<br />

_<strong>AERPA</strong> Editora, 2012.<br />

104p. : il.<br />

Inclui bibliografia / Inclu<strong>de</strong>s bibliography<br />

ISBN: 978-85-60136-05-6<br />

1. Geografia e viagem – Brasil. I. Santos-Filho, Plínio. I I. Título.<br />

CDD 918.1<br />

<strong>AERPA</strong> Editora<br />

Rua Antônio Vitrúvio, 71, Poço da Panela, <strong>Recife</strong><br />

Pernambuco - Brasil CEP 52061-210<br />

Os horários <strong>de</strong> visitação, os números dos telefones e os preços<br />

<strong>de</strong> ingresso dos museus, das igrejas e <strong>de</strong>mais monumentos<br />

constantes <strong>de</strong>ste guia foram obtidos junto aos órgãos oficiais<br />

da administração pública e nos próprios estabelecimentos.<br />

Horários atualizados, localização <strong>de</strong> hotéis e pousadas, bares<br />

e restaurantes, assim como outras informações, po<strong>de</strong>m ser<br />

encontrados na internet, nos sites dos estabelecimentos.<br />

Seus comentários e sugestões po<strong>de</strong>m ser enviados pelo e-mail<br />

constante no site da <strong>AERPA</strong>:<br />

www.restaurabr.org<br />

Este livro foi parcialmente financiado pelo Ministério da Justiça<br />

através do Projeto “Restauração <strong>de</strong> Fachadas - Construção<br />

Civil”, do Programa Nacional <strong>de</strong> Segurança Pública com<br />

Cidadania - Pronasci, da Secretaria Nacional <strong>de</strong> Segurança<br />

Pública - Ministério da Justiça, com Convênio coor<strong>de</strong>nado<br />

pela Secretaria <strong>de</strong> Direitos Humanos e Segurança Cidadã da<br />

Prefeitura do <strong>Recife</strong> e pelas <strong>de</strong>mais instituições e empresas<br />

listadas pelas logomarcas na contracapa.


I<strong>de</strong>ia original e autoria<br />

Plínio Santos-Filho<br />

Malthus Oliveira <strong>de</strong> Queiroz<br />

Sidney Rocha<br />

<strong>AERPA</strong> Editora<br />

Diretor Editorial - Plínio Santos-Filho<br />

Design e Tipografia - Carla Andra<strong>de</strong> Reis<br />

Pesquisa e revisão - Catarina S. Queiroz,<br />

Malthus O. Queiroz, Plínio Santos-Filho<br />

Fotografia, projeto gráfico e direção <strong>de</strong> arte - Plínio Santos-Filho<br />

Publicado pela <strong>AERPA</strong> Editora - Rua Antônio Vitrúvio, 71<br />

Poço da Panela, <strong>Recife</strong>, Pernambuco - Brasil CEP 52061-210<br />

Telefone: 55 (81) 3266-8463<br />

Prefeitura do <strong>Recife</strong><br />

João da Costa - Prefeito<br />

Amparo Araújo - Sec. <strong>de</strong> Direitos Humanos e Segurança Cidadã<br />

Cacilda Me<strong>de</strong>iros - Diretora <strong>de</strong> Segurança Cidadã<br />

Impressão e enca<strong>de</strong>rnação - Gráfica Santa Marta<br />

Todos os direitos reservados <strong>de</strong> acordo com as leis brasileiras,<br />

panamericanas e leis internacionais e convenções <strong>de</strong> copyright.<br />

Nenhuma parte <strong>de</strong>sta publicação po<strong>de</strong> ser reproduzida,<br />

armazenada em sistemas <strong>de</strong> bancos <strong>de</strong> dados ou transmitida<br />

em nenhuma forma ou por qualquer meio, eletrônico, mecânico,<br />

fotocópia, gravação ou qualquer outro, sem a permissão prévia<br />

e por escrito dos proprietários dos direitos <strong>de</strong> copyright.<br />

Copyright 2012 © <strong>AERPA</strong> Editora<br />

Impresso no Brasil - Printed in Brazil


Sumário<br />

Apresentação 6<br />

O <strong>Recife</strong> 8<br />

Rota Ver<strong>de</strong><br />

10 - O Açúcar<br />

Engenhos do Capibaribe 16<br />

Engenho Magdalena 15<br />

Engenho da Torre 16<br />

Engenho do Cor<strong>de</strong>iro 17<br />

Engenho Ambrósio Machado 17<br />

Engenho Casa Forte 19<br />

Poço da Panela 20<br />

Museu do Homem do Nor<strong>de</strong>ste 21<br />

Engenho São Pantaleão do Monteiro 25<br />

Engenho <strong>de</strong> Apipucos 26<br />

Fundação Gilberto Freyre 27<br />

Engenho Dois Irmãos 28<br />

Engenho Brum-Brum 29<br />

Engenho Poeta 29<br />

A Várzea do Capibaribe 30<br />

Engenho do Meio 30<br />

Engenho <strong>de</strong> Santo Antônio 31<br />

Instituto Ricardo Brennand 32<br />

Engenho São João 33<br />

Ateliê e Oficina Cerâmica Francisco Brennand 33<br />

Museu do Estado <strong>de</strong> Pernambuco 34<br />

Teatro <strong>de</strong> Santa Isabel 34<br />

Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Direito do <strong>Recife</strong> 35<br />

Parque 13 <strong>de</strong> Maio 35<br />

Basílica e Convento do Carmo 35<br />

Joaquim Nabuco 36<br />

Porto do <strong>Recife</strong> - Cruz do Patrão 37<br />

Rota Azul<br />

38 - Os Holan<strong>de</strong>ses<br />

O Período Holandês 40<br />

Forte do Brum 42<br />

Quarteirão Franciscano 43<br />

Forte Ernesto 43<br />

Praça da República e Imperador 44<br />

Maurício <strong>de</strong> Nassau 45<br />

Rua do Bom Jesus 46<br />

Palácio da Boa Vista 46<br />

Forte das Cinco Pontas 47<br />

A Insurreição Pernambucana 48<br />

Praça Sérgio Loreto e Arredores 48<br />

Os Quatro Heróis 49<br />

A Batalha <strong>de</strong> Casa Forte 50<br />

Arraial Velho do Bom Jesus - Sítio da Trinda<strong>de</strong> 51<br />

Nossa Senhora dos Prazeres do Monte Guararapes 52


Rota Amarela<br />

54 - 1817 e 1824<br />

Revolução <strong>de</strong> 1817 56<br />

Forte do Brum 58<br />

Campo da Honra 59<br />

Ponte do <strong>Recife</strong> 60<br />

Forte das Cinco Pontas 61<br />

Matriz <strong>de</strong> Santo Antônio 61<br />

Confe<strong>de</strong>ração do Equador - 1824 63<br />

Monumento a Frei Caneca 63<br />

Capelinha da Praça da Jaqueira 64<br />

Cemitério dos Ingleses 65<br />

Rota Vermelha<br />

66 - Ditadura 64<br />

Resistência ao Regime Militar 68<br />

O Centro do <strong>Recife</strong> 69<br />

Miguel Arraes 70<br />

Palácio do Campo das Princesas 72<br />

Gregório Bezerra 74<br />

Casa da Cultura 76<br />

O Dom - Igreja das Fronteiras 78<br />

Padre Henrique - Cida<strong>de</strong> Universitária 82<br />

Rua da Aurora 405 84<br />

Vila Buriti - Macaxeira 86<br />

Ruas da Vila Buriti 88<br />

Colônia Penal do Bom Pastor 94<br />

Monumento Contra a Tortura 96<br />

Paulo Freire 98<br />

Índice Geral do Mapa 101<br />

Bibliografia 104


Apresentação<br />

O presente livro é resultado <strong>de</strong> uma parceria entre a Prefeitura<br />

da Cida<strong>de</strong> do <strong>Recife</strong>, através <strong>de</strong> sua Secretaria <strong>de</strong> Direitos<br />

Humanos e Segurança Cidadã, e a Agência <strong>de</strong> Estudos e<br />

Restauro do Patrimônio – <strong>AERPA</strong>, que, por meio <strong>de</strong> financiamento<br />

pelo Ministério da Justiça, conseguiram produzir este Guia tão<br />

importante para o <strong>Recife</strong>. Importante porque revisita fatos,<br />

personalida<strong>de</strong>s e locais da cida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> ocorreram esses fatos,<br />

buscando, <strong>de</strong> forma direta, <strong>de</strong>svendar um <strong>Recife</strong> escondido na<br />

sua intensa agitação cotidiana <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> metrópole.<br />

Para Gilberto Freyre, um dos gran<strong>de</strong>s inspiradores <strong>de</strong>sse livro,<br />

o <strong>Recife</strong> é uma cida<strong>de</strong> a ser <strong>de</strong>svendada. “Tanto nos subúrbios<br />

como no centro, o <strong>Recife</strong> é uma cida<strong>de</strong> recatada. Não se exibe.<br />

Não se mostra. Retrai-se. Contrai-se. Escon<strong>de</strong>-se, até, dos olhos dos<br />

estranhos. (...) O <strong>Recife</strong> é assim: cida<strong>de</strong> que antes se escon<strong>de</strong> dos<br />

admiradores que se oferece à sua curiosida<strong>de</strong>.” Para os autores<br />

da presente obra, <strong>de</strong>svendar o <strong>Recife</strong> é contar um pouco da sua<br />

história, visitar lugares, perceber mudanças e, principalmente,<br />

exercitar a curiosida<strong>de</strong>, já que muito das informações aqui<br />

apresentadas são fruto <strong>de</strong> um conhecimento resultante da paixão<br />

pela <strong>de</strong>scoberta, da imensa vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> saber mais sobre quem<br />

somos, on<strong>de</strong> vivemos e que cida<strong>de</strong> é essa que nos acolhe e nos<br />

<strong>de</strong>serta nos <strong>de</strong>svãos <strong>de</strong> seus caminhos e <strong>de</strong>scaminhos.<br />

Por isso, o formato <strong>de</strong> guia <strong>de</strong> visitação, com roteiros<br />

selecionados para serem percorridos a pé, <strong>de</strong> carro ou mesmo<br />

<strong>de</strong> bicicleta, nos mol<strong>de</strong>s dos recentemente lançados Um Dia<br />

no <strong>Recife</strong> e Um Dia em Olinda, ambos também pela <strong>AERPA</strong><br />

Editora. Esse formato, coadunado com as práticas saudáveis e<br />

ecologicamente corretas do turismo urbano contemporâneo,<br />

permite uma <strong>de</strong>scoberta sem pressa, interativa e certamente<br />

construtiva.<br />

Quatro rotas compõem este guia: A Rota do Açúcar, que<br />

explora os locais e as memórias remanescentes <strong>de</strong>ixadas pelo<br />

“ouro branco”, base <strong>de</strong> um época rica e faustosa da cida<strong>de</strong> e<br />

6<br />

Photo: Downtown <strong>Recife</strong> at sunset<br />

Acima, arrecifes e molhe, Forte do Pição. À direita na foto, ilhabairro<br />

<strong>de</strong> Santo Antônio visto do Paço Alfân<strong>de</strong>ga, Bairro do <strong>Recife</strong>.


profundamente enraizada na sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural; a Rota dos<br />

Holan<strong>de</strong>ses, época <strong>de</strong>cisiva para a formação do <strong>Recife</strong> e do i<strong>de</strong>al<br />

<strong>de</strong> nacionalida<strong>de</strong> brasileira; a Rota das Revoluções <strong>de</strong> 1817 e 1824,<br />

movimentos que refletem o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> se estabelecer uma república<br />

no Brasil, confrontando os i<strong>de</strong>ais reacionários da monarquia; e o<br />

período do regime militar <strong>de</strong> 1964, ainda uma mancha recente e<br />

<strong>de</strong> proporções in<strong>de</strong>finidas na <strong>de</strong>mocracia brasileira.<br />

A pesquisa textual e iconográfica envolveu várias idas à<br />

Fundação Joaquim Nabuco - Fundaj, on<strong>de</strong> sempre contamos<br />

com a cortesia e a colaboração <strong>de</strong> seus funcionários;<br />

buscas em publicações impressas e digitais especializadas;<br />

e conversas com especialistas e curiosos na área, como o<br />

escritor Paulo Santos <strong>de</strong> Oliveira, o que muito nos ajudou a<br />

formatar o conteúdo abordado neste livro. A maioria das<br />

imagens, no entanto, são <strong>de</strong> Plínio Santos-Filho, que <strong>de</strong>screve<br />

através da lente fotográfica o trajeto visual das rotas.<br />

É importante ressaltar que o presente trabalho não é <strong>de</strong><br />

forma alguma completo. Sabemos e avisamos <strong>de</strong> antemão<br />

que assuntos, fatos, pessoas, datas e locais ficaram <strong>de</strong> fora<br />

da publicação, não por ignorância, mas pelo tamanho e<br />

abrangência do assunto, assim como não foi possível consultar<br />

todas as fontes sobre os temas.<br />

Gostaríamos <strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cer o empenho <strong>de</strong> Amparo Araújo,<br />

Secretária <strong>de</strong> Direitos Humanos e Segurança Cidadã da<br />

cida<strong>de</strong> do <strong>Recife</strong>; os parceiros <strong>de</strong> caminhadas dominicais,<br />

Antônio Carlos Montenegro, Carla Andra<strong>de</strong> Reis, Fernando<br />

Braga, Francisco Cunha, Fred Leal, Nelson Telles e Nilce Falcão,<br />

sem os quais não seria possível a realização <strong>de</strong>ste trabalho.<br />

Desejamos a todos uma boa leitura e ótimas caminhadas!<br />

Plínio Santos-Filho<br />

Malthus Oliveira <strong>de</strong> Queiroz<br />

Sidney Rocha<br />

7


<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />

O <strong>Recife</strong><br />

O <strong>Recife</strong> é a capital do Estado <strong>de</strong> Pernambuco e uma das mais importantes<br />

capitais do Nor<strong>de</strong>ste brasileiro. Por sua localização estratégica,<br />

a cida<strong>de</strong> é polo comercial e <strong>de</strong> serviços e porta <strong>de</strong> entrada<br />

e saída para o comércio com a Europa e a América do Norte.<br />

Originado <strong>de</strong> um pequeno povoado <strong>de</strong> pescadores, marinheiros<br />

e mercadores, o <strong>Recife</strong> tem profunda ligação com o mar, simbolizada<br />

por seu porto natural <strong>de</strong> arrecifes, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> surgiu o nome da<br />

cida<strong>de</strong>, e pela famosa Praia <strong>de</strong> Boa Viagem, consi<strong>de</strong>rada uma<br />

das mais aprazíveis praias urbanas do Brasil. O clima tropical, na<br />

maior parte do tempo com sol, favorece as caminhadas no calçadão<br />

e os banhos <strong>de</strong> mar. Os rios Capibaribe e Beberibe, cortando<br />

a cida<strong>de</strong>, dão-lhe certo charme veneziano.<br />

O <strong>Recife</strong> é marcado pela pluralida<strong>de</strong>. Sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural<br />

multifacetada abre espaço para variadas manifestações artísticas,<br />

que permeiam música, literatura, teatro, cinema, dança e<br />

arquitetura. A boa estrutura para eventos possibilita a realização<br />

<strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s festivais, segmento importante do calendário cultural<br />

da cida<strong>de</strong>. Seu patrimônio histórico reminiscente, narrando constante<br />

e gratuitamente o passado glorioso e <strong>de</strong> lutas, se insere no<br />

ambiente contemporâneo como uma importante atração.<br />

A infraestrutura hoteleira do <strong>Recife</strong> é uma das melhores da região.<br />

A cida<strong>de</strong> oferece ao visitante muitas opções <strong>de</strong> hospedagem,<br />

com gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> preços e serviços. O lazer fica<br />

por conta <strong>de</strong> restaurantes, bares, teatros, shoppings, praças, mercados<br />

públicos, boates e shows, além <strong>de</strong> outras ativida<strong>de</strong>s que<br />

po<strong>de</strong>m ser programadas previamente.<br />

O <strong>Recife</strong>, com sua brisa, mergulhado no azul do céu e no ver<strong>de</strong><br />

do mar, é fonte <strong>de</strong> inspiração para artistas diversos. Descobri-lo e<br />

re<strong>de</strong>scobri-lo é sempre um gran<strong>de</strong> prazer.<br />

1537<br />

1561<br />

1595<br />

8<br />

Primeira referência sobre o <strong>Recife</strong>, feita por Duarte<br />

Coelho no Foral <strong>de</strong> Olinda. Nessa época, o donatário o<br />

<strong>de</strong>screve como um pequeno povoado junto ao porto, em<br />

torno da ermida <strong>de</strong> São Frei Pedro Gonçalves. Esse porto<br />

<strong>de</strong> Olinda foi durante muitos anos o <strong>de</strong> maior movimento<br />

da América Portuguesa.<br />

Franceses inva<strong>de</strong>m o <strong>Recife</strong> com o objetivo <strong>de</strong> dominar o<br />

comércio do açúcar. São expulsos no mesmo ano.<br />

Invasão inglesa, que durou apenas 30 dias.<br />

Acima, Forte das Cinco Pontas - Museu da Cida<strong>de</strong> do <strong>Recife</strong>


1630<br />

1636<br />

1649<br />

1654<br />

1709<br />

1709<br />

1710<br />

1801<br />

1817<br />

1823<br />

1824<br />

1825<br />

1827<br />

1848<br />

1867<br />

2000<br />

14 <strong>de</strong> fevereiro – Holan<strong>de</strong>ses, buscando dominar o comércio do<br />

açúcar, inva<strong>de</strong>m a cida<strong>de</strong>. Passando por Olinda, instalam logo<br />

<strong>de</strong>pois a capital do seu governo no <strong>Recife</strong>. Sob o comando <strong>de</strong><br />

Maurício <strong>de</strong> Nassau, promovem muitas inovações.<br />

Fundação da Sinagoga Kahal Zur Israel, a primeira sinagoga<br />

das Américas.<br />

19 <strong>de</strong> fevereiro – Segunda Batalha dos Guararapes, travada nos<br />

Montes Guararapes, na qual os holan<strong>de</strong>ses foram <strong>de</strong>rrotados.<br />

26 <strong>de</strong> janeiro – Expulsão dos holan<strong>de</strong>ses do <strong>Recife</strong>, que em pouco<br />

tempo <strong>de</strong>ixaria <strong>de</strong> ser um simples povoado para se tornar um<br />

núcleo <strong>de</strong> progresso e abastança.<br />

10 <strong>de</strong> novembro – Carta régia eleva o <strong>Recife</strong> à condição <strong>de</strong> vila,<br />

chamada Santo Antônio do <strong>Recife</strong>. Esse fato foi mais tar<strong>de</strong> um<br />

dos motivos para a Guerra dos Mascates.<br />

1709 a 1714 – Guerra entre o <strong>Recife</strong> e Olinda, conhecida como<br />

Guerra dos Mascates (assim eram chamados os comerciantes<br />

recifenses). Nessa época, o <strong>Recife</strong> crescia economicamente e<br />

reivindicava autonomia política. Com a autorida<strong>de</strong> ameaçada,<br />

os nobres olin<strong>de</strong>nses utilizaram da força para sabotar as intenções<br />

dos recifenses.<br />

15 <strong>de</strong> fevereiro – Foi erguido o pelourinho na cida<strong>de</strong> do <strong>Recife</strong>,<br />

indicando que a vila possuía governo próprio.<br />

O <strong>Recife</strong> expandiu seu território no séc. XIX. Foram feitos aterros em<br />

áreas alagadas, e alguns bairros foram incorporados ao <strong>Recife</strong>.<br />

6 <strong>de</strong> março – Inspirada pelos i<strong>de</strong>ais iluministas e republicanos,<br />

é <strong>de</strong>flagrada a Revolução Pernambucana <strong>de</strong> 1817, primeiro<br />

movimento brasileiro que buscava a formação <strong>de</strong> um governo<br />

próprio, fora do domínio português.<br />

5 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro – O <strong>Recife</strong> é elevado à categoria <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>.<br />

Julho – Eclo<strong>de</strong> a Confe<strong>de</strong>ração do Equador. Descontentes com<br />

o Imperador D. Pedro I, o movimento tentava estabelecer um<br />

estado in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>ntro da Região Nor<strong>de</strong>ste do Brasil.<br />

7 <strong>de</strong> novembro – Primeira edição do Diario <strong>de</strong> Pernambuco, jornal<br />

mais antigo da América Latina, até hoje em circulação.<br />

15 <strong>de</strong> fevereiro – A cida<strong>de</strong> do <strong>Recife</strong> torna-se a capital do Estado<br />

<strong>de</strong> Pernambuco.<br />

Eclo<strong>de</strong> a Revolução Praieira, movimento liberal que se opunha<br />

à monarquia e pregava a instituição da República no Brasil. Foi<br />

a última das revoluções provinciais.<br />

Janeiro – Inauguração da primeira linha <strong>de</strong> trem urbano da<br />

América Latina, a Maxambomba.<br />

1930 22 <strong>de</strong> maio – O Zeppelin pousa pela primeira vez no Brasil.<br />

1930 26 <strong>de</strong> julho – Assassinato <strong>de</strong> João Pessoa na Rua Nova, em frente<br />

à Confeitaria Glória. Esse fato foi um dos motivos da Revolução<br />

<strong>de</strong> 1930.<br />

1964 De 64 a 85 o Brasil fica sob o regime <strong>de</strong> Ditadura Militar.<br />

O <strong>Recife</strong> industrializa-se e se consolida como polo <strong>de</strong> serviços<br />

(turismo, informática, medicina, entre outros), estruturando sua<br />

base econômica atual.<br />

9


<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />

10


Açúcar<br />

O Açúcar<br />

Engenhos do Capibaribe<br />

Pontos <strong>de</strong> Interesse<br />

Porto do <strong>Recife</strong><br />

12<br />

14<br />

34<br />

37<br />

1


<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />

1<br />

O Açúcar<br />

O açúcar e a exploração humana, por si só, requerem uma publicação<br />

volumosa e distinta. Aqui nesse guia, relacionamos alguns locais<br />

que po<strong>de</strong>m ser visitados e que guardam, mostram ou pertencem à<br />

história do açúcar e da escravidão no <strong>Recife</strong>. Bairros, ruas e praças,<br />

edifícios, instituições e museus locais possuem referências diretas à<br />

escravidão e ao seu principal produto econômico, o Açúcar.<br />

O açúcar é diretamente responsável pelo modo <strong>de</strong> ser e <strong>de</strong> viver no<br />

<strong>Recife</strong> e em todo um Brasil. Gilberto Freyre escreveu em Casa Gran<strong>de</strong><br />

& Senzala (G. Freyre, CG&S, pg. 265, Global Editora, 2005):<br />

12<br />

“O escravocrata terrível, que só faltou transportar da África<br />

para a América, em navios imundos, que <strong>de</strong> longe se adivinhavam<br />

pela inhaca, a população inteira <strong>de</strong> negros, foi,<br />

por outro lado, o colonizador europeu que melhor confraternizou<br />

com as raças chamadas inferiores. O menos cruel<br />

nas relações com os escravos. É verda<strong>de</strong> que, em gran<strong>de</strong><br />

parte, pela impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> constituir-se em aristocracia<br />

europeia nos trópicos: escasseava-lhe, para tanto, o capital,<br />

senão em homens, em mulheres brancas. Mas, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

da falta ou escassez <strong>de</strong> mulher branca, o português<br />

sempre pen<strong>de</strong>u para o contato voluptuoso com mulher<br />

exótica. Para o cruzamento e miscigenação. Tendência<br />

que parece resultar da plasticida<strong>de</strong> social, maior no português<br />

que em qualquer outro colonizador europeu”.<br />

P. 10: Painel <strong>de</strong> F. Brennand - Museu do Homem do Nor<strong>de</strong>ste - MHN<br />

Acima: Tapeçaria belga baseada em <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> A. Echkout e F. Post - MHN


Rota do Açúcar<br />

O <strong>Recife</strong>, como cenário da sua história <strong>de</strong> quase cinco séculos,<br />

reflete a colonização a que foi submetido. A distribuição física e<br />

geográfica da sua população, dos serviços e equipamentos urbanos<br />

reflete diretamente os efeitos da economia açucareira <strong>de</strong><br />

Pernambuco. O donatário Duarte Coelho veio pelo açúcar; os holan<strong>de</strong>ses<br />

invadiram o Nor<strong>de</strong>ste para dominar o açúcar; na Guerra<br />

dos Mascates, os donos <strong>de</strong> terras e engenhos em Olinda não<br />

queriam pagar suas dívidas aos seus credores e comerciantes no<br />

<strong>Recife</strong>; a Revolução Pernambucana <strong>de</strong> 1817 tinha por um lado um<br />

Portugal (fugido no Rio <strong>de</strong> Janeiro) que tirava ouro do açúcar, e,<br />

do outro, os donos <strong>de</strong> engenho, que queriam ficar com esse ouro.<br />

Recentemente, passamos pela ditadura civil e militar <strong>de</strong> 1964, que<br />

teve o apoio no latifúndio açucareiro regional contra os movimentos<br />

que pregavam a reforma agrária; e chegamos à contemporaneida<strong>de</strong>,<br />

on<strong>de</strong> uma boa parcela da economia <strong>de</strong> Pernambuco<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> dos mercados do açúcar e do álcool.<br />

“No Brasil, a catedral ou a igreja mais po<strong>de</strong>rosa que o próprio<br />

rei seria substituída pela casa-gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> engenho.”<br />

(G. Freyre, CG&S, pg. 271, Global Editora, 2005)<br />

E ainda é um tanto disso. Em Pernambuco e no <strong>Recife</strong> somos<br />

cana e açúcar. A cana que adoça é a mesma que move veículos<br />

e nos embriaga. Nesse guia <strong>de</strong> memórias do <strong>Recife</strong>, vamos<br />

visitar alguns dos locais on<strong>de</strong> essa nossa história está presente.<br />

São locais on<strong>de</strong> a cana e o seu açúcar marcam com nomes e<br />

objetos a paisagem e história da cida<strong>de</strong>.<br />

Acima: Detalhe <strong>de</strong> tapeçaria belga baseada em <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> A. Eckhout e F. Post<br />

Presenteada por Maurício <strong>de</strong> Nassau a Luís XIV - MHN<br />

1<br />

13


<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />

1<br />

Engenhos do Capibaribe<br />

As margens do Rio Capibaribe, que junto com as do Rio Beberibe<br />

formam a bacia hidrográfica responsável pelo cultivo da cana-<br />

-<strong>de</strong>-açúcar no <strong>Recife</strong>, têm <strong>de</strong> um lado a Avenida Caxangá, que<br />

da Madalena vai dar no Bairro da Várzea, extremo oeste da cida<strong>de</strong>,<br />

e do outro lado a “Volta ao Mundo”, que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a Várzea leva<br />

a Av. Dois Irmãos, Av. Apipucos e Av. 17 <strong>de</strong> Agosto, já nos bairros<br />

<strong>de</strong> Casa Forte e Parnamirim. Essas terras foram ocupadas a partir<br />

do século XVI por engenhos <strong>de</strong> cana, esses tornados arruados e<br />

vilarejos que <strong>de</strong>ram origem a muitos bairros do <strong>Recife</strong>.<br />

Aqui, relacionamos os engenhos que la<strong>de</strong>avam o Rio Capibaribe<br />

e marcaram a memória da cida<strong>de</strong>. Uma gran<strong>de</strong> rota circular <strong>de</strong><br />

visitação aos locais citados po<strong>de</strong> ser iniciada no bairro da Madalena,<br />

na direção oeste pela Avenida Caxangá, chegando após<br />

sete quilômetros <strong>de</strong> linha reta ao norte do bairro da Várzea. Antes<br />

da ponte e à esquerda, chegamos ao centro da Várzea. Cruzando<br />

a ponte sobre o Capibaribe e em frente, chegaremos a Camaragibe;<br />

e dobrando à direita iremos dar em Dois Irmãos, Apipucos,<br />

Monteiro, Casa Forte, Torre e <strong>de</strong> volta ao bairro da Madalena. Nesse<br />

circuito, passamos por muitos dos locais on<strong>de</strong> a economia e história<br />

do <strong>Recife</strong> foram forjadas. Nessa proposta <strong>de</strong> Rota do Açúcar<br />

no <strong>Recife</strong>, listamos a seguir os engenhos que nela existiram, subindo<br />

o Capibaribe e olhando para o que existiu às suas margens.<br />

14<br />

Acima: Gravura sobre trabalho no engenho <strong>de</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar - MHN


Engenho da Magdalena<br />

Rota do Açúcar<br />

Bairro da Madalena - Foi construído no século XVI por Pedro Afonso<br />

Duro, casado com Magdalena Gonçalves. A casa-gran<strong>de</strong> era<br />

on<strong>de</strong> hoje está o Museu da Abolição, no início da Av. Caxangá.<br />

O Museu da Abolição é recoberto por azulejos portugueses. Este revestimento<br />

colonial melhorava a umida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro das edificações.<br />

Perto do museu está o Mercado da Madalena que faz parte da área<br />

da Praça da Madalena, que é um dos mais tradicionais mercados<br />

públicos do <strong>Recife</strong>, com bares, comedorias e feira <strong>de</strong> pássaros.<br />

1<br />

15


<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />

1<br />

Engenho da Torre<br />

Bairro da Torre - Conhecido no séc. XVI como Engenho Marcos<br />

André, rico colono português, foi chamado <strong>de</strong> Torre por causa da<br />

torre original da capela da proprieda<strong>de</strong>. O engenho era movido<br />

a animais. Os holan<strong>de</strong>ses tomaram o engenho e construíram uma<br />

fortaleza capaz <strong>de</strong> atacar o Forte Real do Bom Jesus do outro lado<br />

do rio. A praça tem brinquedos com formato mo<strong>de</strong>rnista do escultor<br />

Abelardo da Hora. Uma agradável travessia <strong>de</strong> barco a remo<br />

pelo Rio Capibaribe po<strong>de</strong> ser feita do Bairro da Torre para o Bairro<br />

da Jaqueira. Os barqueiros também po<strong>de</strong>m transportar até duas<br />

bicicletas, facilitando as visitas com esse tipo <strong>de</strong> transporte.<br />

16


Engenho do Cor<strong>de</strong>iro<br />

Rota do Açúcar<br />

Bairro do Cor<strong>de</strong>iro - Atualmente, o Cor<strong>de</strong>iro fica entre os bairros<br />

do Zumbi e Iputinga. O engenho surgiu nas terras do rico colono<br />

português e senhor <strong>de</strong> engenho Ambrósio Machado, que<br />

também foi governador da Capitania do Rio Gran<strong>de</strong> do Norte.<br />

O capitão João Cor<strong>de</strong>iro <strong>de</strong> Medanha, ajudante <strong>de</strong> or<strong>de</strong>ns do<br />

Governador João Fernan<strong>de</strong>s Vieira, administrou o engenho e as<br />

suas terras após a expulsão dos holan<strong>de</strong>ses em 1654.<br />

A Igreja do Cor<strong>de</strong>iro (acima) fica na Av. Caxangá. Essa avenida<br />

foi revitalizada e teve colocado marcos (abaixo) nas suas paradas<br />

<strong>de</strong> ônibus, registrando os antigos engenhos cujas terras ela corta.<br />

Engenho Ambrósio Machado<br />

Bairro do Zumbi - Foi confiscado pelos holan<strong>de</strong>ses em 1635 e passou<br />

a produzir açúcar para a Companhia das Índias Oci<strong>de</strong>ntais dos<br />

invasores holan<strong>de</strong>ses. O Capitão João Cor<strong>de</strong>iro <strong>de</strong> Medanha também<br />

cuidou <strong>de</strong>sse engenho, a mando <strong>de</strong> João Fernan<strong>de</strong>s Vieira,<br />

após a expulsão dos holan<strong>de</strong>ses.<br />

1<br />

17


<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />

18


Engenho Casa Forte<br />

Rota do Açúcar<br />

Bairro do Poço da Panela - Foi fundado no século XVI por Diogo<br />

Gonçalves em terras doadas por Duarte Coelho. A casa-gran<strong>de</strong><br />

do engenho e capela eram on<strong>de</strong> hoje estão o Colégio da Congregação<br />

da Sagrada Família (acima esquerda) e a Igreja (acima<br />

direita), na Praça <strong>de</strong> Casa Forte. Em 17 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1645, houve<br />

a Batalha <strong>de</strong> Casa Forte, que dá nome à avenida, no sítio on<strong>de</strong><br />

está a Praça e arredores, para libertar a proprietária Ana Paes dos<br />

invasores holan<strong>de</strong>ses.<br />

Página anterior: grilhões para pren<strong>de</strong>r escravos - MHN<br />

1<br />

A praça e suas edificações próximas<br />

ficam na comarca do<br />

Poço da Panela, limite com o<br />

bairro <strong>de</strong> Casa Forte. A Praça <strong>de</strong><br />

Casa Forte, construída em 1934,<br />

foi projetada pelo paisagista recifence<br />

Roberto Burle Marx. A<br />

calçada tem <strong>de</strong>senho mo<strong>de</strong>rnista<br />

<strong>de</strong> ondas <strong>de</strong> Burle Marx,<br />

inspirado no antigo calçadão<br />

português da Avenida Atlântica<br />

do Rio <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> 1906.<br />

19


<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />

1<br />

Poço da Panela<br />

O bairro do Poço da Panela é contíguo ao bairro <strong>de</strong> Casa Forte na margem<br />

esquerda do Rio Capibaribe. As terras são originárias do Engenho<br />

Casa Forte. Muitas das suas edificações são preservadas. O centro histórico<br />

compreen<strong>de</strong> a Igreja <strong>de</strong> Nossa Senhora da Saú<strong>de</strong>, o monumento<br />

ao Escravo Liberto e o busto <strong>de</strong> José Mariano Carneiro da Cunha,<br />

o abolicionista, a casa <strong>de</strong> Dona Olegarina, esposa <strong>de</strong> J. Mariano (foto<br />

acima), a venda <strong>de</strong> Seu Vital e outros casarões coloniais.<br />

O local é um dos mais urbanizados, bucólicos e aprazíveis do <strong>Recife</strong>.<br />

A Estrada Real do Poço é o seu principal acesso. No Poço, as casas<br />

antigas <strong>de</strong> família ainda são habitadas e estão em bom estado <strong>de</strong><br />

conservação, conferindo ao local um ar dos tempos passados.<br />

20<br />

Fotos no sentido horário: Igreja <strong>de</strong> Nossa Senhora da Saú<strong>de</strong>,<br />

Estrada Real do Poço, Venda <strong>de</strong> Seu Vital e casarões preservados


Rota do Açúcar<br />

Museu do Homem do Nor<strong>de</strong>ste<br />

Visitação: Terça a Sexta <strong>de</strong> 9h às 17h - Sábado e domingo <strong>de</strong> 13h às 17h<br />

O MHN é localizado na Av. 17 <strong>de</strong> Agosto, Poço da Panela, e foi<br />

fundado em 1979 por Gilberto Freyre. O Museu faz parte da Diretoria<br />

<strong>de</strong> <strong>Memória</strong>, Educação, Cultura e Arte da Fundação Joaquim<br />

Nabuco - Fundaj. Sua missão é pesquisar, documentar, preservar<br />

e difundir o patrimônio cultural material e imaterial do Nor<strong>de</strong>ste.<br />

O Museu do Açúcar é hoje parte do Museu do Homem do Nor<strong>de</strong>ste.<br />

O seu edifício foi projeto do arquiteto Carlos Antônio Falcão Correia<br />

Lima. Possui dois pavimentos e abriga o MHN. Seu acervo, representativo<br />

da formação histórica, étnica e social da atual Região Nor<strong>de</strong>ste,<br />

possui cerca <strong>de</strong> 15 mil peças, herança cultural do índio, do<br />

europeu e do africano na formação do povo brasileiro.<br />

Compõem o acervo do museu materiais <strong>de</strong> construção dos séculos<br />

XVIII e XIX referentes aos mocambos; ex-votos e objetos <strong>de</strong><br />

cultos afro; peças e utensílios da agroindústria açucareira; instrumentos<br />

<strong>de</strong> suplício <strong>de</strong> escravos; bonecas <strong>de</strong> pano e brinquedos<br />

populares; cerâmica regional <strong>de</strong> Vitalino, Nhô Caboclo, Zé Rodrigues,<br />

Porfírio Faustino e <strong>de</strong> outros notáveis e anônimos artistas do<br />

povo; além das tecnologias do trabalho no açúcar e peças da<br />

vida nas casas-gran<strong>de</strong>s e senzalas. Esse acervo o torna um dos<br />

mais importantes museus histórico-antropológicos do Brasil.<br />

Acima: moenda <strong>de</strong> cana-<strong>de</strong>-açucar manual; Escrava ama <strong>de</strong> leite Mônica com<br />

Augusto G. Leal - Coleção Cehibra - Fundaj - Foto <strong>de</strong> João Ferreira Vilella, 1860<br />

1<br />

21


<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />

22


Rota do Açúcar<br />

Os folguedos populares, originados nos <strong>de</strong>sejos <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> dos<br />

escravos e sempre regados a cachaça, são parte importante da<br />

cultura nor<strong>de</strong>stina. O Bumba-meu-Boi e o Maracatu são espetáculos<br />

que misturam elementos <strong>de</strong> comédia, drama, sátira e tragédia<br />

<strong>de</strong>monstrando a força bruta e fragilida<strong>de</strong> humanas.<br />

Página anterior: Cazumbá do Bumba-meu-Boi. Acima: Festa <strong>de</strong> N. S. do Rosário dos<br />

Pretos, Caboclo <strong>de</strong> Lança e Boneca do Maracatu e Cachaça - acervo MHN - Fundaj<br />

1<br />

23


<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />

1<br />

Índios e principalmente escravos trazidos da África foram a força<br />

motriz na agricultura, engenhos <strong>de</strong> açúcar e mineração no Brasil.<br />

A escravidão indígena foi abolida pelo Marquês do Pombal no final<br />

do séc. XVII. Mas a escravidão só foi abolida com a Lei Áurea em 13<br />

<strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1888. O Parque 13 <strong>de</strong> Maio comemora essa data.<br />

24<br />

Acima, grilhões <strong>de</strong> ferro para pren<strong>de</strong>r e torturar escravos<br />

Acervo do Museu do Homem do Nor<strong>de</strong>ste - MHN - Fundaj


Rota do Açúcar<br />

Eng. São Pantaleão do Monteiro<br />

1<br />

Bairro do Monteiro - O engenho <strong>de</strong> São Pantaleão do Monteiro foi<br />

fundado no século XVI por Manuel Vaz e sua mulher Maria Rodrigues.<br />

Seu proprietário no século XVII, Francisco Monteiro Bezerra,<br />

<strong>de</strong>u o nome ao engenho e à localida<strong>de</strong>. Ficava entre o Engenho<br />

Casa Forte e o Engenho Apipucos. Ainda existem um arruado colonial<br />

e algumas residências antigas preservadas. Há vestígios das<br />

colunas da entrada <strong>de</strong> acesso à casa-gran<strong>de</strong> da proprieda<strong>de</strong>.<br />

O Rio Capibaribe ainda encontra-se<br />

em um estado bastante<br />

natural no Monteiro. Tem-se<br />

acesso às vistas do rio por trás<br />

<strong>de</strong> algumas proprieda<strong>de</strong>s e edifícios.<br />

A <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r da maré, observa-se<br />

o Capibaribe subindo<br />

ou <strong>de</strong>scendo, pelo movimento<br />

das baronesas (plantas aquáticas)<br />

sobre sua superfície.<br />

25


<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />

1<br />

Engenho <strong>de</strong> Apipucos<br />

Bairro <strong>de</strong> Apipucos - O Engenho <strong>de</strong> Apipucos foi partilhado em<br />

1577 das terras do Engenho São Pantaleão do Monteiro. Foi atacado<br />

em 1645 pelos holan<strong>de</strong>ses, que <strong>de</strong>struíram a sua capela (on<strong>de</strong><br />

hoje está a Igreja <strong>de</strong> Apipucos). Tudo foi saqueado e levado para o<br />

Engenho Casa Forte, on<strong>de</strong> Ana Paes, proprietária, era feita refém.<br />

Apipucos (ape-puca, “caminho que bifurca” em Tupi) tem um belo<br />

conjunto colonial <strong>de</strong> casas dos dois lados da Rua Apipucos, continuação<br />

da Av. 17 <strong>de</strong> Agosto. O Açu<strong>de</strong> <strong>de</strong> Apipucos é uma das belas<br />

vistas do <strong>Recife</strong> e <strong>de</strong>ságua no Rio Capibaribe. A Fundação Gilberto<br />

Freyre está logo em seguida à direita, na direção <strong>de</strong> Dois Irmãos.<br />

26


Fundação Gilberto Freyre<br />

Rota do Açúcar<br />

Visitação: Segunda a Sexta <strong>de</strong> 9h às 17h - Rua Dois Irmãos, 320, Apipucos<br />

A Casa <strong>de</strong> Gilberto Freyre foi transformada em Fundação no dia<br />

11 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1987. A Vivenda Santo Antônio <strong>de</strong> Apipucos, hoje<br />

Casa-Museu Magdalena e Gilberto Freyre, está instalada no local<br />

on<strong>de</strong> o escritor escolheu para morar, por mais <strong>de</strong> 40 anos. A sua<br />

construção é reconhecida como casa-gran<strong>de</strong> original do século<br />

XIX. Foi reformada em 1881. Hoje abriga o conjunto <strong>de</strong> objetos colecionados,<br />

guardados e or<strong>de</strong>nados pela família Freyre.<br />

Gilberto Freyre nasceu em 15<br />

<strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1900 e morreu em<br />

18 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1987, no <strong>Recife</strong>.<br />

Dedicou-se a interpretar o Brasil.<br />

Foi sociólogo, antropólogo, historiador,<br />

jornalista, autor <strong>de</strong> ficção,<br />

poeta, pintor e fazedor <strong>de</strong><br />

licor <strong>de</strong> pitanga, <strong>de</strong>ntre muitas<br />

outras coisas. Entre os seus livros<br />

que inspiram este guia estão<br />

Casa-Gran<strong>de</strong> & Senzala, 1933;<br />

Sobrados e Mucambos, 1936; e<br />

Assucar, 1939. Sua estátua está<br />

no Largo <strong>de</strong> Apipucos.<br />

Acima: painel cerâmico do artísta Francisco Brennand<br />

com poema <strong>de</strong> João Cabral <strong>de</strong> Melo Neto (1920-1999)<br />

1<br />

27


<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />

1<br />

Engenho Dois Irmãos<br />

Bairro <strong>de</strong> Dois Irmãos - O Engenho foi erguido nas terras do engenho<br />

Apipucos pelos irmãos Antônio e Tomás Lins Caldas no século<br />

XIX. Por serem muito unidos, eles construíram duas casas idênticas,<br />

lado a lado, e <strong>de</strong>nominaram o engenho <strong>de</strong> Dois Irmãos. Na frente<br />

das casas está a Praça <strong>de</strong> Dois Irmãos, projetada por Burle Marx.<br />

Nos fundos da praça está o Parque Zoológico <strong>de</strong> Dois Irmãos.<br />

O Açu<strong>de</strong> do Prata, que fazia parte da proprieda<strong>de</strong>, e que agora<br />

está por trás do zoológico, foi usado pela antiga Companhia Beberibe<br />

<strong>de</strong> águas para abastecer o <strong>Recife</strong>. A água era bombeada<br />

para cima do morro <strong>de</strong> Dois Irmãos (agora reserva florestal <strong>de</strong><br />

Mata Atlântica) e por gravida<strong>de</strong> era distribuída para a cida<strong>de</strong>.<br />

28


Engenho Brum-Brum<br />

Rota do Açúcar<br />

Era localizado à margem esquerda do Capibaribe, com terras<br />

que iam da povoação <strong>de</strong> Caxangá (final da Avenida Caxangá)<br />

até a proprieda<strong>de</strong> que é hoje o município <strong>de</strong> Camaragibe.<br />

Acima, temos a casa-gran<strong>de</strong> do Engenho Camaragibe (camara<br />

é planta / gibe é rio, em tupi-guarani) sobre a colina que é a continuação<br />

geográfica natural da várzea do Capibaribe.<br />

Engenho Poeta<br />

Esse engenho ficava on<strong>de</strong> hoje é o final da avenida Caxangá.<br />

Também pertenceu ao Governador da Capitania <strong>de</strong> Pernambuco<br />

João Fernan<strong>de</strong>s Vieira e funcionou até 1942 como engenho<br />

<strong>de</strong> açúcar. Um arruado histórico ainda existe na margem direita<br />

do Capibaribe, arruado que teve sua origem nas ativida<strong>de</strong>s do<br />

engenho. Suas terras foram vendidas ao Caxangá Golf & Country<br />

Club, ainda em operação.<br />

A beleza da várzea do Capibaribe po<strong>de</strong> ser vista na UFRPE, Campus Dois Irmãos<br />

1<br />

29


<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />

1<br />

A Várzea do Capibaribe<br />

Muitos engenhos surgiram na Várzea do Capibaribe, engenhos esses<br />

que <strong>de</strong>ram nomes e localida<strong>de</strong>s para muitos bairros do <strong>Recife</strong>.<br />

As terras <strong>de</strong> várzea, que eram i<strong>de</strong>ais para o plantio da cana-<strong>de</strong>-<br />

-açúcar, pertenceram ao Engenho do Meio, Engenho São João,<br />

Engenho Santo Antônio e compreen<strong>de</strong>ram o que hoje são os bairros<br />

da Várzea, Brasilit, Cida<strong>de</strong> Universitária, Iputinga, Engenho do Meio<br />

e Monsenhor Fabrício, chegando até o Cor<strong>de</strong>iro, Torre e Madalena.<br />

Engenho do Meio<br />

Bairros do Engenho do Meio e Cida<strong>de</strong> Universitária - Foi tomado<br />

pelos holan<strong>de</strong>ses no século XVII. Nas suas terras foi erguida a fortificação<br />

do Arraial Novo do Bom Jesus, com as suas ruínas hoje<br />

localizadas na Av. do Forte, s/nº, Bairro do Torrões. Também, as<br />

ruínas da fundação da casa-gran<strong>de</strong> do Engenho do Meio ainda<br />

po<strong>de</strong>m ser vistas no canteiro central do Campus da Universida<strong>de</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Pernambuco, quase em frente à Biblioteca Central.<br />

30


Engenho <strong>de</strong> Santo Antônio<br />

Rota do Açúcar<br />

Bairro da Várzea - Foi fundado por Diogo Gonçalves no século XVI<br />

e <strong>de</strong>u origem a uma povoação que era cercada por 16 engenhos<br />

<strong>de</strong> açúcar. Em 1630 o holandês Adriaen Verdonck escreveu que<br />

na Várzea “está a melhor e mais bela moradia… e é <strong>de</strong> on<strong>de</strong> vem<br />

o melhor e a maior parte do açúcar <strong>de</strong> Pernambuco”.<br />

Em 1645, João Fernan<strong>de</strong>s Vieira, por ser proprietário dos engenhos<br />

São João, do Meio e Santo Antônio e ser o principal chefe da Insurreição<br />

Pernambucana, estabeleceu na Várzea do Capibaribe<br />

resistência e o novo Governo da Capitania <strong>de</strong> Pernambuco, <strong>de</strong><br />

1645 até a expulsão dos holan<strong>de</strong>ses, em 1654. A povoação e a<br />

igreja são as origens do Bairro da Várzea.<br />

Uma restauração arquitetônica recente e uma prospecção arqueológica<br />

expôs pare<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>talhes da construção da capela original.<br />

Uma placa na igreja registra que ali foi sepultado “O Bravo Dom Antônio<br />

Felipe Camarão, governador <strong>de</strong> índios, que, com seus arcos e<br />

flechas, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u a fé e a Pátria contra o batavo invasor”. Na sua<br />

sacristia foi <strong>de</strong>scoberto o cemitério dos mortos das duas batalhas da<br />

guerra holan<strong>de</strong>sa dos Montes Guararapes, em 1648 e 1649.<br />

Foto no alto: Praça da Várzea, ponto central da povoação inicial<br />

Foto acima: lateral da Igreja da Várzea com a construção original exposta<br />

1<br />

31


<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />

1<br />

Instituto Ricardo Brennand<br />

Aberto <strong>de</strong> terça a domingo das 13h às 17h, Bairro da Várzea<br />

O Instituto Ricardo Brennand possui um rico acervo em peças medievais<br />

e a maior coleção privada <strong>de</strong> obras do pintor holandês<br />

Frans Post, que veio com Nassau ao <strong>Recife</strong>. Fica à margem direita<br />

do Capibaribe, nas terras do antigo Engenho <strong>de</strong> Santo Antônio.<br />

No jardim estão dispostas esculturas e diversas obras <strong>de</strong> arte. A<br />

torre <strong>de</strong> entrada é originária da França. O visitante po<strong>de</strong> encontrar<br />

também quadros <strong>de</strong> orientalistas, tapeçarias, vitrais, mobiliário<br />

gótico e outras peças que remetem aos séculos XVI e XVII.<br />

32<br />

Acima, uma cópia autorizada do David <strong>de</strong> Miguelangelo<br />

faz parte do acervo do Instituto Ricardo Brennand


Engenho São João<br />

Rota do Açúcar<br />

Bairro da Várzea - Esse engenho também pertenceu a João Fernan<strong>de</strong>s<br />

Vieira no século XVII. Na margem esquerda do Rio Capibaribe,<br />

fazia limite com o Engenho Camaragibe, hoje município.<br />

Pertence à família Brennand <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o século XIX. Até 1945 nele funcionou<br />

a Cerâmica São João, que fabricava tijolos e telhas.<br />

Ateliê e Oficina Cerâmica<br />

Francisco Brennand<br />

Aberto <strong>de</strong> segunda a sexta das 8h às 16h, Bairro da Várzea<br />

O artista plástico pernambucano Francisco Brennand reconstruiu<br />

os galpões da fábrica cerâmica e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1971 tem o seu ateliê <strong>de</strong><br />

pintura, <strong>de</strong>senho e cerâmica no local.<br />

Também merece <strong>de</strong>staque o ver<strong>de</strong> da Mata Atlântica e o espaço,<br />

que é ao mesmo tempo museu e ateliê <strong>de</strong> produção e possui capela,<br />

auditório e loja-café.<br />

1<br />

33


<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />

1<br />

Museu do Estado <strong>de</strong> Pernambuco<br />

Aberto <strong>de</strong> terça a sexta, das 9h às 17h. Sábados e domingos, das 14h às 17h<br />

O Museu do Estado foi criado em 1928 e funcionou até 1940 no<br />

Palácio da Justiça, quando se transferiu para o atual en<strong>de</strong>reço,<br />

um luxuoso casarão do século XIX situado na Avenida Rui Barbosa,<br />

960, Bairro das Graças. Seu acervo é bastante variado e conta<br />

com estátuas <strong>de</strong> divinda<strong>de</strong>s greco-romanas, cerâmicas variadas,<br />

mobiliário seiscentista, Frans-Post e Barléu, pinturas retratando pessoas<br />

importantes e a cida<strong>de</strong> em seus antigos tempos. O Museu<br />

tem um anexo <strong>de</strong>dicado à arte mo<strong>de</strong>rna e contemporânea.<br />

Teatro <strong>de</strong> Santa Isabel<br />

Situado no Campo das Princesas, foi inaugurado em 1850 e tem formas<br />

neoclássicas. O projeto é <strong>de</strong> Louis Vauthier. Companhias internacionais<br />

se apresentavam nele antes <strong>de</strong> seguir para o sul do País.<br />

Abrigou os <strong>de</strong>bates que consolidaram a abolição da escravatura.<br />

34


Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Direito<br />

Aberta em horário comercial e <strong>de</strong> aulas.<br />

Rota do Açúcar<br />

A Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Direito do <strong>Recife</strong> é situada na Rua Princesa Isabel.<br />

O prédio apresenta características ecléticas, com predomínio do<br />

neoclassicismo. Nesta faculda<strong>de</strong> estudaram intelectuais e políticos,<br />

como Tobias Barreto e Joaquim Nabuco, que com discussões<br />

sobre a abolição da escravatura e instalação da república chamavam<br />

a atenção da socieda<strong>de</strong> da época. Os jardins têm estátuas<br />

e entre elas um busto <strong>de</strong> Castro Alves. Uma jovem árvore baobá<br />

está plantada à direita <strong>de</strong> quem olha para o prédio.<br />

Parque 13 <strong>de</strong> Maio<br />

O Parque 13 <strong>de</strong> Maio situa-se em frente à Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Direito.<br />

Foi inaugurado em 1939 e homenageia a abolição da escravatura.<br />

Burle Marx participou do projeto paisagístico. O Parque<br />

possui lago, pista <strong>de</strong> cooper e minizoológico.<br />

Basílica e Convento do Carmo<br />

Aberta <strong>de</strong> segunda a sexta das 6h às 11h30 e das 14h às 17h<br />

A Faculda<strong>de</strong> é projeto <strong>de</strong> José Antônio <strong>de</strong> Almeida Pernambuco e<br />

Gustave Varin e data <strong>de</strong> 1880<br />

1<br />

A praça em frente à Igreja do<br />

Carmo recebeu em um poste,<br />

no dia 20 <strong>de</strong> novembro<br />

<strong>de</strong> 1695, a cabeça <strong>de</strong>golada<br />

e salgada <strong>de</strong> Zumbi, lí<strong>de</strong>r do<br />

Quilombo dos Palmares. Ele<br />

foi capturado em Alagoas e<br />

trazido ao <strong>Recife</strong>. Foi morto e<br />

<strong>de</strong>capitado. A data <strong>de</strong> 20 <strong>de</strong><br />

novembro é a Data Nacional<br />

da Consciência Negra em<br />

memória a Zumbi e sua causa.<br />

Dom Hel<strong>de</strong>r Camara celebrou<br />

a “Missa dos Quilombos” em<br />

1981 na igreja, ligando o martírio<br />

<strong>de</strong> Zumbi aos dos perseguidos<br />

da Ditadura <strong>de</strong> 1964.<br />

35


<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />

1<br />

Joaquim Nabuco - Praça e Túmulo<br />

A Praça Joaquim Nabuco tem uma estátua em bronze do<br />

abolicionista <strong>de</strong> autoria <strong>de</strong> João Bereta <strong>de</strong> Carrara, sobre um<br />

pe<strong>de</strong>stal <strong>de</strong> argamassa calcária, esculpido por Pedro Mayol.<br />

A inauguração foi no dia 28 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1915. Um edifício<br />

em frente à praça possui painel em cerâmica pintada do artista<br />

Abelardo da Hora.<br />

O Cemitério <strong>de</strong> Santo Amaro é o maior cemitério público do <strong>Recife</strong>.<br />

Nele estão enterradas gran<strong>de</strong>s personalida<strong>de</strong>s pernambucanas,<br />

como Manuel Borba, ex-governador <strong>de</strong> Pernambuco; o pintor<br />

e poeta Vicente do Rego Monteiro; os abolicionistas Joaquim<br />

Nabuco e José Mariano Carneiro da Cunha; o ex-governador<br />

Miguel Arraes; os músicos Capiba; Chico Science; entre outros.<br />

Merecem <strong>de</strong>staque os mausoléus, ornados com belíssimas<br />

obras <strong>de</strong> arte, em bronze, ferro, mármore, granitos das mais diversas<br />

cores, como <strong>de</strong>monstra a foto acima e à direita, do túmulo<br />

<strong>de</strong> Joaquim Nabuco. Neste cemitério também está enterrada<br />

a Menina-sem-nome, santa católica popular não canonizada.<br />

36<br />

Fotos acima: mural em azulejo <strong>de</strong> Abelardo da Hora, estátua em bronze da Praça<br />

e mausoléu em mármore <strong>de</strong> Carrara no Cemitério <strong>de</strong> Santo Amaro


Rota do Açúcar<br />

Porto do <strong>Recife</strong> - Cruz do Patrão<br />

O Porto do <strong>Recife</strong> está ligado ao <strong>de</strong>senvolvimento socioeconômico<br />

e cultural do estado <strong>de</strong> Pernambuco e do Nor<strong>de</strong>ste. Ele foi<br />

o ponto <strong>de</strong> trocas <strong>de</strong> mercadorias e abastecimento das capitanias<br />

do nor<strong>de</strong>ste durante a colonização. No século XVI aumenta<br />

a importação, produção e exportação <strong>de</strong> açúcar. A cida<strong>de</strong> do<br />

<strong>Recife</strong> surge da vizinhança do porto. Nele, imigrantes europeus<br />

se estabeleceram para viver do comércio. O Rio Capibaribe<br />

<strong>de</strong>ságua no porto do <strong>Recife</strong> o açúcar dos engenhos das suas<br />

margens, e as pessoas frequentavam as áreas da alfân<strong>de</strong>ga do<br />

porto. Foram construídos armazéns, para estocar açúcar, sobrados,<br />

casarões, moradias populares e estabelecimentos comerciais,<br />

alguns ainda existentes.<br />

Na <strong>de</strong>scida da Ponte do Limoeiro,<br />

à esquerda, está a Cruz do<br />

Patrão, edificada originalmente<br />

no século XVI, em ma<strong>de</strong>ira,<br />

sendo reconstruída em 1814.<br />

A Cruz se alinha ao cruzeiro da<br />

Igreja <strong>de</strong> Santo Amaro das Salinas<br />

e orientava os navios que<br />

manobravam no Porto do <strong>Recife</strong>.<br />

O nome refere-se a patrão-<br />

-mor, mestre <strong>de</strong> barco.<br />

Foto acima: a Cruz do Patrão está no imaginário popular como local sagrado às<br />

religiões afro-brasileiras. Pensa-se que escravos tenham sido sacrificados nela<br />

1<br />

37


<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />

38


Os Holan<strong>de</strong>ses<br />

O Período Holandês<br />

Maurício <strong>de</strong> Nassau<br />

A Insurreição Pernambucana<br />

Monte dos Guararapes<br />

40<br />

45<br />

48<br />

52<br />

2


<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />

2<br />

O Período Holandês<br />

A memória holan<strong>de</strong>sa no <strong>Recife</strong> perdura em vários lugares. Uma<br />

era <strong>de</strong> prosperida<strong>de</strong> financeira e social para a cida<strong>de</strong>. Entre 1580<br />

e 1640, a União Ibérica, que era formada à época pelos atuais territórios<br />

da Espanha e <strong>de</strong> Portugal, proibiu o comércio <strong>de</strong> açúcar da<br />

América com a Holanda. Mas os holan<strong>de</strong>ses <strong>de</strong>tinham gran<strong>de</strong> volume<br />

<strong>de</strong> capital investido nessa ativida<strong>de</strong> comercial e resolveram<br />

enviar expedições militares para conquistar a região Nor<strong>de</strong>ste brasileira,<br />

com o objetivo <strong>de</strong> restabelecer o seu comércio do açúcar.<br />

Assim, po<strong>de</strong>-se dizer que o período holandês no <strong>Recife</strong> teve início<br />

na chamada Dinastia Filipina, que <strong>de</strong>correu entre 1580 e 1640,<br />

quando Portugal e as suas colônias estavam sob domínio da Coroa<br />

da Espanha.<br />

Os holan<strong>de</strong>ses chegaram ao Brasil em 9 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1624, aportando<br />

no Farol da Barra, na Bahia, on<strong>de</strong> ficava a então capital<br />

da colônia, Salvador. A esquadra holan<strong>de</strong>sa, composta <strong>de</strong> 3.400<br />

homens, não <strong>de</strong>morarou a ren<strong>de</strong>r o governador-geral. Mas a resistência<br />

foi forte. Em 27 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1625, uma esquadra portuguesa,<br />

comandada pelo espanhol D. Fradique <strong>de</strong> Toledo Osório,<br />

aportou nas terras baianas. Em 1º <strong>de</strong> maio os holan<strong>de</strong>ses se ren<strong>de</strong>ram<br />

e logo foram expulsos.<br />

Em fevereiro <strong>de</strong> 1630, uma nova expedição, com 64 navios e 3.800<br />

homens, chegou a Pau Amarelo, próximo a Olinda. Os portugueses<br />

armaram uma frágil resistência e foram <strong>de</strong>rrotados às margens do<br />

Rio Doce. Os holan<strong>de</strong>ses marcharam para Olinda, on<strong>de</strong> ficaram por<br />

um ano. Mas, para dominar o comércio do açúcar, foram para o<br />

<strong>Recife</strong>, um subúrbio <strong>de</strong> Olinda com seu porto. Ao <strong>de</strong>ixarem Olinda,<br />

os holan<strong>de</strong>ses atearam fogo às principais construções da cida<strong>de</strong>.<br />

Os holan<strong>de</strong>ses se estabeleceram no <strong>Recife</strong>, local estratégico para<br />

o domínio do comércio do açúcar. Interessava-lhes principalmente<br />

o porto do <strong>Recife</strong>, um dos principais pontos <strong>de</strong> escoamento e chegada<br />

<strong>de</strong> produtos provindos das mais diversas partes do mundo.<br />

A situação, no entanto, era bastante árdua para os invasores holan<strong>de</strong>ses.<br />

O <strong>Recife</strong>, à época apenas um povoado ao redor do porto,<br />

40<br />

No alto, gravura <strong>de</strong> John Ogilby, “Ataque Holandês a Olinda”, 1671 - Londres


Rota Holan<strong>de</strong>sa<br />

com pouquíssimas casas e nenhuma infraestrutura, não era um lugar<br />

seguro, e as condições <strong>de</strong> vida eram quase inumanas.<br />

Valendo-se disso, os portugueses, sob o comando <strong>de</strong> Matias <strong>de</strong> Albuquerque<br />

e então relegados aos arredores do <strong>Recife</strong>, organizaram<br />

a resistência, realizada na forma <strong>de</strong> emboscadas e investidas<br />

pontuais contra o inimigo, episódio que ficou conhecido como<br />

Guerra Brasilis. Depois, vários confrontos foram travados, culminando<br />

na Insurreição Pernambucana. Desse movimento, consta<br />

a batalha <strong>de</strong>rra<strong>de</strong>ira, conhecida como Batalha dos Guararapes,<br />

ocorrida nos Montes Guararapes.<br />

Desse período consta a contribuição grandiosa dos holan<strong>de</strong>ses<br />

para o <strong>de</strong>senvolvimento do <strong>Recife</strong>: <strong>de</strong> pequeno povoado às margens<br />

do porto, o <strong>Recife</strong>, principalmente sob o comando do Con<strong>de</strong><br />

João Maurício <strong>de</strong> Nassau, tornou-se um centro urbano <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento, possuindo, ao fim do período holandês, um comércio<br />

e uma estrutura bastante <strong>de</strong>senvolvidos.<br />

Da ocupação holan<strong>de</strong>sa, muitos heróis, dos quais as guerras<br />

tiraram a vida, ainda hoje persistem nas narrativas históricas<br />

recifenses. Dos locais, ainda que poucos restem <strong>de</strong> pé, nascem<br />

as memórias <strong>de</strong> um tempo outro, que o passar das épocas<br />

não conseguiu apagar.<br />

Acima: Mapa do <strong>Recife</strong>, Johannes Vingboons, 1665<br />

Abaixo: Batalha dos Guararapes, Francisco Brennand, Rua das Flores, <strong>Recife</strong><br />

2<br />

41


<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />

2<br />

Forte do Brum<br />

Aberto <strong>de</strong> terça a sexta das 9h às 16h; sábados e domingos das 14h às 16h<br />

O Forte do Brum, iniciado em 1629, por or<strong>de</strong>m do então governador<br />

Matias <strong>de</strong> Albuquerque, foi tomado pelos neerlan<strong>de</strong>ses logo<br />

a seguir, quando ainda estava nos alicerces. De Forte Diogo Pais,<br />

passou a ser chamado Forte Bruyne (e, por corruptela, Brum), em<br />

honra ao conselheiro holandês Johan Bruyne.<br />

De sua existência, escreve Gaspar Barléu, em História dos feitos<br />

recentemente praticados durante oito anos no Brasil: “Não longe<br />

do Forte <strong>de</strong> S. Jorge, avista-se o do Brum com quatro bastiões e<br />

sete peças <strong>de</strong> bronze, fechado, <strong>de</strong>mais, com a sua estacada”. Estacadas<br />

são as estacas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, preenchidas com areia, da<br />

construção original holan<strong>de</strong>sa. A atual, em alvenaria, foi feita pelos<br />

portugueses, concluída no século XVII. Nessa época, foi rebatizado<br />

<strong>de</strong> Forte <strong>de</strong> São João Batista, acrescentado <strong>de</strong>pois o nome Brum.<br />

O Forte do Brum testemunhou a Revolução Pernambucana, a Confe<strong>de</strong>ração<br />

do Equador e a Revolução Praeira.<br />

42


Quarteirão Franciscano<br />

Rota Holan<strong>de</strong>sa<br />

Os mapas holan<strong>de</strong>ses constituem um valoroso registro da empreitada<br />

neerlan<strong>de</strong>sa no <strong>Recife</strong>. Neles, po<strong>de</strong>-se ver o planejamento<br />

urbano nos bairros <strong>de</strong> Antônio Vaz e da Boa Vista, o primeiro da<br />

cida<strong>de</strong>. Desse planejamento, resta-nos o Quarteirão Franciscano,<br />

à direita na Rua do Imperador, em frente à Praça da República.<br />

O Convento Franciscano <strong>de</strong> Santo Antônio foi iniciado em<br />

28 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1606, pelos fra<strong>de</strong>s franciscanos <strong>de</strong> Olinda, nas<br />

terras do senhor <strong>de</strong> engenho Marcos André. No período holandês<br />

(século XVII), o lugar fez parte do Forte Ernesto.<br />

No claustro, que é anterior ao barroco, encontram-se colunas esculpidas<br />

em um só bloco <strong>de</strong> pedra <strong>de</strong> arrecifes que sustentam arcos<br />

plenos. As colunas e os arcos formam um harmonioso conjunto<br />

arquitetônico. A foto acima, à direita, mostra os azulejos holan<strong>de</strong>ses<br />

do Convento, únicos exemplos remanescentes no <strong>Recife</strong>.<br />

O conjunto franciscano ainda tem a Capela Dourada, finalizada<br />

em 1724, a Igreja da Or<strong>de</strong>m Terceira <strong>de</strong> São Francisco, datada<br />

<strong>de</strong> 1702, e o Hospital <strong>de</strong> São Francisco, também do século XVIII.<br />

Forte Ernesto<br />

Escreveu Barléu: “O forte <strong>de</strong> Ernesto ergue-se na ilha <strong>de</strong> Antônio<br />

Vaz, ao oci<strong>de</strong>nte do <strong>Recife</strong>. Tem três faces e é munido <strong>de</strong> um<br />

fosso assaz largo, <strong>de</strong> paliçadas e bastiões. Com quatro bocas <strong>de</strong><br />

fogo, guarda ele o rio, as planícies da ilha e a vila <strong>de</strong> Antônio Vaz,<br />

que aí nasceu”. Acredita-se que o Forte se localizava on<strong>de</strong> hoje<br />

está situado o Quarteirão Franciscano e servia <strong>de</strong> proteção ao<br />

Palácio <strong>de</strong> Friburgo, residência do Con<strong>de</strong> Maurício <strong>de</strong> Nassau.<br />

Acima: Mapa do <strong>Recife</strong>, <strong>de</strong>talhe, Forte Ernesto, Johannes Vingboons, 1665<br />

2<br />

43


<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />

2<br />

Praça da República e Imperador<br />

A Praça da República está situada on<strong>de</strong> antes havia o parque<br />

zoobotânico no qual se inseria o Palácio <strong>de</strong> Friburgo, residência<br />

<strong>de</strong> Nassau durante sua estadia no <strong>Recife</strong>. O Palácio <strong>de</strong> Friburgo<br />

era também conhecido como Palácio das Torres, <strong>de</strong>vido às suas<br />

duas torres laterais que ajudavam na <strong>de</strong>fesa e na orientação dos<br />

navegantes. Nele, viviam espécies da fauna e flora local, hoje<br />

substituídas pelas belas estátuas e pelo imenso baobá. A Praça é<br />

consi<strong>de</strong>rada o primeiro espaço urbano projetado do <strong>Recife</strong>.<br />

S e g u i n d o p e l a R u a d o I m p e r a d o r, d a P r a ç a d a R e p ú b l i c a ,<br />

veem-se os resultados da urbanização <strong>de</strong> Nassau: na esquina<br />

com a Rua 1º <strong>de</strong> Março, encontra-se uma construção antiga, <strong>de</strong><br />

dois pavimentos, on<strong>de</strong> havia o prédio que serviu <strong>de</strong> primeira residência<br />

a Nassau e on<strong>de</strong> funcionou o Primeiro Observatório Astronômico<br />

das Américas, construído por Marcgrave; observam-se<br />

“sobrados magros” ao estilo <strong>de</strong> Amsterdã; e mais adiante a Igreja<br />

do Espírito Santo, 1642, que originalmente era um templo calvinista,<br />

e única igreja erguida sob o domínio holandês.<br />

44<br />

No alto, gravura <strong>de</strong> Frans Post do Palácio Frigurgo <strong>de</strong> 1642<br />

Ao centro, baobá, Teatro <strong>de</strong> Santa Isabel e edificações na Rua do Imperador


Maurício <strong>de</strong> Nassau<br />

Rota Holan<strong>de</strong>sa<br />

O Con<strong>de</strong> João Maurício <strong>de</strong> Nassau-Siegen foi o eleito para comandar<br />

o governo holandês no <strong>Recife</strong>. De espírito renascentista,<br />

Nassau empreen<strong>de</strong>u uma grandiosa reforma urbana na cida<strong>de</strong>,<br />

dos quais restam ainda o quarteirão franciscano, ruas no bairro<br />

da Boa Vista, a Praça da República e o Palácio do Governo, que,<br />

se não é o original, traz consigo a proximida<strong>de</strong> arquitetônica e o<br />

planejamento paisagístico do governador flamengo.<br />

2<br />

Em 1644, Nassau foi <strong>de</strong>stituído<br />

do cargo. Instala-se a crise:<br />

revoltas ocorrem nos arredores,<br />

sendo a mais conhecida<br />

a Insurreição Pernambucana,<br />

da qual fazem parte a Batalha<br />

das Tabocas e a fatídica Batalha<br />

dos Guararapes. Esta selou<br />

o fim do período holandês no<br />

<strong>Recife</strong> — pelo menos, o fim <strong>de</strong><br />

um período político, visto que<br />

o imaginário coletivo da Cida<strong>de</strong><br />

Maurícia, Mauriciópolis ou<br />

Mauritsstad, ainda é habitado<br />

por personagens flamengos.<br />

Com Nassau, foram construídas<br />

duas fortalezas na Ilha<br />

<strong>de</strong> Antônio Vaz (hoje bairro <strong>de</strong> Santo Antônio): o Forte Ernesto,<br />

junto ao qual havia o Gran<strong>de</strong> Alojamento, área fortificada que<br />

mais tar<strong>de</strong> viria a ser a Praça da República, e o Forte Fre<strong>de</strong>rico<br />

Henrique (Fre<strong>de</strong>rick Hendrick), hoje <strong>de</strong>nominado Forte das Cinco<br />

Pontas. Também <strong>de</strong>ssa época constam a Ponte Maurício <strong>de</strong> Nassau,<br />

o Palácio <strong>de</strong> Friburgo, o zoológico e o palácio <strong>de</strong> Nassau,<br />

também chamado <strong>de</strong> Palácio da Boa Vista, situado a leste da<br />

Ilha, às margens do rio Capibaribe, sua residência <strong>de</strong> <strong>de</strong>scanso.<br />

Na comitiva <strong>de</strong> Nassau estavam artistas, cientistas, cartógrafos,<br />

entre eles: Gaspar Barléu, Frans Post, Albert Eckhout e George<br />

Marcgraf, que retrataram e inventaram um <strong>Recife</strong> holandês.<br />

Acima, capa <strong>de</strong> “Historia Naturalis Brasiliae”, Guilherme Piso, 1648<br />

Nassau, gravura <strong>de</strong> Willen Jacobz Delff, 1637, Museu do Estado <strong>de</strong> Pernambuco<br />

45


<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />

2<br />

Rua do Bom Jesus<br />

Atualmente conhecida como Rua do Bom Jesus, a Rua dos Ju<strong>de</strong>us<br />

tinha esse nome justamente por sediar a sinagoga. É consi<strong>de</strong>rada<br />

a rua mais antiga do <strong>Recife</strong>. Seu nome vem do Arco do<br />

Bom Jesus, porta da cida<strong>de</strong> até 1850. É uma das mais importantes<br />

e belas ruas do Bairro do <strong>Recife</strong>.<br />

Na Rua do Bom Jesus, está a Sinagoga Kahal Zur Israel, primeira<br />

sinagoga oficial das Américas, fundada por ju<strong>de</strong>us que se<br />

fixaram no <strong>Recife</strong> durante o governo holandês. O monumento<br />

marca um período <strong>de</strong> tolerância religiosa, quando o Estado holandês<br />

permitiu aos ju<strong>de</strong>us professarem sua fé no Novo Mundo.<br />

Com a saída dos flamengos, os ju<strong>de</strong>us foram expulsos, e um dos<br />

navios que os conduzia <strong>de</strong> volta à Europa per<strong>de</strong>u o rumo, indo<br />

aportar em Nova York. Lá ajudaram a fundar a primeira comunida<strong>de</strong><br />

judaica da cida<strong>de</strong>.<br />

Palácio da Boa Vista<br />

Às margens do Rio Capibaribe, signo cultural do <strong>Recife</strong>, localizava-se<br />

o Palácio da Boa Vista, construído por Maurício <strong>de</strong> Nassau<br />

para seu <strong>de</strong>scanso. Sua arquitetura apresentava telhado baixo,<br />

com quatro águas, e janelas pequenas. Na frente, Nassau<br />

mandou construir a segunda ponte do <strong>Recife</strong>, hoje conhecida<br />

como Seis <strong>de</strong> Março. Historiadores acreditam que o Palácio da<br />

Boa Vista localizava-se on<strong>de</strong> hoje está o Convento do Carmo.<br />

46<br />

Acima, abóbada da Basílica do Convento do Carmo na Av. Dantas Barreto<br />

A cabeça <strong>de</strong> Zumbi foi exposta em estaca na praça em frente à Basílica em 1695


Forte das Cinco Pontas<br />

Aberto <strong>de</strong> segunda a sexta das 9h às 18h; sáb. e dom. das 13h às 17h<br />

Rota Holan<strong>de</strong>sa<br />

Localizado bem próximo ao Porto do <strong>Recife</strong>, o Forte <strong>de</strong> São Tiago<br />

das Cinco Pontas foi erguido sob or<strong>de</strong>m do coronel Die<strong>de</strong>rick van<br />

Waer<strong>de</strong>nburch, comandante das tropas holan<strong>de</strong>sas quando da<br />

tomada <strong>de</strong> Olinda e do <strong>Recife</strong>. A fortificação tinha por objetivo<br />

proteger o porto, na foz do rio dos Afogados, e as cacimbas <strong>de</strong><br />

água potável <strong>de</strong> Ambrósio Machado.<br />

Foi projetado por Tobias Commersteyn, apresentando, em sua planta,<br />

um polígono pentagonal com baluartes nos vértices. Ainda em<br />

obras, o Forte foi alvo <strong>de</strong> ataque dos portugueses em 1630, tendo<br />

resistido bravamente. Foi o ponto final <strong>de</strong> resistência dos holan<strong>de</strong>ses,<br />

que ali concentraram suas últimas <strong>de</strong>fesas. Foi nesse forte que, no<br />

dia 28 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1654, o General Francisco Barreto <strong>de</strong> Menezes<br />

entrou solenemente, pondo fim ao período holandês no Brasil.<br />

Do lado esquerdo, existe um monumento em homenagem a Frei<br />

Caneca, que marca o local on<strong>de</strong> ele foi arcabuzado em 1825.<br />

2<br />

47


<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />

2<br />

A Insurreição Pernambucana<br />

A Insurreição Pernambucana foi o movimento <strong>de</strong> resistência portuguesa<br />

à invasão holan<strong>de</strong>sa no século XVII à capitania <strong>de</strong> Pernambuco.<br />

Culminou com a expulsão dos holan<strong>de</strong>ses da região Nor<strong>de</strong>ste<br />

do Brasil e o retorno do governo português a Pernambuco.<br />

A Holanda, com combates na Europa e bastante endividada,<br />

resolveu cobrar os empréstimos dados aos produtores açucareiros,<br />

e aquele que não pagasse teria suas terras tomadas.<br />

Vários confrontos ocorreram. Em 3 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1645 houve<br />

a primeira gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>rrota dos holan<strong>de</strong>ses no Monte das Tabocas,<br />

on<strong>de</strong> está a atual cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Vitória <strong>de</strong> Santo Antão.<br />

Os que estavam contra os holan<strong>de</strong>ses inva<strong>de</strong>m o <strong>Recife</strong> e<br />

fundam o Arraial Velho do Bom Jesus, on<strong>de</strong> hoje é o Sítio da<br />

Trinda<strong>de</strong>. Neste momento, João Fernan<strong>de</strong>s Vieira é nomeado<br />

Governador da Capitania. Os confrontos continuam, até que<br />

insurretos e invasores lutam <strong>de</strong>cisivamente nos Montes Guararapes,<br />

em 19 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1648 e 19 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1649.<br />

Praça Sérgio Loreto e Arredores<br />

A Praça Sérgio Loreto se localiza no final da Avenida Dantas Barreto.<br />

Na Praça, encontra-se o monumento à Restauração Pernambucana,<br />

<strong>de</strong> Abelardo da Hora (fotos abaixo). Perto da praça, no<br />

Forte das Cinco Pontas, os holan<strong>de</strong>ses captulam em 1654.<br />

48<br />

No alto, Batalha dos Guararapes, Igreja Conceição dos Militares, <strong>Recife</strong>


Rota Holan<strong>de</strong>sa<br />

Henrique Dias - Filho <strong>de</strong> escravos africanos, Henrique Dias<br />

nasceu em Pernambuco. Li<strong>de</strong>rou um grupo <strong>de</strong> africanos ao<br />

lado e sob o comando <strong>de</strong> Matias <strong>de</strong> Albuquerque, lí<strong>de</strong>r militar<br />

da resistência lusitana.<br />

Felipe Camarão - Antonio Felipe Camarão, indígena da tribo<br />

potiguar. Convertido ao cristianismo, tomou parte na batalha<br />

portuguesa contra os holan<strong>de</strong>ses.<br />

João Fernan<strong>de</strong>s Vieira - João Fernan<strong>de</strong>s Vieira foi Senhor <strong>de</strong><br />

engenho <strong>de</strong> origem portuguesa, mulato, e teve parte nas<br />

Batalhas dos Guararapes como mestre <strong>de</strong> campo. Foi aclamado<br />

Chefe Supremo da Resistência e Governador <strong>de</strong> Pernambuco<br />

após a expulsão dos holan<strong>de</strong>ses.<br />

André Vidal <strong>de</strong> Negreiros - Brasileiro, André Vidal <strong>de</strong> Negreiros<br />

lutou ao lado dos lusos nas Batalhas dos Guararapes. Noticiou<br />

o rei D. João IV sobre a expulsão dos holan<strong>de</strong>ses. Foi<br />

Governador e Capitão-Geral da Capitania do Maranhão, da<br />

Capitania <strong>de</strong> Pernambuco e <strong>de</strong> Angola.<br />

Os Quatro Heróis<br />

Henrique Dias Felipe Camarão<br />

João Fernan<strong>de</strong>s Vieira André Vidal <strong>de</strong> Negreiros<br />

Retratos dos Quatro Heróis por pintor <strong>de</strong>sconhecido, séc. XVII, Wikimedia Commons<br />

49


<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />

2<br />

A Batalha <strong>de</strong> Casa Forte<br />

Em memória a esse episódio, o bairro <strong>de</strong> Casa Forte <strong>de</strong>dica o nome<br />

<strong>de</strong> sua principal avenida, a Avenida 17 <strong>de</strong> Agosto.<br />

A batalha <strong>de</strong> Casa Forte ocorreu em 17 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1645, logo<br />

após a <strong>de</strong>rrota holan<strong>de</strong>sa no Monte das Tabocas. Ao marchar <strong>de</strong><br />

volta para o <strong>Recife</strong>, os holan<strong>de</strong>ses saquearam o Engenho Apipucos<br />

e acamparam no Engenho Casa Forte, <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Anna Paes.<br />

Um dia antes do combate, o chefe dos holan<strong>de</strong>ses, coronel Henrique<br />

Hous (van Haus), enviou um <strong>de</strong>stacamento para pren<strong>de</strong>r<br />

as mulheres <strong>de</strong> chefes revolucionários pernambucanos. Ao voltarem,<br />

com várias prisioneiras, entre elas Isabel <strong>de</strong> Góis, mulher <strong>de</strong><br />

Antônio Bezerra; Ana Bezerra, sogra <strong>de</strong> João Fernan<strong>de</strong>s Vieira; e<br />

Maria Luísa <strong>de</strong> Oliveira, mulher <strong>de</strong> Amaro Lopes, tornou-se o fato<br />

<strong>de</strong> conhecimento do exército português, que se encontrava perto<br />

<strong>de</strong> Tejipió. João Fernan<strong>de</strong>s Vieira, André Vidal <strong>de</strong> Negreiros,<br />

Henrique Dias e Felipe Camarão arregimentaram seus homens e<br />

partiram em socorro das prisioneiras, chegaram ao local na manhã<br />

<strong>de</strong> 17 <strong>de</strong> agosto. As tropas pernambucanas surpreen<strong>de</strong>ram<br />

os holan<strong>de</strong>ses, que puseram as mulheres à mostra na janela.<br />

Interpretando o ato como a rendição dos flamengos, o chefe da<br />

tropa pernambucana or<strong>de</strong>nou o cessar-fogo, e enviou um emissário<br />

para negociar os termos <strong>de</strong> rendição, sendo ele morto pelos<br />

holan<strong>de</strong>ses. Isso <strong>de</strong>belou um ataque feroz dos pernambucanos<br />

que, se<strong>de</strong>ntos <strong>de</strong> vingança, atearam fogo à casa. Sufocado pela<br />

fumaça, o coronel Henrique Hous ren<strong>de</strong>u-se junto com sua tropa.<br />

A <strong>de</strong>rrota dos holan<strong>de</strong>ses custou<br />

37 mortos, mais <strong>de</strong> 300<br />

prisioneiros e proporcionou<br />

gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> armamento,<br />

cavalos e víveres aos<br />

portugueses. A casa-gran<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Anna Paes era à esquerda<br />

da igreja, on<strong>de</strong> agora existe o<br />

Colégio Sagrada Família, na<br />

Praça <strong>de</strong> Casa Forte<br />

50<br />

No alto, Praça <strong>de</strong> Casa Forte, projeto <strong>de</strong> Burle Marx<br />

Abaixo, locais da “casa-gran<strong>de</strong>” e “capela” <strong>de</strong> Dona Anna Paes


Arraial Velho do Bom Jesus<br />

Sítio da Trinda<strong>de</strong><br />

Rota Holan<strong>de</strong>sa<br />

O Arraial Velho do Bom Jesus foi um dos principais pontos da resistência<br />

pernambucana à invasão holan<strong>de</strong>sa no <strong>Recife</strong>. A edificação<br />

foi erguida quando as <strong>de</strong>fesas litorâneas já haviam capitulado, tendo<br />

sido construída em taipa <strong>de</strong> pilão e circundada por um fosso <strong>de</strong><br />

aproximadamente 4,5 m <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>. Foi i<strong>de</strong>alizado por Matias<br />

<strong>de</strong> Albuquerque para impedir o avanço das tropas flamengas em<br />

direção aos engenhos <strong>de</strong> açúcar.<br />

Após 1633, com a queda do Passo dos Afogados, posto avançado<br />

que impedia o acesso dos holan<strong>de</strong>ses ao interior pelo Rio Capibaribe,<br />

o Arraial foi cercado. Um ataque robusto pôs abaixo o Forte Real<br />

do Bom Jesus. O ataque veio por terra e pela artilharia em ponto<br />

elevado do hoje Morro da Conceição. Sem mantimentos e com os<br />

soldados à míngua, o forte ren<strong>de</strong>u-se em 1635.<br />

Mais tar<strong>de</strong>, em 1859, quando da visita <strong>de</strong> D. Pedro II a Pernambuco,<br />

buscou-se, a mando do imperador, a localização <strong>de</strong> suas ruínas. Os<br />

vestígios, no entanto, só foram encontrados recentemente, em 2009,<br />

pela equipe do Arqueólogo Marcos Albuquerque, UFPE.<br />

No alto, visada do Arraial, do ponto on<strong>de</strong> os holan<strong>de</strong>ses tinham sua artilharia<br />

pesada. Abaixo, vestígios do fosso encontrado no Sítio da Trinda<strong>de</strong> em 2009<br />

2<br />

51


<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />

2<br />

Nossa Senhor a dos Pr azeres<br />

do Monte Guararapes<br />

Aberta <strong>de</strong> terça a sábado das 7h às 12h e das 14h às 17h<br />

A Igreja dos Guararapes foi erguida por João Fernan<strong>de</strong>s Vieira<br />

em honra à vitória portuguesa nas duas batalhas dos Guararapes.<br />

Sua fachada é em estilo barroco, com três portadas principais,<br />

galilé (espaço entre as portadas e porta <strong>de</strong> acesso à nave<br />

central), óculo, frontão e torres sineiras com cúpula em obelisco.<br />

A cantaria da Igreja é toda em pedra <strong>de</strong> arenito, incluindo sua<br />

fachada, que apresenta, em algumas partes, cobertura <strong>de</strong> azulejos<br />

portugueses. A igreja tem obras <strong>de</strong> arte dos séculos 17 e<br />

18, além dos restos mortais <strong>de</strong> André Vidal <strong>de</strong> Negreiros e João<br />

Fernan<strong>de</strong>s Vieira, heróis das batalhas nos Guararapes.<br />

52<br />

Monte Guararapes: Município <strong>de</strong> Jaboatão dos Guararapes · PE


Rota Holan<strong>de</strong>sa<br />

2<br />

As Batalhas dos Guararapes <strong>de</strong>ixaram gran<strong>de</strong>s heranças culturais<br />

ao povo pernambucano e brasileiro. Para confirmar isso, basta<br />

dizer que elas <strong>de</strong>ram simbolicamente origem ao exército brasileiro,<br />

pois, pela primeira vez na história do Brasil as três raças que<br />

simbolizam a heterogeneida<strong>de</strong> brasileira lutaram em torno <strong>de</strong> um<br />

i<strong>de</strong>al comum <strong>de</strong> pátria e nação que não a portuguesa.<br />

A área ao redor da Igreja é o Parque Histórico Nacional dos Montes<br />

Guararapes, protegido por lei. O parque tem construções mo<strong>de</strong>rnistas<br />

do arquiteto pernambucano Armando Holanda.<br />

53


<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />

54


1817 e 1824<br />

Revolução <strong>de</strong> 1817<br />

Campo da Honra<br />

Confe<strong>de</strong>ração do Equador<br />

Capelinha da Jaqueira<br />

56<br />

59<br />

62<br />

64<br />

3


<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />

3<br />

Revolução <strong>de</strong> 1817<br />

A chegada da Família Real Portuguesa, em 1808, ocasionou várias<br />

transformações nas estruturas econômicas do Brasil, sendo<br />

a principal <strong>de</strong>las o apoio mais engajado às elites agroexportadoras<br />

do País e aos comerciantes portugueses. As regalias geradas<br />

por esse apoio, no entanto, acabaram por ocasionar, por<br />

sua vez, o aumento dos impostos, que serviam para financiar os<br />

conflitos do reinado <strong>de</strong> D. João VI.<br />

Tal aumento <strong>de</strong> impostos, no entanto, interferiu sobremaneira nas<br />

ativida<strong>de</strong>s açucareiras e algodoeiras, principalmente porque a<br />

produção do açúcar atravessava um período <strong>de</strong> recessão, com<br />

a flutuação do preço <strong>de</strong>sses produtos nos mercados internacionais.<br />

Enfrentando dificulda<strong>de</strong>s econômicas, os produtores açucareiros<br />

e gran<strong>de</strong> parte da população encontraram dificulda<strong>de</strong>s<br />

em pagar os impostos, o que gerou uma gran<strong>de</strong> insatisfação na<br />

socieda<strong>de</strong>, já alimentada pelos i<strong>de</strong>ais iluministas <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong> e<br />

liberda<strong>de</strong>, pregados por intelectuais à época.<br />

Esse contexto social e i<strong>de</strong>ológico acabou por insuflar alguns<br />

proprietários <strong>de</strong> terra e uma parte da população formada por<br />

brancos livres pobres, que, unidos em torno do i<strong>de</strong>al republicano,<br />

fizeram eclodir um movimento revolucionário no estado <strong>de</strong> Pernambuco.<br />

Esse movimento foi chamado <strong>de</strong> Revolução <strong>de</strong> 1817.<br />

A Revolução Pernambucana <strong>de</strong> 1817, também chamada <strong>de</strong> Revolução<br />

dos Padres, teve como marco inicial o dia 6 <strong>de</strong> março<br />

<strong>de</strong>sse ano, com a ocupação na cida<strong>de</strong> pelas tropas revoltosas.<br />

No regimento <strong>de</strong> artilharia, estava o capitão José <strong>de</strong> Barros Lima,<br />

conhecido como o Leão Coroado, que reagiu à voz <strong>de</strong> prisão e<br />

matou a golpes <strong>de</strong> espada o comandante Barbosa <strong>de</strong> Castro.<br />

Após isso, o Leão Coroado e sua tropa tomaram o quartel, montando<br />

trincheiras nas ruas vizinhas para impedir o avanço das tropas<br />

monarquistas. Cercado no Forte do Brum, on<strong>de</strong> se refugiou,<br />

o governador Caetano Pinto <strong>de</strong> Miranda Montenegro se ren<strong>de</strong>u<br />

pouco <strong>de</strong>pois.<br />

56<br />

Selo postal comemorativo aos 100 anos da Revolução <strong>de</strong> 1817<br />

emitido em 6.03.1917, durante a República Velha brasileira<br />

P. 54: Praça Frei Caneca, perto do Forte das Cinco Pontas


Rota 1817 e 1824<br />

Participaram do movimento Domingos José Martins, Antônio Carlos<br />

<strong>de</strong> Andrada e Silva e Frei Caneca. O movimento se apossou do<br />

tesouro da província e instalou um governo republicano provisório.<br />

Em 29 <strong>de</strong> março, uma assembleia constituinte foi convocada,<br />

participando <strong>de</strong>la representantes eleitos em todas as comarcas.<br />

Nessa ocasião, separaram-se os po<strong>de</strong>res Legislativo, Executivo e<br />

Judiciário; foi instituída a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> culto, com o catolicismo<br />

permanecendo a religião oficial; e proclamada a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

imprensa, pela primeira vez no Brasil. Também alguns impostos<br />

foram abolidos, embora a escravidão tenha sido mantida.<br />

A <strong>de</strong>rrocada do movimento ocorreu principalmente pela não<br />

a<strong>de</strong>são das províncias vizinhas, o que facilitou o sufocamento da<br />

revolução pelas forças do Império.<br />

SONETO<br />

Meus ternos pensamentos, que sagrados<br />

Me fostes quazi à par da Liberda<strong>de</strong>;<br />

Em vós não tem po<strong>de</strong>r a Iniqüida<strong>de</strong>;<br />

À esposa voai, narrai meos fados.<br />

Dizei-lhe, que nos trances apertados,<br />

Ao passar d’esta vida à Eternida<strong>de</strong>,<br />

Ela d’alma reinava na ameta<strong>de</strong>,<br />

E com a Pátria partia-lhe os cuidados.<br />

A Patria foi o meo Nunem primeiro,<br />

A Espôza <strong>de</strong>pois o mais querido<br />

Objecto do disvelo verda<strong>de</strong>iro.<br />

E na morte entre ambas repartindo<br />

Será <strong>de</strong> huma o suspiro <strong>de</strong>rra<strong>de</strong>iro,<br />

O da outra ha <strong>de</strong> ser final gemido.<br />

(Domingos José Martins, nos cárceres da Bahia, em 1817)<br />

Acima: Embarque <strong>de</strong> Dom João e toda a família Real para o Brasil no<br />

cais <strong>de</strong> Belém - H. L’Èveque, 1815 - Biblioteca Nacional <strong>de</strong> Portugal<br />

3<br />

57


<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />

3<br />

Forte do Brum<br />

Aberto <strong>de</strong> terça a sexta das 9h às 16h; sábados e domingos das 14h às 16h<br />

Um importante lugar <strong>de</strong> memória <strong>de</strong>sse evento é o Forte do<br />

Brum, on<strong>de</strong> o então governador Caetano Pinto <strong>de</strong> Miranda<br />

Montenegro buscou refúgio quando cercado pelos revoltosos.<br />

Nesse local, ele acabou se ren<strong>de</strong>ndo ao capitão José Barros <strong>de</strong><br />

Lima, o Leão Coroado.<br />

José <strong>de</strong> Barros Lima nasceu no <strong>Recife</strong>. Serviu no Regimento <strong>de</strong> Artilharia.<br />

Foi diretor da al<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> índios <strong>de</strong> Limoeiro entre 1794 e 1796 e<br />

cursou matemática em Lisboa. Ele foi o responsável simbólico pelo<br />

início da Revolução Pernambucana, após rejeitar uma or<strong>de</strong>m <strong>de</strong><br />

prisão e matar o briga<strong>de</strong>iro Manoel Joaquim <strong>de</strong> Barbosa e Castro,<br />

no dia 6 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1817. Com a <strong>de</strong>rrota do movimento, foi <strong>de</strong>tido<br />

em 6 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1817, sendo enforcado quatro dias <strong>de</strong>pois. Teve a<br />

cabeça cortada e fincada em um poste <strong>de</strong> Olinda; suas mãos foram<br />

<strong>de</strong>cepadas; e seu corpo foi arrastado a cavalo para sepultamento.<br />

58<br />

Acima, <strong>de</strong>talhe do vitral <strong>de</strong> H. Moser, alegoria à Revolução <strong>de</strong> 1817<br />

na escadaria principal do Palácio dos Campos das Princesas


Campo da Honra<br />

Antigo Largo do Erário - hoje Praça da República<br />

Rota 1817 e 1824<br />

No extremo norte da Ilha <strong>de</strong> Santo Antônio, na qual o con<strong>de</strong> Maurício<br />

<strong>de</strong> Nassau mandara erguer um dos seus palácios e instalara<br />

um zoológico e um jardim botânico, existia um <strong>de</strong>scampado que<br />

abrigava uma imensa praça pública. Nesta praça, também se<br />

localizavam os restos do prédio holandês on<strong>de</strong> funcionava o Erário<br />

Público, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> provém o nome Largo do Erário.<br />

O nome <strong>de</strong> Campo da Honra veio após as tropas revolucionárias<br />

<strong>de</strong> 1817 terem rendido a tropa monarquista, na tar<strong>de</strong> do dia 6 <strong>de</strong><br />

março. No prédio do Erário instalou-se o primeiro governo republicano<br />

da história do Brasil.<br />

Duas das maiores celebrações revolucionárias ocorreram neste<br />

local: o casamento <strong>de</strong> Domingos Martins e Maria Teodora, em 14<br />

<strong>de</strong> março; e a bênção da ban<strong>de</strong>ira republicana, hoje símbolo <strong>de</strong><br />

Pernambuco, em 2 <strong>de</strong> abril.<br />

Acima, bênçao da ban<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> Pernambuco, que foi consagrada<br />

no Campo <strong>de</strong> Honra, em quadro a óleo <strong>de</strong> A. Parreiras, no<br />

Arquivo Público do <strong>Recife</strong>, e retrato <strong>de</strong> Domingos José Martins,<br />

comerciante e Chefe Imortal da Revolução Pernambucana <strong>de</strong><br />

1817, em óleo sobre tela <strong>de</strong> F. T. J, Lôbo, acervo do Instituto Arqueológico<br />

Histórico e Geográfico Pernambucano, na Rua do Hospício.<br />

Ele representou o comércio na Junta da Nova República.<br />

No alto, monumento à Revolução <strong>de</strong> 1817 na Praça da República<br />

Abaixo, imagens do Wikimedia Commons<br />

3<br />

59


<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />

3<br />

Ponte do <strong>Recife</strong><br />

Atual Ponte Maurício <strong>de</strong> Nassau<br />

A Ponte do <strong>Recife</strong>, on<strong>de</strong> atualmente se localiza a Ponte Maurício<br />

<strong>de</strong> Nassau, foi palco <strong>de</strong> um combate <strong>de</strong>cisivo da Revolução<br />

<strong>de</strong> 1817. Na tar<strong>de</strong> do dia seis <strong>de</strong> março, as forças revolucionárias<br />

marchavam em direção ao bairro do <strong>Recife</strong>, que pretendiam<br />

tomar, e lá encontraram a resistência monarquista. Os revoltosos<br />

saíram vitoriosos.<br />

Antiga Ca<strong>de</strong>ia Pública<br />

Atual Arquivo Público do <strong>Recife</strong><br />

A ca<strong>de</strong>ia pública funcionou on<strong>de</strong> hoje está o prédio do Arquivo<br />

Público da Cida<strong>de</strong> do <strong>Recife</strong>, na Rua do Imperador — esta,<br />

inclusive, chamava-se a Rua da Ca<strong>de</strong>ia. Para lá eram enviados<br />

os prisioneiros civis que tomaram parte nas revoluções <strong>de</strong> 1817 e<br />

1824. Os militares eram presos nos fortes.<br />

Na rua do Imperador, foto à direita, saindo da Praça da República,<br />

está localizado o Quarteirão Franciscano, na esquina<br />

à direita (on<strong>de</strong> foi o Forte Ernesto na época <strong>de</strong> Nassau). Mais<br />

adiante, à esquerda, está o prédio da antiga Ca<strong>de</strong>ia Pública.<br />

60<br />

No alto, Ponte Maurício <strong>de</strong> Nassau, antiga Ponte do <strong>Recife</strong>


Forte das Cinco Pontas<br />

Rota 1817 e 1824<br />

O Forte das Cinco Pontas marca o local on<strong>de</strong> Frei Caneca, lí<strong>de</strong>r<br />

das Revoluções <strong>de</strong> 1817 e 1824, foi arcabuzado. Remanescente da<br />

guerra contra os holan<strong>de</strong>ses, o local também abrigou a se<strong>de</strong> do<br />

Quartel General Militar.<br />

Para lá foi mandado, preso, o capitão Domingos Teotônio, comandante<br />

militar dos patriotas pernambucanos, pouco antes<br />

do movimento rebentar. Lá ficaram presos os oficiais portugueses<br />

durante o movimento, e, após sua queda, também serviu <strong>de</strong><br />

prisão aos <strong>de</strong>rrotados.<br />

O forte já possuiu subterrâneos, que serviam <strong>de</strong> prisão, mas eles<br />

foram <strong>de</strong>molidos em 1822, pelo então governador da província<br />

Gervásio Pires Ferreira. No forte, ficou preso, à época da Ditadura,<br />

em 1935, o romancista Graciliano Ramos. O escritor retratou esse<br />

período em seu livro <strong>Memória</strong>s do Cárcere.<br />

Matriz <strong>de</strong> Santo Antônio<br />

Aberta <strong>de</strong> seg. a sex. 8h às 12h e 14h às 18h; sáb. e dom. 8h às 12h<br />

3<br />

A Matriz <strong>de</strong> Santo Antônio<br />

é um dos marcos da arquitetura<br />

barroca <strong>de</strong> Pernambuco.<br />

É situada no coração<br />

da cida<strong>de</strong> do <strong>Recife</strong>,<br />

na esquina da Rua Nova<br />

com a Avenida Dantas Barreto.<br />

A igreja foi também<br />

parte da história da Revolução<br />

<strong>de</strong> 1817: no local, foi<br />

celebrado um suntuoso Te<br />

Deum, em honra ao movimento,<br />

em 9 <strong>de</strong> março. Sua<br />

construção foi iniciada em<br />

1753 e finalizada em 1790,<br />

ao lado do local on<strong>de</strong> havia<br />

a Casa <strong>de</strong> Pólvora.<br />

61


<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />

3<br />

62


Rota 1817 e 1824<br />

Confe<strong>de</strong>ração do Equador 1824<br />

A Confe<strong>de</strong>ração do Equador, ocorrida em 1824, foi outro dos<br />

gran<strong>de</strong>s movimentos revolucionários <strong>de</strong> Pernambuco ocorrido<br />

no <strong>Recife</strong>. Tinha intenções emancipacionistas e republicanas,<br />

simbolizando a principal reação contra o absolutismo e a política<br />

centralizadora do governo <strong>de</strong> D. Pedro I, que dissolveu a<br />

Assembleia Constituinte em 1823.<br />

Em 2 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1824, Manuel Carvalho Paes <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, militar<br />

e político pernambucano, proclamou a in<strong>de</strong>pendência da província<br />

<strong>de</strong> Pernambuco e assumiu provisoriamente seu governo. Sua<br />

intenção era formar, junto com Piauí, Ceará, Rio Gran<strong>de</strong> do Norte,<br />

Alagoas, Sergipe e Paraíba, uma confe<strong>de</strong>ração in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, livre<br />

do po<strong>de</strong>r imperialista. O movimento obteve um êxito momentâneo,<br />

sendo, porém, dilacerado pelas dissidências internas e pelas tropas<br />

do Império. Alguns <strong>de</strong> seus lí<strong>de</strong>res foram con<strong>de</strong>nados à morte.<br />

Monumento a Frei Caneca<br />

Na Praça Abreu e Lima, junto ao Cemitério dos Inglêses,<br />

gran<strong>de</strong> painel <strong>de</strong> Abelardo da Hora em memória do martírio <strong>de</strong> Frei Caneca<br />

Página anterior: Frei Caneca, óleo <strong>de</strong> Cícero Dias, 1982, Casa da Cultura<br />

3<br />

Joaquim da Silva Rabelo, <strong>de</strong>pois Frei Joaquim do Amor Divino Rabelo,<br />

popularmente conhecido como Frei Caneca, nasceu e morreu<br />

no <strong>Recife</strong>, participando <strong>de</strong> várias revoltas libertárias. Envolveu-se na<br />

Revolução Pernambucana <strong>de</strong> 1817 e na Confe<strong>de</strong>ração do Equador.<br />

Exerceu a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> jornalista à frente do Typhis Pernambucano.<br />

Devido à sua participação na Confe<strong>de</strong>ração do Equador,<br />

Frei Caneca foi morto em 13 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1825, junto ao Forte das<br />

Cinco Pontas (acima). No local, uma placa rememora o fato.<br />

63


<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />

3<br />

Capelinha da Praça da Jaqueira<br />

Aberta manhãs, tar<strong>de</strong>s e noites durante a semana em horários diversos<br />

A área da Praça da Jaqueira era, à época da Revolução <strong>de</strong> 1817,<br />

um sítio <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> do português Bento da Costa, pai <strong>de</strong> Maria<br />

Teodora. Nessa capelinha, foi celebrado o casamento <strong>de</strong>la com<br />

Domingos Martins, um dos lí<strong>de</strong>res da Revolução, em 14 <strong>de</strong> março. A<br />

celebração ocorreria publicamente no Campo da Honra.<br />

Uma construção barroca <strong>de</strong> 1781, a Capelinha possui talhas douradas<br />

no altar-mor, painéis <strong>de</strong> azulejos portugueses no mesmo estilo<br />

dos azulejos dos conventos carmelitas e franciscanos e painéis<br />

sacros a óleo sobre ma<strong>de</strong>ira do século XVIII. Na sacristia existe um<br />

raro lavatório do século XVIII com uma longa torneira <strong>de</strong> bronze.<br />

64


Cemitério dos Ingleses<br />

Rota 1817 e 1824<br />

General Abreu e Lima<br />

José Inácio <strong>de</strong> Abreu e Lima nasceu no <strong>Recife</strong>, a 6 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong><br />

1794. Foi militar, político, jornalista e escritor. Mesmo nascido<br />

no Brasil, participou com forte <strong>de</strong>staque das guerras <strong>de</strong> in<strong>de</strong>pendência<br />

da América espanhola, sendo um dos principais<br />

lí<strong>de</strong>res pela libertação dos países hispânicos da América do<br />

Sul. Saiu do Brasil em 1818, após a morte do seu pai, o Padre<br />

Roma, em 1817. Depois <strong>de</strong> residir no Rio <strong>de</strong> Janeiro, o General<br />

retornou ao Estado <strong>de</strong> Pernambuco em 1844, mas foi preso<br />

sob a acusação <strong>de</strong> envolvimento na Revolta Praieira (1848).<br />

Um fato curioso sobre a sua <strong>de</strong>stacada carreira é que, por<br />

conta <strong>de</strong> suas opiniões <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> religiosa e <strong>de</strong>vido ao<br />

fato <strong>de</strong> ser maçom, o bispo Dom Francisco Cardoso Aires<br />

acabou não autorizando o seu sepultamento no Cemitério<br />

<strong>de</strong> Santo Amaro, no <strong>Recife</strong> em 1869. O General Abreu e Lima<br />

teve que ser sepultado no Cemitério dos Ingleses.<br />

O pai do General foi José Inácio <strong>de</strong> Abreu e Lima, também<br />

conhecido como Padre Roma, <strong>de</strong>fensor também dos i<strong>de</strong>ais<br />

republicanos. Foi um dos lí<strong>de</strong>res da Revolução <strong>de</strong> 1817 e também<br />

consi<strong>de</strong>rado um dos heróis da libertação da Venezuela,<br />

<strong>de</strong>sfrutando <strong>de</strong> maior reconhecimento<br />

nesse país do<br />

que no próprio Brasil.<br />

As fotos <strong>de</strong>ssa página mostram o túmulo do<br />

General Abreu e Lima no Cemitério dos Ingleses<br />

3<br />

Foi preso e con<strong>de</strong>nado à morte<br />

logo após o sufocamento<br />

da Revolução. De sua memória,<br />

consta a Rua Padre Roma,<br />

no bairro <strong>de</strong> Parnamirim.<br />

O Cemitério dos Ingleses é <strong>de</strong><br />

1852 e marca a presença britânica<br />

em Permanbuco. A família<br />

Brotherhood, fundadora<br />

dos times <strong>de</strong> futebol Náutico e<br />

Sport, tem túmulo nele.<br />

65


Ditadura 64<br />

Miguel Arraes<br />

Gregório Bezerra<br />

Dom Hel<strong>de</strong>r Camara<br />

Padre Henrique<br />

70<br />

74<br />

78<br />

82<br />

4


<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />

4<br />

resistência ao regime militar<br />

A resistência ao golpe militar continuou nas ruas numa passeata<br />

<strong>de</strong> estudantes. Da Escola <strong>de</strong> Engenharia à Praça da In<strong>de</strong>pendência<br />

gritavam “Abaixo o golpe! Viva Miguel Arraes!” Soldados<br />

do Exército e da Polícia Militar respon<strong>de</strong>ram com balas ao<br />

léu e tiros à queima roupa. Mataram os estudantes Jonas José<br />

<strong>de</strong> Albuquerque Barros, <strong>de</strong> 17 anos, e Ivan Rocha Aguiar, <strong>de</strong> 22.<br />

Jonas era poeta (“vejo casebres/ símbolo <strong>de</strong> miséria/ miséria<br />

porém/ que até agora/ não passou”) e um dos fundadores da<br />

Associação Literária Machado <strong>de</strong> Assis (Alma). Em sua memória,<br />

a irmã, Marisa, lançou o livro Jonas! Presente... Agora e Sempre!,<br />

em que também homenageia Ivan Rocha Aguiar, que militava<br />

no movimento estudantil:<br />

vice-presi<strong>de</strong>nte da União dos<br />

Estudantes <strong>de</strong> Palmares.<br />

68<br />

Gregório Bezerra, David Capistrano<br />

e outros quiseram uma<br />

resistência armada, e muitos<br />

até armaram como pu<strong>de</strong>ram,<br />

mas não estavam organizados<br />

o suficiente para isso.<br />

Ivan e Jonas foram mortos no cruzamento das<br />

Avenidas Dantas Barreto e Marquês <strong>de</strong> Olinda, perto do Palácio do Governo


Rota Ditadura 64<br />

Uma frase <strong>de</strong> Gregório Bezerra resume bem a situação dos que<br />

pensaram em resistir com força aos golpistas: “Em 35, a gente<br />

tinha armas e não tinha massa; em 64, a gente tinha massa, mas<br />

não tinha arma”. Com todas as armas disponíveis (não só as físicas),<br />

a resistência ao regime militar e a luta pela <strong>de</strong>mocracia<br />

levou mais <strong>de</strong> vinte anos.<br />

O Centro do <strong>Recife</strong><br />

A Avenida Guararapes foi por muito tempo “cartão postal do<br />

<strong>Recife</strong>”. José Estelita (nome <strong>de</strong> um cais) e Domingos Ferreira<br />

(nome <strong>de</strong> avenida) foram os engenheiros da obra, concluída<br />

em 1937, no início do Estado Novo. Os prédios mais importantes,<br />

na época, eram o cinema Trianon, hoje em ruínas, e os Correios.<br />

Criada para resolver os problemas do trânsito da época, a Guararapes<br />

era um gran<strong>de</strong> terminal <strong>de</strong> transporte coletivo.<br />

Alguns en<strong>de</strong>reços, com finalida<strong>de</strong>s conhecidas, outras nem<br />

tanto, “funcionavam” ali.<br />

Av. Guararapes nº 131<br />

Ali funcionou o IAPB (Instituto <strong>de</strong> Aposentadoria e Pensões dos<br />

Bancários). Na verda<strong>de</strong> foi, por algum tempo, o quartel da IV<br />

Frota dos EUA. Ao lado do 131, havia o Café Nicola. O preferido<br />

<strong>de</strong> Miguel Arraes.<br />

Av. Guararapes nº 147<br />

Edifício Sigismundo Cabral. Era o en<strong>de</strong>reço do Bar Savoy (hoje,<br />

filial <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> farmácias). O Savoy era ponto <strong>de</strong> encontro<br />

político-lírico e etílico durante os anos <strong>de</strong> chumbo.<br />

Poetas, militantes, políticos, estudantes. Por isso no Bar Savoy,/<br />

o refrão é sempre assim:/ São trinta copos <strong>de</strong> chopp,/ são trinta<br />

homens sentados,/ trezentos <strong>de</strong>sejos presos,/ trinta mil sonhos<br />

frustrados”, dizem os versos do poeta Carlos Pena Filho.<br />

Avenida Rio Branco nº 243<br />

Edifício São Paulo. Ali funcionaram os serviços secretos da Usaid,<br />

FBI e CIA nos anos da ditadura, no <strong>Recife</strong>.<br />

Imagens dos jornais locais <strong>de</strong>ssa Rota: Acervo e Biblioteca do MTNM-PE<br />

4<br />

69


<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />

70


Miguel Arr aes<br />

Palácio do Campo das Pincesas - Praça da República<br />

Rota Ditadura 64<br />

Miguel Arraes <strong>de</strong> Alencar (1916-2005) só po<strong>de</strong> governar Pernambuco<br />

por treze meses, <strong>de</strong> 1963 a 1964, embora tivesse sido eleito para um<br />

mandato <strong>de</strong> quatro anos. No dia 1º. <strong>de</strong> abril, os militares cercaram o<br />

Palácio do Governo. Antes <strong>de</strong> ser preso e afastado do cargo, Arraes fez<br />

um pronunciamento pelo rádio <strong>de</strong>nunciando as arbitrarieda<strong>de</strong>s que<br />

estavam sendo cometidas no país e <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo o seu mandato, legi-<br />

timamente concedido pelo povo. Os golpistas trataram <strong>de</strong> materializar<br />

juridicamente na Assembleia Legislativa o seu afastamento compulsório<br />

e forçado. O projeto <strong>de</strong> resolução 996 foi aprovado, em votação secreta.<br />

63 <strong>de</strong>putados estavam presentes. 45 votaram a favor, 17 contra, e<br />

houve um em branco. Na mesma noite, às 23h30, foi realizada a sessão<br />

<strong>de</strong> posse <strong>de</strong> Paulo Guerra (o vice), que substituiu o governador <strong>de</strong>posto.<br />

“Não!”<br />

A resposta do governador<br />

Miguel Arraes ao general Justino<br />

Alves Bastos, que levou<br />

pronta uma carta <strong>de</strong> renúncia<br />

para ele assinar, foi o primeiro<br />

ato <strong>de</strong> rebeldia ao 1º. <strong>de</strong> abril<br />

<strong>de</strong> 1964, no <strong>Recife</strong>, quando se<br />

iniciou o regime militar. Depois,<br />

os militares voltaram e o pren<strong>de</strong>ram,<br />

conduzindo-o primeiro<br />

ao quartel do Exército em<br />

Jaboatão e, em seguida, ao<br />

presídio da Ilha <strong>de</strong> Fernando<br />

<strong>de</strong> Noronha.<br />

Página anterior: retorno <strong>de</strong> Miguel Arraes <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> anistiado,<br />

Acima, militares cercam a região do Palácio. Abaixo, Arraes recebe voz <strong>de</strong> prisão.<br />

4<br />

71


<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />

4<br />

Palácio do Campo das Princesas<br />

72<br />

1841. O Palácio do Governo<br />

foi construído no tempo em<br />

que era presi<strong>de</strong>nte da província<br />

(como se dizia na época)<br />

Francisco do Rego Barros, o<br />

con<strong>de</strong> da Boa Vista.<br />

Serviu <strong>de</strong> paço imperial em<br />

1859 para hospedar D. Pedro<br />

II, que passou alguns meses<br />

no <strong>Recife</strong>. Diz-se que data<br />

<strong>de</strong>sse momento o nome que<br />

se popularizou: Palácio do<br />

Campo das Princesas (pelo<br />

fato <strong>de</strong> as filhas casal imperial<br />

terem brincado no jardim).<br />

No seu diário, o imperador comentou a estadia: “O palácio<br />

está muito bem arranjado: ao pé da casa também me prepararam<br />

um banheiro no rio. Mas por cautela não vou tomar banho<br />

lá...” Ao longo do tempo, o palácio sofreu outras reconstruções,<br />

reformas, remo<strong>de</strong>lações e modificações diversas, sendo<br />

as maiores as <strong>de</strong> 1922. Não somente a arquitetura, o mobiliário<br />

e as obras <strong>de</strong> arte (como um vitral em alegoria à Revolução<br />

<strong>de</strong> 1817 no acesso ao primeiro andar) dão sentido à riqueza<br />

cultural e histórica do palácio.


Rota Ditadura 64<br />

Momentos políticos tensos, como a Revolução <strong>de</strong> 30, quando,<br />

sem meios <strong>de</strong> resistir, tropas do Exército cercando o palácio, o<br />

governador Estácio Coimbra, partiu para o exílio. Trinta e quatro<br />

anos <strong>de</strong>pois era a vez <strong>de</strong> Miguel Arraes.<br />

Gilberto Freyre (secretário particular <strong>de</strong> Estácio), quando a <strong>de</strong>sgraça<br />

se abateu sobre o governador, lembrou-se do que diziam<br />

velhos funcionários do Palácio: quando estavam para acontecer<br />

<strong>de</strong>sgraças aparecia antes um vulto escuro e alto no salão nobre.<br />

Quando a <strong>de</strong>sgraça se abateu<br />

sobre o governador um<br />

funcionário do Palácio comentou:<br />

“Eu não lhe dizia<br />

que o vulto do salão nobre<br />

vinha anunciando <strong>de</strong>sgraça?<br />

Quando ele aparece é para<br />

anunciar <strong>de</strong>sgraça. Não<br />

falha. Apareceu a Zé Bezerra<br />

que morreu logo <strong>de</strong>pois.<br />

Apareceu a Barbosa<br />

antes do cozinheiro <strong>de</strong> Zé<br />

Mariano espalhar veneno<br />

na fritada que quase<br />

mata mais <strong>de</strong> cem casacudos<br />

<strong>de</strong> uma vez.”<br />

A Praça da República, em frente ao Palácio, também tem<br />

uma história com muitas camadas sobrepostas <strong>de</strong> fatos, datas<br />

e pessoas. Em 1945, durante um ato <strong>de</strong> protesto contra a Ditadura<br />

Vargas, o estudante <strong>de</strong> Direito e lí<strong>de</strong>r estudantil, Demócrito<br />

<strong>de</strong> Souza Filho, levou um tiro da polícia <strong>de</strong> Pernambuco<br />

e morreu algumas horas <strong>de</strong>pois. Além <strong>de</strong>le, também foi morto<br />

o operário, que se encontrava no meio da multidão, Manoel<br />

Elias dos Santos, conhecido como Manoel Carvoeiro. Esse fato<br />

é visto por alguns historiadores como um marco no que viria a<br />

ser o fim da Ditadura Vargas.<br />

Arraes está enterrado em um túmulo simples, muito visitado, no Cemitério<br />

<strong>de</strong> Santo Amaro. Um chapéu <strong>de</strong> palha lhe faz companhia.<br />

Acima: Praça da República em frente ao Palácio do Campo das Princesas<br />

4<br />

73


<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />

74


Gregório Bezerra<br />

Rota Ditadura 64<br />

Gregório [Lourenço] Bezerra nasceu em Panelas, interior <strong>de</strong> Pernambuco,<br />

em 13 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1900, e morreu em São Paulo, em 1983.<br />

Fotos <strong>de</strong> Gregório Bezerra <strong>de</strong>ssa seção são cortesia <strong>de</strong> Jurandir Bezerra<br />

4<br />

Mas sua história estaria mais<br />

marcada ao <strong>Recife</strong>, para on<strong>de</strong><br />

veio aos quatro anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>.<br />

Sem-teto. Sem-terra. Analfabeto<br />

até os 25 anos. Carregador<br />

<strong>de</strong> bagagens na estação.<br />

Operário da construção civil.<br />

Jornaleiro. Interessou-se por<br />

política “<strong>de</strong> outiva”. Lí<strong>de</strong>r político,<br />

preso em 1935. Anistiado,<br />

elegeu-se <strong>de</strong>putado em 1946.<br />

Cassado em 1948. Preso após<br />

o golpe <strong>de</strong> 1964. Preso. Preso.<br />

Preso. Esta palavra iniciava<br />

qualquer frase, quando se referia<br />

ao preso Gregório Bezerra.<br />

“A solidarieda<strong>de</strong> humana/como uma flor <strong>de</strong>spontou/ no Largo<br />

da Casa Forte/ on<strong>de</strong> o cortejo parou.”<br />

75


<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />

4<br />

Casa da Cultura<br />

Antiga Casa <strong>de</strong> Detenção<br />

Os versos <strong>de</strong> Ferreira Gullar se referem ao ponto culminante <strong>de</strong><br />

uma cena que se perpetuou na memória política como uma das<br />

mais explícitas ignomínias do regime militar: a tortura pública,<br />

(Gregório foi torturado e arrastado pelas ruas <strong>de</strong> Casa Forte.<br />

Uma corda no pescoço. Os pés em carne viva. Tudo isso exibido<br />

pelas TVs da época do golpe militar).<br />

Os versos do poeta <strong>de</strong>finiram bem Gregório Bezerra como quem<br />

76<br />

“é bravo sem matar gente<br />

mas não teme matador,<br />

que gosta <strong>de</strong> sua gente<br />

e que luta a seu favor,<br />

como Gregório Bezerra,<br />

feito <strong>de</strong> ferro e <strong>de</strong> flor.”<br />

Comunista convicto, Gregório tentou arregimentar esforços contra<br />

o regime que se instalava e indo até ao Palácio do Governo<br />

obter armas para, com os camponeses, promover a resistência no<br />

Fotos acima mostram Gregório Bezerra no período que esteve na Casa <strong>de</strong> Detenção.


Rota Ditadura 64<br />

campo. Não conseguiu. Foi preso. Mais uma vez. Dos 83 anos <strong>de</strong><br />

vida, 22 foram em prisões, por motivos exclusivamente políticos. Foi<br />

enterrado no Cemitério <strong>de</strong> Santo Amaro, numa tar<strong>de</strong> <strong>de</strong> outubro.<br />

Gregório Bezerra é nome <strong>de</strong> ponte que liga as zonas Oeste e Sul<br />

do <strong>Recife</strong>. A rua Gregório Bezerra fica na Macaxeira. Uma tranquila<br />

rua, <strong>de</strong> casas e sobrados.<br />

Até 1973 era Casa da Detenção. Uma obra do engenheiro José<br />

Mame<strong>de</strong> Alves Ferreira,1855. Foi reformada e transformada em<br />

Casa da Cultura, 1976. As celas passaram a se chamar “boxes”<br />

e, no lugar dos prisioneiros, abrigam peças <strong>de</strong> artesanato. Lá<br />

também funcionam as se<strong>de</strong>s dos Movimento Negro Unificado e<br />

dos Anistiados Políticos. A passagem <strong>de</strong> alguns prisioneiros ilustres<br />

é também parte da cultura e da história da antiga Detenção:<br />

como João Dantas, que matou à queima-roupa João Pessoa,<br />

em 1930, na Rua Nova, bem próxima dali, e serviu como pretexto<br />

para <strong>de</strong>flagrar-se a Revolução <strong>de</strong> 30. O prisioneiro número 1122<br />

da cela 35, do raio leste, <strong>de</strong> 1914 a 1937, foi Antônio Silvino. Gregório<br />

Bezerra que conviveu com ele na juventu<strong>de</strong> (1917-1922), quando<br />

foram colegas <strong>de</strong> prisão, <strong>de</strong>finiu-o como “o bandido mais famoso,<br />

mais popular e mais humano da história do cangaço”.<br />

Foto acima mostra uma das pare<strong>de</strong>s com <strong>de</strong>senhos feitos por presos.<br />

4<br />

Na Casa há dois gran<strong>de</strong>s painéis<br />

do pintor Cícero Dias que<br />

homenageiam os revolucionários<br />

<strong>de</strong> 1817 e 1824. Em frente<br />

aos painéis uma placa homenageia<br />

os ex-presos políticos<br />

que lá ficaram <strong>de</strong>tidos durante<br />

o período da ditadura militar,<br />

entre 1964 e 1974.<br />

77


<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />

78


Rota Ditadura 64<br />

O Dom - Igreja das Fronteiras<br />

O nome assim um tanto simplificado po<strong>de</strong> levar a crer que apenas<br />

se refira à localização geográfica: entre a rua das Fronteiras<br />

e a dom Bosco, no bairro da Boa Vista. Se dito completamente<br />

– Igreja <strong>de</strong> Nossa Senhora Assunção das Fronteiras da Estância<br />

<strong>de</strong> Henrique Dias – vai ficando claro porque, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1949, é patri-<br />

mônio reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico<br />

Nacional (Iphan). Serviu como a última estadia a Henrique<br />

Dias, em 26 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1656. Ele, como se sabe, foi um dos<br />

gran<strong>de</strong>s heróis da Restauração Pernambucana, ou seja, na luta<br />

contra os invasores holan<strong>de</strong>ses no século 17.<br />

Imagens dos jornais locais <strong>de</strong>ssa seção: Acervo e Biblioteca do MTNM-PE<br />

4<br />

79


<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />

4<br />

Um pormenor na sua fachada é outra lembrança do que ela<br />

expõe, mas está oculto talvez para a maioria: o emblema <strong>de</strong><br />

Imperial Capela concedido por Dom Pedro II, em 1823. Alguns<br />

anos <strong>de</strong>pois disso (1859), o imperador esteve ali, quando visitou<br />

solenemente o <strong>Recife</strong>.<br />

Mas a igreja é reconhecida principalmente por causa <strong>de</strong> outro<br />

“dom”. Dom Hel<strong>de</strong>r Camara, arcebispo <strong>de</strong> Olinda e <strong>Recife</strong>, que<br />

nas <strong>de</strong>pendências anexas da sacristia residiu por 31 anos. Por<br />

todo esse tempo, ele e a igreja estiveram abertos a receber todos<br />

os que os procuravam. Sem fronteiras.<br />

Dom Hel<strong>de</strong>r Camara é um dos principais símbolos da resistência<br />

à ditadura militar que se instalou no Brasil em 1964. Poucas semanas<br />

antes do golpe, ele havia sido <strong>de</strong>signado arcebispo <strong>de</strong> Olinda<br />

e <strong>Recife</strong>. Assim ficou até 2 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1985, coinci<strong>de</strong>ntemente<br />

o ano em que o Brasil começa a retomar a normalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mocrática.<br />

Seu compromisso sempre foi com os direitos humanos,<br />

contra o autoritarismo e acima <strong>de</strong> todas as i<strong>de</strong>ologias políticas.<br />

Por todos os meios disponíveis <strong>de</strong>nunciou os atos arbitrários praticados<br />

durante o regime <strong>de</strong> exceção.<br />

No en<strong>de</strong>reço funciona o Memorial Dom Hel<strong>de</strong>r Camara, que faz<br />

parte do Sistema Brasileiro <strong>de</strong> Museus. Inclui, além da igreja, a<br />

casa-museu, o centro <strong>de</strong> documentação e o Espaço Dom José<br />

Lamartine. O memorial abre <strong>de</strong> segunda a sexta-feira, das 14h<br />

às 17h, e objetiva manter vivas e conhecidas as i<strong>de</strong>ias do “Dom”.<br />

80


Rota Ditadura 64<br />

81


<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />

82


Rota Ditadura 64<br />

Pe. Henrique - Cid. Universitária<br />

Antônio Henrique Pereira da Silva Neto (1940-1969). Mais simples:<br />

Padre Henrique. 28 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Torturado e morto. Madrugada.<br />

26/27 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1969. Entre a avenida perimetral e uma cerca <strong>de</strong><br />

arame que <strong>de</strong>marcava um canavial, na Cida<strong>de</strong> Universitária. O crime<br />

nunca foi totalmente esclarecido, mas houve sempre um consenso<br />

nos segmentos <strong>de</strong> esquerda – as motivações foram políticas.<br />

Henrique, que atuava também na Pastoral da Juventu<strong>de</strong>, era auxiliar<br />

direto <strong>de</strong> Dom Hel<strong>de</strong>r Camara e “persona non grata” dos segmentos<br />

mais radicais favoráveis ao regime militar que ele combatia.<br />

A multidão que acompanhou o cortejo fúnebre, que saiu da Igreja<br />

do Espinheiro, portou faixas <strong>de</strong> protesto, com dizeres como “A Ditadura<br />

Militar matou o Padre Henrique”, e cantou ao longo do percurso<br />

até o cemitério da Várzea: “Prova <strong>de</strong> amor maior não há que<br />

doar a vida pelo Irmão.” A <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> testemunhos e provas, ninguém<br />

foi con<strong>de</strong>nado. A comoção popular atravessou as fronteiras<br />

e alcançou os versos <strong>de</strong> Patativa do Assaré: “Prezado amigo leitor/<br />

esta dor é minha e sua/ <strong>de</strong> ver morrer padre Henrique/ <strong>de</strong> morte<br />

tirana e crua/ porém a Igreja dos pobres/ sua luta continua.”<br />

Ao lado, mapa com seta indicando on<strong>de</strong> o corpo <strong>de</strong> Pe. Henrique foi encontrado.<br />

Acima, fotos do local como é hoje e como era em 1969.<br />

4<br />

83


<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />

84


Rua da Aurora 405<br />

Rota Ditadura 64<br />

A Sorbonne da Rua da Aurora. Se<strong>de</strong> do DOPS - PE durante a Ditadura Militar<br />

Palacete da Boa Vista, em estilo neoclássico, que foi projetado<br />

pelo arquiteto francês Louis Léger Vauthier. Antiga residência <strong>de</strong><br />

Francisco do Rego Barros (o con<strong>de</strong> da Boa Vista), <strong>de</strong> 1842 a 1870.<br />

Rua da Aurora, n. 405. Um dos en<strong>de</strong>reços mais solenes do <strong>Recife</strong>.<br />

No começo do século 20 lá funcionava o Senado Estadual.<br />

A memória ali não está somente no charme arquitetônico e<br />

histórico, mas como uma das mansões <strong>de</strong> horrores do <strong>Recife</strong>.<br />

Notabilizou-se com o apelido <strong>de</strong> Sorbonne da Rua da Aurora<br />

(que teria sido dado pelo jornalista Aníbal Fernan<strong>de</strong>s) <strong>de</strong>vido a<br />

frequência com que intelectuais, escritores e professores eram<br />

levados ao casarão para <strong>de</strong>poimentos aos policiais, a partir <strong>de</strong><br />

1931, quando passou a se<strong>de</strong> da Secretaria <strong>de</strong> Segurança Pública,<br />

a partir <strong>de</strong> 1931.<br />

O primeiro chefe <strong>de</strong> polícia foi Jurandir <strong>de</strong> Bizarria Mame<strong>de</strong>,<br />

militar baiano que, anos <strong>de</strong>pois, conspiraria abertamente contra<br />

a posse <strong>de</strong> Juscelino Kubitschek (presi<strong>de</strong>nte) e João Goulart<br />

(vice), eleitos em 3 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1955.<br />

4<br />

As instalações da Delegacia<br />

<strong>de</strong> Or<strong>de</strong>m Política e Social<br />

(DOPS), durante a época do<br />

regime militar estavam na<br />

parte posterior do prédio, e<br />

assim foi, por vários anos, se<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> prisões, interrogatórios e<br />

torturas durante o regime militar.<br />

Lá teria sido assassinado o<br />

estudante <strong>de</strong> agronomia Odijas<br />

Carvalho. O anexo, on<strong>de</strong><br />

hoje é estacionamento, foi<br />

<strong>de</strong>rrubado em 1986 durante<br />

o governo <strong>de</strong> Miguel Arraes.<br />

Uma placa no local honra os<br />

que lá foram assassinados.<br />

85


<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />

86


Vila Buriti - Macaxeira<br />

Acesso pela Avenida Norte, perto da BR 101<br />

Rota Ditadura 64<br />

Da exuberância à <strong>de</strong>cadência: antigo Engenho Apipucos.<br />

Com açu<strong>de</strong> e com afeto. Século 19 que se vê <strong>de</strong> longe, no alto.<br />

Terra <strong>de</strong> filhos <strong>de</strong> algo, logo terras <strong>de</strong> alguéns. Ocupação. Assentamento.<br />

Autoconstrução. A vila é uma cida<strong>de</strong>. Que se renova.<br />

Centro Popular <strong>de</strong> Lazer. Escola Pernambucana <strong>de</strong> Circo.<br />

Tecendo antigas e novas fábricas. Othon Bezerra <strong>de</strong> Mello. Arte<br />

na praça. União dos Moradores e da Santa Maria Mãe <strong>de</strong> Deus.<br />

Vila Buriti é o centro <strong>de</strong> um mundo: a cultura popular urbana do<br />

<strong>Recife</strong>. Do Circo da Juventu<strong>de</strong> aos afoxés. Zumbi dos Palmares.<br />

Maracatu Linda Flor. O gran<strong>de</strong> templo do padre Reginaldo Veloso.<br />

Do Movimento <strong>de</strong> Trabalhadores Cristãos. A vila operária<br />

sobreviveu à fabrica, e tem sua própria indústria: <strong>de</strong> música,<br />

poesia e sonho. Ali a vez não é da utopia, mas da realida<strong>de</strong> (ou<br />

realização?), como o pão <strong>de</strong> cada dia. Tudo tão firme: como<br />

falar <strong>de</strong> precário? Tudo tão centrado: como dizer <strong>de</strong> periferia?<br />

Rua <strong>de</strong> povo casa cheia <strong>de</strong> alegria. Da Macaxeira para o mundo.<br />

Tudo é ressonância e tambor.<br />

Página anterior: uma das entradas à Vila Buriti vindo pela Av. Norte<br />

Foto acima: vegetação preservada na entrada da Vila Buriti<br />

4<br />

87


<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />

Ruas da Vila Buriti - Macaxeira<br />

O bairro da Macaxeira guarda uma importante parte da memória<br />

recifense, com relação à Ditadura Militar. O local está diretamente<br />

ligado ao período do Golpe <strong>de</strong> 64, pois foi para lá que foram levados<br />

professores, artistas e políticos capturados durante o regime,<br />

para serem torturados, com o objetivo <strong>de</strong> enfraquecer o movimento<br />

intelectual, que era contra o autoritarismo. Muitas <strong>de</strong>ssas pessoas<br />

dão nome às ruas da localida<strong>de</strong> conhecida como Vila Buriti, uma<br />

homenagem tardia mas necessária para a conservação da memória<br />

recente no Estado.<br />

O nome Macaxeira <strong>de</strong>riva da antiga Fábrica <strong>de</strong> Tecidos <strong>de</strong> Apipucos,<br />

conhecida também como a Fábrica da Macaxeira, comprada<br />

em 1924 pelo notável Othon Lynch Bezerra <strong>de</strong> Mello.<br />

Rua Almir Custódio <strong>de</strong> Lima<br />

Almir Custódio <strong>de</strong> Lima nasceu em 24 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1950, no <strong>Recife</strong>.<br />

Filho <strong>de</strong> João Custódio <strong>de</strong> Lima e Maria <strong>de</strong> Lour<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Lima, Almir foi<br />

estudante secundarista da Escola Técnica Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Pernambuco<br />

e trabalhou como operário metalúrgico no Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

Militante do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), foi<br />

preso em circunstâncias até hoje <strong>de</strong>sconhecidas, junto com outras<br />

pessoas, e levado para a Praça da Sentinela, em Jacarepaguá, Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro, on<strong>de</strong> foi carbonizado com mais 3 companheiros pela<br />

polícia política no dia 27 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1973.<br />

Rua Amaro Luiz <strong>de</strong> Carvalho<br />

Nascido em 4 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1931, Amaro Luiz <strong>de</strong> Carvalho iniciou sua<br />

militância política no Partido Comunista Brasileiro (PCB), aos 15 anos<br />

<strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Apelidado <strong>de</strong> Capivara, trabalhou como operário da<br />

indústria têxtil, período no qual li<strong>de</strong>rou greves na zona canavieira,<br />

ajudando a criar ligas camponesas e sindicatos. Desligou-se do PCB<br />

em 1961, quando se aliou ao PCdoB, logo <strong>de</strong> <strong>de</strong>svinculando <strong>de</strong>ste<br />

também por motivos i<strong>de</strong>ológicos. Em 1966, funda o Partido Comunista<br />

Revolucionário (PCR), junto com Manuel Lisboa, tendo forte participação<br />

política nas cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Jaboatão, São Lourenço da Mata,<br />

Moreno, Vitória e Sirinhaém.<br />

Permaneceu preso na Casa <strong>de</strong> Detenção do <strong>Recife</strong>, local on<strong>de</strong> hoje<br />

funciona a Casa da Cultura, on<strong>de</strong> morreu envenenado às vésperas<br />

<strong>de</strong> ser libertado, em 22 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1971.<br />

Rua Anatália Souza Alves <strong>de</strong> Melo<br />

Anatália Souza Alves <strong>de</strong> Melo nasceu em 9 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1945, em<br />

Mombassa, hoje município Frutuoso Gomes, Rio Gran<strong>de</strong> do Norte.<br />

Seus pais eram Nicácio Loia <strong>de</strong> Melo e Maria Pereira <strong>de</strong> Melo. Mudou-se<br />

para Mossoró para concluir o curso científico no Colégio Estadual<br />

<strong>de</strong> Mossoró, tendo trabalhado na Cooperativa <strong>de</strong> Consumo<br />

Popular <strong>de</strong>sta cida<strong>de</strong> até 1968. Em 1969, casa-se com Luiz Alves Neto<br />

e muda-se para o <strong>Recife</strong>, on<strong>de</strong> passa a militar no PCBR.<br />

Atuou na Zona da Mata (PE), local on<strong>de</strong> haviam se formado as Ligas<br />

Camponesas. Viveu também em Campina Gran<strong>de</strong> (PB), Palmeira<br />

dos Índios (AL) e Gravatá (PE), local <strong>de</strong> sua prisão e do marido, em<br />

17 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1972. Em 22 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1973, foi encontrada<br />

morta nas <strong>de</strong>pendências do DOPS/PE. A causa anunciada foi suicídio<br />

por enforcamento, tendo ainda ela supostamente ateado fogo<br />

às suas partes genitais.<br />

88


Rota Ditadura 64<br />

Rua Carlos Marighela<br />

Estudante <strong>de</strong> Engenharia da Escola Politécnica da Bahia, Carlos<br />

Marighela foi preso e torturado <strong>de</strong>vido a sua luta contra a Ditadura<br />

Vargas. Eleito <strong>de</strong>putado em 1945, época da re<strong>de</strong>mocratização no<br />

Brasil, elegeu-se <strong>de</strong>putado constituinte em 1946 pelo PCB, quando já<br />

fazia parte do Comitê Central do Partido.<br />

Logo tem seus direitos cassados, em 1948, ficando a partir <strong>de</strong> então<br />

na clan<strong>de</strong>stinida<strong>de</strong>. Rompe com o PCB em 1966 e funda a Ação<br />

Libertadora Nacional (ALN), dando início à luta armada contra o<br />

regime militar. Em 4 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1969, às 20 horas, quando se<br />

dirigia ao encontro <strong>de</strong> Fra<strong>de</strong>s Dominicanos, em São Paulo, é surpreendido<br />

por mais <strong>de</strong> 30 agentes da polícia política, entre soldados e<br />

<strong>de</strong>legados. Estes fuzilaram seu veículo, tentando após forjar circunstâncias<br />

do crime.<br />

Rua Eduardo Collier Filho<br />

Nascido a 5 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1948, no <strong>Recife</strong>, Eduardo Collier Filho<br />

estudou na Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral da Bahia (UFBA) e militou na Ação<br />

Popular Marxista-Leninista (APML). É um dos milhares que constam<br />

como <strong>de</strong>saparecidos ou mortos políticos, tendo sido visto a última<br />

vez em 22 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1974.<br />

Rua Manoel Lisbôa <strong>de</strong> Moura<br />

Manoel Lisbôa <strong>de</strong> Moura foi membro da União Estadual <strong>de</strong> Estudantes<br />

Secundaristas <strong>de</strong> Alagoas (Uesa), tendo participado do<br />

Movimento <strong>de</strong> Cultura Popular nesse estado, encenando peças <strong>de</strong><br />

teatro em praças públicas. Ingressou no curso <strong>de</strong> Medicina da Universida<strong>de</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Alagoas e participou da fundação do Partido<br />

Comunista Revolucionário (PCR), tendo sido preso várias vezes.<br />

Sua última prisão ocorreu na Praça Ian Fleming, no <strong>Recife</strong>, 16 <strong>de</strong><br />

agosto <strong>de</strong> 1973. Levado ao DOI-Codi do IV Exército, foi posteriormente<br />

enviado ao Dops <strong>de</strong> São Paulo, on<strong>de</strong> foi assassinado.<br />

Rua Ranúsia Alves Rodrigues<br />

Natural <strong>de</strong> Garanhuns (PE), Ranúsia Alves Rodrigues nasceu em 18<br />

<strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1945. Estudante <strong>de</strong> Enfermagem da UFPE, militou no Partido<br />

Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), tendo sido expulsa<br />

da universida<strong>de</strong> por ter participado do XXX Congresso da UNE em<br />

Ibiúna (SP), em outubro <strong>de</strong> 1968. Foi presa em 27 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1973,<br />

no Rio <strong>de</strong> Janeiro. Torturada e morta, foi enterrada como indigente,<br />

apesar <strong>de</strong> sua morte ter sido reconhecida pelo I Exército. Uma placa<br />

com seu nome po<strong>de</strong> ser vista no Monumento Tortura Nunca Mais.<br />

Rua Odijas Carvalho <strong>de</strong> Souza<br />

Odijas Carvalho <strong>de</strong> Souza nasceu em Atalaia, estado das Alagoas,<br />

em 08 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1971. Estudante <strong>de</strong> Agronomia da Universida<strong>de</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral Rural <strong>de</strong> Pernambuco (UFRPE), foi lí<strong>de</strong>r estudantil e<br />

militante do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), o<br />

que lhe custou a prisão em Maria Farinha, em 30 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1971.<br />

Torturado por quase 24 horas seguidas, <strong>de</strong>u entrada no dia 06 <strong>de</strong><br />

fevereiro <strong>de</strong> 1971 no Hospital da Polícia Militar <strong>de</strong> Pernambuco, on<strong>de</strong><br />

morreu dois dias <strong>de</strong>pois. Odijas apresentava fraturas <strong>de</strong> ossos, ruptura<br />

<strong>de</strong> rins, baço e fígado, retenção urinária e embolia pulmonar.<br />

Rua Luiz José da Cunha<br />

Luiz José da Cunha nasceu no <strong>Recife</strong> a 02 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1943.<br />

Também conhecido como Crioulo, entrou para a militância no PCB<br />

quando ainda estudava no Colégio Estadual Beberibe. Por sua atuação<br />

no partido, ingressou na escola <strong>de</strong> Konsomol - Juventu<strong>de</strong> Comunista<br />

da URSS, on<strong>de</strong> estudou Filosofia, Economia Política, Ciência<br />

Social e História do Movimento Operário.<br />

89


<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />

Retornou ao Brasil após o golpe <strong>de</strong> 1964, ficando residência no Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro (era procurado no <strong>Recife</strong>). Depois <strong>de</strong> orientar o Comitê<br />

Secundarista da Guanabara do PCB, <strong>de</strong>sliga-se do partido em 1967,<br />

<strong>de</strong>vido a divergências políticas. Junta-se a Carlos Marighela para<br />

formar a ALN, organização da qual se torna comandante.<br />

Após sofrer uma emboscada em São Paulo, é preso e torturado, vindo<br />

a falecer no dia 13 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1973. Foi enterrado como indigente,<br />

em um cemitério clan<strong>de</strong>stino.<br />

Só <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> trinta anos, em 2006, sua viúva, Amparo Araújo, recebeu<br />

os restos mortais i<strong>de</strong>ntificados pelo IML/SP.<br />

Rua Stuart Edgar Angel Jones<br />

Stuart Edgar Angel Jones, conhecido como Tuti, nasceu a 11 <strong>de</strong> janeiro<br />

<strong>de</strong> 1946, em Salvador, estado da Bahia. Foi estudante <strong>de</strong> Economia<br />

da UFRJ e participou ativamente do Movimento Estudantil.<br />

Atuou pelo PCB e <strong>de</strong>pois pelo Movimento Revolucionário 8 <strong>de</strong> Outubro<br />

(MR-8), do qual foi um dos formadores e dirigente.<br />

Stuart <strong>de</strong>sapareceu em 14 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1971, data em que foi preso<br />

em Vila Isabel-RJ. Denúncias relatam que ele teria sido arrastado por<br />

um carro e obrigado a inalar os gases do escape do veículo, <strong>de</strong>ntro<br />

do Centro <strong>de</strong> Informações <strong>de</strong> Segurança da Aeronáutica (Cisa).<br />

Por ele possuir cidadania americana, o caso ganhou repercussão<br />

internacional. Os Estados Unidos pediram explicações ao Estado<br />

brasileiro sobre seu <strong>de</strong>saparecimento, pedido que não foi atendido,<br />

limitando-se o Brasil a <strong>de</strong>stituir do cargo o então Ministro da Aeronáutica,<br />

Briga<strong>de</strong>iro João Paulo Penido Burnier, reformando-o.<br />

Sua mãe, a célebre estilista Zuzu Angel, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a data <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>saparecimento,<br />

procurou pelo filho. Sua busca foi interrompida em 14<br />

<strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1976, quando foi assassinada pela repressão.<br />

Rua Pauline Reichstul<br />

Nascida em 18 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 1947, em Praga, antiga Checoslováquia,<br />

Pauline Reichstul viveu na França e no Brasil até 18 anos, quando<br />

partiu para Israel, Dinamarca e, por fim, França, on<strong>de</strong> terminou seu<br />

curso <strong>de</strong> Psicologia, em 1970. Conheceu vários exilados do Brasil na<br />

Europa, tendo trabalhado com vários órgãos <strong>de</strong>nunciando as violações<br />

dos direitos humanos no Brasil.<br />

Nesse tempo, <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> voltar e se engajar na luta armada e, em 1972,<br />

se junta a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Em 8 <strong>de</strong> janeiro<br />

<strong>de</strong> 1973, é <strong>de</strong>tida no bairro <strong>de</strong> Boa Viagem, no <strong>Recife</strong>, junto com<br />

Soledad Barret Viedma, e levada para a Chácara São Bento, on<strong>de</strong><br />

morre <strong>de</strong>pois ser torturada.<br />

Em sua homenagem, seu irmão Henri Philip Reichstul criou o Instituto<br />

Pauline Reichstul <strong>de</strong> Educação Tecnológica, Direitos Humanos e Defesa<br />

do Meio Ambiente, em Belo Horizonte (MG).<br />

Rua Manuel Aleixo da Silva<br />

Conhecido como Ventania, Manuel Aleixo da Silva nasceu em São<br />

Lourenço da Mata (PE), a 3 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1973. Foi um dos organizadores<br />

das Ligas Camponesas, tendo atuado em São Lourenço<br />

da Mata, Ribeirão, Cabo e toda região da Zona da Mata Sul. Foi um<br />

dos principais responsáveis pelo trabalho rural do Partido Comunista<br />

Revolucionário (PCR).<br />

Seu assassinato se <strong>de</strong>u em 29 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1973, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter sido<br />

sequestrado em sua própria casa e torturado. À época, no entanto,<br />

os documentos oficiais registraram que sua morte havia se passado<br />

em um tiroteio, o que <strong>de</strong>pois se mostrou falso.<br />

90


Rota Ditadura 64<br />

Rua Míriam Lopes Verbena<br />

Míriam Lopes Verbena nasceu em Irituia-Guamá, estado do Pará,<br />

em 10 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1946, tendo chegado ao <strong>Recife</strong> em 1952.<br />

Diplomou-se professora primária, após ter estudado em escolas do<br />

município. Militou pelo Partido Comunista Brasileiro Revolucionário<br />

(PCBR). Sua morte ocorreu em 08 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1972, em um suposto<br />

<strong>de</strong>sastre <strong>de</strong> carro, no qual também morreu Luís Alberto Andra<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Sá e Benevi<strong>de</strong>s, seu marido.<br />

Rua Jarbas Pereira Marques<br />

Nascido no <strong>Recife</strong> em 27 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1948, Jarbas Pereira Marques<br />

estudou no Colégio Porto Carreiro, no <strong>Recife</strong>, época em que ingressou<br />

no Movimento Estudantil Secundarista. Regressando ao <strong>Recife</strong><br />

no fim <strong>de</strong> 1971, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> uma rápida passagem por São Paulo, trabalhou<br />

na Livraria Mo<strong>de</strong>rna, <strong>de</strong> on<strong>de</strong>, em 6 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1973, saiu<br />

com “estranhos”, <strong>de</strong> pois <strong>de</strong> receber um telefonema.<br />

Jarbas foi Militante da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Sua<br />

morte teria ocorrido na Chácara São Bento, em suposto tiroteio. A<br />

notícia <strong>de</strong> sua morte chegou a sua mãe no dia 11 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1973.<br />

Rua Evaldo Luiz Ferreira <strong>de</strong> Souza<br />

Evaldo Luiz Ferreira <strong>de</strong> Souza é natural <strong>de</strong> Pelotas (RS), tendo nascido<br />

em 5 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1942. Formou-se ajustador-mecânico pelo Senai<br />

e ainda jovem ingressou na Escola <strong>de</strong> Aprendizes <strong>de</strong> Marinheiros<br />

<strong>de</strong> Santa Catarina. Dirigiu-se para o Rio <strong>de</strong> Janeiro, on<strong>de</strong> se formou<br />

marinheiro, e conheceu Cabo Anselmo, que mais tar<strong>de</strong> se tornaria<br />

agente policial infiltrado e <strong>de</strong>lataria os seis mortos no massacre da<br />

Chácara São Bento.<br />

Evaldo tornou-se membro da Associação <strong>de</strong> Marinheiros e Fuzileiros<br />

Navais e, após o golpe <strong>de</strong> 1964, foi expulso da Marinha, tendo ficado<br />

nove meses preso. Quando saiu, engajou-se Movimento Nacionalista<br />

Revolucionário (MNR), retomando assim sua militância política.<br />

Em 1966, ficou mais cinco anos preso, exilando-se logo após por oito<br />

anos no exterior (cinco <strong>de</strong>les em Cuba). Retornando em 1973, entrou<br />

para a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Delatado por<br />

Cabo Anselmo, Evaldo foi assassinado sob tortura na Chácara São<br />

Bento, a 8 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1973.<br />

Rua Ivan Rocha Aguiar<br />

Ivan Rocha Aguiar nasceu em Triunfo (PE), em 24 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong><br />

1941. Estudante secundarista, atuou como Secretário do Grêmio Estudantil<br />

Joaquim Nabuco e vice-presi<strong>de</strong>nte da União dos Estudantes<br />

<strong>de</strong> Palmares. Sua morte em 1º <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1964, dia do golpe militar,<br />

quando, em uma manifestação estudantil na Av. Dantas Barreto<br />

(no Centro do <strong>Recife</strong>/PE), ele foi alvejado por tiros dos soldados do IV<br />

Exército. Além <strong>de</strong> Ivan, também morreu na ocasião o estudante secundarista<br />

Jonas José Albuquerque Barros, <strong>de</strong> apenas 17 anos, com<br />

um tiro na mandíbula.<br />

Rua Luiz Carlos Almeida<br />

Com data e local <strong>de</strong> nascimento ignorados, Luiz Carlos Almeida graduou-se<br />

em Física pela Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo (USP), lecionando<br />

Física Experimental nesse mesmo lugar. Militante do Partido Operário<br />

Comunista (POC), teve mandado <strong>de</strong> prisão preventiva expedido,<br />

o que o levou a exilar-se no Chile, on<strong>de</strong> ensinou Física. Sua prisão<br />

ocorreu em 14 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1973, em sua casa, três dias após o<br />

golpe militar no Chile.<br />

Luiz Carlos Almeida foi torturado e <strong>de</strong>pois levado até as margens do<br />

rio Mapocho, on<strong>de</strong> foi fuzilado. Com ele, estavam também um uruguaio<br />

e um jovem brasileiro, <strong>de</strong> nome parecido: Luiz Carlos Almeida<br />

Vieira, que sobreviveu e <strong>de</strong>nunciou o fato.<br />

91


<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />

Rua Hiram <strong>de</strong> Lima Pereira<br />

Hiram <strong>de</strong> Lima Pereira nasceu em Caicó (RN), em 3 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong><br />

1913. Sua militância política teve início ainda cedo, em 1930. Foi<br />

preso e ficou <strong>de</strong>tido por um ano, época em que prestava serviço<br />

ao exército na polícia do exército. Eleito Deputado Fe<strong>de</strong>ral pelo Rio<br />

Gran<strong>de</strong> do Norte em 1946, com uma das maiores votações <strong>de</strong> sua<br />

legenda, o PCB, foi cassado pouco tempo <strong>de</strong>pois.<br />

Transferiu-se para o <strong>Recife</strong> em 1949 e atuou na campanha <strong>de</strong> Miguel<br />

Arraes para prefeito, sendo convidado para exercer o cargo <strong>de</strong><br />

Secretário <strong>de</strong> Administração após a vitória <strong>de</strong> Arraes. Dirigente do<br />

Partido Comunista Brasileiro (PCB) e redator do órgão <strong>de</strong> imprensa<br />

<strong>de</strong>ste partido, o jornal Folha do Povo, Hiram foi para o Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

e <strong>de</strong>pois para São Paulo logo após o golpe militar <strong>de</strong> 1964, passando<br />

a viver na clan<strong>de</strong>stinida<strong>de</strong>. O dia oficial <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>saparecimento<br />

é o mesmo dia em que sua esposa foi sequestrada pelo exército,<br />

15 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1975. A data provável <strong>de</strong> sua morte é 28 <strong>de</strong> janeiro<br />

<strong>de</strong> 1975.<br />

Rua Gregório Bezerra<br />

Nascido na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Panelas, no estado <strong>de</strong> Pernambuco, Gregório<br />

Lourenço Bezerra começou cedo, com quatro anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>,<br />

a trabalhar na lavoura <strong>de</strong> cana. Mudando-se para o <strong>Recife</strong>, após<br />

sofrer a perda dos pais, trabalhou como jornaleiro e, apesar <strong>de</strong> não<br />

saber ler os jornais que vendia, manifestou gran<strong>de</strong> interesse pela realida<strong>de</strong><br />

política brasileira.<br />

Iniciou sua atuação política numa greve ocorrida em 1917, quando<br />

lutou pela jornada <strong>de</strong> oito horas <strong>de</strong> trabalho e em favor da Revolução<br />

Bolchevique. Foi preso, acusado <strong>de</strong> perturbar a or<strong>de</strong>m pública,<br />

e cumpriu 5 anos <strong>de</strong> prisão.<br />

Atuou como lí<strong>de</strong>r do PCB em Pernambuco, sendo eleito como o Deputado<br />

Fe<strong>de</strong>ral mais votado para a Constituinte, em 1945. Defen<strong>de</strong>u<br />

o direito a greve e à autonomia sindical e o voto dos analfabetos<br />

e dos militares, além <strong>de</strong> <strong>de</strong>nunciar a exploração do trabalho, principalmente<br />

infantil. Também <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u a Reforma Agrária Radical.<br />

Com o Golpe Militar <strong>de</strong> 64, Gregório Bezerra foi perseguido e torturado,<br />

acusado <strong>de</strong> subversão. Foi um dos treze presos trocados pelo<br />

Embaixador Americano, sequestrado em 1969. Foi enviado ao México,<br />

a Cuba e à antiga União Soviética, retornando ao Brasil em 1979,<br />

com a anistia.<br />

Gregório Bezerra morreu em 21 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1983, em São Paulo.<br />

Foi tranladado, e enterrado no Cemitério <strong>de</strong> Santo Amaro.<br />

92


Rota Ditadura 64<br />

Rua José Inocêncio Pereira<br />

José Inocêncio Barreto, verda<strong>de</strong>iro nome <strong>de</strong> José Inocêncio Pereira,<br />

nasceu em Escada (PE), em 16 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1940. Lí<strong>de</strong>r Camponês<br />

e Sindical Rural, José Inocêncio participou da greve em exigência<br />

ao pagamento das férias e 13° salário aos trabalhadores da Usina<br />

Engenho Matapiruna <strong>de</strong> Baixo, ocasião em que houve confronto<br />

entre grevistas e a polícia.<br />

José Inocêncio Barreto foi assassinado a tiros por agentes da Delegacia<br />

<strong>de</strong> Or<strong>de</strong>m Política e Social (Dops) – PE, <strong>de</strong>vido, <strong>de</strong>vido a uma<br />

greve feita<br />

Rua Sônia Maria Lopes <strong>de</strong> Morais<br />

Sônia Maria Lopes <strong>de</strong> Morais nasceu em 09 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1946. Filha<br />

<strong>de</strong> militar, estudou na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Economia e Administração<br />

da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong> Janeiro, mas não chegou a concluir<br />

o curso, pois sua militância política no Movimento Revolucionário<br />

8 <strong>de</strong> Outubro (MR-8) lhe custou o <strong>de</strong>sligamento da instituição.<br />

Sônia exilou-se na França, on<strong>de</strong> lecionava português e estudava na<br />

Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Vincenes, voltando ao Brasil por causa do <strong>de</strong>saparecimento<br />

do marido. Reassumindo a luta contra a ditadura, Sônia<br />

ingressa na Aliança Libertadora Nacional em maio <strong>de</strong> 1973, sendo<br />

presa em novembro do mesmo ano. Torturada cruelmente em uma<br />

casa clan<strong>de</strong>stina por 5 a 10 dias, morre alvejada por tiros neste mesmo<br />

mês. Após uma cansativa batalha judicial, sua família conseguiu<br />

enterrar a filha em 12 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1991.<br />

Rua Iuri Xavier Pereira<br />

Nascido em 02 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1948, na cida<strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro (RJ), foi<br />

militante da Ação Libertadora Nacional (ALN) e do Partido Comunista<br />

Brasileiro (PCB).<br />

Rua João Men<strong>de</strong>s Araújo<br />

Nascido em 28 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1943, na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Bom Jardim (PE), foi<br />

agricultor e militante da Ação Libertadora Nacional (ALN).<br />

Rua Joaquim Câmara Ferreira<br />

Nascido em 5 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1913, na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo (SP),<br />

foi militante da Ação Libertadora Nacional (ALN), da Corrente Revolucionária<br />

<strong>de</strong> Minas Gerais e do Partido Comunista Brasileiro (PCB).<br />

93


<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />

4<br />

Colônia Penal do Bom Pastor<br />

Colônia Penal do Bom Pastor é o nome do presídio <strong>de</strong> mulheres<br />

no <strong>Recife</strong>. A razão do nome: era inicialmente dirigida por padres<br />

e freiras da Congregação Nossa Srª da Carida<strong>de</strong> do Bom Pastor,<br />

ainda na época do Estado Novo, em 1943, quando foi lançada a<br />

pedra fundamental. Começou com o sentido mais <strong>de</strong> preparar,<br />

educar ou reeducar, não <strong>de</strong> punir. O nome oficial é atualmente<br />

Colônia Penal Feminina do <strong>Recife</strong>. Misto <strong>de</strong> presídio e penitenciária,<br />

a Colônia está localizada no bairro da Engenho do Meio<br />

[outras fontes informam Iputinga]. Quase a totalida<strong>de</strong> das que<br />

ali estão presas são pobres. Escolarida<strong>de</strong>: no máximo o nível médio<br />

(somente 10%). As <strong>de</strong>mais ou são analfabetas ou não foram<br />

além do ensino fundamental. Profissões: domésticas, cozinheiras,<br />

estudantes, ven<strong>de</strong>doras ambulantes, camareiras, doceiras,<br />

manicures, professoras, comerciantes, faxineiras. Mas também<br />

para lá foram levadas mulheres que militaram na política. Adalgisa<br />

Cavalcanti, comunista e primeira <strong>de</strong>putada estadual <strong>de</strong><br />

Pernambuco, foi uma <strong>de</strong>las, em 1936. Durante o regime militar<br />

, várias militantes políticas foram mandadas para lá. Nomes e<br />

codinomes que lutavam pelo PCB, VAR Palmares, PCBR, PCR,<br />

Aliança Libertadora Nacional.<br />

94<br />

Próxima página: Igreja do Bom Pastor


Rota Ditadura 64<br />

95


<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />

Cais do Apolo alongsi<strong>de</strong> the Capibaribe river. A Mo<strong>de</strong>rn building<br />

by Acácio Borsói now houses the Porto Digital enterprise.<br />

96


Rota Ditadura 64<br />

Monumento contra a tortura<br />

A praça se chama Padre Henrique, aquele que foi torturado e<br />

morto no auge do regime militar. Ali está o monumento Tortura<br />

Nunca Mais, obra do escultor Demétrio Albuquerque, que venceu<br />

um concurso promovido pela prefeitura do <strong>Recife</strong>. Des<strong>de</strong><br />

1993, quem percorrer aquele trecho da Rua da Aurora vai se<br />

<strong>de</strong>parar não com uma simples homenagem, comum aos monumentos,<br />

mas com uma <strong>de</strong>núncia em forma <strong>de</strong> escultura. Denúncia<br />

<strong>de</strong> violação do artigo 5 da Declaração Universal dos Direitos<br />

do Homem, adotado em 1948, e sistematicamente <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rado<br />

durante todo o período que os militares governaram o Brasil a<br />

partir <strong>de</strong> 1964. O monumento traz a representação <strong>de</strong> um homem<br />

nu em posição chamada pau <strong>de</strong> arara, um dos mais frequentes<br />

tipos <strong>de</strong> tortura empregados no Brasil.<br />

4<br />

97


<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />

98


Paulo Freire<br />

Rota Ditadura 64<br />

Estrada do Encanamento, 21, Casa Amarela, no ano <strong>de</strong> 1921.<br />

Na casa (emprestada <strong>de</strong> um tio), localizada num dos bairros on<strong>de</strong><br />

vivem os mais pobres do <strong>Recife</strong>, nasceu um novo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> pedagogia,<br />

com nome e sobrenome: Paulo Freire. Como sempre<br />

gostou <strong>de</strong> lembrar, o chão do quintal on<strong>de</strong> viveu a infância foi seu<br />

primeiro quadro e gravetos o primeiro giz. Dessa pobreza real veio<br />

a consciência social e o sentido da importância do contexto na<br />

aprendizagem, pois, como ele mesmo disse, sua compreensão<br />

da fome não era “dicionária” .Da experiência no magistério, no<br />

ensino profissionalizante e o conhecimento <strong>de</strong> filosofia foram <strong>de</strong>senvolvendo<br />

e moldando um método original <strong>de</strong> alfabetização<br />

que o mundo ganhou. No começo da década <strong>de</strong> 1960 extrapolou<br />

toda a vivência acadêmica promovendo a educação popular,<br />

por meio do Movimento <strong>de</strong> Cultura Popular (MCP), interrompido<br />

pelo golpe militar. Ficou setenta dias <strong>de</strong>tidos em celas diferentes<br />

no <strong>Recife</strong> e em Olinda. No exílio escreveu alguns dos seus livros<br />

mais conhecidos, como Pedagogia do oprimido e Educação<br />

como prática <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>.<br />

Foto no alto: Estrada do Encanamento n. 742, on<strong>de</strong> morou Paulo Freire<br />

Foto abaixo: trabalhadores sendo alfabetizados pelo método Paulo Freire em 1963<br />

Página anterior, acervo MTNM-PE<br />

4<br />

99


<strong>Recife</strong> <strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />

4<br />

Largo da Igreja <strong>de</strong> Nossa Senhora da Saú<strong>de</strong>, Poço da Panela, on<strong>de</strong><br />

o método pedagógico <strong>de</strong> Paulo Freire foi aplicado pela primeira<br />

vez. A casa <strong>de</strong> Dona Olegarina (atrás das estátuas), esposa <strong>de</strong><br />

José Mariano, o abolicionista, foi o primeiro local on<strong>de</strong> Paulo Freire<br />

testou as suas i<strong>de</strong>ias. Uma placa no local marca essa memória.<br />

100


Índice Geral do Mapa<br />

Ruas<br />

A<br />

Afrânio Peixoto, R. Dr<br />

Águas Ver<strong>de</strong>s, R. das<br />

Alegria, R. da<br />

Alfân<strong>de</strong>ga, R. da<br />

Alfredo Lisboa, Av.<br />

Álvares <strong>de</strong> Cabral, R.<br />

Apolo, R. do<br />

Aragão, R. do<br />

Araripina, R.<br />

Arthur Lima Cavalcante, Av.<br />

Assembleia, R. da<br />

Aurora, R. da<br />

B<br />

Barão <strong>de</strong> Vitória, R.<br />

Barbosa Lima, Av.<br />

Bernardo Vieira <strong>de</strong> Melo, R.<br />

Bione, R.<br />

Bom Jesus, R. do<br />

Bom Jesus, Tv. do<br />

Brum, R. do<br />

Bulhões Marques, R.<br />

C<br />

Cais da Alfân<strong>de</strong>ga<br />

Cais da Detenção, Tv.<br />

Cais <strong>de</strong> Santa Rita, R.<br />

Cais do Apolo<br />

Calçadas, R. das<br />

Capitão Lima, R.<br />

Carioca, R.<br />

Carlos Salazar, R.<br />

Coelho Leite, R.<br />

Conceição, R. da<br />

Concórdia, R. da<br />

Con<strong>de</strong> da Boa Vista, Av.<br />

Coração <strong>de</strong> Maria, R.<br />

Cruz Cabugá, Av.<br />

D<br />

Dantas Barreto, Av.<br />

Dique, R. do<br />

Direita, R.<br />

do Muniz, R.<br />

Dois <strong>de</strong> Julho, R.<br />

Duque <strong>de</strong> Caxias, R.<br />

E<br />

Edgar Werneck, R.<br />

Estreita do Rosário, R.<br />

F<br />

Flores, R. das<br />

H8<br />

E2<br />

B4<br />

G3<br />

G3<br />

G4<br />

G4<br />

C4<br />

E7<br />

F8<br />

G3<br />

D4<br />

D2<br />

G4<br />

H6<br />

G5<br />

G4<br />

G4<br />

G5<br />

C3<br />

G3<br />

D2<br />

F2<br />

G5<br />

E2<br />

E7<br />

F2<br />

G8<br />

D7<br />

C4<br />

D3<br />

C5<br />

E1<br />

D7<br />

D2<br />

D1<br />

E2<br />

C1<br />

F7<br />

E3<br />

G5<br />

E3<br />

E3<br />

Floriano Peixoto. R.<br />

Floriano, R. Pe.<br />

Forte, R. do<br />

Forte, Tv. do<br />

Forte, Tv. do<br />

Frei Caneca, R.<br />

Frei Henrique, R.<br />

Fundição, R. da<br />

G<br />

Gervásio Pires, Av.<br />

Giriquiti, R. do<br />

Glória, R. da<br />

Guararapes, Av.<br />

Gusmão, Tv. do<br />

H<br />

Hospício, R. do<br />

I<br />

Imp. Dom Pedro II, R. do<br />

Imperatriz Tereza Cristina, R.<br />

J<br />

João Lira, R.<br />

João Menezes, R. Dr.<br />

José Mariano, R. Dr.<br />

L<br />

Lambari, R.<br />

Leão Coroado, R.<br />

Livramento, R. do<br />

M<br />

Madre <strong>de</strong> Deus, R.<br />

Mame<strong>de</strong> Simões, R.<br />

Manoel Borba, Av.<br />

Mário Melo, Av.<br />

Mariz e Barros, R.<br />

Marquês <strong>de</strong> Olinda, Av.<br />

Marquês <strong>de</strong> Pombal, R.<br />

Marquês <strong>de</strong> <strong>Recife</strong>, R.<br />

Marroquim, Bc. do<br />

Martins <strong>de</strong> Barros. Av.<br />

Matias <strong>de</strong> Albuquerque, R.<br />

Matriz, R. da<br />

Militar, Av.<br />

Moeda, R. da<br />

Moinho, R. do<br />

Mq. <strong>de</strong> Herval, R.<br />

Muniz, R. Pe.<br />

N<br />

N. Sra do Carmo, Av.<br />

Nogueira, R. do<br />

Norte, Av.<br />

D2<br />

E2<br />

D1<br />

E1<br />

E2<br />

E3<br />

D1<br />

E6<br />

C6<br />

B5<br />

B3<br />

E3<br />

C1<br />

C4<br />

F4<br />

D4<br />

D6<br />

E7<br />

D4<br />

C1<br />

B3<br />

E2<br />

G3<br />

E5<br />

B4<br />

E6<br />

G3<br />

G3<br />

C8<br />

E3<br />

E2<br />

F4<br />

E3<br />

C4<br />

H6<br />

G3<br />

F5<br />

D3<br />

E2<br />

E3<br />

E1<br />

F8<br />

101


Índice Geral do Mapa<br />

Ruas<br />

O<br />

Observatório, R. do<br />

Oci<strong>de</strong>nte, R. do<br />

P<br />

Palma, R. da<br />

Palmares, R. do<br />

Passo da Pátria, R.<br />

Peixoto, R. do<br />

Pilar, R. do<br />

Ponte 12 <strong>de</strong> Setembro<br />

Ponte Buarque <strong>de</strong> Macedo<br />

Ponte da Boa Vista<br />

Ponte do Limoeiro<br />

Ponte Duarte Coelho<br />

Ponte Maurício <strong>de</strong> Nassau<br />

Ponte Velha<br />

Porão, R. do<br />

Parque 13 <strong>de</strong> Maio<br />

Parque das Esculturas<br />

Praça da Comunida<strong>de</strong><br />

Luso-Brasileira<br />

Praça da República<br />

Praça Dezessete<br />

Pça. do Arsenal da Marinha<br />

Praça do Brum<br />

Praça Dom Vital<br />

Praça Joaquim Nabuco<br />

Praça Maciel Pinheiro<br />

Pça. Manoel da Costa Leal<br />

Praça Sérgio Loreto<br />

Praça Tira<strong>de</strong>ntes<br />

Praça Visc. <strong>de</strong> Mauá<br />

Praia, R. da<br />

1º <strong>de</strong> Março, R.<br />

Princesa Isabel, R.<br />

Príncipe, R. do<br />

Projetada, R.<br />

R<br />

Rangel, R. do<br />

Riachuelo, R. do<br />

Rio Branco, Av.<br />

Rio Capibaribe, Av.<br />

Roda, R. da<br />

Rosário da Boa Vista, R.<br />

102<br />

G4<br />

G5<br />

D2<br />

B8<br />

D2<br />

C1<br />

G6<br />

F2<br />

F4<br />

D3<br />

G7<br />

D4<br />

F3<br />

C3<br />

E2<br />

D5<br />

H3<br />

G6<br />

E4<br />

F3<br />

G4<br />

G7<br />

E2<br />

D3<br />

C4<br />

F3<br />

C1<br />

G5<br />

D2<br />

F2<br />

F3<br />

D5<br />

B6<br />

F8<br />

E2<br />

D4<br />

G4<br />

D3<br />

E4<br />

B4<br />

S<br />

Santa Cruz, R. da<br />

Santa Rita, R.<br />

São Geraldo, R.<br />

São João, R.<br />

São Jorge, R. <strong>de</strong><br />

São José do Ribamar, R.<br />

São Pedro, R.<br />

Saturnino <strong>de</strong> Brito, Av.<br />

Sauda<strong>de</strong>, R. da<br />

Sauda<strong>de</strong>, Av. da<br />

Sete <strong>de</strong> Setembro, R.<br />

Silvia Ferreira, R. Dra.<br />

Siqueira Campos, R.<br />

Sol, R. do<br />

Sossego, R. do<br />

Sul, Av.<br />

T<br />

Tira<strong>de</strong>ntes, Tv.<br />

Tobias Barreto, R.<br />

Tomazina, R. da<br />

Treze <strong>de</strong> Maio, R.<br />

U<br />

Ulhoa Cintra, R.<br />

União, R. da<br />

V<br />

Velha, R.<br />

Veras, Tv. do<br />

Vidal <strong>de</strong> Negreiros, R.<br />

Vigário Tenório, R.<br />

24 <strong>de</strong> Agosto, R.<br />

24 <strong>de</strong> Maio, R.<br />

Visc. <strong>de</strong> Suassuna, Av.<br />

B4<br />

E1<br />

E7<br />

D2<br />

F5<br />

E1<br />

E2<br />

E1<br />

D5<br />

D7<br />

D4<br />

E7<br />

E4<br />

D3<br />

B6<br />

F2<br />

G5<br />

D2<br />

G3<br />

C8<br />

E4<br />

D5<br />

C3<br />

C4<br />

D1<br />

G3<br />

E8<br />

D2<br />

B7


Monumentos<br />

A<br />

Arquivo Público <strong>de</strong> PE<br />

Assembleia Legislativa<br />

B<br />

Basílica da Penha<br />

C<br />

Casa da Cultura<br />

Cemitério <strong>de</strong> Santo Amaro<br />

Cemitério dos Ingleses<br />

Convento do Carmo<br />

Cruz do Patrão<br />

E<br />

Estação Central<br />

Estação do Brum<br />

F<br />

Fábrica da Pilar<br />

Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Direito<br />

Forte das Cinco Pontas<br />

Forte do Brum<br />

F3<br />

E5<br />

E2<br />

D3<br />

C8<br />

E8<br />

E3<br />

H8<br />

D2<br />

H6<br />

G6<br />

D5<br />

D1<br />

G7<br />

G<br />

Gabinete Português<br />

<strong>de</strong> Leitura<br />

E4<br />

Ginásio Pernambucano<br />

I<br />

E5<br />

Igreja Conceição dos Militares E3<br />

Igreja da Boa Vista<br />

C4<br />

Igreja da Madre <strong>de</strong> Deus G3<br />

Igreja <strong>de</strong> Santa Cruz<br />

B4<br />

Igreja <strong>de</strong> Santa Rita <strong>de</strong> Cássia<br />

Igreja <strong>de</strong> Santo Amaro<br />

D1<br />

das Salinas<br />

F8<br />

Igreja <strong>de</strong> São José do Ribamar D1<br />

Igreja <strong>de</strong> São Pedro<br />

E2<br />

Igreja do Espírito Santo F3<br />

Igreja do Livramento<br />

Igreja Rosário dos<br />

E2<br />

Homens Pretos<br />

L<br />

E3<br />

Liceu <strong>de</strong> Artes e Ofícios<br />

M<br />

E4<br />

Mamam<br />

D4<br />

Marco Zero<br />

G4<br />

Matriz <strong>de</strong> Santo Antônio E3<br />

Mercado da Boa Vista B4<br />

Mercado <strong>de</strong> São José E2<br />

Museu a Céu Aberto<br />

O<br />

G4<br />

Or<strong>de</strong>m Terceira do Carmo<br />

P<br />

E3<br />

Paço Alfân<strong>de</strong>ga<br />

G3<br />

Palácio da Justiça<br />

Palácio do Campo<br />

E4<br />

das Princesas<br />

E4<br />

Prefeitura do <strong>Recife</strong><br />

Q<br />

G6<br />

Quarteirão Franciscano<br />

S<br />

E4<br />

Sinagoga Kahal Zur Israel<br />

T<br />

G4<br />

Teatro <strong>de</strong> Santa Isabel E4<br />

Teatros Apolo e Hermilo G4<br />

Torre Malakoff<br />

G4<br />

103


Bibliogr afia<br />

CAVALCANTI, Carlos André Macedo; CUNHA, Francisco Carneiro da.<br />

Pernambuco Afortunado: da Nova Lusitânia à Nova Economia. <strong>Recife</strong>:<br />

INTG, 2006.<br />

LIMA, M. <strong>de</strong> Oliveira. Pernambuco Seu Desenvolvimento Histórico.<br />

Prefácio <strong>de</strong> Gilberto Freyre. <strong>Recife</strong>: Cepe, 1975.<br />

SILVA, Leonardo Dantas. Holan<strong>de</strong>ses em Pernambuco. <strong>Recife</strong>:<br />

L. Dantas Silva, 2005.<br />

As ruas da Vila Buriti foram obtidas no site: https://maps.google.com.<br />

br/maps/, com a colaboração: “Locais <strong>de</strong> Resistência, Lutas e <strong>Memória</strong><br />

- Roteiro da consciência do Brasil” e também no site: http://<br />

www.<strong>de</strong>saparecidospoliticos.org.br/<br />

COSTA, Francisco Augusto Pereira da. Annais Pernambucanos: 1795 -<br />

1817. V. viii. <strong>Recife</strong>: Arquivo Público Estadual, 1958. p. 505 – 506.<br />

_____. Diccionario biographico <strong>de</strong> pernambucanos célebres. <strong>Recife</strong>:<br />

Typographia Universal, 1882. 804p.<br />

GALVÃO, Sebastião <strong>de</strong> Vasconcellos. Diccionario chorographico, historico<br />

e estatistico <strong>de</strong> Pernambuco. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Imprensa Nacional, 1910.<br />

MARTINS, Dias. Os martires pernambucanos: victimas da liberda<strong>de</strong><br />

nas duas revoluções ensaiadas em 1710 e 1817. [<strong>Recife</strong>]: Typ. <strong>de</strong> F. C.<br />

<strong>de</strong> Lemos e Silva, 1853.<br />

PERNAMBUCO (Estado). Decreto n. 459, 23 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1917.<br />

Adoptando como ban<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> Pernambuco dos revolucionarios republicanos<br />

<strong>de</strong> 1817. REVISTA do Instituto Archeologico Geographico<br />

<strong>de</strong> Pernambuco, <strong>Recife</strong>, v.19, n.95 – 98. 1918, p – 168 – 170.<br />

SANTOS, André Maranhão. Ativida<strong>de</strong> tipográfica em Pernambuco e<br />

a construção da Biblioteca Pública no século XIX. Ca<strong>de</strong>rnos Olinda.<br />

Ano ii, n. 03, <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2006.<br />

SONETO. [<strong>Recife</strong>]: Na Typ. <strong>de</strong> Cav. & C.a., [1817].<br />

Textos extraídos das Peças Oficiais relativas às revoluções <strong>de</strong> Pernambuco,<br />

1817 – 1824, pertencentes à Biblioteca Pública do Estado <strong>de</strong> Pernambuco.<br />

OLIVEIRA, Paulo Santos <strong>de</strong> - Comunicações particulares, 2012.<br />

CAVALCANTI, Paulo. O caso eu conto como o caso foi, <strong>Recife</strong>; Cepe<br />

Editora, Vol. 1. 2008.<br />

BLACK, Jan Knippers. A penetração do Brasil nos Estados Unidos.<br />

Trad.: Sérgio <strong>de</strong> Queiroz Duarte. <strong>Recife</strong>; Massangana, 2009.<br />

CORTAZAR, Julio. Último round, [Ler o conto “Turismo aconselhável” e<br />

o conto “Apocalipse <strong>de</strong> Solentiname”]<br />

ANDRADE, Manuel Correia <strong>de</strong>; FERNANDES, Eliane Moury. Vencedores<br />

e vencidos: O movimento <strong>de</strong> 1964 em Pernambuco. <strong>Recife</strong>;<br />

Massangana, 2004.<br />

http://www.fundaj.gov.br/in<strong>de</strong>x.php?<br />

Gilberto Freyre<br />

http://www.releituras.com/gilbertofreyre_bio.asp<br />

http://www.fgf.org.br/instituicao/instituicao.html<br />

SANTOS-FILHO, Plínio; CUNHA, Francisco Carneiro da.<br />

Um Dia no <strong>Recife</strong>, <strong>AERPA</strong> Editora, 2008.<br />

104


1<br />

2<br />

Rota Ver<strong>de</strong> - O Açúcar<br />

Engenhos do Capibaribe, Engenho Magdalena, Engenho da Torre, Engenho do Cor<strong>de</strong>iro,<br />

Engenho Ambrósio Machado, Engenho Casa Forte, Poço da Panela, Museu do Homem<br />

do Nor<strong>de</strong>ste, Engenho São Pantaleão do Monteiro, Engenho <strong>de</strong> Apipucos, Fundação<br />

Gilberto Freyre, Engenho Dois Irmãos, Engenho Brum-Brum, Engenho Poeta, A Várzea do<br />

Capibaribe, Engenho do Meio, Engenho <strong>de</strong> Santo Antônio, Instituto Ricardo Brennand,<br />

Engenho São João, Ateliê e Oficina Cerâmica Francisco Brennand, Museu do Estado <strong>de</strong><br />

Pernambuco, Teatro <strong>de</strong> Santa Isabel, Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Direito do <strong>Recife</strong>, Parque 13 <strong>de</strong> Maio,<br />

Basílica e Convento do Carmo, Joaquim Nabuco, Porto do <strong>Recife</strong> e Cruz do Patrão<br />

Rota Azul - Os Holan<strong>de</strong>ses<br />

O Período Holandês, Forte do Brum, Quarteirão Franciscano, Forte Ernesto, Praça da<br />

República e Rua do Imperador, Maurício <strong>de</strong> Nassau, Rua do Bom Jesus, Palácio da Boa<br />

Vista, Forte das Cinco Pontas, A Insurreição Pernambucana, Praça Sérgio Loreto e<br />

Arredores, Os Quatro Heróis, A Batalha <strong>de</strong> Casa Forte, Arraial Velho do Bom Jesus - Sítio da<br />

Trinda<strong>de</strong>, Nossa Senhora dos Prazeres do Monte Guararapes<br />

3<br />

4<br />

1<br />

2<br />

3<br />

4<br />

Açúcar<br />

Holan<strong>de</strong>ses<br />

1817 e 1824<br />

Ditadura 64<br />

N<br />

Rota Amarela - Revoluções <strong>de</strong> 1817 e 1824<br />

Revolução <strong>de</strong> 1817, Forte do Brum, Campo da Honra, Ponte do <strong>Recife</strong>,<br />

Forte das Cinco Pontas, Matriz <strong>de</strong> Santo Antônio, Confe<strong>de</strong>ração do<br />

Equador - 1824, Monumento a Frei Caneca, Capelinha da Praça da<br />

Jaqueira, Cemitério dos Ingleses<br />

Rota Vermelha - Ditadura 64<br />

Resistência ao Regime Militar, O Centro do <strong>Recife</strong>, Miguel Arraes, Palácio<br />

do Campo das Princesas, Gregório Bezerra, Casa da Cultura, O Dom -<br />

Igreja das Fronteiras, Padre Henrique - Cida<strong>de</strong> Universitária, Rua da<br />

Aurora 405, Vila Buriti - Macaxeira, Ruas da Vila Buriti, Colônia Penal do<br />

Bom Pastor, Monumento Contra a Tortura, Paulo Freire<br />

Informações Úteis<br />

Dicas da Semana, On<strong>de</strong> Ficar, On<strong>de</strong> Comer, Locais <strong>de</strong> Interesse,<br />

Itinerário, Casa <strong>de</strong> Câmbio e Bancos consulte a recepção do hotel<br />

ou site específico na internet.<br />

Importante<br />

Nos meses <strong>de</strong> chuva (abril a agosto) use guarda-chuvas. Nos meses<br />

<strong>de</strong> sol (setembro a março) procure caminhar das 8h às 11h e<br />

das 15h às 18h. Use chapéu, bloqueador solar e óculos escuros.<br />

Os roteiros do livro são seguros . Porém, como em qualquer outro<br />

lugar do mundo, não é recomendada exposição <strong>de</strong> jóias,<br />

celulares ou equipamento que chame a atenção.<br />

Eventos<br />

Alguns dos eventos comemorados na cida<strong>de</strong> do <strong>Recife</strong>.<br />

09 <strong>de</strong> fevereiro – Dia do frevo<br />

12 <strong>de</strong> março – Aniversário <strong>de</strong> fundação da cida<strong>de</strong><br />

24 <strong>de</strong> junho – São João<br />

16 <strong>de</strong> julho – Nossa Senhora do Carmo, padroeira do <strong>Recife</strong><br />

20 <strong>de</strong> novembro – Dia da Consciência Negra<br />

08 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro – Nossa Senhora da Conceição<br />

Delegacias<br />

Delegacia do Turista<br />

Dentro do Aeroporto Internacional Gilberto Freyre, <strong>Recife</strong><br />

Tel.: (81) 3322-4867<br />

Delegacia <strong>de</strong> Defraudação e Repreensão ao Estelionato<br />

Av. Montevidéu, 123 – Boa Vista<br />

<strong>Recife</strong> – PE<br />

Tels.: (81) 3182-5451<br />

Hospitais Públicos<br />

Hosp. Agamenon Magalhães<br />

Estrada do Arraial, 2723<br />

Tamarineira – <strong>Recife</strong> – PE<br />

Tel.: (81) 3184-1600<br />

Hospital Getúlio Vargas<br />

Av. Gal. San Martin, s/n<br />

Cor<strong>de</strong>iro – <strong>Recife</strong> – PE<br />

Tel.: (81) 3184-5600<br />

Hospital da Restauração<br />

Av. Agamenon Magalhães, s/n<br />

Derby – <strong>Recife</strong> – PE<br />

Tel.: (81) 3181-5400<br />

Hospital das Clínicas<br />

Av. Prof. Moraes Rêgo, s/n<br />

Cid. Universitária – <strong>Recife</strong> – PE<br />

Tel.: (81) 2126-3633<br />

Outros Serviços<br />

Caso você precise mandar fotos digitais, e-mails ou acessar a internet,<br />

o <strong>Recife</strong> possui lan houses em vários pontos da cida<strong>de</strong>,<br />

além dos business centers dos hotéis.<br />

Para usar os telefones públicos, é necessário comprar cartões<br />

telefônicos, vendidos em quase todos os estabelecimentos comerciais<br />

da cida<strong>de</strong>. Fazendo uma ligação: insira o cartão no local<br />

indicado e digite o código do país (quando for o caso) + 0 +<br />

código da operadora (os principais são 21, 31 e 51) + código da<br />

cida<strong>de</strong> + número do telefone.<br />

Existem várias linhas <strong>de</strong> ônibus que operam no <strong>Recife</strong>. Você po<strong>de</strong><br />

também pegar um táxi, que circula em gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> nas ruas.<br />

Copyright 2012 © <strong>AERPA</strong> Editora


8<br />

7<br />

6<br />

5<br />

4<br />

3<br />

2<br />

1<br />

A B<br />

RECIFE<br />

<strong>Lugar</strong> <strong>de</strong> <strong>Memória</strong><br />

Monumentos<br />

01 Ponte do Limoeiro<br />

02 Forte do Brum<br />

03 Estação do Brum e Fábrica da Pilar<br />

04 Prefeitura do <strong>Recife</strong><br />

05 Teatro Apolo e Teatro Hermilo<br />

06 Torre Malako�<br />

07 Museu a Céu Aberto<br />

08 Sinagoga Kahal Zur Israel<br />

09 Marco Zero<br />

10 Parque das Esculturas - Arrecife<br />

11 Igreja da Madre <strong>de</strong> Deus<br />

12 Paço Alfân<strong>de</strong>ga<br />

13 Palácio do Campo das Princesas<br />

Praça da República<br />

14 Teatro <strong>de</strong> Santa Isabel<br />

15 Liceu <strong>de</strong> Artes e Ofícios<br />

16 Palácio da Justiça<br />

17 Quarteirão Franciscano<br />

18 Gabinete Português <strong>de</strong> Leitura<br />

19 Arquivo Público do <strong>Recife</strong><br />

20 Igreja do Espírito Santo<br />

21 Mercado <strong>de</strong> São José<br />

22 Basílica da Penha<br />

23 Igreja <strong>de</strong> Santa Rita <strong>de</strong> Cássia<br />

24 Igreja <strong>de</strong> São José do Ribamar<br />

25 Forte das Cinco Pontas<br />

Monumento a Frei Caneca<br />

26 Matriz <strong>de</strong> São José<br />

27 Igreja do Terço<br />

28 Igreja <strong>de</strong> São Pedro<br />

29 Igreja do Livramento<br />

30 Basílica e Convento do Carmo<br />

31 Or<strong>de</strong>m Terceira do Carmo<br />

32 Estação Central do <strong>Recife</strong><br />

33 Casa da Cultura<br />

34 Igreja da Conceição dos Militares<br />

35 Matriz <strong>de</strong> Santo Antônio<br />

36 Igreja do Rosário dos Homens Pretos<br />

37 Igreja da Boa Vista<br />

38 Igreja <strong>de</strong> Santa Cruz<br />

39 Mercado da Boa Vista<br />

40 Mamam<br />

Rua da Aurora 405<br />

41 Assembléia Legislativa<br />

42 Ginásio Pernambucano<br />

Praça Padre Henrique<br />

Monumento Tortura Nunca Mais<br />

43 Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Direito do <strong>Recife</strong><br />

Parque 13 <strong>de</strong> Maio<br />

44 Igreja <strong>de</strong> Santo Amaro das Salinas<br />

Cemitério dos Ingleses<br />

Praça Abreu e Lima<br />

45 Cruz do Patrão<br />

46 Batalha dos Guararapes - Brennand<br />

47 Cemitério <strong>de</strong> Santo Amaro<br />

A B<br />

R. do Giriquiti<br />

Av. Manoel Borba<br />

R. da Santa Cruz<br />

R. da Alegria<br />

39<br />

R. Leão Coroado<br />

38<br />

R. dos Palmares<br />

Av. Visc. <strong>de</strong> Suassuna<br />

R. do Sossego<br />

R. do Príncipe<br />

R. do Riachuelo<br />

R. Rosário da Boa Vista<br />

R. do Aragão<br />

R. da Glória<br />

R. da Conceição<br />

Tv. do Gusmão<br />

Cemitério <strong>de</strong><br />

Santo Amaro<br />

Av. Con<strong>de</strong> da Boa Vista<br />

R. Velha<br />

Tv. do Veras<br />

47<br />

37<br />

C D E F G H<br />

Av. Gervásio Pires<br />

Praça Maciel<br />

Pinheiro<br />

R. da Matriz<br />

Av. Rio Capibaribe<br />

R. do Muniz<br />

Praça Sérgio<br />

Loreto<br />

R. Marquês do Pombal<br />

R. do Hospício<br />

Ponte Velha<br />

R. Treze <strong>de</strong> Maio<br />

R. Imperatriz Tereza Cristina<br />

R. Bulhões Marques<br />

R. do Peixoto<br />

R. do Hospício<br />

R. 7 <strong>de</strong> Setembro<br />

R. Lambari<br />

R. Coelho Leite<br />

R. João Lira<br />

Av. Rio Capibaribe<br />

Trav. Cais da Detenção<br />

32<br />

R. São João<br />

R. Floriano PeixotoR. Floriano Peixoto<br />

R. da Concórdia<br />

Praça Visc.<br />

<strong>de</strong> Mauá<br />

Av. Dantas Barreto<br />

R. Pedro Afonso<br />

Av. da Sauda<strong>de</strong><br />

R. Passo da Pátria<br />

26<br />

R. Princesa Isabel<br />

R. da Sauda<strong>de</strong><br />

33<br />

43<br />

R. do Riachuelo<br />

Ponte da Boa Vista<br />

Av. Cruz Cabugá<br />

R. João Lira<br />

R. da União<br />

R. da Sauda<strong>de</strong><br />

Ponte Duarte Coelho<br />

R. São Geraldo<br />

Av. Mário Melo<br />

R. Mame<strong>de</strong> Simões<br />

R. Dr. João Menezes<br />

R. do Sol<br />

R. Dr. Silva Ferreira<br />

R. Cap. Lima<br />

R. da Fundição<br />

R. 24 <strong>de</strong> Agosto<br />

R. Araripina<br />

R. Dr. José Mariano R. da Aurora R. da Aurora<br />

R. do Sol<br />

R. Mq <strong>de</strong> Herval<br />

R. Barão <strong>de</strong> Vitória<br />

R. do Dique<br />

Parque<br />

13 <strong>de</strong> Maio<br />

R. Tobias Barreto<br />

R. da Palma<br />

R. da Concórdia<br />

R. Frei Henrique<br />

40<br />

R. Vidal <strong>de</strong> Negreiros<br />

R. do Sol<br />

Praça Joaquim<br />

Nabuco<br />

R. Frei Caneca<br />

R. 24 <strong>de</strong> Maio<br />

Av. Dantas Barreto<br />

R. do Forte<br />

Praça das<br />

Cinco Pontas<br />

25<br />

R. Ulhoa Cintra<br />

Av. Guararapes<br />

R. Matias <strong>de</strong> Albuquerque<br />

30<br />

31<br />

41<br />

R. Nova<br />

R. das Flores<br />

R. das Águas Ver<strong>de</strong>s<br />

27<br />

R. Pe. Floriano<br />

Tv. do Forte<br />

R. da Roda<br />

R. Siqueira Campos<br />

R. Marquês <strong>de</strong> <strong>Recife</strong><br />

R. Estreita do Rosário<br />

Av. N. Sra. do Carmo<br />

R. Direita<br />

R. das Calçadas<br />

R. Coração <strong>de</strong> Maria<br />

24<br />

R. S. José do Ribamar<br />

R. Santa Rita<br />

R. do Livramento<br />

Tv. do Forte<br />

R. Duque <strong>de</strong> Caxias<br />

R. do Rangel<br />

Bc. do Marroquim<br />

R. do Porão<br />

R. Pe. Muniz<br />

R. do Nogueira<br />

Ponte Buarque <strong>de</strong> Macedo<br />

Ponte Maurício <strong>de</strong> Nassau<br />

C D E F G H<br />

Av. Saturnino <strong>de</strong> Brito<br />

15<br />

42<br />

R. São Pedro<br />

28<br />

22<br />

14<br />

R. do Fogo<br />

Cemitério dos<br />

Ingleses<br />

Praça da<br />

In<strong>de</strong>pendência<br />

29<br />

Praça<br />

Dom Vital<br />

23<br />

17<br />

Praça da<br />

República<br />

36<br />

18<br />

16<br />

R. Imperador Dom Pedro II<br />

R. 2 <strong>de</strong> Julho<br />

Av. Martins <strong>de</strong> Barros<br />

R. 1º <strong>de</strong> Março<br />

21<br />

20<br />

R. da Praia<br />

44<br />

13<br />

R. Carioca<br />

R. Cais <strong>de</strong> Santa Rita<br />

Av. Norte<br />

Praça<br />

Dezessete<br />

Praça Manoel<br />

da Costa Leal<br />

R. Projetada<br />

Av. Arthur Lima Cavalcante<br />

Av. Sul<br />

R. Álvares Cabral<br />

Av. Marquês <strong>de</strong> Olinda<br />

R. da<br />

Alfân<strong>de</strong>ga<br />

Cais da Alfân<strong>de</strong>ga<br />

Ponte 12 <strong>de</strong> Setembro<br />

Ponte do Limoeiro<br />

Cais do Apolo<br />

Av. Rio Branco<br />

R. Vigário Tenório<br />

R. da Tomazina<br />

R. Madre <strong>de</strong> Deus<br />

01<br />

R. da Moeda<br />

Av. Barbosa Lima<br />

R. Mariz e Barros<br />

Cais o do Apolo<br />

R. do Apolo<br />

R. da Assembléia<br />

Praça do<br />

Brum<br />

04<br />

Praça<br />

Tira<strong>de</strong>ntes<br />

R. do Oci<strong>de</strong>nte<br />

R. Bione<br />

R. do Brum<br />

Tv. do Bom Jesus<br />

Av. Alfredo Lisboa<br />

R. do Brum<br />

R. do Observatório<br />

R. da Guia<br />

R. do Pilar<br />

R. Bernardo V. <strong>de</strong> Melo<br />

R. Edgar Werneck<br />

Travessa Tira<strong>de</strong>ntes<br />

Praça<br />

do Arsenal<br />

da Marinha<br />

R. do Bom Jesus<br />

45<br />

R. Carlos Salazar<br />

09<br />

R. Dr. Afrânio Peixoto<br />

02<br />

Praça da Comunida<strong>de</strong><br />

Luso-Brasileira<br />

07<br />

03<br />

Av. Militar<br />

R. <strong>de</strong> São Jorge<br />

R. do Moinho<br />

19<br />

11<br />

34 10<br />

35<br />

46<br />

12<br />

05<br />

08<br />

06<br />

Av. Alfredo Lisboa<br />

N<br />

2012 <strong>AERPA</strong> Editora<br />

© www.restaurabr.org<br />

0m 100m<br />

1.4 cm = 100m<br />

200m<br />

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