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A Universidade no Século XXI - Boaventura de Sousa Santos

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pressão sobre os salários <strong>de</strong> docentes) e com a eliminação da gratuitida<strong>de</strong> do<br />

ensi<strong>no</strong> público, tal como está agora a ocorrer em Portugal 10 .<br />

Trata-se <strong>de</strong> um processo global e é a essa escala que <strong>de</strong>ve ser analisado.<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento do ensi<strong>no</strong> universitário <strong>no</strong>s países centrais, <strong>no</strong>s trinta ou<br />

quarenta a<strong>no</strong>s <strong>de</strong>pois da segunda guerra mundial, assentou, por um lado, <strong>no</strong>s<br />

êxitos da luta social pelo direito à educação, traduzida na exigência da<br />

<strong>de</strong>mocratização do acesso à universida<strong>de</strong>, e, por outro lado, <strong>no</strong>s imperativos da<br />

eco<strong>no</strong>mia que exigia uma maior qualificação da mão-<strong>de</strong>-obra <strong>no</strong>s sectores-<br />

chave da indústria. A situação alterou-se significativamente a partir <strong>de</strong> meados<br />

da década <strong>de</strong> setenta com a crise económica que então estalou. A partir <strong>de</strong><br />

então gerou-se uma contradição entre a redução dos investimentos públicos na<br />

educação superior e a intensificação da concorrência entre empresas, assente<br />

na busca da i<strong>no</strong>vação tec<strong>no</strong>lógica e, portanto, <strong>no</strong> conhecimento técnico-<br />

científico que a tornava possível e na formação <strong>de</strong> uma mão-<strong>de</strong>-obra altamente<br />

qualificada.<br />

No que respeita às exigências <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra qualificada, a década <strong>de</strong><br />

1990 veio revelar uma outra contradição: por um lado, o crescimento da mão-<strong>de</strong>-<br />

obra qualificada ligada à eco<strong>no</strong>mia baseada em conhecimento, por outro, não o<br />

<strong>de</strong>créscimo, mas antes o crescimento explosivo <strong>de</strong> emprego com baixíssimo<br />

nível <strong>de</strong> qualificação. A globalização neoliberal da eco<strong>no</strong>mia veio aprofundar a<br />

segmentação ou dualida<strong>de</strong> dos mercados <strong>de</strong> trabalho entre países e <strong>no</strong> interior<br />

10 À revelia disto, é mister reconhecer que, <strong>no</strong> caso do Brasil, se é verda<strong>de</strong> que o gover<strong>no</strong> central<br />

não fez qualquer esforço para expandir o gasto com o ensi<strong>no</strong> superior na década <strong>de</strong> 1990, não é<br />

me<strong>no</strong>s verda<strong>de</strong> que muitos gover<strong>no</strong>s estaduais criaram universida<strong>de</strong>s públicas nesse período<br />

(Ceará, Bahia e, mais recentemente, Rio Gran<strong>de</strong> do Sul).<br />

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