PDF da revista completa - SBO
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Revista Brasileira<br />
de Ornitologia<br />
www.ararajuba.org.br/sbo/ararajuba/revbrasorn<br />
Publica<strong>da</strong> pela<br />
Socie<strong>da</strong>de Brasileira de Ornitologia<br />
São Paulo - SP<br />
ISSN 0103-5657<br />
Volume 16<br />
Número 1<br />
Março de 2008
EDITOR<br />
Luís Fábio Silveira, Universi<strong>da</strong>de de São Paulo, São Paulo, SP. E-mail: lfsilvei@usp.br<br />
EDITORES DE ÁREA<br />
Ecologia: James J. Roper, Universi<strong>da</strong>de Federal do Paraná, Curitiba, PR.<br />
Pedro F. Develey, BirdLife/Save Brasil, São Paulo, SP.<br />
Comportamento: Marcos Rodrigues, Universi<strong>da</strong>de Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG.<br />
Regina H. F. Macedo, Universi<strong>da</strong>de de Brasília, Brasília, DF.<br />
Sistemática, Taxonomia<br />
e Distribuição:<br />
Revista Brasileira de Ornitologia<br />
Alexandre Aleixo, Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém, PA.<br />
Luiz Antônio Pedreira Gonzaga, Universi<strong>da</strong>de Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ.<br />
CONSELHO EDITORIAL<br />
Edwin O. Willis, Universi<strong>da</strong>de Estadual Paulista, Rio Claro, SP.<br />
Enrique Buscher, Universi<strong>da</strong>d Nacional de Córdoba, Argentina.<br />
Jürgen Haffer, Essen, Alemanha.<br />
Richard O. Bierregaard, Jr., University of North Caroline, Estados Unidos.<br />
José Maria Cardoso <strong>da</strong> Silva, Conservação Internacional do Brasil, Belém, PA.<br />
Miguel Ângelo Marini, Universi<strong>da</strong>de de Brasília, Brasília, DF.<br />
Luiz Antônio Pedreira Gonzaga, Universi<strong>da</strong>de Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ.<br />
SOCIEDADE BRASILEIRA DE ORNITOLOGIA<br />
(Fun<strong>da</strong><strong>da</strong> em 1987)<br />
www.ararajuba.org.br<br />
DIRETORIA (2007-2009)<br />
Presidente Iury de Almei<strong>da</strong> Accordi, Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos – presidencia.sbo@ararajuba.org.br<br />
1° Secretário Leonardo Vianna Mohr, Instituto Chico Mendes de Conservação <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de – secretaria.sbo@ararajuba.org.br<br />
2° Secretário Marcio Amorim Efe – secretaria.sbo@ararajuba.org.br<br />
1° Tesoureiro Jan Karel Félix Mähler Jr. – tesouraria@ararajuba.org.br<br />
2° Tesoureiro Claiton Martins Ferreira – tesouraria@ararajuba.org.br<br />
CONSELHO DELIBERATIVO<br />
2008-2012 Carla Suertegaray Fontana, Pontifícia Universi<strong>da</strong>de Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS.<br />
Caio Graco Machado, Universi<strong>da</strong>de Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana, BA.<br />
2006-2010 Marcos Rodrigues, Universi<strong>da</strong>de Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, BH.<br />
Fábio Olmos, Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos, São Paulo, SP.<br />
Rafael Dias, Universi<strong>da</strong>de Católica de Pelotas, Pelotas, RS.<br />
CONSELHO FISCAL<br />
2008-2009 Eduardo Carrano, Pontifícia Universi<strong>da</strong>de Católica do Paraná, Curitiba, PR.<br />
Paulo Sérgio Moreira <strong>da</strong> Fonseca, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, Brasília, DF.<br />
Angélica Uejima, Universi<strong>da</strong>de Federal de Pernambuco, Recife, PE.<br />
A Revista Brasileira de Ornitologia (ISSN 0103-5657) é edita<strong>da</strong> sob a responsabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Diretoria e do Conselho Deliberativo <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong>de<br />
Brasileira de Ornitologia, com periodici<strong>da</strong>de trimestral, e tem por finali<strong>da</strong>de a publicação de artigos, notas curtas, resenhas, comentários, revisões<br />
bibliográficas, notícias e editoriais versando sobre o estudo <strong>da</strong>s aves em geral, com ênfase nas aves neotropicais. A assinatura anual <strong>da</strong> Revista<br />
Brasileira de Ornitologia custa R$ 50,00 (estu<strong>da</strong>ntes de nível médio e de graduação), R$ 75,00 (estu<strong>da</strong>ntes de pós-graduação), R$ 100,00<br />
(individual), R$ 130,00 (institucional), US$ 50,00 (sócio no exterior) e US$ 100,00 (instituição no exterior), pagável em cheque ou depósito<br />
bancário à Socie<strong>da</strong>de Brasileira de Ornitologia (ver www.ararajuba.org.br). Os sócios quites com a <strong>SBO</strong> recebem gratuitamente a Revista Brasileira<br />
de Ornitologia. Correspondência relativa a assinaturas e outras matérias não editoriais deve ser endereça<strong>da</strong> a Leonardo Vianna Mohr através do e-mail<br />
secretaria.sbo@ararajuba.org.br ou pelo telefone (61) 8142-1206.<br />
Projeto Gráfico e Editoração Eletrônica: Airton de Almei<strong>da</strong> Cruz – airtoncruz@hotmail.com<br />
Capa: Fêmea de Merulaxis ater em uma cavi<strong>da</strong>de rochosa (veja Olmos e Silva e Silva, pp. 76-77). Foto: R. Silva e Silva.<br />
Cover: Female Merulaxis ater in a rock cavity near its roost (see Olmos and Silva e Silva, pp. 76-77). Photo: R. Silva e Silva.
Revista Brasileira<br />
de Ornitologia<br />
www.ararajuba.org.br/sbo/ararajuba/revbrasorn<br />
Publica<strong>da</strong> pela<br />
Socie<strong>da</strong>de Brasileira de Ornitologia<br />
São Paulo - SP<br />
ISSN 0103-5657<br />
Volume 16<br />
Número 1<br />
Março de 2008
Revista Brasileira de Ornitologia<br />
Artigos publicados na Revista Brasileira de Ornitologia são indexados por:<br />
Biological Abstract, Scopus (Biobase, Geobase e EMBiology) e Zoological Record.<br />
Revista Brasileira de Ornitologia / Socie<strong>da</strong>de Brasileira de<br />
Ornitologia. Vol. 13, n.2 (2005) -<br />
São Leopoldo, A Socie<strong>da</strong>de, 2005 -<br />
v. : il. ; 30 cm.<br />
Continuação de:. Ararajuba: Vol.1 (1990) - 13(1) (2005).<br />
ISSN: 0103-5657<br />
Tiragem: 400 exemplares<br />
Distribuido em Outubro de 2008<br />
FICHA CATALOGRÁFICA<br />
1. Ornitologia. I. Socie<strong>da</strong>de Brasileira de Ornitologia
Artigos<br />
Comportamento reprodutivo de Aratinga aurea (Psittaci<strong>da</strong>e) no sudoeste de Minas gerais, Brasil<br />
Breeding behavior of Aratinga aurea (Psittaci<strong>da</strong>e) in southwestern Minas gerais, Brazil<br />
Sandra Jammal Paranhos, Carlos Barros de Araújo e Luiz Octavio Marcondes Machado ........................................................................ 1<br />
Molecular sexing: an efficient method to identify individual sex and its implication to differentiate semipalmated sandpiper Calidris<br />
pusilla populations<br />
sexagem molecular: Um eficiente método para identificar o sexo de indivíduos e suas implicações para diferenciar populações do<br />
maçariquinho Calidris pusilla<br />
Antonio Augusto Ferreira Rodrigues, Evonnildo C. Gonçalves, Artur Silva, Ana Tereza Lyra Lopes, Stephen Francis Ferrari and Maria<br />
Paula Cruz Schneider ......................................................................................................................................................................... 8<br />
Migración del Zorzal común Turdus amaurochalinus (turdi<strong>da</strong>e) en Argentina<br />
Migratory patterns of the Creamy-bellied thrush Turdus amaurochalinus in Argentina<br />
Patricia Capllonch, Diego Ortiz y Karina Soria ................................................................................................................................... 12<br />
Periquitos (Aratinga aurea e Brotogeris chiriri, Psittaci<strong>da</strong>e) como potenciais polinizadores de Mabea fistulifera Mart. (Euphorbiaceae)<br />
Parakeets (Aratinga aurea and Brotogeris chiriri, Psittaci<strong>da</strong>e) as potentials pollinators of Mabea fistulifera Mart. (Euphorbiaceae)<br />
Paulo Antonio <strong>da</strong> Silva ....................................................................................................................................................................... 23<br />
influence of temperature on greater rhea Rhea americana activity in restinga habitat, southern Brazil<br />
influência <strong>da</strong> temperatura sobre a ativi<strong>da</strong>de de emas Rhea americana numa restinga do sul do Brasil<br />
Luiz Gustavo Rodrigues Oliveira-Santos and Fernando Augusto Tambelini Tizianel............................................................................... 29<br />
Columba livia e Pitangus sulphuratus como indicadoras de quali<strong>da</strong>de ambiental em área urbana<br />
Columba livia and Pitangus sulphuratus as environmental indicators in urban areas<br />
Suélen Amâncio, Valéria Barbosa de Souza e Celine Melo ..................................................................................................................... 32<br />
NotAs<br />
Revista Brasileira de Ornitologia<br />
Volume 16 – Número 1 – Março 2008<br />
sUMÁrio<br />
Primeira descrição do ninho do mineirinho (Charitospiza eucosma) no cerrado do Brasil Central<br />
First description of the nest of the Coal-crested Finch (Charitospiza eucosma) in the Central Brazilian Cerrado<br />
Fábio Júlio Alves Borges e Miguel Ângelo Marini ................................................................................................................................. 38<br />
Novas ocorrências e registros relevantes de aves no Distrito Federal, Brasil, com comentários sobre distribuição local<br />
New occurrences and relevant bird records in the Distrito Federal, Brazil, with comments on local distribution<br />
Iubatã Paula de Faria ........................................................................................................................................................................ 40<br />
Primeiros registros de Xiphorhynchus chunchotambo (tschudi, 1844) (Dendrocolapti<strong>da</strong>e) no Brasil<br />
on the first records of Xiphorhynchus chunchotambo (tschudi, 1844) (Dendrocolapti<strong>da</strong>e) for Brazil<br />
Edson Guilherme e Alexandre Aleixo ................................................................................................................................................... 44<br />
Novos registros de aves para Pernambuco, Brasil, com notas sobre algumas espécies pouco conheci<strong>da</strong>s no Estado<br />
Noteworthy records of birds from Pernambuco, northeast Brazil, including first state records<br />
Glauco Alves Pereira; Andrew Whittaker; Bret M. Whitney; Kevin J. Zimmer; Sidnei de Melo Dantas; Sônia Aline Ro<strong>da</strong>; Louis R.<br />
Bevier; Galileu Coelho; Richard C. Hoyer e Ciro Albano ...................................................................................................................... 47<br />
ocorrência e sazonali<strong>da</strong>de do guarapirá Fregata magnificens (Fregati<strong>da</strong>e) no litoral de Pernambuco, Brasil<br />
occurrence and seasonality of Magnificent Frigatebird (Fregati<strong>da</strong>e) along the coast of Pernambuco, Brazil<br />
Glauco Alves Pereira, Galileu Coelho, Manoel Toscano de Brito, Gustavo Luíz Pacheco, Gilmar Beserra de Farias, Sidnei de Melo<br />
Dantas, Elisângela Guimarães, Maurício Cabral Periquito e Narciso de Melo Lins Filho ........................................................................ 54<br />
Novos registros de aves raras e/ou ameaça<strong>da</strong>s de extinção na Campanha do sudoeste do rio grande do sul, Brasil<br />
New records of rare and/or threatened birds of Campanha of southwestern rio grande do sul, Brazil<br />
Márcio Repenning e Carla Suertegaray Fontana ................................................................................................................................... 58
Primeiro registro de Puffinus tenuirostris (temminck, 1835) para o oceano Atlântico<br />
First record of the Pacific short-tailed shearwater Puffinus tenuirostris (temminck, 1835) for the Atlantic ocean<br />
Luciano R. Alardo Souto, Rodrigo Maia-Nogueira, Daniel C. Bressan ................................................................................................... 64<br />
registros recentes de Platyrinchus leucoryphus (Wied, 1831) no Estado de santa Catarina, sul do Brasil<br />
recent records of Platyrinchus leucoryphus (Wied, 1831) in santa Catarina state, southern Brazil<br />
Cláudia Sabrine Brandt, Cristiane Crieck, Adrian Eisen Rupp, Daniela Fink, Gregory Thom e Silva e Carlos Eduardo Zimmermann ..... 67<br />
Ataques de Passeriformes a humanos na ilha <strong>da</strong> Marambaia, rJ, Brasil: um registro de ‘mobbing’<br />
Passerine birds attacking humans at the Marambaia island, rio de Janeiro state, Brazil: a record of ‘mobbing’<br />
Carlos Eduardo <strong>da</strong> Silva Garske e Ildemar Ferreira .............................................................................................................................. 70<br />
record of a leucistic rufous-bellied thrush Turdus rufiventris (Passeriformes, turdi<strong>da</strong>e) in são Paulo city, southeastern Brazil<br />
registro de sabiá-laranjeira Turdus rufiventris leucístico (Passeriformes, turdi<strong>da</strong>e) na ci<strong>da</strong>de de são Paulo, sudeste do Brasil<br />
Carlos Campos Gonçalves Junior, Edson Aparecido <strong>da</strong> Silva, André Cordeiro De Luca, Tatiana Pongiluppi and Flavio de Barros Molina .. 72<br />
Cavity roosting in the slaty Bristlefront Merulaxis ater (rhinocrypti<strong>da</strong>e)<br />
o Entufado Merulaxis ater (rhinocrypti<strong>da</strong>e) abrigando-se em cavi<strong>da</strong>de<br />
Fábio Olmos and Robson Silva e Silva ................................................................................................................................................. 76<br />
CoMENtÁrios<br />
the Brazilian species complex Scytalopus speluncae: how many times can a holotype be overlooked?<br />
Marcos A. Raposo and Guy M. Kirwan ............................................................................................................................................... 78<br />
Bibliografia ornitológica do Brasil – dissertações e teses no período de 1970 à 2005<br />
Sérgio Henrique Borges ....................................................................................................................................................................... 82<br />
sEção CBro<br />
A critical look at the alleged Brazilian records of the indian Yellow-nosed Albatross Thalassarche carteri, with comments on mollymawk<br />
identification in Brazil (Procellariiformes: Diomedei<strong>da</strong>e)<br />
Caio J. Carlos .................................................................................................................................................................................... 99<br />
instruções aos Autores<br />
instrucciones a los Autores<br />
instructions to Authors
1.<br />
2.<br />
3.<br />
ARTIGO<br />
Comportamento reprodutivo de Aratinga aurea<br />
(Psittaci<strong>da</strong>e) no sudoeste de Minas Gerais, Brasil<br />
Sandra Jammal Paranhos 1 , Carlos Barros de Araújo 2 e Luiz Octavio Marcondes Machado 3<br />
Aveni<strong>da</strong> Caramuru, 1280, Apartamento 83, Bairro República, 14030‑000, Ribeirão Preto, SP, Brasil.<br />
Programa de Pós‑Graduação em Ecologia, IB, UNICAMP, Caixa Postal, 6109, 13083‑970, Campinas, SP, Brasil.<br />
Departamento de Zoologia, UNICAMP, Caixa Postal, 6109, 13083‑970, Campinas, SP, Brasil. E‑mail: loconde@unicamp.br<br />
Recebido em: 03/10/2003. Aceito em: 14/09/2007.<br />
ABSTRACT: Breeding behavior of Aratinga aurea (Psittaci<strong>da</strong>e) in southwestern Minas Gerais, Brazil. The research was carried<br />
out from August 1995 to August 1998 in order to describe the breeding behavior of the Peach‑fronted Parakeet Aratinga aurea in<br />
southwestern of Minas Gerais, Brazil. Aratinga aurea breeds mainly in terrestrial termitarium, and all nests found during the research<br />
were located in areas of high human disturbances. The eggs were mostly laid every three <strong>da</strong>ys, and the clutch size varied between<br />
two to five eggs. The mean size of the eggs is 21,02 x 26,83 mm (n = 29 eggs). The incubation period varied from 23 to 25 <strong>da</strong>ys<br />
and the hatching was asynchronous, with duration of five or six <strong>da</strong>ys. Nestlings fledged at 45‑51 <strong>da</strong>ys after hatching. During all the<br />
reproductive period the couple visited the nests.<br />
Key-wORdS: Breeding behavior, Psittaci<strong>da</strong>e, termitarium nesting, Aratinga.<br />
ReSuMO: Entre agosto de 1995 e agosto de 1998 o comportamento reprodutivo do periquito‑rei Aratinga aurea foi estu<strong>da</strong>do<br />
no município de São Sebastião do Paraíso, sudoeste de Minas Gerais. Os ninhos de A. aurea estu<strong>da</strong>dos foram construídos em<br />
cupinzeiros epígeos localizados em área de grande perturbação antrópica. Na maioria dos casos observados, os ovos foram postos<br />
a ca<strong>da</strong> três dias (em três ninhos) e o número de ovos variou de dois a cinco. O tamanho médio dos ovos foi de 21,02 x 26,83 mm<br />
(n = 29 ovos). A incubação estendeu‑se por 23 a 25 dias e a eclosão foi assincrônica, com intervalos de um a três dias entre eclosões.<br />
O período de desenvolvimento dos ninhegos variou de 45 a 51 dias e durante todo este período os casais visitavam seu ninho.<br />
PALAvRAS-ChAve: Comportamento reprodutivo, Psittaci<strong>da</strong>e, ninhos em cupinzeiro, Aratinga.<br />
A espécie Aratinga aurea (Gmelin 1789), conheci<strong>da</strong><br />
popularmente como jan<strong>da</strong>ia‑estrela (Frisch, 1981), jan‑<br />
<strong>da</strong>ia‑coroinha (Antas e Cavalcanti, 1988), periquito‑es‑<br />
trela e periquito‑rei (Sick, 1997) vive no cerrado, mata<br />
secundária, campo de cultura e também nos manguezais<br />
(Sick, 1997). É muito avista<strong>da</strong> ain<strong>da</strong> em floresta rala com<br />
vegetação rasteira espessa (Dunning, 1982) e também pe‑<br />
netrando em área antrópicas (Olmos et al. 1997).<br />
Pouco se sabe sobre a reprodução desta espécie em<br />
seu ambiente natural. Os poucos estudos realizados in‑<br />
dicam que ela nidifica em cavi<strong>da</strong>des que constroem em<br />
cupinzeiros arbóreos de árvores de cerrado e que a postura<br />
é de três ovos (Antas e Cavalcanti, 1988). Graham et al.<br />
(1980) observaram um indivíduo de A. aurea deixando<br />
um buraco em um cupinzeiro à 3,5 m do solo, em uma<br />
palmeira, no Peru.<br />
Estudos filogenéticos sugerem que contraste filogené‑<br />
tico indicam que a nidificação em cavi<strong>da</strong>des construí<strong>da</strong>s<br />
em cupinzeiros pode ter evoluído independentemente pelo<br />
menos quatro vezes nos psitacídeos brasileiros dos gêneros<br />
Amazona, Aratinga e Diopsittaca (Brightsmith, 2005a). Este<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1):1-7<br />
março de 2008<br />
número pode ser ain<strong>da</strong> maior uma vez que o gênero Brotogeris<br />
utiliza cupinzeiros para nidificar (Paranhos e Mar‑<br />
condes‑Machado, 2000). A utilização de cavi<strong>da</strong>des novas,<br />
recém escava<strong>da</strong>s, reduz a taxa de pre<strong>da</strong>ção já que cavi<strong>da</strong>des<br />
novas não são facilmente detectáveis, e uma vez detecta<strong>da</strong>s<br />
podem receber visitas periódicas de um mesmo pre<strong>da</strong>dor<br />
(Brightsmith, 2005b). Estudos indicam uma menor taxa<br />
de pre<strong>da</strong>ção em cavi<strong>da</strong>des recém escava<strong>da</strong>s (Brightsmith,<br />
2005a, 2005b) e a diversi<strong>da</strong>de de sítios de nidificação en‑<br />
contra<strong>da</strong> nos psitacídeos pode ser explica<strong>da</strong>, ao menos em<br />
parte, pela aptidão obti<strong>da</strong> ao construir o próprio ninho.<br />
Neste estudo foram investigados os locais de nidi‑<br />
ficação, a duração do período reprodutivo, o número de<br />
ovos postos e de filhotes eclodidos, razão sexual entre os<br />
filhotes, bem como o desenvolvimento dos ninhegos.<br />
MATeRIAL e MéTOdOS<br />
Área de estudo: O estudo foi desenvolvido entre agosto de<br />
1995 e agosto de 1998, em área rural no município de São
2<br />
Comportamento reprodutivo de Aratinga aurea (Aves, Psittaci<strong>da</strong>e) no sudoeste de Minas Gerais, Brasil<br />
Sandra Jammal Paranhos, Carlos Barros de Araújo e Luiz Octavio Marcondes Machado<br />
Sebastião do Paraíso, Sudoeste do Estado de Minas Ge‑<br />
rais, localizado entre 20°54’S e 46°59’W. A região de São<br />
Sebastião do Paraíso é caracteriza<strong>da</strong> pela formação vegetal<br />
denomina<strong>da</strong> de Savana Gramíneo‑lenhosa (cerrado), com<br />
floresta de galeria (Projeto Ra<strong>da</strong>m Brasil, 1983).<br />
A região onde o estudo foi realizado possui clima<br />
tropical com domínio climático subquente úmido. Possui<br />
entre um a dois meses de seca, apresentando temperatura<br />
média anual de 18°C, com máxima absoluta de 36°C e<br />
mínima absoluta de ‑4°C (Nimer, 1989). A precipitação<br />
mensal média em um ano variou de zero a 478 mm em<br />
1995, zero a 361 mm em 1996, zero a 489 mm em 1997,<br />
zero a 476 mm em 1998, sendo julho o mês mais seco em<br />
todos os anos (Cooperativa Regional dos Cafeicultores de<br />
São Sebastião do Paraíso Lt<strong>da</strong>.).<br />
O método de observação para o estudo <strong>da</strong> reprodu‑<br />
ção de A. aurea foi o “ad libitum” (Altmann, 1974). Em<br />
ca<strong>da</strong> ninho, e entre ninhos, o horário de observação foi<br />
variado, no entanto ca<strong>da</strong> sessão de observação teve sem‑<br />
pre a duração de três horas contínuas.<br />
Durante ca<strong>da</strong> sessão de observação registrou‑se o<br />
tempo despendido dentro do ninho e na área do ninho,<br />
por um indivíduo e pelo casal. Foi considera<strong>da</strong> como a<br />
área do ninho as árvores próximas do mesmo utiliza<strong>da</strong>s<br />
como local de pouso pelo casal, e o lado de fora do pró‑<br />
prio cupinzeiro.<br />
Na estação reprodutiva, assim que se detectava um<br />
ninho, as observações passavam a ser realiza<strong>da</strong>s a ca<strong>da</strong> dois<br />
dias, em horários determinados de acordo com as neces‑<br />
si<strong>da</strong>des. Durante as fases de postura e eclosão os ninhos<br />
foram checados diariamente para se determinar as <strong>da</strong>tas e<br />
duração de ca<strong>da</strong> uma destas fases.<br />
Em 1996 foram feitas observações muito esporádi‑<br />
cas e por isso apenas os ninhos observados nas estações<br />
reprodutivas de 1997 e 1998 foram considerados para<br />
análise dos <strong>da</strong>dos e ao todo foram obti<strong>da</strong>s informações so‑<br />
bre oito ninhos. Ca<strong>da</strong> sessão de observação de um ninho<br />
teve a duração de três horas consecutivas, mas a periodi‑<br />
ci<strong>da</strong>de variou em função do número de ninhos a serem<br />
acompanhados.<br />
Foram realiza<strong>da</strong>s marcações dos ovos e ninhegos a<br />
fim de se comparar a seqüência de postura com a seqüên‑<br />
cia de eclosão e desta com a seqüência de saí<strong>da</strong> dos filho‑<br />
tes do ninho. A marcação de ovos só foi feita nos ninhos<br />
em que a fase de postura foi acompanha<strong>da</strong> parcial ou to‑<br />
talmente. Assim que um ovo era encontrado recebia uma<br />
pequena marca feita com caneta esferográfica e, em alguns<br />
casos, era medido com paquímetro digital. A marcação<br />
dos ninhegos era feita com esmalte, que era aplicado em<br />
um de seus pés quando eram encontrados pela primeira<br />
vez. Geralmente ao longo do desenvolvimento dos ninhe‑<br />
gos a marcação precisava ser refeita. Os ninhegos foram<br />
pesados pelo menos a ca<strong>da</strong> dois dias para acompanhar<br />
seu desenvolvimento. A manipulação de ovos e pesagem<br />
dos ninhegos ficou condiciona<strong>da</strong> na maioria <strong>da</strong>s vezes aos<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008<br />
momentos de ausência do casal do ninho, e nunca eram<br />
realiza<strong>da</strong>s durante uma sessão de observação, por isso não<br />
foram efetua<strong>da</strong>s em horários fixos.<br />
Para efetuar a observação e manipulação de ovos e<br />
ninhegos foi feita uma abertura de observação no cupin‑<br />
zeiros, com o auxílio de uma serra e/ou serrote para retirar<br />
a parte <strong>da</strong> parede do cupinzeiro <strong>da</strong> posição oposta à aber‑<br />
tura feita pelos periquitos. A parte serra<strong>da</strong> do cupinzeiro<br />
era usa<strong>da</strong> como tampa, sendo recoloca<strong>da</strong> após ca<strong>da</strong> checa‑<br />
gem do interior do ninho. Para garantir uma total ve<strong>da</strong>ção<br />
<strong>da</strong> abertura de observação, a mesma era contorna<strong>da</strong> com<br />
uma massa para calafetar (Pulvitec®) mistura<strong>da</strong> à terra de<br />
cupinzeiro, mantendo‑se assim a coloração <strong>da</strong>s paredes.<br />
Uma vez que A. aurea não apresenta diformismo se‑<br />
xual externo, não foi possível discernir to<strong>da</strong>s as tarefas de‑<br />
sempenha<strong>da</strong>s pelo macho e pela fêmea. Na estação repro‑<br />
dutiva de 1995 em um ninho encontrado durante a fase<br />
de incubação dos ovos, foi feita uma tentativa de captura<br />
de um membro do casal a fim de se realizar sua marcação.<br />
Porém, após a liberação do indivíduo capturado o casal<br />
abandonou o ninho. Na estação reprodutiva de 1998 um<br />
novo ninho foi observado por alguns dias, e durante a<br />
fase de incubação, o indivíduo que estava incubando foi<br />
capturado. Desse indivíduo foi feita coleta de amostra de<br />
sangue e o mesmo foi anilhado e recolocado dentro do<br />
ninho. Assim como ocorreu em 1995 o casal abandonou<br />
o ninho com os ovos. Nas duas ocasiões a captura foi feita<br />
colocando‑se um puçá na abertura do ninho quando ha‑<br />
via apenas um indivíduo do casal dentro do mesmo.<br />
A fim de se determinar a razão sexual em ca<strong>da</strong> ninho,<br />
foi realiza<strong>da</strong> a coleta de amostras de sangue com a utiliza‑<br />
ção de seringas descartáveis de 0,5 ml. O sangue (0,1 ml)<br />
coletado <strong>da</strong> região interna <strong>da</strong> asa foi colocado em frascos<br />
plásticos etiquetados contendo 0,5 ml de álcool absoluto<br />
os quais foram enviados para análise. A amostra de sangue<br />
dos ninhegos foi retira<strong>da</strong> de veia <strong>da</strong> asa, sempre após os<br />
mesmos estarem com pelo menos 45 dias de vi<strong>da</strong>.<br />
ReSuLTAdOS<br />
Locais e época de aninhamento: Dos 21 ninhos de A. aurea<br />
encontrados, apenas um localizava‑se em uma cavi‑<br />
<strong>da</strong>de em barranco, enquanto os outros 20 foram cons‑<br />
truídos em cupinzeiros epígeos que estavam localizados<br />
em áreas de pastagem, com vegetação rasteira e tendo<br />
sempre próximo pelo menos uma árvore, que geralmente<br />
servia como local de pouso quando <strong>da</strong> aproximação do<br />
casal reprodutor ao ninho. Dos cupinzeiros utilizados por<br />
A. aurea para reprodução, apenas dois não apresentavam<br />
colônia de cupins na época de sua utilização.<br />
O período <strong>da</strong> reprodução de A. aurea tem início no<br />
mês de maio, quando os casais iniciam a fase de procura e<br />
construção dos ninhos. A fase de construção foi observa‑<br />
<strong>da</strong> nas estações reprodutivas de 1996 a 1998.
Comportamento reprodutivo de Aratinga aurea (Aves, Psittaci<strong>da</strong>e) no sudoeste de Minas Gerais, Brasil<br />
Sandra Jammal Paranhos, Carlos Barros de Araújo e Luiz Octavio Marcondes Machado<br />
Dos oito cupinzeiros observados durante o trabalho<br />
de escavação do ninho, apenas quatro tiveram a constru‑<br />
ção concluí<strong>da</strong>. Os outros quatro foram abandonados pelo<br />
casal de A. aurea antes mesmo de haver uma câmara incu‑<br />
badora pronta. O número de sessões de observação variou<br />
de cinco a 26 entre os ninhos, perfazendo um total de 127<br />
sessões de três horas ca<strong>da</strong>.<br />
Características e construção do ninho: O primeiro ninho<br />
foi concluído no dia 16 de junho e o último dia 06 de<br />
agosto, após esta <strong>da</strong>ta foram observados casais em ativi<strong>da</strong>‑<br />
de de escavação até o dia 11 de setembro, contudo estes<br />
ninhos não chegaram a ser concluídos.<br />
Na estação reprodutiva de 1996, no início do mês<br />
de julho, foi encontrado um cupinzeiro que estava sen‑<br />
do escavado por um casal de A. aurea, mas o ninho não<br />
foi concluído, pois os cupins, identificados como Cornitermes<br />
bequaerti, reparavam a região escava<strong>da</strong> constante‑<br />
mente levando o casal a abandonar o cupinzeiro.<br />
Os indivíduos escavam o cupinzeiro utilizando o<br />
bico para retirar pequenas porções <strong>da</strong> parede de modo a<br />
formar uma entra<strong>da</strong> circular geralmente na porção me‑<br />
diana do cupinzeiro, a partir <strong>da</strong> qual é escavado um túnel<br />
em diagonal que leva à câmara incubadora, que via de<br />
regra fica localiza<strong>da</strong> em um posição inferior à abertura.<br />
No caso de ninhos em barrancos, embora a construção<br />
dos mesmos não tenha sido acompanha<strong>da</strong>, observamos<br />
TABeLA 1: Medi<strong>da</strong>s (cm) dos cupinzeiros e ninhos utilizados por A. aurea.<br />
TABLe 1: Measures (cm) of the termitary and nests used by A. aurea.<br />
que a câmara incubadora encontra‑se a um nível similar<br />
ao <strong>da</strong> abertura, sendo ain<strong>da</strong> bem profun<strong>da</strong>. A tabela 1<br />
mostra as medi<strong>da</strong>s obti<strong>da</strong>s dos ninhos de A. aurea, não<br />
apenas <strong>da</strong>queles que foram concluídos e efetivamente uti‑<br />
lizados ao longo de todo o processo, bem como de todos<br />
em que pelo menos uma fase <strong>da</strong> reprodução tenha sido<br />
acompanha<strong>da</strong>.<br />
Durante a fase de incubação dos ovos foi encontrado<br />
um ninho em um cupinzeiro epígeo, no qual o casal não<br />
realizou escavações, utilizando‑se <strong>da</strong> cavi<strong>da</strong>de pré‑existen‑<br />
te a qual ocupava grande parte do cupinzeiro a partir do<br />
chão. A abertura para a cavi<strong>da</strong>de ficava no nível do chão e<br />
possuía um diâmetro de 15 cm, sendo a maior observa<strong>da</strong><br />
durante as observações.<br />
Durante a fase de construção do ninho, foi comum<br />
a ausência de ativi<strong>da</strong>de do casal durante as três horas de<br />
duração de ca<strong>da</strong> sessão de observação. De um modo ge‑<br />
ral, considerando todos os ninhos juntos, o tempo de<br />
permanência de um indivíduo do casal em ativi<strong>da</strong>de de<br />
construção do ninho variou de zero a 1:47 horas, e o tem‑<br />
po de permanência do casal no ninho variou de zero a<br />
2:25 horas. A permanência do casal junto em ativi<strong>da</strong>de<br />
só ocorreu quando já cabia dentro do cupinzeiro, o que<br />
significa após o início <strong>da</strong> construção <strong>da</strong> câmara incuba‑<br />
dora. Nesta fase <strong>da</strong> reprodução, enquanto um indivíduo<br />
estava ocupado na escavação seu parceiro invariavelmente<br />
permanecia na área do ninho, em silêncio. Em todos os<br />
ABeRTuRA CuPINZeIRO CÂMARA INCuBAdORA<br />
Ninho Ab d A A C T A C L<br />
01/95 09X12 9.0 100.0 125 144.0 27.0 — 24.0 17.5<br />
02/95 10X12 8.0 26.5 97 204.0 21.0 — 40.0 16.0<br />
03/95 10X13 8.5 68.0 121 184.0 18.0 — 22.0 14.0<br />
01/96 12X14 8.0 61.0 95 200.0 30.0 — — —<br />
02/96 09X13 10.0 79.0 112 320.0 21.5 — 21.0 17.0<br />
03/96 10X13 9.5 46.0 87 210.0 38.0 — 21.0 —<br />
04/96* 10X14 12.5 270.0 — — 46.0 — 43.0 44.5<br />
01/97 09X11 10.0 87.0 115 208.0 33.5 13.0 25.0 14.5<br />
02/97 — 7.0 93.0 108 186.5 19.5 — — —<br />
03/97 — 8.0 94.5 127 286.0 33.0 15.0 — —<br />
04/97 — 7.0 63.0 110 225.0 24.0 — — —<br />
05/97 09X10 9.0 — — — 31.0 25.0 — —<br />
06/97 10X13 7.0 56.0 94 204.0 21.0 43.0 75.5 50.0<br />
07/97 12X12 8.0 158.0 208 192.0 14.5 13.0 26.0 23.0<br />
08/97 09X11 10.5 70.0 132 195.0 30.0 19.0 29.0 19.0<br />
09/97 — 8.5 87.0 120 311.0 32.0 — — —<br />
01/98 10X13 9.0 92.0 111 250.0 16.0 13.5 10.0 8.5<br />
02/98 11X13 8.0 118.0 155 198.0 13.5 12.5 26.0 15.5<br />
03/98 14X18 9.0 80.0 110 213.0 19.0 12.0 22.0 20.0<br />
04/98 — 15.0 0.0 94 243.0 0.0 38.0 39.0 63.0<br />
05/98 13X18 9.5 61.0 101 293.0 31.5 16.0 29.0 27.0<br />
Ab = Abertura <strong>da</strong> cavi<strong>da</strong>de; D = Diâmetro; A = Altura; C = Circunferência; T = comprimento do túnel; L = largura.<br />
Ab = Cavity’s entrance size; D = Diameter; A = Height; C = Circumference; T =Tunnel’s length; L = Width.<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008<br />
3
4<br />
Comportamento reprodutivo de Aratinga aurea (Aves, Psittaci<strong>da</strong>e) no sudoeste de Minas Gerais, Brasil<br />
Sandra Jammal Paranhos, Carlos Barros de Araújo e Luiz Octavio Marcondes Machado<br />
ninhos estu<strong>da</strong>dos houve revezamento de trabalho entre os<br />
membros do casal.<br />
Corte e cópula: A corte segui<strong>da</strong> de cópula foi observa<strong>da</strong><br />
várias vezes entre casais de A. aurea, sempre próxima ao<br />
respectivo ninho na época <strong>da</strong> fase pré‑postura ou durante<br />
a fase de postura dos ovos. A corte tem início com a abor‑<br />
<strong>da</strong>gem do macho, que vai se aproximando <strong>da</strong> fêmea, que<br />
imediatamente se afasta pelos galhos, sendo insistente‑<br />
mente segui<strong>da</strong> pelo macho. Após conseguir aproximar‑se<br />
<strong>da</strong> fêmea o macho passa a alisar‑lhe as penas e em poucos<br />
segundos ocorre a cópula, com o macho mantendo um<br />
pé no poleiro e outro no dorso <strong>da</strong> fêmea, equilibrando‑se<br />
e mantendo as asas ligeiramente afasta<strong>da</strong>s do corpo. Após<br />
a cópula, que não dura mais que alguns segundos, ocorre<br />
a transferência de alimento do macho para a fêmea, e em<br />
segui<strong>da</strong> os dois se afastam um do outro e algumas vezes<br />
deixam a área juntos.<br />
Fase pré-postura e postura dos ovos: Entre o final <strong>da</strong> cons‑<br />
trução do ninho e o início <strong>da</strong> postura dos ovos há um<br />
intervalo de tempo aqui denominado como fase pré‑pos‑<br />
tura. Ao longo deste estudo a fase pré‑postura, ou ao me‑<br />
nos parte dela, foi acompanha<strong>da</strong> em seis ninhos. Ao todo<br />
foram realiza<strong>da</strong>s 55 sessões de três horas de observação,<br />
tendo sido bastante comum não ocorrer nenhuma visita<br />
do casal ao ninho durante ca<strong>da</strong> sessão. O tempo máximo<br />
e mínimo de permanência no ninho em ca<strong>da</strong> sessão de<br />
observação variou para um indivíduo de zero a 38 minu‑<br />
tos, e para o casal de zero a 2:24 horas. A duração <strong>da</strong> fase<br />
pré‑postura variou de 12 a 25 dias.<br />
A época <strong>da</strong> postura de ovos variou de meados de ju‑<br />
lho até o final de agosto e foi acompanha<strong>da</strong> em seis ni‑<br />
nhos. O intervalo entre a postura de dois ovos consecuti‑<br />
vos foi variado. O intervalo foi de três dias em três ninhos<br />
e em dias consecutivos em um ninho, em que a postura<br />
total foi de dois ovos. Nos outros dois ninhos a postura<br />
foi de apenas um ovo e o processo foi interrompido após<br />
os casais abandonarem o local, e em um deles os cupins<br />
fecharem à abertura do mesmo.<br />
Considerando‑se todos os ninhos observados<br />
nesse estudo foram encontrados 48 ovos, dos quais<br />
29 foram medidos, apresentando tamanho médio de<br />
21,02 x 26,89 mm (tabela 2). O número de ovos postos<br />
por ninho variou de um (em ninhos em que o processo<br />
foi interrompido) a cinco.<br />
Durante a fase de postura dos ovos ocorreram visitas<br />
de um indivíduo e do casal ao ninho. De um modo ge‑<br />
ral, o tempo de permanência de um indivíduo no interior<br />
do ninho em ca<strong>da</strong> sessão de observação variou de zero a<br />
2:45 horas (n = 25 sessões de observação), enquanto que<br />
o tempo de permanência do casal junto dentro do ninho<br />
variou de zero a 1:48 horas.<br />
Ao contrário do que ocorreu nas fases anteriores,<br />
durante a fase de postura dos ovos era comum o casal<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008<br />
aproximar‑se junto do ninho. Após alguns instantes um<br />
indivíduo entrava no mesmo enquanto o outro deixava a<br />
área retornando posteriormente.<br />
Fase de incubação e eclosão: A fase de incubação e eclosão<br />
dos ovos de A. aurea foi observa<strong>da</strong> em 11 ninhos. Entre‑<br />
tanto o acompanhamento de to<strong>da</strong> essa fase desde a <strong>da</strong>ta<br />
<strong>da</strong> postura do último ovo até a eclosão do último ninhego<br />
só foi possível em três ninhos.<br />
No primeiro ninho, onde foram postos três ovos e<br />
três ninhegos eclodiram, a incubação estendeu‑se por 24<br />
dias. No segundo, onde foram postos dois ovos e dois<br />
ninhegos eclodiram, a incubação estendeu‑se por 25 dias.<br />
No terceiro, em que foram postos cinco ovos e todos eclo‑<br />
diram a incubação estendeu‑se por 23 dias.<br />
A fase de incubação dos ovos na maioria dos ninhos<br />
encontrados ocorreu durante meados de agosto e setem‑<br />
bro. Entretanto exceções foram encontra<strong>da</strong>s onde a incu‑<br />
bação teve início em julho em dois dos ninhos.<br />
Durante esta fase do processo reprodutivo, em 94<br />
sessões de observação, o tempo de permanência de um<br />
indivíduo no interior do ninho variou de 17 minutos a 3<br />
horas, e atingiu a maior média de tempo de permanência<br />
(2:25 horas). Para o casal o tempo de permanência no<br />
interior do ninho variou de zero a 1:53 horas.<br />
O indivíduo que permanece no ninho, provavelmen‑<br />
te a fêmea, deixa o ninho em silêncio e pousa na mesma<br />
árvore em que o possível macho está, deslocando‑se até<br />
ficar em posição inferior a dele; em segui<strong>da</strong> a fêmea passa<br />
a solicitar o alimento, movimentando a cabeça para cima<br />
e para baixo (movimento de bombeamento). O macho<br />
inicia a transferência de alimento que dura de dois a sete<br />
segundos e com repetições de três a cinco vezes. Após o<br />
término <strong>da</strong> transferência de alimento, a fêmea geralmente<br />
limpa o bico, esfregando‑o no galho.<br />
A eclosão dos ninhegos de A. aurea foi assincrônica<br />
em todos os ninhos encontrados com exceção de um, onde<br />
TABeLA 2: Medi<strong>da</strong>s (mm) dos ovos de A. aurea encontrados.<br />
TABLe 2: Egg sizes (mm) of A. aurea.<br />
Ninho<br />
1<br />
Medi<strong>da</strong>s dos ovos (mm)<br />
2 3 4 5<br />
01/95 22.7x26.7 23.4x26.6 22.4x28.6<br />
02/95 22.0x27.7 21.3x27.7 20.9x27.8 21.2x27.1<br />
03/95 21.3x26.8 21.6x25.3 21.7x25.8<br />
01/96A 23.0x26.9 22.5x26.8<br />
01/96B 21.1x27.7 21.8x26.9 21.5x26.9<br />
02/96 21.5x26.7<br />
03/96 20.8x26.8 21.1x25.8 20.8x26.7<br />
04/96 21.2x27.7<br />
05/97 20.0x27.1<br />
06/97 22.5x27.0<br />
07/97 21.2x25.4 21.6x26.0<br />
01/98 22.8x26.9 22.3x26.4 22.6x26.1 22.1x28.0 22.1x26.4
Comportamento reprodutivo de Aratinga aurea (Aves, Psittaci<strong>da</strong>e) no sudoeste de Minas Gerais, Brasil<br />
Sandra Jammal Paranhos, Carlos Barros de Araújo e Luiz Octavio Marcondes Machado<br />
apenas dois ovos foram postos (em dias consecutivos) e os<br />
dois ninhegos eclodiram no mesmo dia. Com relação ao<br />
intervalo entre a eclosão de dois ninhegos não foi possível<br />
estabelecer um padrão para A. aurea uma vez que houve<br />
casos de eclosão em dias consecutivos, eclosão de quatro<br />
ninhegos no intervalo de três dias, eclosão de um ninhego<br />
a ca<strong>da</strong> dois dias, eclosão de dois ninhegos em um dia e<br />
de um terceiro no dia seguinte, eclosão de três ninhegos<br />
em três dias consecutivos, eclosão de dois ninhegos em<br />
um dia, do terceiro no dia seguinte e do quarto dois dias<br />
depois. O maior intervalo observado na eclosão de dois<br />
ninhegos ocorreu com os dois primeiros eclodindo em<br />
dias consecutivos e o terceiro apenas 15 dias mais tarde,<br />
causando uma diferença grande no tamanho dos ninhe‑<br />
gos durante todo o seu desenvolvimento.<br />
Nos ninhos em que a postura e a eclosão foram acom‑<br />
panha<strong>da</strong>s foi possível constatar que ambas apresentam a<br />
mesma seqüência, embora o intervalo entre a postura de<br />
dois ovos não tenha sido necessariamente o mesmo <strong>da</strong><br />
eclosão de dois ninhegos.<br />
Desenvolvimento dos ninhegos: O período de desenvol‑<br />
vimento dos ninhegos para ca<strong>da</strong> ninho foi contado <strong>da</strong><br />
<strong>da</strong>ta de eclosão do último ninhego até a <strong>da</strong>ta de saí<strong>da</strong><br />
do ninho do último filhote e foi acompanhado em sete<br />
ninhos. Foram encontrados períodos de desenvolvimento<br />
com duração entre 51 e 45 dias.<br />
A morte de ninhegos devido à pre<strong>da</strong>ção do ninho<br />
foi observa<strong>da</strong> em duas ocasiões. Na primeira os ninhegos<br />
foram mortos quando estavam com 4‑5 dias de vi<strong>da</strong>, após<br />
o cupinzeiro ter sido quebrado com uma pedra por pesso‑<br />
as que provavelmente estavam à procura de filhotes para<br />
criar em gaiola. Na segun<strong>da</strong>, os ninhegos foram pre<strong>da</strong>dos<br />
por algum animal quando estavam com 28‑29 dias de<br />
vi<strong>da</strong>; dos três ninhegos do ninho apenas um indivíduo<br />
morto com vários ferimentos foi encontrado, além de<br />
uma asa de um dos outros ninhegos.<br />
Também ocorreu morte em um terceiro ninho quan‑<br />
do o quarto ninhego a eclodir morreu com 20 dias. Na<br />
véspera de sua morte já apresentava vários ferimentos pelo<br />
corpo. Em um quarto ninho o desaparecimento de um<br />
ninhego foi registrado quando o mesmo estava com 38<br />
dias de vi<strong>da</strong>. No entanto aparentemente neste caso não<br />
ocorreu pre<strong>da</strong>ção do ninho, pois no dia em que se consta‑<br />
tou o desaparecimento do ninhego mais jovem um outro<br />
ninhego foi localizado no chão próximo ao ninho no iní‑<br />
cio <strong>da</strong> manhã. O indivíduo foi recolocado no ninho.<br />
Os ninhegos acompanhados desde seu nascimento<br />
foram marcados e pesados ao longo de todo o seu desen‑<br />
volvimento. Ao nascer os ninhegos pesam entre 4,5 a 5,5<br />
gramas e ao longo do desenvolvimento ocorre um ganho<br />
de peso progressivo até ser atingido o pico por volta de 32<br />
a 40 dias. Em segui<strong>da</strong> ocorre uma pequena per<strong>da</strong> de peso<br />
até os filhotes deixarem o ninho com peso médio de 85 a<br />
93 gramas. Realizamos uma regressão não‑linear seguindo<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008<br />
TABeLA 3: Peso médio final e máximo dos ninhegos.<br />
TABLe 3: Maximum and final mean weight of the nestlings.<br />
Peso final (g) Peso máximo (g)<br />
Média 86.83 101.16<br />
Desvio padrão 5.45 4.75<br />
Erro padrão 1.93 2.22<br />
Sanches (1997), utilizando a equação y = exp(a+b*x+c*x 2 )<br />
(onde y é o peso e x é o dia). Para ca<strong>da</strong> ninho obteve‑se<br />
um coeficiente de determinação (R 2 ), variando 0,98 a<br />
0,99 para os ninhos de A. aurea estu<strong>da</strong>dos. O peso médio<br />
dos filhotes no momento <strong>da</strong> saí<strong>da</strong> do ninho bem como<br />
seu peso máximo médio está representado na tabela 3.<br />
Foram realiza<strong>da</strong>s pesagens em dois ninhegos, cuja<br />
<strong>da</strong>ta de nascimento não foi observa<strong>da</strong>. Comparando‑se o<br />
peso desses indivíduos com média de peso dos ninhegos de<br />
i<strong>da</strong>de conheci<strong>da</strong>, foi possível estimar a i<strong>da</strong>de desses ninhe‑<br />
gos e, considerando‑se a média, o gráfico do modelo como<br />
encontrado para os demais ninhos teria um R 2 = 0,99,<br />
com um ajuste tão bom quanto os demais encontrados.<br />
Ao longo <strong>da</strong> fase de desenvolvimento dos ninhegos<br />
ocorre uma diminuição no tempo de permanência do ca‑<br />
sal no interior do ninho. O padrão <strong>da</strong>s visitas também<br />
sofre uma alteração, sendo mais comum a entra<strong>da</strong> do ca‑<br />
sal junto no ninho, ou um revezamento entre os parceiros<br />
em to<strong>da</strong>s as visitas. De um modo geral o tempo de per‑<br />
manência de um indivíduo no interior do ninho variou<br />
de zero (no final do desenvolvimento) a três horas (nos<br />
primeiros dias após a eclosão). O tempo de permanência<br />
do casal no ninho variou de zero a 2:55 horas, em sessões<br />
de três horas de observação.<br />
Ao longo do estudo alguns ninhegos tiveram amostra<br />
de sangue coleta<strong>da</strong> para realização de exame de sexagem.<br />
De 20 ninhegos, pertencentes a nove ninhos, 11 (55%)<br />
eram machos e nove (45%) eram fêmeas.<br />
A saí<strong>da</strong> dos filhotes do ninho foi observa<strong>da</strong> em vá‑<br />
rios ninhos, e sempre ocorreu no período <strong>da</strong> manhã e em<br />
companhia dos pais, mantendo a diferença observa<strong>da</strong> na<br />
eclosão. O primeiro vôo de ca<strong>da</strong> filhote é sempre curto,<br />
terminando em alguma árvore próxima ao ninho. O lu‑<br />
gar de pouso do filhote nem sempre é fácil de localizar<br />
porque o mesmo permanece em silêncio após ser deixado<br />
pelos pais, os quais antes de partir sempre alimentaram os<br />
filhotes recém saídos do ninho.<br />
Após deixarem o ninho os filhotes não retornam mais<br />
ao mesmo, e geralmente antes do final do dia <strong>da</strong> saí<strong>da</strong> eles<br />
deixam a área do ninho acompanhados pelos pais e dificil‑<br />
mente são vistos nas proximi<strong>da</strong>des do ninho novamente.<br />
dISCuSSãO<br />
Os <strong>da</strong>dos obtidos indicam que para A. aurea a uti‑<br />
lização de cupinzeiros é maior que o uso de outros locais<br />
5
6<br />
Comportamento reprodutivo de Aratinga aurea (Aves, Psittaci<strong>da</strong>e) no sudoeste de Minas Gerais, Brasil<br />
Sandra Jammal Paranhos, Carlos Barros de Araújo e Luiz Octavio Marcondes Machado<br />
de nidificação. De acordo com Sick (1997) o interior de<br />
cupinzeiros oferece um ambiente favorável (microclima)<br />
considerando temperatura e umi<strong>da</strong>de constantes.<br />
De acordo com Stiles e Skutch (1989), a maioria dos<br />
Psittaci<strong>da</strong>e reproduz em cavi<strong>da</strong>des sem revestimento que<br />
eles algumas vezes aumentam, em árvores, buracos, em<br />
troncos de árvores, ou raramente em paredões e barran‑<br />
cos; os poucos que nidificam em cupinzeiros arborícolas<br />
escavam seus ninhos. O trabalho de escavação do ninho<br />
foi observado em casais de A. aurea e o aproveitamento<br />
de cavi<strong>da</strong>de pré‑existente foi observado apenas uma vez,<br />
em um cupinzeiro epígeo, com uma cavi<strong>da</strong>de totalmente<br />
atípica para o padrão de ninho <strong>da</strong> espécie, uma vez que<br />
sua abertura localizava‑se no nível do chão. Ao escavar a<br />
própria cavi<strong>da</strong>de para a reprodução, a espécie diminui a<br />
probabili<strong>da</strong>de de pre<strong>da</strong>ção do ninho, já que ninhos esca‑<br />
vados tem uma menor probabili<strong>da</strong>de de ser pre<strong>da</strong>do (Bri‑<br />
ghtsmith, 2005a, 2005b).<br />
Na literatura encontram‑se relatos de nidificação<br />
em cupinzeiros. Graham et al. (1980) observaram uma<br />
A. aurea deixando um buraco em um cupinzeiro a 3,5 m<br />
do chão; Sazima (1989) observou um casal de A. aurea<br />
escavando um cupinzeiro arborícola em ativi<strong>da</strong>de, a cerca<br />
de 1,2 m do chão e Antas e Cavalcanti (1988) relatam<br />
que A. aurea nidifica em cupinzeiros arborícolas do cerra‑<br />
do entre 1,5 e 5,0 m de altura.<br />
Os <strong>da</strong>dos deste trabalho apresentam uma dispari‑<br />
<strong>da</strong>de com relação aos relatos apresentados na literatura<br />
no que diz respeito ao tipo de cupinzeiro utilizado por<br />
A. aurea: no primeiro caso, a totali<strong>da</strong>de dos cupinzeiros<br />
eram epígeos, enquanto que nos relatos <strong>da</strong> literatura os<br />
exemplos são todos de cupinzeiros arborícolas. Essa di‑<br />
ferença provavelmente está relaciona<strong>da</strong> ao fato de que na<br />
área de estudo a disponibili<strong>da</strong>de de cupinzeiros arboríco‑<br />
las é muito baixa, enquanto que os cupinzeiros epígeos<br />
são bastante conspícuos, principalmente no meio de áreas<br />
de pastagem.<br />
O comportamento de cortejamento e cópula obser‑<br />
vado entre os periquitos‑rei foi muito semelhante àquele<br />
descrito por Garnetzke‑Stollmann & Franck (1991) para<br />
Forpus conspicillatus (Lafresnaye 1847), com o macho co‑<br />
locando apenas um pé sobre a fêmea, com a diferença de<br />
que observaram o comportamento de cortejamento ali‑<br />
mentar antes <strong>da</strong> cópula, enquanto que em A. aurea este<br />
comportamento foi exibido após a cópula.<br />
De acordo com Skutch (1950), criar uma ninha<strong>da</strong><br />
requer um período de preparação razoavelmente longo,<br />
o qual deve começar quando as condições ambientais es‑<br />
tão longe do ótimo. Esta teoria parece ser razoável para<br />
explicar o fato de os casais de A. aurea terem começado a<br />
procura e preparação dos ninhos em maio, quando a re‑<br />
gião normalmente está passando por um período de seca<br />
e frio intensos.<br />
O tamanho de postura observado neste estudo está<br />
de acordo com as informações de Smith (1975) e de An‑<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008<br />
tas & Cavalcanti (1988). Högstedt (1980) considera que<br />
a estratégia ótima para aves é ser altamente flexível na sua<br />
escolha de tamanho de ninha<strong>da</strong>, a fim de a<strong>da</strong>ptar‑se aos<br />
recursos disponíveis. A variação no tamanho <strong>da</strong> postu‑<br />
ra entre os ninhos estu<strong>da</strong>dos pode se dever à variação na<br />
época de início <strong>da</strong> postura em ca<strong>da</strong> ninho.<br />
Segundo Bucher (1983), períodos de incubação lon‑<br />
gos é uma característica dos Psittaciformes. O período de<br />
incubação dos ovos de A. aurea variou de 23 a 25 dias. Os<br />
resultados encontrados para o tempo de permanência de<br />
um indivíduo no interior na fase de incubação era espera‑<br />
do, pois nesta fase, a fêmea dificilmente deixa o ninho, in‑<br />
teragindo apenas com seu parceiro (Garnetzke‑Stollmann<br />
e Franck, 1991). Segundo Skutch (1957), os periquitos<br />
estão entre as aves em que a fêmea é tão bem alimenta<strong>da</strong><br />
por seu parceiro, que suas ausências do ninho são infre‑<br />
qüentes e/ou curtas.<br />
As aves têm habili<strong>da</strong>de de influenciar seu padrão de<br />
eclosão variando o início <strong>da</strong> incubação ao longo <strong>da</strong> pos‑<br />
tura (Wiebe et al. 1998). Essa é uma característica muito<br />
comum nos psitacídeos (Paranhos e Marcondes Machado,<br />
2000, Stoleson e Beissinger, 1997, 1999). Skutch (1945)<br />
constatou que a eclosão dos ovos se <strong>da</strong>va sempre na mes‑<br />
ma ordem <strong>da</strong> postura, o que foi observado para A. aurea.<br />
Esta característica é chama<strong>da</strong> assincronia, e é uma conse‑<br />
qüência <strong>da</strong> incubação iniciar antes que a postura dos ovos<br />
esteja <strong>completa</strong>. Esse tipo de estratégia deve ocorrer em<br />
ambientes imprevisíveis, de quanti<strong>da</strong>de de recurso vari‑<br />
ável. As aves que eclodem por último e possuem menor<br />
capaci<strong>da</strong>de de competir com seus irmãos mais velhos,<br />
podem ser seletivamente mortas pela competição com os<br />
irmãos em épocas de escassez de alimento (Howe, 1976).<br />
Stoleson e Beissinger (1997), através <strong>da</strong> realização de<br />
um experimento de manipulação de ovos com Forpus passerinus<br />
mostraram que a massa dos filhotes, no momento<br />
em que abandonam o ninho, é maior em ninhos assincrô‑<br />
nicos que em sincrônicos. De acordo com os autores, esse<br />
fato indica uma melhor aptidão dos filhotes dos ninhos<br />
assincrônicos, uma vez mais pesados teriam uma reserva<br />
energética melhor, melhorando a sobrevivência na fase<br />
pós‑ninho. Apesar de ser uma hipótese difícil de estu<strong>da</strong>r<br />
em campo, parece bem plausível.<br />
Analisando pelo prisma dos pais, a diferença de ta‑<br />
manho entre os ninhegos resultante <strong>da</strong> eclosão assincrô‑<br />
nica, pode levar à necessi<strong>da</strong>de de uma quanti<strong>da</strong>de média<br />
de alimento menor, quando compara<strong>da</strong> a aquela que seria<br />
necessária caso todos os ninhegos tivessem o mesmo ta‑<br />
manho (Siegel et al. 1999). Com a diminuição <strong>da</strong> energia<br />
diária requisita<strong>da</strong> na reprodução, a sobrevivência dos pais,<br />
assim como sua aptidão teriam um incremento, já que<br />
probabili<strong>da</strong>de de reprodução futura é proporcional à so‑<br />
brevivência e esta é maximiza<strong>da</strong> com a sobra energética.<br />
Entre sete ninhos observados, o desenvolvimento<br />
dos ninhegos variou de 45 a 53 dias, sendo em média,<br />
maior do que o relatado por Smith (1975) para aves do
Comportamento reprodutivo de Aratinga aurea (Aves, Psittaci<strong>da</strong>e) no sudoeste de Minas Gerais, Brasil<br />
Sandra Jammal Paranhos, Carlos Barros de Araújo e Luiz Octavio Marcondes Machado<br />
gênero Aratinga, que é de 45 dias. A duração do período<br />
de desenvolvimento está liga<strong>da</strong> ao tipo de ninho utilizado<br />
pela espécie de ave, de tal modo que espécies que nidifi‑<br />
cam em ninhos menos vulneráveis à pre<strong>da</strong>ção teriam um<br />
período de desenvolvimento longo (Saunders et al. 1984,<br />
Brightsmith, 2005a).<br />
A saí<strong>da</strong> dos filhotes de periquito‑rei do ninho seguiu<br />
sempre o mesmo padrão. Em todos os casos acompanha‑<br />
dos a saí<strong>da</strong> dos filhotes deu‑se no período <strong>da</strong> manhã, o<br />
que, de acordo com Skutch (1945), é a regra para ninhe‑<br />
gos. Os filhotes de A. aurea, não mostram grande variação<br />
no peso com o qual deixam o ninho. Existe uma grande<br />
similari<strong>da</strong>de tanto entre os ninhegos do mesmo ninho<br />
como entre ninhos. Esse fato também parece ocorrer para<br />
outras espécies de Psitacídeos. (Stamps et al. 1985, Siegel<br />
et al. 1999). O ajuste não linear realizado com os pesos<br />
dos ninhegos mostrou‑se muito eficiente na determina‑<br />
ção <strong>da</strong>s i<strong>da</strong>des de ninhegos encontrados pós‑eclosão.<br />
AGRAdeCIMeNTOS<br />
À Profª. Drª. Anita Wajntal pela realização <strong>da</strong> sexagem <strong>da</strong>s<br />
amostras de sangue coleta<strong>da</strong>s. Aos Profs. Drs. João Semir e Elenice<br />
Mouro Varan<strong>da</strong>, e ao biólogo José Ricardo Barosela pela identificação<br />
<strong>da</strong>s plantas coleta<strong>da</strong>s. Aos Srs. Geraldo Elias, Wanderley e Odiley pelas<br />
facili<strong>da</strong>des e aju<strong>da</strong> no campo. Ao CNPq e FMB pelo financiamento.<br />
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7
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1):8-11<br />
março de 2008<br />
1.<br />
2.<br />
3.<br />
Molecular sexing: an efficient method to<br />
identify individual sex and its implication<br />
to differentiate Semipalmated Sandpiper<br />
Calidris pusilla populations<br />
Antonio Augusto Ferreira Rodrigues 1 , Evonnildo C. Gonçalves 2 , Artur Silva 2 , Ana Tereza Lyra Lopes 1 ,<br />
Stephen Francis Ferrari 3 and Maria Paula Cruz Schneider 2<br />
Departamento de Biologia, Universi<strong>da</strong>de Federal do Maranhão, Campus Universitário do Bacanga, 65080‑040, São Luís, MA, Brasil.<br />
E‑mail: augusto@ufma.br<br />
Laboratório de Polimorfismo de DNA Departamento de Genética, Universi<strong>da</strong>de Federal do Pará, Caixa Postal 8607, 66065‑690,<br />
Belém, PA, Brasil.<br />
Departamento de Biologia, Centro de Ciências Biológicas e <strong>da</strong> Saúde, Universi<strong>da</strong>de Federal de Sergipe. Aveni<strong>da</strong> Marechal Rondon, s/n.,<br />
Rosa Elze, 49000‑100, São Cristovão, SE, Brasil.<br />
Recebido em: 26/07/2007. Aceito em: 07/03/2008.<br />
RESuMo: Sexagem molecular: um eficiente método para identificar o sexo de indivíduos e suas implicações para diferenciar<br />
populações do maçariquinho Calidris pusilla. Estudos populacionais que utilizam a definição do sexo <strong>da</strong>s aves com base em<br />
características morfológicas e de plumagem têm sido utilizados amplamente em espécies dimórficas. Entretanto, em espécies<br />
monomórficas como o caso de Calidris pusilla pode haver sobreposições de medi<strong>da</strong>s entre sexos e entre populações migratórias<br />
obscurecendo os resultados, especialmente em áreas de para<strong>da</strong> e inverna<strong>da</strong> onde provavelmente as populações se misturam. Quatro<br />
sítios na costa amazônica brasileira foram visitados regularmente durante o período migratório e de inverna<strong>da</strong> entre 1997 e 2000 e as<br />
aves foram capturados em redes de neblina com malha de 36 mm. Para a definição do sexo via análise molecular os primers P2 and<br />
P8 foram utilizados para a amplificação dos fragmentos dos introns dos genes CHD‑Z e CHD‑W. O produto dessa amplificação é<br />
maior no caso do CHD‑Z em comparação com CHD‑W, e as fêmeas apresentam dois fragmentos de diferentes pesos moleculares<br />
correspondendo à presença dos dois genes. Machos apresentam fragmentos de pesos iguais, derivados dos dois cromossomos Z. A<br />
eficiência do método de definição do sexo via análise molecular foi testa<strong>da</strong> em uma amostra de 14 indivíduos capturados durante<br />
o estudo. O sexo desses indivíduos (8 machos e 6 fêmeas) de C. pusilla foi confirmado através <strong>da</strong> dissecação e inspeção gona<strong>da</strong>l.<br />
Análises moleculares identificaram corretamente o sexo de todos os 14 indivíduos de sexo conhecido, comprovando a acurácia desse<br />
procedimento usando os Primes P2 e P8. Dos 151 indivíduos analisados usando PCR, 92 foram classificados como machos e 59<br />
como fêmeas. Os resultados <strong>da</strong>s análises moleculares com os primers P2 e P8 indicaram que em média, o comprimento de bico<br />
<strong>da</strong>s fêmeas é maior que dos machos. As populações invernantes de C. pusilla nos sítios estu<strong>da</strong>dos na Amazônia brasileira podem<br />
representar uma única população reproduiva devido à falta de diferenças no comprimento do bico entre indivíduos do mesmo<br />
sexo.<br />
PALAvRAS-ChAvE: Sexagem molecular, maçariquinho, Calidris pusilla.<br />
AbSTRACT: In population studies of dimorphic bird species, differences in plumage and morphological characteristics facilitate<br />
gender identification. By contrast, in monomorphic species such as Semipalmated Sandpiper, the considerable overlap in measurement<br />
between sexes and among different migratory populations impedes reliable gender identification, especially in stopover and wintering<br />
areas, where populations are likely to mingle. Four sites on the brazilian amazonian coast were visited regularly during the migratory<br />
and wintering periods between 1997 and 2000, and birds were captured in mist nests with a 36 mm mesh. Gender identification was<br />
based on the molecular primers P2 and P8, which were used to amplify introns of the genes CHD‑Z and CHD‑W. The product of<br />
this amplification is larger in CHD‑Z in comparison with CHD‑W, and females present fragments of different molecular weights,<br />
corresponding to the presence of both genes. Males present fragments of equal weight, from each of the two Z chromosomes. The<br />
efficiency of the molecular sexing method was tested in a sample of fourteen of the individuals captured during the study. The sex<br />
of these individuals (eight males and six females) was confirmed through dissection and gono<strong>da</strong>l inspection. Molecular analyses<br />
identified correctly the sex of all fourteen individuals of known sex, proving the accuracy of this procedure using P2 and P8 primers<br />
in Semipalmated Sandpiper. Of the 151 individuals analyzed using PCR, 92 were identified as male, and 59 as female. The results<br />
of the molecular analyses with P2 and P8 primers indicate that the bill is significantly longer in females, on average, in comparison<br />
with males. The wintering populations of Semipalmated Sandpiper at the study sites on the northern coast of Brazil may represent a<br />
single reproductive population, given the lack of differences in mean bill length among sites for individuals of the same sex.<br />
KEy-woRdS: Molecular sexing, Semipalmated Sandpiper, Calidris pusilla.<br />
ARTIGo
Molecular sexing: an efficient method to identify individual sex and its implication to differentiate<br />
Semipalmated Sandpiper Calidris pusilla populations<br />
Antonio Augusto Ferreira Rodrigues, Evonnildo C. Gonçalves, Artur Silva, Ana Tereza Lyra Lopes,<br />
Stephen Francis Ferrari and Maria Paula Cruz Schneider<br />
The Semipalmated Sandpiper (Calidris pusilla) is a<br />
small, monogamous and monomorphic in plumage but<br />
slightly sexually dimorphic (Cartar 1984, Gratto‑Trevor<br />
1992) migratory shorebird. They are abun<strong>da</strong>nt on the<br />
northern coast of Brazil (Rodrigues 2000), but breed in<br />
three distinct populations distributed over a wide area in<br />
the low arctic region. These breeding populations present<br />
an east‑west cline in the length of both the bill and the<br />
wing, in both sexes (Manning et al. 1956, A.O.U. 1957,<br />
Palmer 1967, Harrington and Morrison 1979). However,<br />
Prater et al. (1977) concluded that only bill length was an<br />
adequate criterion for morphometric sexing. Reinforcing<br />
the validity of this criterion in Semipalmated Sandpiper,<br />
Cartar (1984) found similar differences in the bill lengths<br />
observed by Harrington and Morrison (1979) in individu‑<br />
als of the three breeding grounds: 18.6 ± 1.36 mm (range<br />
15.5‑23.0 mm, n = 147) for males; and 20.5 ± 1.38 mm<br />
(range 17.5‑23.7 mm, n = 107) for females.<br />
Oligonucleotides have been developed for the poly‑<br />
merase chain reaction (PCR) of segments of the CHD‑Z<br />
and CHD‑W genes (chromodomain‑helicase‑DNA‑bind‑<br />
ing protein) of a large number of bird species (Ellegreen<br />
1996, Griffiths et al. 1996, Ellegren and Sheldon 1997,<br />
Griffiths et al. 1998). This has resulted in molecular sex‑<br />
ing becoming the stan<strong>da</strong>rd method for sexually mono‑<br />
morphic birds. An additional advantage of this method<br />
is that it avoiding the necessity of sacrificing animals.<br />
Moreover, the relatively low cost and simplicity of the<br />
method in comparison with traditional procedures, such<br />
as endoscopy (Goslawski 1993) and ultra‑sonography<br />
(Hildebrant et al. 1995), have facilitated its use in testing<br />
a number of theories on avian ecology and evolution.<br />
Sexing birds in the field on the basis of morphom‑<br />
etry is a practical means of collecting large numbers of re‑<br />
cords, but it has a major drawback in the overlap of mea‑<br />
surements between sexes and/or among populations (e.g.<br />
Morrison 1984, Wenink et al. 1996), which may obscure<br />
possible populations mixing, especially at resting and<br />
wintering grounds. Using molecular sexing, the present<br />
study evaluated the possible presence of representatives of<br />
different breeding populations at wintering grounds on<br />
the brazilian amazonian coast.<br />
MATERIAL And METhodS<br />
Four sites on the Brazilian amazonian coast were<br />
visited regularly during the wintering and migratory<br />
periods of the Semipalmated Sandpiper between 1997<br />
and 2000: Goiabal beach (02°50’N; 50°50’W) – Amapá<br />
Sate; Maçarico/Cuiarana beaches (00°30’S; 47°20’W)<br />
– Pará State and Panaquatira beach (02°20’S; 44°00’W)<br />
– Maranhão State. Approximately 2000 individuals were<br />
captured in 36 mm mist nets. Bill was measured to the<br />
nearest 0.1 mm from the tip of the upper mandible to<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008<br />
the feather‑margin. Mean lengths of the bill were calcu‑<br />
lated for each site, considering adults only. Differences<br />
between means were tested through Student’s t‑test and<br />
ANOVA, using BioStat 2.0 (Ayres et al. 2000). Following<br />
banding, one or two drops of blood were collected from<br />
the brachial vein using a heparinized syringe. Total DNA<br />
was isolated by enzymatic digestion using K proteinase,<br />
extracted with phenol‑chloroform and precipitated with<br />
ethanol, following stan<strong>da</strong>rd procedures (Sambrook et al.<br />
1989).<br />
For molecular sexing, P2 and P8 primers (Griffiths<br />
et al. 1998) were used for the amplification of fragments<br />
of the introns of the CHD‑Z and CHD‑W genes. The<br />
product of this amplification is larger in the case of<br />
CHD‑Z in comparison with CHD‑W, such that females<br />
present two fragments of different molecular weights,<br />
corresponding to the presence of the two genes. Males<br />
present fragments of equal weight, derived from their two<br />
Z chromosomes.<br />
The gene fragments were amplified in a final reac‑<br />
tion volume of 25 µl, containing 50 ng of genomic DNA,<br />
50 mM KCl, 1.5 mM MgCl 2 , 10 mM Tris‑HCL, 50 µM<br />
of each dNTP, 0.5 µM of each primer, and one unit of<br />
Taq DNA polimerase. Cycling was done with: 4 min at<br />
94°C for initial denaturation, followed by 25 denatur‑<br />
ation cycles of 45 s at 94°C, annealing for 45 s at 48°C,<br />
extension for 45 s at 72°C, and a final run of 5 min at<br />
72°C in order to ensure complete extension of the PCR<br />
products. The amplified fragments were separated in 3%<br />
agarose gel in 1x TAE buffer and visualized using ethid‑<br />
ium bromide under UV illumination.<br />
The efficiency of the molecular sexing method was<br />
tested in a sample of fourteen of the individuals captured<br />
during the study. The sex of these individuals (eight males<br />
and six females) was confirmed through dissection and<br />
gono<strong>da</strong>l inspection.<br />
RESuLTS<br />
Molecular analyses identified correctly the sex of all<br />
fourteen individuals of known sex, proving the accuracy<br />
of this procedure using P2 and P8 primers in Semipal‑<br />
mated Sandpiper. Of the total of 151 individuals ana‑<br />
lyzed using PCR, 92 were classified as males, and 59 as<br />
females. The largest mean for males was recorded in Ma‑<br />
ranhão and for females in Pará, but no statistically sig‑<br />
nificant differences were found between sites (Table 1).<br />
However, all between‑sex comparisons were significant<br />
(p < 0.05). In this case, all birds were grouped in males<br />
and females groups only. The global comparison consid‑<br />
ering the different sites between males and females with<br />
median values equal to 20.00 and 22.1, respectively,<br />
showed highly significant statistical differences (ANO‑<br />
VA, p < 0.01).<br />
9
10<br />
Molecular sexing: an efficient method to identify individual sex and its implication to differentiate<br />
Semipalmated Sandpiper Calidris pusilla populations<br />
Antonio Augusto Ferreira Rodrigues, Evonnildo C. Gonçalves, Artur Silva, Ana Tereza Lyra Lopes,<br />
Stephen Francis Ferrari and Maria Paula Cruz Schneider<br />
TAbLE 1: Sexual dimorphism based on the bill length (mm) of Semipalmated Sandpiper from the northern coast of Brazil sexed through PCR, as<br />
described in the text. All differences between the sexes were statistically significant, p < 0.05 (Student’s t‑test).<br />
Amapá Pará<br />
Ilha de Maiaú<br />
Maranhão<br />
Panaquatira<br />
Sex mean ± Sd range mean ± Sd range mean ± Sd range mean ± Sd range<br />
Males 19.86 ± 0.8 18.5 – 20.8 19.96 ± 1.3 17.5 – 23.6 20.05 ± 0.9 18.2 – 21.5 20.42 ± 1.7 18.3 – 23.8<br />
n = 8<br />
n = 46<br />
n = 29<br />
n = 9<br />
Females 21.14 ± 1.5 19.3 – 23.3 22.72 ± 1.5 19.2 – 24.6 21.97 ± 1.5 18.7 – 26.0 21.06 ± 2.4 18.2 – 23.5<br />
n = 5<br />
n = 18<br />
n = 31<br />
n = 5<br />
M/F ratio 0.94 0.87 0.92 0.94<br />
Bill length was more variable in females in compari‑<br />
son with males. Coefficients of variation in females were<br />
6.83% (Maiaú), 6.84% (Pará), 11.83% (Panaquatira)<br />
and 7.15% (Amapá) in comparison with 4.86%, 6.83%,<br />
8.68% and 4.22%, respectively, in males.<br />
dISCuSSIon<br />
The results of the molecular analyses with P2 and<br />
P8 primers in Semipalmated Sandpiper indicate that the<br />
bill is significantly longer in females, on average, in com‑<br />
parison with males, corroborating Prater et al. (1977)<br />
and Cartar (1984). However, as in a similar study of Red<br />
Knots, Calidris canutus (Baker et al. 1999), our <strong>da</strong>ta indi‑<br />
cates that Semipalmated Sandpiper cannot be sexed reli‑<br />
ably on the basis of bill length, given the overlap between<br />
sexes (Table 1). Given this, the use of morphometric cri‑<br />
teria for sexing individuals should be avoided, especially<br />
in wintering grounds, where different breeding popula‑<br />
tions may be represented, resulting in a high degree of<br />
error.<br />
An important application of molecular sexing in<br />
the case of Semipalmated Sandpiper is thus the dis‑<br />
crimination and inference of the reproductive origins<br />
of wintering populations in the southern hemisphere.<br />
In fact, our results indicate that the wintering popu‑<br />
lations of Semipalmated Sandpiper at the study sites<br />
on the brazilian amazonian coast may represent a sin‑<br />
gle reproductive population, given the lack of differ‑<br />
ences in mean bill length among sites for individuals<br />
of the same sex. A comparison of the <strong>da</strong>ta presented<br />
here (Table 1) with those of Harrington and Mor‑<br />
rison (1979) suggests that these birds originated in<br />
the breeding grounds of the eastern Canadian Arctic,<br />
specifically western Baffin Island (mean bill length:<br />
males = 19.3 mm; females = 21.03 mm) and east‑<br />
ern Hudson Bay/Belcher Island (males = 19.99 mm;<br />
females = 21.54 mm).<br />
Molecular sexing, together with other genetic tools<br />
should provide important insights into the migratory pat‑<br />
terns of Semipalmated Sandpiper populations, how they<br />
evolved, and their ecological implications.<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008<br />
ACKnowLEdGMEnTS<br />
This study was financed by the National Program for Biodi‑<br />
versity (PRONABIO) of the Ministry of Brazilian Environment,<br />
through BIRD and CNPq. Additional support was received from<br />
Millenium Science Initiative/MCT/CNPq/PADCT. IBAMA autho‑<br />
rized the collection of blood samples through license 020/1997‑DI‑<br />
FAS/DIREC. We thank Silvanira Barbosa for supporting on genetic<br />
analyses.<br />
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11
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1):12-22<br />
março de 2008<br />
1.<br />
2.<br />
ARTIGO<br />
Migración del Zorzal común Turdus amaurochalinus<br />
(Turdi<strong>da</strong>e) en Argentina<br />
Patricia Capllonch 1,2 , Diego Ortiz 1 y Karina Soria 1<br />
Centro Nacional de Anillado de Aves (CENAA), Instituto Miguel Lillo, Miguel Lillo 205 (4000), Tucumán, Argentina.<br />
Correo electrónico: cenaarg@yahoo.com.ar<br />
Recebido em: 30/03/2007. Aceito em: 21/01/2008.<br />
AbSTRACT: Migratory patterns of the Creamy-bellied Thrush Turdus amaurochalinus in Argentina. The Creamy-bellied Thrush<br />
carries out one of the migrations more conspicuous among the South American birds. We find that a big number of individuals of<br />
southern populations during their migration cross regularly the wetlands of the east of Tucumán and west of Santiago del Estero,<br />
to Bolivia and Peru between May and June. Another part of the migration goes toward the east, ascending for the Atlantic coast of<br />
Brazil until the northeast of the country. Its migratory return in the spring begins in the month of October in northern Argentina.<br />
Key-wORDS: Creamy-bellied Thrush, Turdus amaurochalinus, migration, Argentina, Brasil, Bolivia, Peru.<br />
ReSuMO: Migração do sabiá-poca Turdus amaurochalinus, na Argentina. O sabiá-poca Turdus amaurochalinus é um dos migrantes<br />
mais notáveis entre as aves <strong>da</strong> América do Sul. Faz uma <strong>da</strong>s migrações mais notáveis entre as aves Sulamericanas. Encontramos que,<br />
durante sua migração, um elevado número de indivíduos de populações austrais atravessam regularmente as áreas úmi<strong>da</strong>s do leste de<br />
Tucumán e oeste de Santiago del Estero até Bolivia e Peru entre os meses de maio e junho. Outra parte <strong>da</strong> migração vai em direção<br />
leste, subindo pelo litoral Atlântico do Brasil até o nordeste. Seu retorno migratório na primavera começa no mês de outubro, no<br />
norte <strong>da</strong> Argentina.<br />
PAlAvRAS-ChAve: sabiá-poca, Turdus amaurochalinus, migração, Argentina, Brasil, Bolivia, Peru.<br />
El Zorzal común Turdus amurochalinus tiene una<br />
distribución amplia en el sur de Su<strong>da</strong>mérica, frecuenta<br />
terrenos abiertos de tipo parque, bosques secos abiertos<br />
y el cerrado, y evita las selvas amazónicas y las yungas<br />
montañosas (Figura 1). Nidifica en el centro y sureste de<br />
Bolivia en bosques xerófilos y de transición (Peña 1962,<br />
Olrog 1963) y en el suroeste y sureste de Brasil (Snethlage<br />
1914, Machado 1997). En Mato Grosso fue encontrado<br />
nidificando en Pantanal y Passárga<strong>da</strong>, sudoeste de<br />
Mato Grosso (Pinto y De Camargo 1952), en el Estado<br />
de Río Grande do Sul (Silva y Fallavena 1981) y en<br />
el Estado de Minas Gerais (Pinto 1950), donde es un<br />
ave común en el Parque Nacional Serra do Cipó (Rodrígues<br />
et al. 2005). Sick (1985) comenta que aparecen<br />
individuos migrantes no cantores que se mezclan con las<br />
poblaciones locales llegando hasta Belém en Pará en migración<br />
(Snethlage 1914, Novaes 1973). Hay registros<br />
recientes de Olmos et al. (2005) de Julio y Septiembre<br />
de Ceará (Pedra Blanca) y Río Grande do Norte (Milagres,<br />
Mombaça) (Tabla 1). De la Mata Atlántica del<br />
sudeste brasilero es nidificante y está ausente en otoño<br />
e invierno (Machado 1997). Braz y Cavalcanti (2001)<br />
tienen registros para Junio y comienzos de Septiembre en<br />
el Distrito Federal. También cría en Paraguay y Uruguay<br />
(Olrog 1979). En Argentina lo hace en el norte y centro<br />
del país hasta las provincias de Río Negro, Mendoza y<br />
Neuquén (Olrog y Pescetti 1991, Ridgely y Tudor 1989,<br />
Short 1975) (Tabla 1). Los ambientes que utiliza para<br />
nidificar corresponden al chaco, espinal, monte y región<br />
pampeana, evitando las selvas montanas húme<strong>da</strong>s y áreas<br />
montañosas de los Andes centrales de Argentina. Como<br />
migratoria llega hasta los Estados de Pará y Ceará (Pinto<br />
1944), Río Tacuaruçu (Pinto 1950), Río Paraguay Superior<br />
(Willis 1976). En Río de Cágado y Campos do<br />
Encanto en el sudoeste de Mato Grosso formaba ban<strong>da</strong><strong>da</strong>s<br />
de invierno (Willis y Oniki 1990). Los registros de<br />
invierno aportados por Pinto (1944), para el sur y este<br />
de Brasil se indican en la Figura 1. Comprende locali<strong>da</strong>des<br />
en Pará, Maranhão, Ceará, Bahía, Goiaz, Minas<br />
Gerais, Sao Paulo, Espírito Santo y Mato Grosso. Según<br />
Olrog (1979), llega en migración al sudeste de Peru y al<br />
Amazonas.<br />
El objetivo de este estudio clarificar varios aspectos<br />
de la migración de este Zorzal, su fenología migratoria,<br />
cuan lejos llega en sus desplazamientos y cuales son sus<br />
destinos de inverna<strong>da</strong>.
FIGuRA 1: Distribución del área de cría del Zorzal común Turdus<br />
amaurochalinus en Su<strong>da</strong>mérica (en gris). Los registros invernales están<br />
indicados con puntos negros y una línea negra representa el límite de<br />
su migración hacia el norte y este.<br />
FIGuRe 1: Breeding area of the Creamy-bellied Thrush Turdus<br />
amaurochalinus in South America (in gray). Black points mark the<br />
winter records and a black line represents the limits of its migration<br />
towards the north and east.<br />
ÁReA De eSTuDIO y MéTODOS<br />
Capturamos 310 zorzales en 67 locali<strong>da</strong>des de Salta,<br />
Jujuy, Tucumán, Chaco, Santiago del Estero, Formosa,<br />
Corrientes, Entre Ríos, Buenos Aires y Mendoza. (Figura<br />
2) Los viajes de campo se realizaron a las regiones fitogeográficas<br />
de Yungas, Chaco, Monte, Espinal, Pampeana<br />
y Selva Paranaense (Hueck 1978). Sin embargo, los estudios<br />
llevados a cabo, fueron más intensamente realizados<br />
en el noroeste argentino en zonas de selvas pedemontanas<br />
y del chaco seco u occidental.<br />
En base a las capturas que obtuvimos, a observaciones<br />
y a registros bibliográficos, confeccionamos un<br />
Apéndice de locali<strong>da</strong>des ordena<strong>da</strong>s por coordena<strong>da</strong>s geográficas.<br />
Figura en él la época del registro, salvo en algunos<br />
casos en que la cita bibliográfica no lo especificaba, y<br />
también en algunos casos la altura sobre el nivel del mar.<br />
Los <strong>da</strong>tos a campo se obtuvieron mediante observación y<br />
captura con redes de niebla desde 1979 hasta 2005 sin un<br />
Migración del Zorzal común Turdus amaurochalinus (Aves, Turdi<strong>da</strong>e) en Argentina<br />
Patricia Capllonch, Diego Ortiz y Karina Soria<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008<br />
esfuerzo particular para capturar al Zorzal común, sino<br />
como parte del plan de marcado de aves argentinas del<br />
CENAA sin distinción de especies. En ca<strong>da</strong> locali<strong>da</strong>d se<br />
colocaron por lo general 10 redes de niebla de 12 por<br />
2.5 m y de tramado fino para Passeriformes. Las redes estuvieron<br />
funcionando durante todo el día ya que es un<br />
programa general de marcado para to<strong>da</strong>s las especies. A<br />
las aves captura<strong>da</strong>s se les tomaron medi<strong>da</strong>s corporales, se<br />
revisaron las mu<strong>da</strong>s, condición reproductiva y e<strong>da</strong>d y fueron<br />
marca<strong>da</strong>s con anillos metálicos del Instituto Miguel<br />
Lillo. Las locali<strong>da</strong>des en Argentina, en base a captura y<br />
citas bibliográficas se ubicaron en la Tabla 1.<br />
ReSulTADOS<br />
Población del Noroeste de Argentina: Según nuestros <strong>da</strong>tos<br />
el Zorzal común cría en selvas de transición de los<br />
pedemontes y en el chaco entre comienzos de Octubre<br />
y fines de Marzo. No asciende a las selvas montanas de<br />
las laderas montañosas con yungas donde habitan otras<br />
especies de Zorzales ni realiza desplazamientos altitudinales.<br />
Capturamos tres hembras con placas incubatrices<br />
bien desarrolla<strong>da</strong>s el 8 de Octubre de 1999 en Orán,<br />
Salta y 2 el 18 de Octubre de 1997 en Ticucho, Tucumán.<br />
También tan tarde como el 18 de Febrero cuando<br />
capturamos una hembra con placa bien vasculariza<strong>da</strong> en<br />
Remes, Santiago del Estero, por lo que la tempora<strong>da</strong> de<br />
cría se extiende por varios meses. Jóvenes de una misma<br />
tempora<strong>da</strong> de cría fueron capturados y marcados a partir<br />
de fines de Octubre y hasta Mayo. Dos en selva de transición<br />
en El Sunchal, Tucumán el 22 de Octubre de 2004.<br />
Otro el 22 de Octubre de 1987 en Cabeza de Buey, Salta.<br />
Un grupo de 10 jóvenes fueron capturados entre el 8 y<br />
12 de Enero de 1993 en Dique San Ignacio, Tucumán,<br />
en selva pedemontana. Entre el 18 y 19 de Febrero de<br />
1998 capturamos tres en Remes, en chaco árido y otro<br />
el 9 de Mayo 1993 en el Chañar, Tucumán, en área de<br />
crecimiento secun<strong>da</strong>rio.<br />
En la selva de transición de Tucumán, Salta y Jujuy<br />
está ausente en otoño e invierno. No así del bosque chaqueño<br />
donde está presente durante el invierno aunque se<br />
observan escasos individuos. Registramos dos individuos<br />
en Junio en Aguas Sala<strong>da</strong>s, Tucumán, tres en las provincias<br />
de Jujuy, Chaco y Tucumán en el mes de Julio en<br />
Laguna La Brea, Tartagal y Monteagudo respectivamente,<br />
y uno el 28 de Agosto en La Flori<strong>da</strong>, Tucumán.<br />
Arribos migratorios: Los arribos migratorios ocurren en<br />
forma de olea<strong>da</strong>s aunque menos conspicuas que las de los<br />
grupos en camino hacia el norte. Los primeros registros<br />
son a comienzos de Septiembre, donde capturamos seis<br />
individuos en Oran, Salta, dos el 11, uno el 14, uno el 21<br />
y dos el 24 de 1999. Los registros de capturas de grupos se<br />
observan a principios de Octubre. Entre el 8 y 24 de Oc-<br />
13
14<br />
tubre de 1999 en Oran capturamos 18 ejemplares. Otros<br />
16 animales fueron capturados desde el 28 de Octubre<br />
al 3 de Noviembre de 1987 en Monteagudo, Tucumán.<br />
Entre 20 y 22 de Octubre 1987 13 fueron capturados<br />
en Cabeza de Buey, Salta y 15 en Ticucho, Tucumán del<br />
17 al 19 de Octubre 1997. Tenemos también registros<br />
de capturas de individuos en las locali<strong>da</strong>des de Guemes,<br />
Salta, entre el 20-22 de Octubre; Ledesma, Jujuy, entre<br />
el 13-19 de Octubre y Sol<strong>da</strong>do Maldonado, Tucumán,<br />
entre 3-8 de Octubre.<br />
El retorno de migración a las provincias norteñas<br />
desde Bolivia y Peru comienza en Septiembre en el ex-<br />
Migración del Zorzal común Turdus amaurochalinus (Aves, Turdi<strong>da</strong>e) en Argentina<br />
Patricia Capllonch, Diego Ortiz y Karina Soria<br />
FIGuRA 2: Mapa con puntos que representan las locali<strong>da</strong>des de distribución del Zorzal común Turdus amaurochalinus en Argentina cita<strong>da</strong>s en el<br />
Apéndice. Los círculos blancos corresponden a Bañado de Figueroa, Arroyo Mista y Bañados de Pozo Hondo, áreas donde se registraron grandes<br />
concentraciones del zorzal en migración hacia el norte durante el otoño. El mapa pequeño corresponde a la provincia de Tucumán que ha sido<br />
amplia<strong>da</strong> para una mejor comprensión.<br />
FIGuRe 2: Localities of the distribution of the Creamy-bellied Thrush in Argentina (see Appendix). White circles represents Bañado de Figueroa,<br />
Arroyo Mista, and Bañados de Pozo Hondo, areas where they registered big concentrations of the thrush during the migration to the north in<br />
autumn. Small map represents Tucumán province.<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008<br />
tremo norte de Argentina (23° de latitud sur), y en Octubre<br />
a los 26° donde las capturas de este zorzal se hacen<br />
frecuentes en ambientes chaqueños y pedemontes con<br />
yungas decíduas.<br />
Pasos migratorios hacia el norte: Los pasos migratorios<br />
hacia el norte, como olea<strong>da</strong>s de cientos a miles de individuos<br />
se observan en algunas locali<strong>da</strong>des durante el<br />
invierno en las provincias de Tucumán y Santiago del<br />
Estero. Estas locali<strong>da</strong>des son sitios de para<strong>da</strong> que los zorzales<br />
utilizan con regulari<strong>da</strong>d año a año. Se trata de agua<strong>da</strong>s<br />
en el interior del chaco como Bañado de Figueroa,
TAblA 1: Épocas de ocurrencia del Zorzal común en locali<strong>da</strong>des de inverna<strong>da</strong> y área de cría entre los 5° y 36° de latitud sur. AI = Área de inverna<strong>da</strong>; AC = Área de cría; ACO = Área de concentración.<br />
TAble 1: Times of occurrence of Creamy-bellied Thrush in localities of wintering and area of young between 5° and 36° of south latitude. AI = Area of wintertime; AC = Area of young; ACO = Area of<br />
concentration.<br />
MeSeS<br />
FUENTE ObSeRvACIÓN<br />
COORDeNADAS lOCAlIDA, DePARTAMeNTO, PAIS<br />
eNe Feb MAR AbR MAy JuN Jul AGO SeP OCT NOv DIC<br />
1°26’S 48°30’W Belém, Pará, Brasil Snethlage 1914, Pinto 1944 AI<br />
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5°27’S 39°44’W Pedra Blanca, Ceará, Brasil Olmos et al. 2005 AI<br />
Migración del Zorzal común Turdus amaurochalinus (Aves, Turdi<strong>da</strong>e) en Argentina<br />
Patricia Capllonch, Diego Ortiz y Karina Soria<br />
5°44’S 39°38’W Mombaça, Río Grande do Norte, Brasil Olmos et al. 2005 AI<br />
7°05’S 37°58’W Curema, Paraiba, Brasil Pinto y De Camargo 1961 AI<br />
7°19’S 38°56’W Milagres, Río Grande do Norte, Brasil Olmos et al. 2005 AI<br />
9°52’S 36°09’W Usina Sinimbu, Alagoas, Brasil Pinto y De Camargo 1961 AI<br />
10°2’S 71°12’W Río Curanja, Balta, Loreto, Perú Parker 1982 AI<br />
12°57’S 39°54’W Santa Rita de Cassia, Bahia, Brasil Pinto y De Camargo 1961 AI<br />
14°25’S 68°45’W Río Tuichi, La Paz, Bolivia Herzog y Kessler 2002 AI<br />
15°10’S 55°45’W Águas Frias, Mato Grosso, Brasil Willis y Oniki 1990 AC – AI<br />
15°10’S 59°37’W Campos do Encanto, sudoeste de Mato Grosso, Brasil Willis y Oniki 1990 AC – AI<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008<br />
15°20’S 59°25’W Río de Cágado, sudoeste de Mato Grosso, Brasil Willis y Oniki 1990 AC – AI<br />
15°25’S 55°48’W Chapa<strong>da</strong> dos Guimarães, Mato Grosso, Brasil Willis y Oniki 1990 AC – AI<br />
15°44’S 56°05’W Pantanal Passárga<strong>da</strong>, sudoeste de Mato Grosso, Brasil Willis y Oniki 1990 AC – AI<br />
15°56’S 47°56’W Distrito Federal, Brasil Braz y Cavalcanti 2001 AI<br />
16°08’S 62°02’W Concepción, Santa Cruz, Bolivia Davis 1993 AI<br />
16°10’S 58°05’W Porto Limão, Mato Grosso, Brasil Willis y Oniki 1990 AC – AI<br />
16°15’S 67°18’W Chamaca, La Paz, Bolivia Herzog y Kessler 2002 AI<br />
16°35’S 67°25’W Miguillas, La Paz, Bolivia Herzog y Kessler 2002 AI<br />
16°40’S 68°01W Mecapaca, La Paz, Bolivia Herzog y Kessler 2002 AI<br />
15
16<br />
MeSeS<br />
FUENTE ObSeRvACIÓN<br />
COORDeNADAS lOCAlIDA, DePARTAMeNTO, PAIS<br />
eNe Feb MAR AbR MAy JuN Jul AGO SeP OCT NOv DIC<br />
16°46’S 66°44’W Cotacajes, Cochabamba, Bolivia Herzog y Kessler 2002 AI<br />
16°54’S 67°09’W Inquisivi, La Paz, Bolivia Herzog y Kessler 2002 AI<br />
Ruta Transpantaneira entre km 18 y Porto Jofre,<br />
17°10’S 57°00’W Willis y Oniki 1990 AC – AI<br />
Pantanal, Brasil<br />
17°47’S 63°04’W Santa Cruz, Bolivia Herzog y Kessler 2002 AI<br />
17°53’S 63°10’W El Palmar, Cochabamba, Bolivia Peña 1962 AI<br />
Migración del Zorzal común Turdus amaurochalinus (Aves, Turdi<strong>da</strong>e) en Argentina<br />
Patricia Capllonch, Diego Ortiz y Karina Soria<br />
17°58’S 65°51’W Rio Caine, Cochabamba y Potosí, Bolivia Herzog y Kessler 2002 AI<br />
18°02’S, 68°25’W Tambo, Santa Cruz, Bolivia Herzog y Kessler 2002 AI<br />
18°17’S 59°32’W Tucavaca, Santa Cruz, Bolivia Herzog y Kessler 2002 AI<br />
18°20’S 59°38’W Santiago de Los Chiquitos, Santa Cruz, Bolivia Herzog y Kessler 2002 AI<br />
18°46’S 62°14’W Curuyuqui, Santa Cruz, Bolivia Herzog y Kessler 2002 AI<br />
19°04’S 63°41’W Masicuri, Santa Cruz, Bolivia Herzog y Kessler 2002 AI<br />
19°45’S 62°00’W Estancia Perforación, Santa Cruz, Bolivia Herzog y Kessler 2002 AI<br />
19°13’S 43°23’W Parque Nacional Serra do Cipó, Minas Gerais, Brasil Rodríguez et al. 2005 AC – AI<br />
19°39’S 43°54’W Lagoa Santa, Minas Gerais, Brasil Pinto 1950 AI<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008<br />
San Julian, Provincia Cordillera, Departamento Santa<br />
19°47’S 62°42’W Jahn et. al 2002 ACO – AI<br />
Cruz, Bolivia<br />
22°10’S 63°53’W Dique Itiyuro, Salta, Argentina CENAA AC<br />
22°21’S 63°50’W Piquiren<strong>da</strong>, Salta, Argentina CENAA AC<br />
22°24’S 63°29’W Tonono, General San Martín, Salta CENAA AC<br />
22°40’S 57°21’W Parque Nacional Serranía San Luis, Paraguay Robbins et al. 1999 AC – AI<br />
22°49’S 59°39’W Lichtenau, Paraguay Short 1976 AC – AI<br />
23°8’S 64°19’W Oran, Oran, Salta, Argentina CENAA AC<br />
Aguas Negras, PN Calilegua, Ledesma, Jujuy,<br />
23°42’S, 64°48’W CENAA AC<br />
Argentina<br />
23°44’S 64°40’W Río Zora, E de la Ruta 34, Ledesma, Jujuy, Argentina CENAA AC
MeSeS<br />
FUENTE ObSeRvACIÓN<br />
COORDeNADAS lOCAlIDA, DePARTAMeNTO, PAIS<br />
eNe Feb MAR AbR MAy JuN Jul AGO SeP OCT NOv DIC<br />
23°50’S 64°47’W Ledesma, Jujuy, Argentina CENAA AC<br />
23°56’S 64°28’W Laguna La Brea, El Carmen, Jujuy, Argentina CENAA AC<br />
24°07’S 64°00’W Chaguaral, Orán, Salta, Argentina CENAA AC<br />
24°9’S 62°14’W Tartagal, Río Teuco, General Guemes, Argentina CENAA AC<br />
Migración del Zorzal común Turdus amaurochalinus (Aves, Turdi<strong>da</strong>e) en Argentina<br />
Patricia Capllonch, Diego Ortiz y Karina Soria<br />
Sierra de Santa Bárbara, Santa Bárbara, Jujuy,<br />
24°16’S 64°41’W CENAA AC<br />
Argentina<br />
24°31’S 65°02’W Guemes, Guemes, Salta, Argentina CENAA AC<br />
24°42’S 64°38’W Parque Nacional El Rey, Anta, Salta, Argentina CENAA AC<br />
24°47’S 65°1’W Cabeza de Buey, Guemes, Salta, Argentina CENAA AC<br />
24°54’S, 65°38’W Campo Quijano, Rosario de Lerma, Salta, Argentina CENAA AC<br />
25°04’S 58°07’W Parque Nacional Río Pilcomayo, Formosa, Argentina CENAA AC<br />
25°13’S 9°42’W Riacho Pilagá, Formosa, Argentina CENAA AC<br />
25°52’S 62°7’W Reserva Copo, Copo, Santiago del Estero, Argentina CENAA AC<br />
26°01’S 64°42’W Arroyo del Quemado, Copo Quile, Salta, Argentina CENAA AC<br />
26°10’S 58°56’W Estancia El Bagual, Laishi, Formosa, Argentina Di Giácomo 2005 AC<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008<br />
26°14’S 65°29’W Chulca, San Pedro de Colalao, Tucumán, Argentina CENAA AC<br />
26°24’S 65°31’W Las Juntas, Trancas, Tucumán, Argentina CENAA AC<br />
26°25’S 54°35’W El dorado, Misiones, Argentina Chebez 1996 AC<br />
26°26’S 65°58’W Bañados de Amaicha, Tucumán, Argentina CENAA AC<br />
26°30’S 64°52’W Piedra Tendi<strong>da</strong>, Burruyacu, Tucumán, Argentina CENAA AC<br />
26°31’S 65°14’W Ticucho, Trancas, Tucumán, Argentina CENAA AC<br />
26°37’S 65°04’W El Sunchal, Burruyacu, Tucumán, Argentina CENAA AC<br />
26°37’S, 65°12’W El Cadillal, Tafi Viejo, Tucumán CENAA AC<br />
26°43’S 55°33’W Tafí Viejo, Tucumán, Argentina CENAA AC<br />
17
18<br />
MeSeS<br />
FUENTE ObSeRvACIÓN<br />
COORDeNADAS lOCAlIDA, DePARTAMeNTO, PAIS<br />
eNe Feb MAR AbR MAy JuN Jul AGO SeP OCT NOv DIC<br />
26°46’S 65°3’W El Chañar, Burruyacú, Tucumán, Argentina CENAA AC<br />
26°47’S 65°23’W Reserva de Horco Molle, Tucumán, Argentina CENAA AC<br />
26°55’S 65°55’W Cruz Alta, Tucumán, Argentina CENAA AC<br />
27°02’S 60°03’W Machagay, Chaco, Argentina CENAA AC<br />
27°03’S, 65°40’W Piedras Colora<strong>da</strong>s, Monteros, Tucumán CENAA AC<br />
Migración del Zorzal común Turdus amaurochalinus (Aves, Turdi<strong>da</strong>e) en Argentina<br />
Patricia Capllonch, Diego Ortiz y Karina Soria<br />
Playa Larga, Ruta 307 Tafi del Valle, Tucumán,<br />
27°03’S, 65°41’W CENAA AC<br />
Argentina<br />
Bañado de Figueroa, Figueroa, Santiago del Estero,<br />
27°07’S 63°41W CENAA ACO – AC<br />
Argentina<br />
27°10’S 64°30’W Pozo Hondo, Jiménez, Santiago del Estero, Argentina CENAA ACO – AC<br />
27°13’S 65°37’W Sol<strong>da</strong>do Maldonado, Monteros, Tucumán, Argentina CENAA AC<br />
Reserva Provincial La Flori<strong>da</strong>, Monteros, Tucumán,<br />
27°12’S, 65°32’W CENAA AC<br />
Argentina<br />
27°17’S 65°00’W Aguas Sala<strong>da</strong>s, Leales, Tucumán, Argentina CENAA AC<br />
27°17’S 65°10’W Arroyo Mista, Leales, Tucumán, Argentina CENAA ACO – AC<br />
27°18’S 65°55’W Cochuna, Chicligasta, Tucumán, Argentina CENAA AC<br />
27°20’S 65°26’W Alpachirí, Chicligasta,Tucumán, Argentina CENAA AC<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008<br />
27°24’S 65°8’W Río Chico, Simoca, Tucumán, Argentina CENAA AC<br />
27°31’S 65°17’W Monteagudo, Simoca, Tucumán, Argentino CENAA AC<br />
27°34’S 62°04’W Roversi, Moreno, Santiago del Estero, Argentina CENAA AC<br />
27°37’S 55°40’W Tacuaruzú, Misiones, Argentina CENAA AC<br />
27°37’S 65°11’W La Esperanza, Lamadrid, Tucumán CENAA AC<br />
27°40’S 65°40’W Dique San Ignacio, La Cocha, Tucumán, Argentina CENAA AC<br />
27°45’S 62°26’W Quimilí, Santiago del Estero, Argentina CENAA AC<br />
27°52’S 64°29’W Remes, Santiago del Estero, Argentina CENAA AC<br />
CENAA AC<br />
San Pedro de Guasayan, Santiago del Estero,<br />
Argentina<br />
27°53’S 64°5’W
MeSeS<br />
FUENTE ObSeRvACIÓN<br />
COORDeNADAS lOCAlIDA, DePARTAMeNTO, PAIS<br />
eNe Feb MAR AbR MAy JuN Jul AGO SeP OCT NOv DIC<br />
27°59’S 64°33’W Lujan, Guasayan, Santiago del Estero, Argentina CENAA AC<br />
28°29’S 55°57’W Santo Tomé, Corrientes, Argentina CENAA AC<br />
Puente sobre el Arroyo San Lorenzo, Corrientes,<br />
28°07’S 58°47’W CENAA AC<br />
Argentina<br />
28°30’S 64°51’W Frías, Choya, Santiago del Estero, Argentina CENAA AC<br />
Puente sobre el Río Santa Lucia, Corrientes,<br />
28°59’S 29°05’W CENAA AC<br />
Argentina<br />
29°03’S 59°11’W Río Santa Lucia, Lavalle, Corriente, Argentina CENAA AC<br />
Migración del Zorzal común Turdus amaurochalinus (Aves, Turdi<strong>da</strong>e) en Argentina<br />
Patricia Capllonch, Diego Ortiz y Karina Soria<br />
31°01’S 57°55’W Santa Ana, Federación, Entre Ríos, Argentina Freiberg 1943 AC<br />
31°11’S 60°45’W Llambi Campbell, Santa Fé, Argentina CENAA AC<br />
Reserva Provincial Chancani, Pocho, Cordoba,<br />
31°25’S 65°27’W Sferco Nores 2003 AC<br />
Argentina<br />
31°26’S 60°56’W Esperanza, Santa Fé, Argentina CENAA AC<br />
31°95’S 64°19’W Salsipudes, Cordoba, Argentina CENAA AC<br />
31°23’S 60°06’W Pueblo Brugo, Entre Ríos, Argentina Freiberg 1943 AC<br />
31°44’S 60°32’W Paraná, Entre Ríos, Argentina Freiberg 1943 AC<br />
32°18’S 68°06’W Reserva Telteca, Lavalle, Mendoza, Argentina Blendinger 2004 AC<br />
32°46’S 68°23’W Costa de Araujo, Lavalle, Mendoza, Argentina Freiberg 1943 AC<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008<br />
33°01’S 58°31’W Gualeguaychú, Entre Ríos, Argentina CENAA AC<br />
33°09’S 59°21’W Gualeguay, Entre Ríos, Argentina CENAA AC<br />
34°02’S 67°58’W Reserva Ñacuñan, Santa Rosa Mendoza, Argentina CENAA AC<br />
34°13’S 58°51’W Reserva Natural Otamendi, Buenos Aires, Argentina Babarskas et al. 2003 AC<br />
36°20’S 56°45’W General Lavalle, Buenos Aires, Argentina CENAA AC<br />
36°27’S 56°44’W Faro San Antonio, La Costa, Buenos Aires, Argentina CENAA AC<br />
38°02’S 65°33’W Lihuel Calel, La Pampa, Argentina Chevez et al. 1998 AC- Sin <strong>da</strong>tos de mes<br />
38°42’S 69°01’W Vista Alegre Norte, Neuquen, Argentina Veiga et al. 2002 AC<br />
Christie 1984 AC<br />
Parque Nacional Nahuel Huapi, Neuquen y Río<br />
Negro, Argentina<br />
40°53’S 71°30’W<br />
19
20<br />
Arroyo Mista y Bañados de Pozo Hondo (Figura 2). En<br />
la locali<strong>da</strong>d urbana de Yerba Buena, en el pedemonte<br />
húmedo de Tucumán donde la especie cría aunque no es<br />
abun<strong>da</strong>nte como Turdus rufiventris, comienzan a observarse<br />
individuos a comienzos de Mayo, pero es durante<br />
los fríos de Junio y Julio cuando se hace localmente muy<br />
abun<strong>da</strong>nte en parques y jardines, para después desaparecer<br />
durante Agosto y Septiembre. Dentro del chaco de<br />
Tucumán, en Arroyo Mista, capturamos siete individuos<br />
y observamos decenas pasando en migración entre el 14<br />
y el 15 de Junio del 2005. En el oeste de Santiago del<br />
Estero realizamos varias visitas a lo largo de tres años a<br />
la locali<strong>da</strong>d de Pozo Hondo, donde comprobamos que<br />
este zorzal comienza a hacerse abun<strong>da</strong>nte a fines de Abril<br />
y su paso migratorio ocurre durante Mayo y comienzos<br />
de Junio. Entre el 21 y 23 de Abril del 2006 capturamos<br />
siete individuos en bosque de quebracho (Schinopsis<br />
quebracho- colorado) y observamos 10 más en los bordes<br />
del bosque. En una visita entre el 21 y 24 de Junio<br />
del 2003 prácticamente no se observaban ya individuos,<br />
por lo que la migración ya había ocurrido. Los puntos<br />
donde hemos registrado concentraciones de este zorzal<br />
a comienzos de Junio son Arroyo Mista, Pozo Hondo y<br />
Bañado de Figueroa, estas tres locali<strong>da</strong>des están próximas<br />
entre el este de Tucumán y centro y oeste de Santiago de<br />
Estero y corresponden al chaco occidental extrema<strong>da</strong>mente<br />
árido del oeste. Durante el invierno siempre se<br />
capturan en ca<strong>da</strong> locali<strong>da</strong>d chaqueña del noroeste argentino<br />
algunos individuos, mayormente jóvenes del primer<br />
año de vi<strong>da</strong>.<br />
El 6 de Abril de 2003 capturamos dos ejemplares jóvenes<br />
(con resto de cera en el pico) en Pozo Hondo (Santiago<br />
del Estero). Presentaban mu<strong>da</strong>s masivas (prebásica)<br />
en remeras secun<strong>da</strong>rias, vientre y corona. Otros dos jóvenes<br />
presentaron ya cambia<strong>da</strong>s las plumas de las alas para<br />
esa época y comenzando mu<strong>da</strong>s en timoneras centrales 1<br />
y 2. El 20 de Marzo del 2004 capturamos dos individuos<br />
con mu<strong>da</strong>s en pecho, espal<strong>da</strong>, rabadilla y aún sin pasar el<br />
grueso migratorio por Pozo Hondo, por lo que interpretamos<br />
que eran nidificantes locales. Según nuestros <strong>da</strong>tos<br />
los zorzales comienzan su mu<strong>da</strong> inmediatamente después<br />
de criar y continúan mu<strong>da</strong>ndo durante los desplazamientos<br />
hacia el norte, aunque ejemplares argentinos deberían<br />
llegar a Bolivia con plumaje nuevo, ya mu<strong>da</strong>do.<br />
Se han obtenido muy pocas recapturas de este zorzal<br />
y no contamos con recuperaciones de distancia. Un<br />
juvenil marcado el 21 de Abril del 2006 fue recapturado<br />
en vegetación chaqueña en Pozo Hondo, Santiago del Estero,<br />
el 23 del mismo mes. Un ejemplar adulto anillado<br />
el 22 de Octubre del 2004 en el Sunchal, Tucumán fue<br />
recapturado el 19 de Diciembre del 2005 en el mismo<br />
sitio.<br />
Poblaciones del Noreste de Argentina: A lo largo de la<br />
costa atlántica de la provincia de Buenos Aires y de las<br />
Migración del Zorzal común Turdus amaurochalinus (Aves, Turdi<strong>da</strong>e) en Argentina<br />
Patricia Capllonch, Diego Ortiz y Karina Soria<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008<br />
costas del río Uruguay en la provincia de Entre Ríos, el<br />
Zorzal común permanece como invernante. Contamos<br />
con registros de capturas de Faro San Antonio, Buenos<br />
Aires, de Mayo y Julio y registros bibliográficos de la<br />
Reserva Natural Otamendi, cerca del Delta del Río Paraná<br />
lo consideran residente (Babarskas et al. 2003). Capturamos<br />
dos zorzales el 9 y 11 de septiembre de 2003<br />
en Gualeguay, Entre Ríos, próximos a los Bañados del<br />
Ibicuy en tiempo muy frío y cuando aún no había comenzado<br />
la tempora<strong>da</strong> de cría. También hay un registro<br />
de Gualeguaychú, muy próxima al río Uruguay para el<br />
mes de Julio y registros entre Abril y Octubre para la<br />
ciu<strong>da</strong>d de Paraná (Freiberg 1943). En la provincia de<br />
Corrientes muestreamos varias locali<strong>da</strong>des a comienzos<br />
de Septiembre y a fines de Abril (Santo Tomé, Arroyo<br />
San Lorenzo, Río Santa Lucía) comprobando que era<br />
abun<strong>da</strong>nte especialmente en las zonas próximas a los<br />
ríos y aparentemente grupos en migración. En el Chaco<br />
Oriental Húmedo lo registramos durante el invierno en<br />
las provincias de Chaco (Machagay) y Formosa aunque<br />
en bajo número de individuos. Capturamos un zorzal en<br />
Riacho Pilagá, Formosa, el 30 de Julio del 2004 y observamos<br />
que no era abun<strong>da</strong>nte. Wetmore (1926) también<br />
capturó un individuo un 18 de Agosto en la misma locali<strong>da</strong>d.<br />
Es nidificante en el espinal de Corrientes (Capllonch<br />
et al. 2005), Entre Ríos (Canavelli et al. 2004) y<br />
Santa Fé (de la Peña 1997). La nidificación en estas dos<br />
últimas provincias ocurre entre Octubre y Diciembre<br />
(de la Peña 1997). Capturamos dos hembras con placas<br />
incubatrices bien desarrolla<strong>da</strong>s el 25 y 27 de Octubre<br />
de 1980 en Esperanza, Santa Fé. También se encuentra<br />
presente en la selva en galería sobre el río Uruguay en<br />
Corrientes donde nidifica y migra luego de criar (Capllonch<br />
et al. 2005).<br />
Migración hacia el Norte hacia Bolivia y Peru: El Zorzal<br />
común llega en grupos numerosos al chaco boliviano,<br />
de características similares al chaco seco occidental<br />
del noroeste de Argentina, en otoño e invierno. En estos<br />
bosques xerófilos el paso del zorzal en migración ocurre<br />
entre mediados de Octubre y comienzos de Noviembre y<br />
entre fines de Marzo y Abril, correspondiendo a los pasos<br />
de retorno de primavera hacia Argentina y a la migración<br />
hacia el norte en otoño respectivamente. La migración<br />
está bien estudia<strong>da</strong> y medi<strong>da</strong> por Jahn et al. (2002). En<br />
la Chiquitanía boliviana del sudeste del país es considerado<br />
un visitante austral durante la época seca (Davis<br />
1993). Los registros de la Chiquitanía boliviana de Davis<br />
(1993) de Concepción, Santa Cruz, son de la estación<br />
seca donde es frecuente entre Abril y Octubre. Se lo considera<br />
residente en esta época decidua y que permanece<br />
en el lugar como invernante en diversos ambientes como<br />
bosques y arbustales de crecimiento secun<strong>da</strong>rio, bosque<br />
deciduo y semideciduo y poblados. Más al oeste del país,<br />
en las yungas a 1000 m de altura en la locali<strong>da</strong>d de El
Palmar, Santa Cruz, Peña (1962) colectó un ejemplar a<br />
comienzos de Septiembre. Mucho más al norte, entre los<br />
14° y 15° de latitud en la Reserva de La Biosfera Pilón<br />
Lajas, ha sido reporta<strong>da</strong> como común hasta los 1000 m,<br />
pero sin especificación de la época de ocurrencia, aunque<br />
probablemente sea un invernante y no nidifique (Hennessey<br />
et al. 2003). Llega en migración hasta el sudeste de<br />
Peru en pequeños números entre Junio y Octubre (Parker<br />
1982). La especie no fue oí<strong>da</strong> por el autor cantando en<br />
Peru durante la tempora<strong>da</strong> de cría. Los 15 registros de<br />
pieles provienen del Departamento Loreto (Balta, Río<br />
Curanja) y varias locali<strong>da</strong>des del Departamento Madre<br />
de Dios, colectados entre el 15 de Junio y 3 de Octubre<br />
(colección LSUMZ).<br />
DISCuSIÓN<br />
Las poblaciones más australes de Argentina, desde el<br />
extremo sur hasta Córdoba y San Luis, se desplazan hacia<br />
el norte al final del verano. Olrog (1962) midió su paso<br />
en migración en el Bañado de Figueroa, provincia de Santiago<br />
del Estero entre el 14 de Abril y el 16 de Junio 1961.<br />
Comprobó que los individuos permanecían poco tiempo<br />
en el lugar, entre 4 y 8 días. Marcó 401 ejemplares con<br />
3 redes y estimo que aproxima<strong>da</strong>mente 120.000 zorzales<br />
que pasaron por el sitio en migración. Entre 1962 y 1970<br />
(Olrog 1971) marcó 998 T. amaurochalinus, recapturando<br />
solo dos individuos.<br />
Evidentemente hay un reemplazo de poblaciones de<br />
sur a norte, ya que este pulso migratorio que observamos<br />
en Junio en Santiago del Estero, no es el mismo que el<br />
que describe Jahn et al. (2002) en Abril para el Chaco<br />
boliviano, 2000 k más al norte.<br />
Es una especie migratoria aún en el noreste cálido<br />
de Argentina. Datos de la Reserva El Bagual, Formosa,<br />
muestran registros para todos los meses del año, en esta<br />
locali<strong>da</strong>d sería migratoria y a la vez lugar de inverna<strong>da</strong><br />
de poblaciones más australes de Argentina (Di Giácomo<br />
et al. 2005). La especie sería también en parte residente<br />
todo el año en las zonas de la confluencia de los ríos Paraná<br />
y Uruguay, en una vasta región de deltas, bañados<br />
y hume<strong>da</strong>les de las provincias de Entre Ríos y Buenos<br />
Aires.<br />
Las observaciones de este zorzal tan común son numerosas<br />
en el chaco occidental junto con los registros de<br />
captura, esto nos permiten clarificar por donde ocurre la<br />
migración y en que época. Entre el 9 y 17 de Julio de<br />
1987 Capllonch recorrió el sudeste de Jujuy (Sierra de<br />
Santa Bárbara) y el chaco de la provincia de Salta hasta<br />
el límite entre Formosa, Chaco y Salta sobre el río Teuco<br />
(24°9’S 62°14’W), observando que la especie era escasa<br />
en esa época por lo que la migración ya había pasado.<br />
El Zorzal común representa una de las migraciones<br />
más evidentes dentro de los páseres argentinos, según<br />
Migración del Zorzal común Turdus amaurochalinus (Aves, Turdi<strong>da</strong>e) en Argentina<br />
Patricia Capllonch, Diego Ortiz y Karina Soria<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008<br />
nuestro parecer y el de autores como Olrog (1971) y Jahn<br />
et al. (2002), por el número de individuos involucrados,<br />
su tamaño y las distancias recorri<strong>da</strong>s. Aparentemente las<br />
poblaciones del Zorzal común migran en dos sentidos<br />
opuestos, las del chaco, espinal y monte se dirigen hacia<br />
el norte, cruzando el chaco Argentino, Paraguayo y<br />
Boliviano hasta alcanzar el sudeste de Peru. El retorno<br />
de primavera no es tan conspicuo como los pasos migratorios<br />
del otoño, probablemente por déficit de muestreos<br />
en el interior del chaco que se dificulta con la llega<strong>da</strong> de<br />
las lluvias, o por que el retorno es por otra ruta distinta<br />
a la que toman de i<strong>da</strong>. La llega<strong>da</strong> en migración descripta<br />
por Jahn et al. (2002) para Abril en el chaco boliviano<br />
no está correlaciona<strong>da</strong> con la migración que describimos<br />
para Mayo-Junio en el oeste santiagueño. To<strong>da</strong>s estas son<br />
especulaciones ya que no se ha obtenido hasta ahora ninguna<br />
recuperación en países vecinos de zorzales marcados<br />
en Argentina.<br />
Creemos que las poblaciones del este de Argentina,<br />
de las regiones pampeanas, campos y malezales y chaqueña<br />
húme<strong>da</strong> se dirigen hacia el este, ascendiendo por la<br />
costa del litoral Atlántico brasilero hasta los estados de<br />
São Paulo, Maranhão, Ceará, Bahía y Paraiba. La migración<br />
hacia Bolivia atravesando el chaco occidental es<br />
la que mejor hemos estudiado debido a los muestreos y<br />
campañas de marcado en el noroeste argentino por eso<br />
pareciera tener mayor magnitud, pero esto no es así, ya<br />
que la migración hacia el este ingresando y cruzando el<br />
sur de Brasil involucra a millones de individuos migrantes<br />
australes que se mezclan con las poblaciones nidificantes<br />
locales como bien lo describe Sick (1984). Llega en migración<br />
hasta el bajo Amazonas (Belém), evitando la selva<br />
amazónica.<br />
Algunos tópicos que aún restan resolver para un mayor<br />
conocimiento de esta especie son el monitoreo de las<br />
poblaciones en varios puntos de su migración primaveral<br />
y otoñal. También si los procesos de las mu<strong>da</strong>s continúan<br />
en los sitios de inverna<strong>da</strong>, o si llegan a estos con plumaje<br />
ya mu<strong>da</strong>do. Si los zorzales que permanecen todo el año<br />
en el interior del chaco pertenecen a individuos residentes<br />
o de poblaciones más australes. Para denu<strong>da</strong>r estos problemas<br />
sería necesario promover campañas de anillado<br />
en distintas tempora<strong>da</strong>s con cooperación de otros países,<br />
para un mayor conocimiento de las áreas de inverna<strong>da</strong> y<br />
rutas de los migrantes australes.<br />
AGRADeCIMIeNTOS<br />
Este estudio forma parte del programa de estudio de migraciones<br />
de aves del Centro Nacional de Anillado de Aves de Argentina.<br />
Muchas personas participaron marcando y ayu<strong>da</strong>ndo en el trabajo<br />
de campo. Agradecemos a anilladores y operadores del banco de<br />
<strong>da</strong>tos. Por último al Editor Dr. Luis Fábio Silveira y a la revisora<br />
María Alvas por las correcciones y sugerencias que mejoraron el<br />
manuscrito.<br />
21
22<br />
ReFeReNCIAS<br />
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ARTIGO<br />
Periquitos (Aratinga aurea e Brotogeris chiriri,<br />
Psittaci<strong>da</strong>e) como potenciais polinizadores de<br />
Mabea fistulifera Mart. (Euphorbiaceae)<br />
Paulo Antonio <strong>da</strong> Silva<br />
Universi<strong>da</strong>de Federal de Uberlândia, IB, Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação de Recursos Naturais. Campus Umuarama,<br />
Bloco 2D, Sala 26, 38400-902, Uberlândia, MG, Brasil. E-mail: ornitobio@yahoo.com.br<br />
Recebido em: 28/05/2007. Aceito em: 25/03/2008.<br />
AbSTRAcT: Parakeets (Aratinga aurea and Brotogeris chiriri, Psittaci<strong>da</strong>e) as potentials pollinators of Mabea fistulifera Mart.<br />
(Euphorbiaceae). Visits of Peach-fronted Parakeet (Aratinga aurea) and Yellow-chevroned Parakeet (Brotogeris chiriri) to Mabea<br />
fistulifera inflorescences were observed in municipality of Itapura, state of São Paulo, SE Brazil, in June and July 2006. While colleting<br />
nectar the parakeets invariably contacted the female and masculine flowers and probable effecting pollination. The occurrence of<br />
cluster this euphorbiaceous tree is common at the study area. The large flocks of Parakeets made frequent inter-tree movements in<br />
search of nectar and such feeding behaviour was considered to effect cross-pollination. In addition, considering the long distance<br />
flight they can achieve, probable the parakeets promote pollen flow between distant populations of M. fistulifera. Their feeding<br />
behaviour transforms that parakeet’s A. aurea and B. chiriri in important pollinators of M. fistulifera. This is an uncommon case of<br />
pollination performed by Neotropical psittacids.<br />
KEy-wORdS: Aratinga aurea, Brotogeris chiriri, Psittaci<strong>da</strong>e, feeding behaviour, psittacids pollination, Mabea fistulifera,<br />
Euphorbiaceae.<br />
RESuMO: Visitas do periquito-rei (Aratinga aurea) e periquito-de-asa-amarela (Brotogeris chioriri) às inflorescências de Mabea<br />
fistulifera foram observa<strong>da</strong>s no município de Itapura, estado de São Paulo, sudeste do Brasil, em junho e julho de 2006. Enquanto<br />
coletam o néctar os periquitos invariavelmente contatam as flores femininas e masculinas e, provavelmente, efetuam a polinização. A<br />
ocorrência de indivíduos agrupados desta euforbiácea arbórea é comum na área de estudo. Os grandes bandos de periquitos realizam<br />
movimentos freqüentes entre as árvores agrega<strong>da</strong>s, em busca de néctar, e este comportamento alimentar é considerado efetivo à<br />
polinização cruza<strong>da</strong>. Em adição, considerando que os periquitos movem-se por longa distância à procura de alimento, é provável<br />
que eles promovam o fluxo de pólen entre populações distantes de M. fistulifera. Tais comportamentos de alimentação tornam os<br />
periquitos A. aurea e B. chiriri importante polinizadores de M. fistulifera. Este é um caso incomum de polinização promovi<strong>da</strong> por<br />
psitacídeos Neotropicais.<br />
PAlAvRAS-chAvE: Aratinga aurea, Brotogeris chiriri, Psittaci<strong>da</strong>e, comportamento alimentar, polinização por psitacídeos, Mabea<br />
fistulifera, Euphorbiaceae.<br />
A polinização por representantes de Psittaci<strong>da</strong>e parecia<br />
ser um fenômeno peculiar aos Paleotrópicos; membros nectarívoros<br />
<strong>da</strong> subfamília Loriinae, cuja língua é especializa<strong>da</strong><br />
em coletar néctar e pólen, são importantes polinizadores de<br />
plantas asiáticas e australianas (veja revisões de Paton e Ford<br />
1977, Ford et al. 1979, Stiles 1981, Brown e Hopkins 1995<br />
e, também, comentários em Corlett 2004, Fleming e Muchhala<br />
2008). Maués e Venturieri (1996) romperam esta<br />
perspectiva ao reportarem o primeiro caso de polinização<br />
por psitacídeos nos Neotrópicos. Logo, um segundo caso<br />
foi apresentado por Vicentini e Fischer (1999). Ambos os<br />
estudos investigaram plantas pertencentes à família Clusiaceae<br />
(Tabela 1) e assumiram que suas flores são a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong>s à<br />
polinização por psitacídeos. Em segui<strong>da</strong>, Cotton (2001) e<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1):23-28<br />
março de 2008<br />
Ragusa-Netto (2002) observaram psitacídeos polinizando<br />
espécies de Erythrina, Fabaceae (Tabela 1).<br />
Admite-se que estes casos são excepcionais; psitacídeos<br />
neotropicais usualmente se associam às flores (Roth<br />
1984, Ragusa-Netto e Fecchio 2006), mas esta associação<br />
se dá de maneira destrutiva. Provavelmente pela ausência<br />
de língua especializa<strong>da</strong> em coletar néctar e pólen,<br />
os psitacídeos neotropicais removem as flores inteiras ou<br />
consomem partes florais (Forshaw 1989). Conseqüentemente,<br />
estas aves são considera<strong>da</strong>s pre<strong>da</strong>dores de flores e,<br />
obviamente, têm um impacto negativo na reprodução <strong>da</strong>s<br />
plantas (Galetti 1993, Ragusa-Netto 2005).<br />
Este estudo registra as visitas de Aratinga aurea Gmelin,<br />
1788 (periquito-rei) e Brotogeris chiriri Vieillot, 1818
24<br />
(periquito-de-asa-amarela) às inflorescências de Mabea<br />
fistulifera Mart. (Euphorbiaceae) e apresenta um novo<br />
caso de polinização envolvendo psitacídeos neotropicais.<br />
No Brasil, estes psitacídeos de pequeno porte têm ampla<br />
distribuição, sendo geralmente abun<strong>da</strong>ntes onde ocorrem<br />
(Forshaw 1989, Sick 1997). Além disso, A. aurea (Galetti<br />
e Pedroni 1996) e B. chiriri (Ragusa-Netto 2004, Paranhos<br />
et al. 2007) são generalistas em relação à alimentação<br />
e uso do hábitat.<br />
Mabea fistulifera é uma árvore pioneira de médio<br />
porte (2 a 8 m de altura), comum em matas secundárias,<br />
abun<strong>da</strong>nte em áreas de transição <strong>da</strong> Floresta Estacional<br />
Semidecidual para o Cerrado (Lorenzi 2000). Forma<br />
agrupamento denso em locais cuja perturbação antrópica<br />
foi intensa, tais como beira de estra<strong>da</strong> e bor<strong>da</strong>s de<br />
mata (Vieira et al. 1991, Goulart et al. 2005). A floração<br />
ocorre durante a estação seca (Torres de Assumpção<br />
1981, Ferrari e Strier 1992, Olmos e Boulhosa 2000) e<br />
sua inflorescência, do tipo panícula, é composta por 3 a<br />
12 flores pistila<strong>da</strong>s (femininas) e cerca de 350 flores estamina<strong>da</strong>s<br />
(masculinas) (Vieira et al. 1991). Esclarecendo,<br />
a inflorescência é constituí<strong>da</strong> de um pedúnculo (raque)<br />
central, com aproxima<strong>da</strong>mente 15 cm de comprimento,<br />
orientado para baixo. Na base do pedúnculo, partem as<br />
flores femininas, dispostas individualmente. Posterior às<br />
flores femininas, ao longo do pedúnculo, partem as flores<br />
masculinas, arranja<strong>da</strong>s espirala<strong>da</strong>mente em grupos de até<br />
cinco flores. O néctar, secretado a partir de uma bráctea<br />
biglandular localiza<strong>da</strong> na base <strong>da</strong>s flores masculinas,<br />
acumula-se entre as mesmas e ao longo do pedúnculo. A<br />
produção de néctar e pólen inicia-se por volta <strong>da</strong>s 16:00 h<br />
e estes são disponibilizados aos visitantes, em abundância<br />
(1 a 3 mL de néctar), à partir <strong>da</strong>s 20:00 h, estendendo-se<br />
até as 11:00 h <strong>da</strong> manhã seguinte, quando a produção<br />
cessa (Vieira e Carvalho-Okano 1996).<br />
Várias características florais de M. fistulifera estão<br />
associa<strong>da</strong>s à síndrome de polinização por morcegos (quiropterofilia),<br />
tais como grandes inflorescências pendentes<br />
e expostas fora <strong>da</strong> folhagem, flores com antese noturna,<br />
odor desagradável e néctar e pólen copioso (Faegri e van<br />
TAbElA 1: Plantas neotropicais poliniza<strong>da</strong>s por psitacídeos.<br />
TAblE 1: Neotropical plants pollinated by psittacids.<br />
Clusiaceae<br />
Fabaceae<br />
Periquitos (Aratinga aurea e Brotogeris chiriri, Psittaci<strong>da</strong>e) como potenciais polinizadores de Mabea fistulifera Mart. (Euphorbiaceae)<br />
Paulo Antonio <strong>da</strong> Silva<br />
der Pijl 1979, ver também Vieira e Carvalho-Okano<br />
1996). Com relação à coloração – vermelho/laranja –,<br />
contrastam com as flores quiropterófilas, que são comumente<br />
verdes, e se assemelham às ornitófilas (Faegri e van<br />
der Pijl 1979). Morcegos são importantes polinizadores<br />
de M. fistulifera (Vieira e Carvalho-Okano 1996, Olmos<br />
e Boulhosa 2000). Contudo, a coloração, bem como<br />
a presença de néctar e pólen abun<strong>da</strong>nte durante a manhã,<br />
elevam a conspicui<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s inflorescências (Ferrari<br />
e Strier 1992), o que atrai uma fauna vertebra<strong>da</strong> diurna<br />
(Apêndice 1), ampliando o espectro de polinizadores<br />
para primatas (Torres de Assumpção 1981, Ferrari e Strier<br />
1992, Passos e Kim 1999) e aves, sobretudo passeriformes<br />
(Vieira et al. 1992, Olmos e Boulhosa 2000), uma<br />
vez que durante a manhã o estigma ain<strong>da</strong> está receptivo<br />
(Vieira e Carvalho-Okano 1996). Abelhas diurnas Apis<br />
mellifera (Vieira e Carvalho-Okano 1996) e o marsupial<br />
noturno Didelphis marsupialis (Vieira et al. 1991) são,<br />
também, relatados como polinizadores desta euforbiácea.<br />
As observações em M. fistulifera foram conduzi<strong>da</strong>s<br />
num trajeto de aproxima<strong>da</strong>mente 10 km, ao longo <strong>da</strong><br />
Rodovia Gerson Dourado de Oliveira – SP 595, município<br />
de Itapura, extremo oeste do estado de São Paulo<br />
(20°34’S, 51°24’W), domínio fitogeográfico de Floresta<br />
Atlântica Estacional Semidecídua (descrição em Zorzetto<br />
et al. 2003). A maior parte dessa extensão é domina<strong>da</strong> por<br />
densas manchas de M. fistulifera, às margens <strong>da</strong> rodovia e<br />
bor<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s matas em regeneração. A matriz circun<strong>da</strong>nte à<br />
rodovia consiste de largas áreas recentemente modifica<strong>da</strong>s<br />
para monocultura intensiva de cana-de-açúcar. Formações<br />
florestais são fragmenta<strong>da</strong>s, e.g., de pequeno tamanho, e<br />
isola<strong>da</strong>s umas <strong>da</strong>s outras (obs. pess.).<br />
Eu determinei seis pontos de observação no referido<br />
trecho, cujas distâncias entre eles variaram de 500 a<br />
2.190 m. Os pontos foram estabelecidos em virtude do<br />
número de plantas em fenofase de floração (≥ 10 plantas),<br />
uma vez que os psitacídeos tendem a se concentrarem em<br />
recursos produzidos de maneira massiva (Ragusa-Netto e<br />
Fecchio 2006). Ca<strong>da</strong> ponto foi monitorado por um período<br />
contínuo de cinco horas (07:00 às 10:30 e 16:00 às<br />
Plantas Psitacídeos Polinizadores<br />
Aratinga leucophthalma<br />
locais Fontes<br />
Platonia insignis<br />
Brotogeris chrysopterus<br />
Pionites leucogaster<br />
Amazônia (Brasil) Maués e Venturieri (1996)<br />
Moronobea coccinea Brotogeris chrysopterus Amazônia (Brasil) Vicentini e Fisher (1999)<br />
Erythrina fusca<br />
Aratinga weddellii<br />
Brotogeris cyanoptera<br />
Amazônia (Colômbia) Cotton (2001)<br />
Erythrina dominguezzii<br />
Aratinga acuticau<strong>da</strong>ta<br />
Nan<strong>da</strong>yus nen<strong>da</strong>y*<br />
Pantanal (Brasil) Ragusa-Netto (2002)<br />
* Potencial polinizador de flores de Inga vera (Fabaceae) em matas de galeria no sul do Pantanal brasileiro (Ragusa-Netto 2007).<br />
* Potential pollinator of Inga vera (Fabaceae) flowers in gallery forest in south of the brazilian Pantanal (Ragusa-Netto 2007).<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008
17:30), entre 20 de junho e 07 de julho de 2006. Em ca<strong>da</strong><br />
ponto, eu observei o consumo de néctar por periquitos em<br />
árvores presentes num raio de 30 metros. Durante as observações<br />
eu anotei: i) o número de visitas dos periquitos<br />
a M. fistulifera (ca<strong>da</strong> visita corresponde a uma observação<br />
de um periquito ou bando de periquitos se alimentando<br />
de néctar nas inflorescências); ii) número de periquitos;<br />
iii) tempo expendido no forrageio; e iv) comportamento<br />
alimentar. Quando um periquito ou bando se deslocava<br />
de uma planta para outra, uma nova visita era anota<strong>da</strong><br />
(Galetti 2002). Com um binóculo 10 x 25, eu detectei<br />
os indivíduos mais visíveis forrageando o néctar e contei<br />
o número de inflorescências visita<strong>da</strong>s por minuto. Tal<br />
procedimento foi executado somente pela manhã (maior<br />
probabili<strong>da</strong>de de polinização pela fauna diurna, Vieira e<br />
Carvalho-Okano 1996), observando-se 19 indivíduos,<br />
um de ca<strong>da</strong> grupo visitante. Eu determinei o número de<br />
inflorescências visita<strong>da</strong>s pelas espécies através desses 19<br />
indivíduos, sendo nove B. chiriri e dez A. aurea. Eu usei<br />
um binóculo de maior precisão (16 x 50) com o objetivo<br />
de detectar pólen aderido ao corpo dos periquitos.<br />
Dados fenológicos, como Percentual de Intensi<strong>da</strong>de<br />
de Fournier (descrição em Galetti 2002), foram obtidos<br />
em 25 plantas. Dez árvores foram utiliza<strong>da</strong>s para mensurar<br />
a quanti<strong>da</strong>de de inflorescências produzi<strong>da</strong>s (Chapman<br />
et al. 1992). O objetivo era estimar a disponibili<strong>da</strong>de de<br />
inflorescências em to<strong>da</strong>s as plantas visita<strong>da</strong>s pelos periquitos.<br />
O total de inflorescências visita<strong>da</strong>s pelos periquitos<br />
foi estimado conforme o cálculo: média de indivíduos observados<br />
por hora (n = 30 h) x média de inflorescências<br />
visita<strong>da</strong>s por minuto (n = 19 periquitos) x tempo total de<br />
visita (n = 44 visitas).<br />
Os valores apresentados no curso deste texto correspondem<br />
à média ± desvio padrão.<br />
Foram registra<strong>da</strong>s 110 visitas em 30 h de observação<br />
(3,60 ± 4,86 visitas/hora). As características <strong>da</strong>s visitas<br />
de ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s espécies, A. aurea e B. chiriri, são<br />
apresenta<strong>da</strong>s na Tabela 2. Maior parte <strong>da</strong>s visitas ocorreu<br />
pela manhã (91,82% <strong>da</strong>s visitas) e somente B. chiriri visi-<br />
tou M. fistulifera pela tarde (n = 9 registros). Os periquitos<br />
usualmente se agregaram em bandos de alimentação<br />
contendo em média 12,71 ± 18,93 periquitos por hora<br />
de observação. O tempo de forrageio variou entre 1,00 e<br />
28,02 min (6,41 ± 5,68 min, n = 44).<br />
Os indivíduos de M. fistulifera floresceram de maneira<br />
sincrônica e intensa (Intensi<strong>da</strong>de de Fenofase<br />
= 83%, n = 25). A produção de inflorescências por planta<br />
foi estima<strong>da</strong> em 1406 ± 887,98 (n = 10). Durante o estudo,<br />
os periquitos incluíram 36 plantas em suas ativi<strong>da</strong>des<br />
de forrageio. Dessa forma, estimou-se que 50.616<br />
inflorescências estavam disponíveis às visitas por A. aurea<br />
e B. chiriri.<br />
Ambas as espécies de periquitos exibiram comportamento<br />
alimentar similar. Após pousarem na planta, moveram-se<br />
pelos ramos a procura de inflorescências cujo<br />
néctar estava disponível. Como as inflorescências são pendentes<br />
e terminais, na maioria <strong>da</strong>s visitas, os periquitos<br />
ficaram pendurados de cabeça para baixo, pela base <strong>da</strong><br />
inflorescência, que funcionou como um poleiro. Nesses<br />
episódios, os periquitos inseriram a cabeça entre as flores<br />
masculinas para acessarem o néctar. Este comportamento<br />
é semelhante ao do morcego Artibeus lituratus, um dos<br />
principais polinizadores de M. fistulifera (veja Figura 2 em<br />
Vieira e Carvalho-Okano 1996, pg. 65). Modo diferente<br />
de alimentação ocorreu quando os periquitos pousaram<br />
em galhos próximos a inflorescência alvo de visita e, no<br />
ato de estender o corpo, inseriam a cabeça entre as flores<br />
masculinas até acessarem o néctar. Em ambos os casos, os<br />
periquitos invariavelmente tocaram as flores masculinas e<br />
femininas, ou com a cabeça, ou com o abdome e até mesmo<br />
com os pés. Quando contataram as flores masculinas<br />
estas partes do corpo ficaram cobertas por pólen.<br />
Ca<strong>da</strong> periquito visitou, em média, 0,51 ± 1,79 inflorescências/minuto<br />
(n = 19). Como resultado desta ativi<strong>da</strong>de<br />
de forrageio, estimou-se que os periquitos visitaram<br />
um total de 2941 inflorescências (n = 30 h), o que<br />
corresponde a 5,81% <strong>da</strong> produção. Esta taxa, bem como<br />
o comportamento alimentar relatado anteriormente, são<br />
TAbElA 2: Características <strong>da</strong>s visitas por Aratinga aurea e Brotogeris chiriri às inflorescências de Mabea fistulifera.<br />
TAblE 2: Characteristics of visits by Aratinga aurea and Brotogeris chiriri in Mabea fistulifera inflorescences.<br />
variável Aratinga aurea Brotogeris chiriri<br />
Número de visitas 51 59<br />
Tempo total <strong>da</strong>s visitas (min) 194,88 265,27<br />
Duração média <strong>da</strong>s visitas (min)<br />
3,82 ± 5,26*<br />
(entre 2,05 e 28,02, n = 25)<br />
4,49 ± 8,80*<br />
(entre 1,00 e 23,00, n = 19)<br />
Total de indivíduos visitantes 104 278<br />
Média de indivíduos por visita<br />
2,03 ± 2,61*<br />
(variação: 2 e 26, n = 25)<br />
4,71 ± 2,61*<br />
(variação: 2 e 74, n = 19)<br />
Inflorescências por visita<br />
*Média ± Desvio Padrão.<br />
* Mean ± Stan<strong>da</strong>rt Desviation.<br />
Periquitos (Aratinga aurea e Brotogeris chiriri, Psittaci<strong>da</strong>e) como potenciais polinizadores de Mabea fistulifera Mart. (Euphorbiaceae)<br />
Paulo Antonio <strong>da</strong> Silva<br />
0,38 ± 3,74*<br />
(n = 10)<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008<br />
0,90 ± 1,20*<br />
(n = 9)<br />
25
26<br />
Periquitos (Aratinga aurea e Brotogeris chiriri, Psittaci<strong>da</strong>e) como potenciais polinizadores de Mabea fistulifera Mart. (Euphorbiaceae)<br />
Paulo Antonio <strong>da</strong> Silva<br />
suficientes para aludir A. aurea e B. chiriri como potenciais<br />
polinizadores de M. fistulifera.<br />
Adicionalmente, outros psitacídeos, como Diopsittaca<br />
nobilis (maracanã-nobre), Amazona amazonica (papagaio-do-mangue)<br />
e Amazona aestiva (papagaio-ver<strong>da</strong>deiro),<br />
foram observados visitando as inflorescências durante<br />
o estudo (1, 3 e 1 visitas, respectivamente). Devido ao<br />
baixo número de visitas não se discuti aqui sobre o potencial<br />
polinizador destes psitacídeos, embora tenham<br />
exibido comportamento alimentar similar à A. aurea e<br />
B. chiriri. Ferrari e Strier (1992) relataram, brevemente,<br />
sobre visitas de Ara maracana (hoje Primolius maracana;<br />
maracanã-ver<strong>da</strong>deira) às inflorescências de M. fistulifera,<br />
mas não discutiram sobre a sua capaci<strong>da</strong>de de polinização.<br />
Ressalta-se ain<strong>da</strong> que, apesar de Vieira et al. (1991) e Olmos<br />
e Boulhosa (2000) terem listado as aves visitantes às<br />
inflorescências de M. fistulifera, eles não registraram psitacídeos,<br />
mesmo A. aurea e B. chiriri, que possivelmente<br />
ocorrem em ambas às áreas estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s (Sick 1997).<br />
Olmos e Boulhosa (2000) investigaram o comportamento<br />
alimentar de aves em inflorescências de M. fistulifera.<br />
Segundo esses autores a estratégia alimentar adequa<strong>da</strong><br />
ao contato com as flores femininas, conseqüentemente<br />
à polinização efetiva, é aquela em que forrageiam pendura<strong>da</strong>s<br />
nas inflorescências (sua estrutura favorece esta<br />
estratégia), comportamento comum entre os traupídeos e<br />
algumas espécies de morcegos (Vieira e Carvalho-Okano<br />
1996). Esta postura foi a mais adota<strong>da</strong> pelos periquitos<br />
A. aurea e B. chiriri (79,5% <strong>da</strong>s visitas, n = 44), o que<br />
eleva o potencial polinizador destas aves, principalmente<br />
quando comparado aos traupídeos (69% <strong>da</strong>s visitas)<br />
observados por Olmos e Boulhosa (2000). Em adição, a<br />
estrutura floral de M. fistulifera é similar às de plantas poliniza<strong>da</strong>s<br />
por psitacídeos paleotropicais – pequenas flores<br />
reuni<strong>da</strong>s em grandes inflorescências cujo néctar é de fácil<br />
acesso (Stiles 1981, Brown e Hopkins 1995). Tal estrutura,<br />
presumivelmente, é um fator importante para que a<br />
ação pre<strong>da</strong>tória dos periquitos não seja produzi<strong>da</strong>.<br />
Goulart et al. (2005) evidenciaram que em M. fistulifera<br />
a maior parte <strong>da</strong> variação genética está localiza<strong>da</strong><br />
entre indivíduos dentro <strong>da</strong>s populações. Os periquitos<br />
A. aurea e B. chiriri, durante a alimentação, realizam<br />
movimentos freqüentes entre as árvores agrega<strong>da</strong>s. Dessa<br />
forma, eles podem promover a polinização cruza<strong>da</strong>, por<br />
conseguinte, o fluxo de pólen e genes entre as plantas,<br />
corroborando a variabili<strong>da</strong>de genética entre os membros<br />
agregados de M. fistulifera. Goulart et al. (2005) também<br />
encontraram uma variação genética modera<strong>da</strong> quando<br />
foram compara<strong>da</strong>s populações distantes. Considerando<br />
que os psitacídeos movem-se por grandes áreas em busca<br />
de recursos alimentares (Ragusa-Netto e Fecchio 2006),<br />
A. aurea e B. chiriri podem contribuir para o fluxo gênico<br />
entre populações distantes desta euforbiácea. Inferências<br />
similares foram feitas por Maués e Venturieri (1996) ao<br />
relatarem visitas de psitacídeos em flores de membros<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008<br />
agregados e populações distantes de Platonia insignis<br />
(Clusiaceae).<br />
Particularmente na área estu<strong>da</strong><strong>da</strong>, M. fistulifera parece<br />
apresentar o pico de floração nos meses mais secos do<br />
ano – junho ao início de agosto (obs. pess.). Nos trópicos,<br />
a estação seca coincide com depleções na disponibili<strong>da</strong>de<br />
de recursos, e.g., frutos carnosos (Terborgh 1986). Apesar<br />
de frutos, sobretudo suas sementes, comporem a dieta<br />
básica de muitos psitacídeos neotropicais (Roth 1984,<br />
Ragusa-Netto e Fecchio 2006), recurso floral, inclusive<br />
néctar, tem sido considerado importante alternativa<br />
alimentar na estação seca (Galetti 1993, Ragusa-Netto<br />
2004, 2005, 2007). Durante a seca, flores, provavelmente<br />
o néctar, constituem 39% <strong>da</strong> dieta de Pionus maximiliani<br />
(maitaca) na Mata Atlântica (Galetti 1993). No Pantanal,<br />
no período seco, o néctar de Tabebuia aurea, Bignoniaceae<br />
(Ragusa-Netto 2005) e Inga vera, Fabaceae (Ragusa-<br />
Netto e Fecchio 2006, Ragusa-Netto 2007) é um valioso<br />
recurso para psitacídeos, incluindo A. aurea e B. chiriri.<br />
Sugestivamente, como observado para primatas (Torres<br />
de Assumpção 1981, Ferrari e Strier 1992, Passo e Kim<br />
1999), marsupial (Vieira et al. 1991), morcegos e outras<br />
aves (Vieira et al. 1992, Vieira e Carvalho-Okano 1996,<br />
Olmos e Boulhosa 2000), o néctar de M. fistulifera é um<br />
importante recurso à A. aurea e B. chiriri durante a estação<br />
seca. A importância desta euforbiácea, na alimentação<br />
dos periquitos, cresce ao considerar que na área estu<strong>da</strong><strong>da</strong><br />
os hábitats são altamente perturbados (e.g., por fogo e<br />
desmatamento) e antropicamente modificados (monocultura<br />
intensiva de cana-de-açúcar), presumindo serem<br />
pobre em recursos. Olmos e Boulhosa (2000) sugeriram<br />
que o néctar de M. fistulifera é um recurso-chave para aves<br />
durante a estação seca, especialmente em hábitats isolado<br />
e pobre em recursos alimentares.<br />
As características ecológicas de M. fistulifera, pelo menos<br />
com relação à polinização, parecem favorecer e otimizar<br />
seu sucesso reprodutivo em ambientes perturbados (Vieira<br />
e Carvalho-Okano 1996). A sincronia e pico na floração<br />
durante a seca, grande quanti<strong>da</strong>de de inflorescências por<br />
planta e inflorescências generalistas quanto aos visitantes,<br />
certamente estão volta<strong>da</strong>s a atrair e saciar uma fauna diversifica<strong>da</strong>,<br />
não necessariamente nectarívora, que indubitavelmente<br />
promove a polinização nesta planta em tais hábitats.<br />
Estudos mencionaram vertebrados de características<br />
ecológicas e morfológicas contrastantes e que, no entanto,<br />
são eficientes polinizadores de M. fistulifera (veja Torres de<br />
Assumpção 1981, Vieira et al. 1991, Ferrari e Strier 1992,<br />
Vieira e Carvalho-Okano 1996, Passos e Kim 1999, Olmos<br />
e Boulhosa 2000). Este estudo amplia o espectro de polinizadores<br />
para aves Psittaci<strong>da</strong>e que, na maioria <strong>da</strong>s interações<br />
com flores, afetam a reprodução <strong>da</strong>s plantas de maneira<br />
negativa, via pre<strong>da</strong>ção. Ponderando-se que polinização por<br />
psitacídeos é rara entre as plantas neotropicais (Maués e<br />
Venturieri 1996), a interação descrita neste estudo é mais<br />
um caso excepcional relatado para os Neotrópicos.
Periquitos (Aratinga aurea e Brotogeris chiriri, Psittaci<strong>da</strong>e) como potenciais polinizadores de Mabea fistulifera Mart. (Euphorbiaceae)<br />
Paulo Antonio <strong>da</strong> Silva<br />
AGRAdEcIMEnTOS<br />
Para melhoria deste texto, beneficiei-me <strong>da</strong>s críticas, comentários<br />
e sugestões feitas por Dra. Celine de Melo (Universi<strong>da</strong>de Federal<br />
de Uberlândia), Dra. Milene F. Vieira (Universi<strong>da</strong>de Federal de Viçosa)<br />
e um revisor anônimo. Deixo consignado o meu agradecimento<br />
pelas valiosas contribuições. Agradeço, de maneira especial, ao Dr.<br />
José Ragusa-Netto (Universi<strong>da</strong>de Federal de Mato Grosso do Sul),<br />
que em muito tem me auxiliado com discussões alusivas à ecologia<br />
de psitacídeos.<br />
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27
28<br />
Periquitos (Aratinga aurea e Brotogeris chiriri, Psittaci<strong>da</strong>e) como potenciais polinizadores de Mabea fistulifera Mart. (Euphorbiaceae)<br />
Paulo Antonio <strong>da</strong> Silva<br />
APêndIcE 1: Nectarivoria por vertebrados em Mabea fistulifera.<br />
APPEndIx 1: Nectarivory by vertebrates in Mabea fistulifera.<br />
Grupo Espécie (*)<br />
Aves (54 spp.) NÃO-PASSERIFORMES: Psittaci<strong>da</strong>e – Primolius maracana ‡ (1), Diopsittaca nobilis ‡ (2), Aratinga aurea † (2),<br />
Brotogeris chiriri † (2), Amazona amazonica ‡ (2), Amazona aestiva ‡ (2); Trochili<strong>da</strong>e – Phaethornis pretrei †† (3);<br />
Eupetomena macroura †† (2, 3, 4), Florisuga fusca †† (2, 3, 4), Anthracothorax nigricollis †† (3, 4), Chlorostilbon<br />
lucidus †† (2, 4), Thalurania glaucopis †† (4), Thalurania furcata †† (2), Hylocharis chrysura †† (2, 3), Leucochloris<br />
albicollis †† (3), Heliomaster longirostris †† (2), Calliphlox amethystina †† (3, 4); Pici<strong>da</strong>e – Melanerpes candidus ‡ (2);<br />
PASSERIFORMES: Tyranni<strong>da</strong>e – Elaenia flavogaster ‡ (2, 3), Elaenia mesoleuca ‡ (2, 4), Elaenia chiriquensis ‡ (3),<br />
Serpophaga subcristata ‡ (4), Myiozetetes similis ‡ (4), Pitangus sulphuratus ‡ (2, 4); Corvi<strong>da</strong>e – Cyanocorax chrysops ‡<br />
(2, 3); Turdi<strong>da</strong>e – Turdus leucomelas ‡ (2, 3, 4); Mimi<strong>da</strong>e – Mimus saturninus ‡ (4); Coerebi<strong>da</strong>e – Coereba flaveola ‡<br />
(2, 4); Thraupi<strong>da</strong>e – Nemosia pileata † (2, 3, 4), Thlypopsis sordi<strong>da</strong> † (4), Trichothraupis melanops † (4), Tachyphonus<br />
coronatus † (4), Thraupis sayaca † (2, 3, 4), Thraupis ornata † (4), Thraupis palmarum † (2, 3, 4), Pipraeidea<br />
melanonota † (4), Tangara cyanoventris † (4), Tangara cayana † (2, 3, 4), Tersina viridis † (4), Dacnis cayana † (3, 4),<br />
Cyanerpes cyaneus † (3), Conirostrum speciosum † (2, 4), Conirostrum bicolor † (3); Emberizi<strong>da</strong>e – Zonotrichia capensis<br />
‡ (4), Ammodramus humeralis ‡ (2), Sicalis flaveola ‡ (4), Sporophila caerulescens ‡ (4), Coryphospingus cucullatus ‡<br />
(2); Cardinali<strong>da</strong>e – Saltator similis ‡ (4); Icteri<strong>da</strong>e – Cacicus haemohrrous ‡ (1), Icterus cayanensis † (2); Fringili<strong>da</strong>e<br />
– Euphonia chlorotica † (2), Euphonia violacea † (4); Passeri<strong>da</strong>e – Passer domesticus ‡ (4).<br />
Mamíferos (12 spp.) Quirópteros: Phyllostomi<strong>da</strong>e – Artibeus lituratus † (3, 5), Chiroderma doriae † (3), Glossophaga soricina †† (3, 5),<br />
Sturnira lilium † (3, 5), Vampyrops lineatus † (5); Marsupiais: Didelphi<strong>da</strong>e – Caluromus philander ‡ (1), Didelphis<br />
marsupialis † (6); Primatas: Cebi<strong>da</strong>e – Cebus apella † (7); Callitrichi<strong>da</strong>e – Callithrix flaviceps † (1), Leontopithecus<br />
chrysopygus † (8); Ateli<strong>da</strong>e – Brachyteles arachnoides † (1, 7); Coatis: Procyoni<strong>da</strong>e – Nasua nasua ‡ (3).<br />
* Referência: 1 = Ferrari e Strier (1992); 2 = presente estudo; 3 = Olmos e Boulhosa (2000); 4 = Vieira et al. (1992); 5 = Vieira e Carvalho-Okano<br />
(1996); 6 = Vieira et al. (1991); 7 = Torres de Assumpção (1981); 8 = Passos e Kim (1999).<br />
‡ Podem polinizar: dependendo do comportamento alimentar, e.g., quando pousam (aves) ou se movimentam pelos ramos floríferos (mamíferos<br />
não-voadores) (ver referências deste Apêndice).<br />
† Atuam como polinizadores: forrageiam néctar comumente pendurado na inflorescência (aves e morcegos pousadores), ou durante o consumo,<br />
mesmo que não pousado diretamente na inflorescência, as partes do corpo invariavelmente tocam as flores femininas e masculinas (mamíferos nãovoadores)<br />
(ver referências deste Apêndice).<br />
†† Não polinizam: a principal estratégia alimentar consiste em adejar frontalmente à inflorescência, não entrando em contato com as flores femininas<br />
(ver Vieira e Carvalho-Okano 1996, Olmos e Boulhosa 2000).<br />
* = Reference: 1 = Ferrari e Strier (1992); 2 = present study; 3 = Olmos e Boulhosa (2000); 4 = Vieira et al. (1992); 5 = Vieira e Carvalho-Okano<br />
(1996); 6 = Vieira et al. (1991); 7 = Torres de Assumpção (1981); 8 = Passos e Kim (1999).<br />
‡ Can pollinate: depending on the feeding behavior, e.g., when perched (birds) or they are moved by the flowered branches (non-volant mammals)<br />
(see references of this Appendix).<br />
† Act as pollinators: they forage nectar commonly perched in the inflorescence (perching birds and bats), or during the consumption, even if no<br />
perched directly in the inflorescence, the parts of the body invariably contact the feminine and masculine flowers (non-volant mammals) (see<br />
references of this Appendix).<br />
†† Don’t pollinate: the major feeding strategy consists of hovering opposite to the inflorescence, not contacting the feminine flowers (see Vieira and<br />
Carvalho-Okano 1996, Olmos and Boulhosa 2000).<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008
1.<br />
2.<br />
ARTIGO<br />
Influence of temperature on Greater<br />
Rhea Rhea americana activity in restinga<br />
habitat, southern Brazil<br />
Luiz Gustavo Rodrigues Oliveira-Santos 1,2 and Fernando Augusto Tambelini Tizianel 1<br />
Universi<strong>da</strong>de Federal de Mato Grosso do Sul – Programa de Pós-graduação em Ecologia e Conservação.<br />
Correspondence: Rua Candelária, 766, Vila Ipiranga, Campo Grande, MS, Brazil. E-mail: gu_tapirus@hotmail.com<br />
Recebido em: 01/10/2007. Aceito em: 07/03/2008.<br />
ReSumO: Influência <strong>da</strong> temperatura sobre a ativi<strong>da</strong>de de emas Rhea americana numa restinga do sul do Brasil. Nós usamos<br />
armadilhas fotográficas para estu<strong>da</strong>r a influência <strong>da</strong> temperatura sobre a ativi<strong>da</strong>de de emas ao longo de um ano. Emas apresentaram<br />
ativi<strong>da</strong>de predominantemente diurna. No entanto, sua ativi<strong>da</strong>de decresceu com o aumento <strong>da</strong> temperatura média do dia nos<br />
ambiente de restinga herbácea. Nossos resultados sugerem que em dias quentes, emas podem usar a estratégia comportamental de<br />
diminuição <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de para regulação térmica e hídrica.<br />
PALAvRAS-chAve: Ativi<strong>da</strong>de circadiana, ratitas, Rhea americana, termo-regulação, regulação hídrica.<br />
ABSTRAcT: We used camera trapping to study the influence of temperature on Greater Rheas activity for one year. Rheas were<br />
predominantly diurnal in activity throughout the <strong>da</strong>y¸ however¸ its activity decreased with increased <strong>da</strong>ily average temperature in<br />
herbaceous restinga. Our results suggest that on hot <strong>da</strong>ys, rheas can use behavioral strategies to diminish their activity to benefit<br />
thermal and water balance control.<br />
Key-wORdS: Daily activity, ratites, Rhea americana, thermoregulation, water balance<br />
Thermo-independent animals, such as birds, allocate<br />
most of their metabolic energy towards body temperature<br />
maintenance. Besides physiological a<strong>da</strong>ptations,<br />
birds may maintain their water and thermal balance<br />
through habitat selection, or by suppressing their activity<br />
during the hottest periods of the <strong>da</strong>y (Shimidt-Nielsen<br />
2005).<br />
The Greater Rhea (Rhea americana Linnaeus, 1758)<br />
is a large flightless bird that eats mainly leaves and fruits,<br />
insects, geckos and frogs (Sick 1997). It is diurnal and<br />
inhabits exclusively open fields and savannas in South<br />
America (Bruning 1974), hence it is frequently exposed<br />
to high temperatures. Panting with the bill slightly open<br />
or entering bogs and rivers are behavioral strategies of<br />
thermal and water balance regulation used by the Greater<br />
Rhea to a<strong>da</strong>pt to high temperatures (Sick 1997). Additionally,<br />
because of its foraging habits, walking constantly<br />
during the <strong>da</strong>y (Sick 1997), suppression of walking on<br />
very hot <strong>da</strong>ys could be an additional strategy involved in<br />
temperature control and water balance. This study investigated<br />
the influence of temperature on Greater Rhea<br />
activity in open areas of restinga habitat in southern<br />
Brazil.<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1):29-31<br />
março de 2008<br />
mATeRIALS And meThOdS<br />
Study area: The study was carried out in the coastal<br />
plains of the Serra do Tabuleiro State Park (27°40”S,<br />
48°49”O), state of Santa Catarina, Brazil. The annual<br />
average precipitation is approximately 1600 mm,<br />
with February being the rainiest month (average of<br />
211 mm) and June the driest (average of 68 mm). The<br />
annual average temperature is 19°C, with January the<br />
hottest month (average of 23°C) and July the coldest<br />
(average of 15°C) (GAPLAN 1986). The vegetation<br />
is formed by a mosaic of restinga over sand bars<br />
and intermingled with swampy areas, permanent and<br />
temporary lagoons (Klein 1981). Three distinct habitats<br />
were identified: 1) natural fragments of arboreal<br />
restinga with canopy at five m and a dense understory;<br />
2) open matrix of herbaceous restinga composed<br />
of several graminaceous and cyperaceous plants, and<br />
some shrubby nuclei of Melastomaceae (Miconia and<br />
Tibouchina), Myrtaceae (Psidium cattleianum), Clusiaceae<br />
(Clusia) and some small trees; and 3) swamps<br />
with Cyperus dominance, with herbs that reach up to<br />
2 m in height.
30<br />
Influence of temperature on Greater Rhea Rhea americana activity in restinga habitat, southern Brazil<br />
Luiz Gustavo Rodrigues Oliveira-Santos and Fernando Augusto Tambelini Tizianel<br />
Sampling: Between June 2005-June 2006, four digital<br />
model camera traps (Tigrinus®) were used to monitor<br />
mammals in these three habitats. However, Greater Rheas<br />
were frequently recorded. Eleven sampling points were<br />
chosen: three in the swamps, four each in the arboreal<br />
and herbaceous restinga. A minimum distance of 200 m<br />
between sampling points was maintained. The minimum<br />
convex polygon formed by sampling points covered around<br />
120 ha, an area large enough to record several different<br />
individuals (rheas have 1-4 ha home ranges with extensive<br />
overlap due their gregarious habits; Bellis et al. 2004a,<br />
Bellis et al. 2004b). The cameras were programmed to<br />
print the <strong>da</strong>te and hour of each record, and were prepared<br />
to monitor the entire period. The sampling points used<br />
for the four camera traps were changed weekly among the<br />
eleven chosen points, representing a schedule of random<br />
selection. The total sampling effort was 1010 trap-<strong>da</strong>ys,<br />
with 224 in the arboreal restinga, 338 in the swamps and<br />
448 in the herbaceous restinga. Uniform sampling effort<br />
was maintained among different seasons of the year.<br />
Data analyses: For statistical analysis, only those records<br />
with a minimal interval of one hour between photos at<br />
each sampling point were considered independent. Each<br />
photo received an average temperature value referring to<br />
the <strong>da</strong>y of record. The <strong>da</strong>ily values of average temperature<br />
were supplied by an Epagri Automatic Meteorological<br />
Station located 15 km from the study area. We used<br />
linear regression analysis to test the relationship between<br />
the rhea activity and <strong>da</strong>ily average temperature. We measured<br />
activity as the frequency of records in each class of<br />
<strong>da</strong>ily average temperature, with the classes divided into<br />
intervals of 1°C. The frequency of records was calculated<br />
FIGuRe 1: Independent record distribution of Greater Rheas during<br />
hours of the <strong>da</strong>y, between June 2005-June 2006, in the restinga of<br />
Serra do Tabuleiro State Park.<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008<br />
by dividing the number of photographs in each temperature<br />
class by the sampling effort (in trap-<strong>da</strong>ys) for each<br />
temperature class.<br />
ReSuLTS<br />
We acquired 120 independent records, 118 in the<br />
herbaceous restinga and two in the arboreal habitat. There<br />
were no records in the swamps. Rheas were predominantly<br />
diurnal in activity throughout the <strong>da</strong>y (Figure 1). For<br />
the statistical analysis we used only the records for herbaceous<br />
restinga (98% of all records), as the sample size was<br />
too limited for arboreal habitat. Rhea activity decreased<br />
with increased <strong>da</strong>ily average temperature in herbaceous<br />
restinga (R 2 = 0,35; n = 13; P = 0,03) (Figure 2).<br />
dIScuSSIOn<br />
Rheas use open habitats throughout their geographic<br />
distribution, whereas forested areas can make walking<br />
difficult due to their social habits of living mainly in large<br />
groups (Sick 1997). The main anti-pre<strong>da</strong>tor behavior developed<br />
by the species is to run at high speeds with sinuous<br />
movements, an impracticable strategy in closed habitats<br />
such as forests (Martela et al. 1995, Sick 1997, Bellis<br />
et al. 2004a). Similarly, swamps contain dense vegetation<br />
and the flooded soil can be an additional hindrance to<br />
locomotion. These factors may explain why 98% of our<br />
records occurred in the herbaceous restinga, a habitat of<br />
intense foraging and use (Oliveira-Santos, pers. obs.) and<br />
better visibility to detect and escape from pre<strong>da</strong>tors (Rebore<strong>da</strong><br />
and Fernandez 1997, Fernandez et al. 2003).<br />
Selection of shadowed habitats during the hottest<br />
hours of the <strong>da</strong>y was not a strategy used by rheas, probably<br />
due to the factors discussed previously. In spite of<br />
FIGuRe 2: Sampling effort in trap-<strong>da</strong>ys in each class of <strong>da</strong>ily average<br />
temperature, and the relationship between the rhea activity and <strong>da</strong>ily<br />
average temperature between June 2005-June 2006, in the herbaceous<br />
restinga of Serra do Tabuleiro State Park (y = -0.027x + 0.808).
Influence of temperature on Greater Rhea Rhea americana activity in restinga habitat, southern Brazil<br />
Luiz Gustavo Rodrigues Oliveira-Santos and Fernando Augusto Tambelini Tizianel<br />
the constant circadian activity noted throughout the<br />
<strong>da</strong>y, rheas displayed reduced activity during the warmest<br />
<strong>da</strong>ys. There is a direct relationship between the activity<br />
level and body temperature of the birds (e.g. Morrinson<br />
1962, Langman 1973). Our results suggest that on hot<br />
<strong>da</strong>ys, rheas can use behavioral strategies to diminish their<br />
activity to benefit thermal and water balance control.<br />
They can sit upright or lay flat on the ground to protect<br />
themselves in the dense herbaceous vegetation, or within<br />
shrubs. Rheas also can simply decrease their home range<br />
to control energy expenditure for thermal regulation, also<br />
avoiding dehydration.<br />
AcKnOwLedGemenTS<br />
We are grateful to Vitor Piacentini and Leo Salas for the translation<br />
of the original manuscript. We appreciate the improvements in<br />
English usage made by Daniel Brooks through the Association of Field<br />
Ornithologists’ program of editorial assistance.<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008<br />
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31
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1):32-37<br />
março de 2008<br />
1.<br />
2.<br />
ARTIGO<br />
Columba livia e Pitangus sulphuratus como indicadoras<br />
de quali<strong>da</strong>de ambiental em área urbana<br />
Suélen Amâncio 1,2 , Valéria Barbosa de Souza 2 e Celine Melo 2<br />
Rua Rio Grande do Sul, 1087, 38400-650, Uberlândia, MG, Brasil. E-mail: suelenbio24@yahoo.com.br<br />
Laboratório de Ornitologia e Bioacústica, Instituto de Biologia, Universi<strong>da</strong>de Federal de Uberlândia. Rua Ceará, s/n, 38400-902, Uberlândia,<br />
MG, Brasil. E-mails: valerybsouza@yahoo.com.br e celinemelo@gmail.com<br />
Recebido em: 15/06/2007. Aceito em: 04/03/2008.<br />
ABSTRACT: Columba livia and Pitangus sulphuratus as environmental indicators in urban areas. Biological communities<br />
have been widely used to evaluate environmental impacts and, in urban areas, they are important instruments to determine the<br />
environmental quality of this ecosystem. The main goal of this work was to study the potential of the Columba livia and Pitangus<br />
sulphuratus as bioindicators of urban environmental quality, and thus, evaluate the influence of this environment in the ecology<br />
of these species. Six neighborhoods in Uberlândia, Minas Gerais, Brazil, were selected for this research and four observation spots<br />
were established in each neighborhood. The <strong>da</strong>ta was collected during the following intervals: 7:00-9:00, 12:00-14:00 and 16:00-<br />
18:00. Each interval was sampled twice a season (twice in the wet season and twice during the dry season), totalizing 144 h. The<br />
researched areas were characterized according to the level of urbanization and the intensity of flow of both vehicles and people.<br />
Columba livia can be considered as a bioindicator of negative environmental quality because it was more abun<strong>da</strong>nt in areas with<br />
high flow of vehicles and people. Pitangus sulphuratus, although common in urban areas, wasn’t considered a good bioindicator of<br />
urban environmental quality because no correlation was found with the your abun<strong>da</strong>nce and human direct intervention and not<br />
with the level of impact areas.<br />
Key-wORdS: bioindicator, urban environment, Columba livia, Pitangus sulphuratus.<br />
ReSuMO: A utilização de comuni<strong>da</strong>des biológicas para avaliação de impactos ambientais vem sendo amplamente difundi<strong>da</strong>, e<br />
no ambiente urbano é uma ferramenta útil na determinação <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de ambiental desse ecossistema. O objetivo do trabalho<br />
foi determinar o potencial de Columba livia e Pitangus sulphuratus como bioindicadores de quali<strong>da</strong>de ambiental urbana, e assim,<br />
avaliar a interferência deste ambiente nas populações <strong>da</strong>s espécies estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s. Foram seleciona<strong>da</strong>s seis áreas em Uberlândia (MG),<br />
com quatro pontos ca<strong>da</strong>. As coletas ocorreram nos horários de 7:00-9:00, 12:00-14:00 e 16:00-18:00. Ca<strong>da</strong> intervalo foi amostrado<br />
duas vezes por estação (chuvosa e seca), totalizando 144 h. Foi realiza<strong>da</strong> a caracterização <strong>da</strong>s áreas quanto à urbanização, fluxo de<br />
veículos e pessoas. Columba livia pode ser considera<strong>da</strong> uma bioindicadora de quali<strong>da</strong>de ambiental negativa, pois foi encontra<strong>da</strong> em<br />
maior abundância em áreas com alta movimentação de pessoas e veículos. Pitangus sulphuratus mesmo sendo comum no ambiente<br />
urbano não foi considera<strong>da</strong> bioindicadora de quali<strong>da</strong>de ambiental urbana, pois não foi encontra<strong>da</strong> correlação de sua abundância com<br />
a intervenção humana direta nem com o nível de impacto <strong>da</strong>s áreas.<br />
PAlAVRAS-ChAVe: bioindicação, ambiente urbano, Columba livia, Pitangus sulphuratus.<br />
A Região Sudeste vem sendo historicamente desmata<strong>da</strong>,<br />
onde a cobertura florestal do estado de Minas Gerais<br />
foi reduzi<strong>da</strong> a 2% do original (Andrade 1997). A redução<br />
<strong>da</strong> cobertura florestal a fragmentos pequenos tem trazido<br />
conseqüências negativas para a avifauna (Marini 1996)<br />
como a diminuição no número de espécies mais especializa<strong>da</strong>s,<br />
e manutenção em sua maioria, <strong>da</strong>s generalistas<br />
(D’Angelo Neto et al. 1998).<br />
De acordo com Marini e Garcia (2005) as intervenções<br />
humanas afetaram, significativamente, as espécies de<br />
aves que habitam os ecossistemas naturais brasileiros. A<br />
resposta <strong>da</strong>s aves a essas alterações varia desde aquelas que<br />
se beneficiaram com as alterações do habitat e aumentaram<br />
suas populações [p. ex., bem-te-vi (Pitangus sulphuratus)],<br />
até aquelas que foram extintas <strong>da</strong> natureza [p. ex.,<br />
mutum-do-nordeste (Mitu mitu) e arara-azul-pequena<br />
(Anodorhynchus glaucus)].<br />
O processo de urbanização ocorre de forma acelera<strong>da</strong><br />
e como conseqüências têm-se efeitos intensivos e<br />
localizados que provocam profun<strong>da</strong>s alterações nos sistemas<br />
naturais e na paisagem original <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong>des e, consequentemente,<br />
nos padrões de quali<strong>da</strong>de ambiental do<br />
meio urbano. Dessa forma, em face às ações antrópicas, a<br />
vegetação natural desaparece gra<strong>da</strong>tivamente dos centros<br />
urbanos e cede lugar à paisagem construí<strong>da</strong> (Pereira et al.<br />
2005).<br />
Mendonça-Lima e Fontana (2000) afirmaram que,<br />
em decorrência às essas mu<strong>da</strong>nças, muitos animais, principalmente<br />
as aves, têm encontrado refúgios para sua sobrevivência<br />
em áreas urbanas como praças, bosques, par-
Columba livia e Pitangus sulphuratus como indicadoras de quali<strong>da</strong>de ambiental em área urbana<br />
Suélen Amâncio, Valéria Barbosa de Souza e Celine Melo<br />
ques, hortos, cemitérios, que de alguma forma, mantém<br />
um mínimo de arborização. Neste contexto, a arborização<br />
urbana é um dos fatores primordiais a ser contemplado no<br />
planejamento urbano de ci<strong>da</strong>des, pois desempenha neste<br />
ambiente uma referência para quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> (Pereira<br />
et al. 2005).<br />
A utilização de comuni<strong>da</strong>des biológicas para avaliação<br />
de mu<strong>da</strong>nças e impactos ambientais vem sendo amplamente<br />
difundi<strong>da</strong>, e no ambiente urbano é uma ferramenta<br />
útil na determinação <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de ambiental deste<br />
ecossistema. Muitos grupos animais ou espécies têm sido<br />
propostos como indicadores <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de ambiental, porém<br />
poucos estudos abor<strong>da</strong>m a questão essencial sobre a<br />
correlação entre o status do indicador e as mu<strong>da</strong>nças nas<br />
variáveis ambientais (Ramos et al. 2006).<br />
As aves são indicadores biológicos interessantes, pois<br />
possuem comportamento conpíscuo, são de fácil e rápi<strong>da</strong><br />
identificação, têm eleva<strong>da</strong> diversi<strong>da</strong>de e especialização<br />
ecológica, são de fácil amostragem, há riqueza de informações<br />
sobre elas e são altamente sensíveis a distúrbios<br />
(Rutschke 1987, Stotz et al. 1996). O conhecimento <strong>da</strong>s<br />
exigências ecológicas de muitas famílias, gêneros e espécies<br />
de aves pode ser suficiente em diversas situações para<br />
indicar condições ambientais às quais são sensíveis (Donatelli<br />
et al. 2004).<br />
Columba livia (Gmelin 1789), “pomba doméstica” foi<br />
introduzi<strong>da</strong> no Brasil no século XVI. É comum em ci<strong>da</strong>des<br />
e fazen<strong>da</strong>s, onde nidifica em construções e edificações humanas.<br />
É uma espécie abun<strong>da</strong>nte em praças públicas, pois<br />
consome restos de alimento no chão (Sigrist 2006). No<br />
Brasil, gera problemas sanitários pelos dejetos que produz e<br />
pelo seu potencial na transmissão de doenças (Sick 1997).<br />
Pitangus sulphuratus (Linnaeus 1766), “bem-te-vi” é<br />
uma <strong>da</strong>s espécies mais comuns em quase todo o Brasil,<br />
ocorrendo em diversos tipos de ambientes, inclusive urbanos.<br />
Possui dieta onívora e é agressiva (Sigrist 2006).<br />
Ajusta-se a qualquer meio e descobre facilmente novas<br />
fontes de alimentos (Sick 1997).<br />
Segundo Matarazzo-Neuberger (1995), as aves são<br />
partes significativas <strong>da</strong> fauna urbana, e com o crescimento<br />
acelerado <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong>des, torna-se importante o estudo <strong>da</strong><br />
ecologia desses organismos neste ecossistema. Muitos levantamentos<br />
já foram realizados nestes ambientes (Argelde-Oliveira<br />
1995, Franchin e Marçal Júnior 2002, 2004),<br />
porém na região tropical pouca atenção tem sido <strong>da</strong><strong>da</strong> aos<br />
estudos envolvendo as respostas <strong>da</strong> avifauna aos processos<br />
de urbanização (Reynaud e Thioulouse 2000, Marzluff<br />
et al. 2001, Lim e Sodhi 2004).<br />
O objetivo do trabalho foi realizar uma estimativa<br />
populacional de duas espécies comuns em ambientes urbanos<br />
(Columba livia e Pitangus sulphuratus) e determinar<br />
quais são os fatores que interferem na abundância e distribuição<br />
dessas aves, e a partir destes, avaliar o potencial de<br />
serem indicadoras <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de (positiva ou negativa) em<br />
ambientes urbanos.<br />
MéTOdOS<br />
O trabalho foi realizado entre os meses de junho de<br />
2006 e março de 2007 no ambiente urbano do município<br />
de Uberlândia, MG (18°52’34”S; 48°15’21”O), que está<br />
inserido no domínio do Cerrado (lato sensu) (Araújo et al.<br />
1997). O clima na região apresenta sazonali<strong>da</strong>de evidente<br />
com verão chuvoso (outubro a março) e inverno seco<br />
(abril a setembro) (Rosa et al., 1991).<br />
Foram amostrados 24 pontos distribuídos igualmente<br />
em seis áreas. Os quatro pontos de ca<strong>da</strong> área estavam a<br />
uma distância mínima de 100 m, para diminuir a sobreposição<br />
entre eles. Estas áreas foram escolhi<strong>da</strong>s de acordo<br />
com o grau de urbanização, fluxo de pessoas e de veículos<br />
que conjuntamente resultaram em três níveis distintos<br />
(baixo, médio e alto) de quali<strong>da</strong>de ambiental. Para ca<strong>da</strong><br />
nível foram amostra<strong>da</strong>s duas áreas.<br />
O grau de urbanização foi classificado em nível 1,<br />
quando a área construí<strong>da</strong> e/ou pavimenta<strong>da</strong> era de até<br />
30%; nível 2, quando possuía de 30% a 70% de área<br />
construí<strong>da</strong> e/ou pavimenta<strong>da</strong>; e em nível 3, para áreas<br />
com 100% de construção e/ou pavimentação.<br />
Os fluxos de veículos e pessoas foram registrados nos<br />
três períodos de coleta de <strong>da</strong>dos (07:00-09:00, 12:00-<br />
14:00 e 16:00-18:00 h), totalizando 72 h. Para fluxo de<br />
pessoas, estimado em número de indivíduos por hora, foram<br />
considerados os seguintes níveis: 1) quando inferior<br />
a 100; 2) entre 100 e 300; e 3) superior a 300. O fluxo de<br />
veículos, mensurado em número de veículos por hora, foi<br />
classificado em: 1) se inferior a 200; 2) entre 300 e 600; e<br />
3) quando superior a 600.<br />
Em ca<strong>da</strong> ponto, os parâmetros foram medidos seis<br />
vezes, e para a classificação <strong>da</strong>s áreas quanto ao nível de<br />
impacto foram calcula<strong>da</strong>s as médias dos três parâmetros<br />
(urbanização, fluxo de veículos e pessoas) (Tabela 1).<br />
A abundância de ca<strong>da</strong> espécie foi obti<strong>da</strong> pelo número<br />
de indivíduos contatados em ca<strong>da</strong> ponto, em um raio<br />
de cobertura de aproxima<strong>da</strong>mente 20 m. As observações<br />
foram em seções de 15 minutos, cobrindo três intervalos<br />
horários: 7:00-9:00, 12:00-14:00 e 16:00-18:00 h. Ca<strong>da</strong><br />
intervalo horário foi amostrado duas vezes por estação<br />
TABelA 1: Caracterização prévia <strong>da</strong>s áreas estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s de acordo com<br />
os parâmetros urbanização, fluxo de veículos e pessoas.<br />
TABle 1: Characterization of the studied areas according to the level<br />
of urbanization, intensity of flow of both vehicles and people.<br />
Impacto Bairros<br />
Baixo<br />
Médio<br />
Alto<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008<br />
Mora<strong>da</strong> <strong>da</strong> Colina (B1)<br />
Alto-Umuarama (B2)<br />
Tabajaras (M1)<br />
Santa Mônica (M2)<br />
Centro (A1)<br />
Taiamam (A2)<br />
Média dos parâmetros:<br />
urbanização, fluxo de<br />
veículos e pessoas<br />
1,6<br />
2,21<br />
2,34<br />
33
34<br />
Columba livia e Pitangus sulphuratus como indicadoras de quali<strong>da</strong>de ambiental em área urbana<br />
Suélen Amâncio, Valéria Barbosa de Souza e Celine Melo<br />
(chuvosa e seca) nas áreas. Assim, foram feitas 24 h por<br />
área, totalizando 144 horas de observação.<br />
Para as análises, foi feita a média horária de indivíduos<br />
registrados por espécie, fluxo de veículos e de pessoas,<br />
levantados nos oito pontos de ca<strong>da</strong> nível de impacto. O<br />
teste de normali<strong>da</strong>de utilizado foi Shapiro-Wilk. O Coeficiente<br />
de Correlação de Pearson (r) foi utilizado para<br />
correlacionar a abundância <strong>da</strong>s espécies e o fluxo de veículos<br />
e de pessoas. O Teste Kruskal-Wallis (H) foi realizado<br />
para verificar se havia diferença na abundância <strong>da</strong>s<br />
espécies de acordo com o horário. O Teste de Mann-Whitney<br />
(Z) foi calculado para constatar se ocorreu diferença<br />
na abundância de ca<strong>da</strong> espécie entre as duas estações estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s.<br />
Qui-Quadrado (χ 2 ) foi calculado para constatar<br />
se existiu diferença na abundância <strong>da</strong>s espécies de acordo<br />
com o nível de impacto. Utilizou-se o software BioEstat<br />
3.0 (Ayres et al. 2003).<br />
ReSulTAdOS<br />
To<strong>da</strong>s as áreas apresentaram o mesmo padrão para<br />
fluxo de veículos, nas quais as maiores intensi<strong>da</strong>des foram<br />
entre 12:00-14:00 e 16:00-18:00 h. Nas áreas com<br />
alto impacto, o fluxo de pessoas foi mais intenso entre<br />
07:00-09:00 e 12:00-14:00 h, enquanto que para áreas<br />
de médio e baixo impacto foi entre 07:00-09:00 e 16:00-<br />
18:00 h (Figura 1).<br />
As áreas com alto impacto apresentaram eleva<strong>da</strong><br />
abundância de Columba livia em ambas as estações,<br />
seca e chuvosa (Figura 2). Sua abundância foi correlaciona<strong>da</strong><br />
positiva e significativamente ao fluxo de pessoas<br />
(r = 0,862; gl = 16; p = 0,000) e veículos (r = 0,924;<br />
gl = 16; p = 0,000). A população de C. livia não sofreu<br />
flutuação acentua<strong>da</strong>, e consequentemente não apresentou<br />
variação significativa entre as duas estações seca e chuvosa<br />
nas áreas estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s (Z = 0,4804; U = 15; p = 0,631).<br />
Em ca<strong>da</strong> área, C. livia apresentou um padrão diferenciado<br />
de horário de ativi<strong>da</strong>de. Nas áreas com baixo<br />
impacto, foi mais abun<strong>da</strong>nte entre 12:00-14:00 h, enquanto<br />
que em áreas com médio e alto impacto concentrou<br />
sua ativi<strong>da</strong>de nos horários de 07:00-09:00 e 16:00-<br />
18:00 h (Figura 3). Para C. livia foi possível constatar<br />
diferença significativa na abundância de acordo com os<br />
horários estu<strong>da</strong>dos nas duas estações (H = 15,9708; gl =<br />
5; p = 0,0069) e sua abundância foi maior em áreas de<br />
alto impacto tanto na estação seca (χ 2 = 209,09; gl = 2;<br />
p = 0,00) e quanto na chuvosa (χ 2 = 129,92; gl = 2;<br />
p = 0,00).<br />
Pitangus sulphuratus não sofreu influência <strong>da</strong> sazonali<strong>da</strong>de,<br />
mantendo padrão similar de sua abundância entre<br />
as estações (Z = 1,0408; U = 11,5; p = 0,298). Não houve<br />
diferença na sua abundância entre os níveis de impacto<br />
<strong>da</strong>s áreas na seca (χ 2 = 3,49; gl = 2; p = 0,174) quanto na<br />
chuva (χ 2 = 4,89; gl = 2; p = 0,087) (Figura 2).<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008<br />
FIGuRA 1: Fluxo de veículos e pessoas nas áreas com diferentes níveis<br />
de impacto de acordo com o horário.<br />
FIGuRe 1: Vehicles and people flow in areas with different levels of<br />
impact in accor<strong>da</strong>nce with the schedule.<br />
FIGuRA 2: Abundância (N/hora) de Columba livia e Pitangus<br />
sulphuratus na estação seca e chuvosa pelo nível de impacto <strong>da</strong>s áreas.<br />
FIGuRe 2: Columba livia and Pitangus sulphuratus abun<strong>da</strong>nce (N/<br />
hour) in the dry and rainy season for the level of impact in areas<br />
FIGuRA 3: Abundância (N/hora) de Columba livia na estação seca e<br />
chuvosa por horário.<br />
FIGuRe 3: Columba livia abun<strong>da</strong>nce (N/hour) in the dry and rainy<br />
season in accor<strong>da</strong>nce with the schedule
Columba livia e Pitangus sulphuratus como indicadoras de quali<strong>da</strong>de ambiental em área urbana<br />
Suélen Amâncio, Valéria Barbosa de Souza e Celine Melo<br />
FIGuRA 4: Abundância (N/hora) de Pitangus sulphuratus na estação<br />
seca e chuvosa por horário.<br />
FIGuRe 4: Pitangus sulphuratus abun<strong>da</strong>nce (H/hour) in the dry and<br />
rain season in accor<strong>da</strong>nce with the schedule.<br />
Na estação seca, P. sulphuratus apresentou maior ativi<strong>da</strong>de<br />
no início <strong>da</strong> manhã e final de tarde, enquanto na<br />
chuvosa, foi observado um declínio nos registros ao longo<br />
dia (Figura 4). Embora não tenha ocorrido diferença<br />
na abundância entre os horários (H = 10,4886; gl = 5;<br />
p = 0,0625) foi observa<strong>da</strong> uma tendência a concentrar ativi<strong>da</strong>de<br />
no início <strong>da</strong> manhã. Diferente de C. livia, a abundância<br />
de Pitangus sulphuratus não foi correlaciona<strong>da</strong> significativamente<br />
ao fluxo de pessoas (r = -0,1168; gl = 16;<br />
p = 0,6445) e veículos (r = -0,179; gl = 16; p = 0,4772).<br />
dISCuSSãO<br />
A urbanização altera a composição <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de<br />
de aves, pois aumenta o sucesso de espécies que apresentam<br />
relações específicas com o homem e diminui para<br />
aquelas que necessitam de habitats naturais (Anjos e Laroca<br />
1989, Donnely e Marzluff, 2006). A estrutura do<br />
ambiente urbano pode influenciar a distribuição e abundância<br />
<strong>da</strong> avifauna, e fatores como grau de urbanização,<br />
arborização e fluxos de veículos e pessoas podem ser os<br />
principais indicativos desta influência.<br />
Alguns estudos já foram realizados para compreender<br />
a interferência <strong>da</strong> urbanização sobre a avifauna neste tipo<br />
de ambiente, e a conseqüência mais imediata é a redução<br />
<strong>da</strong> diversi<strong>da</strong>de em zonas de maior antropização (Matarazzo-Neuberger<br />
1995, Argel-de-Oliveira 1995, Mendonça-Lima<br />
e Fontana 2000, Blair 1996; Clergeau et al.<br />
2001, Donnely e Marzluff, 2006, Torga et al. 2007).<br />
As ci<strong>da</strong>des, independente de sua localização geográfica,<br />
seguem um padrão em sua estrutura. Geralmente,<br />
bairros mais periféricos possuem um menor grau de área<br />
construí<strong>da</strong> e vegetação mais similar àquela encontra<strong>da</strong><br />
em áreas naturais, enquanto os bairros centrais possuem<br />
grande quanti<strong>da</strong>de de prédios, pouca arborização e eleva-<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008<br />
do número de pessoas (Jokimäm e Suhonen 1993; Reynaud<br />
1995, Reynaud e Thioulouse 2000).<br />
No presente trabalho, foi possível verificar que esta<br />
estrutura influencia o tamanho populacional de espécies<br />
de aves comuns neste ambiente como Columba livia e Pitangus<br />
sulphuratus. Columba livia foi registra<strong>da</strong> em maior<br />
abundância em áreas com alto índice de urbanização<br />
(presença de pessoas, prédios, resíduos e movimentação<br />
de veículos), pois depende diretamente dos produtos disponibilizados<br />
pelo homem (Anjos e Loroca 1989, Gibbs<br />
et al. 2001, Rose et al. 2006). Pitangus suphuratus parece<br />
não depender do grau de urbanização, pois foi mais encontrado<br />
em áreas com baixo e médio impacto.<br />
Para as duas espécies estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s não foi possível<br />
constatar flutuação populacional durante o ano. Segundo<br />
Jokimäm e Suhonen (1993, 1998), no ambiente urbano<br />
não existe uma evidente variação em relação à oferta de<br />
recursos entre as estações, como ocorre em ambientes naturais.<br />
Isto proporciona a possibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s espécies presentes<br />
nestas áreas, manterem suas populações com baixas<br />
flutuações durante o ano.<br />
A distribuição <strong>da</strong>s aves no ambiente urbano está diretamente<br />
relaciona<strong>da</strong> com as respostas individuais <strong>da</strong>s espécies<br />
à heterogenei<strong>da</strong>de ambiental destes locais. O ajuste<br />
<strong>da</strong>s espécies ocorre, provavelmente, por razões de sobrevivência<br />
como, por exemplo, Columba livia, que é favoreci<strong>da</strong><br />
pela oferta abun<strong>da</strong>nte de abrigo e alimento e ausência<br />
de pre<strong>da</strong>dores (Nunes 2003, Donnely e Marzluff, 2006).<br />
Alguns trabalhos realizados em áreas tempera<strong>da</strong>s (Buijs<br />
e Wijnen, 2004, Rose et al. 2006, Savard et al. 2000) e<br />
tropicais (Anjos e Loroca 1989) confirmaram a correlação<br />
positiva entre o aumento populacional de C. livia e a alta<br />
densi<strong>da</strong>de populacional humana, edificações e resíduos<br />
orgânicos.<br />
Em áreas tempera<strong>da</strong>s, C. livia era encontra<strong>da</strong> em<br />
ambientes naturais, sua dieta baseava-se em grãos, folhas<br />
verdes e ocasionalmente invertebrados. Sua nidificação<br />
ocorria em áreas rochosas litorâneas, porém com o avanço<br />
<strong>da</strong> urbanização e a per<strong>da</strong> de habitat, conseguiu ajustar-se<br />
ao ambiente urbano e atualmente é dependente direta <strong>da</strong><br />
presença humana e explora to<strong>da</strong>s as vantagens destas áreas<br />
(Gibbs et al. 2001, Polomino e Carrascal 2006).<br />
De acordo com Emlen (1974), Columba livia e Passer<br />
domesticus não são afeta<strong>da</strong>s pela alta urbanização, pois<br />
são gregárias e despendem baixo custo na defesa e manutenção<br />
de território, podendo assim, ser encontra<strong>da</strong>s<br />
de forma abun<strong>da</strong>nte em centros urbanos. Um estudo de<br />
controle e manejo realizado em ambiente urbano na Europa<br />
mostrou que C. livia nidifica preferencialmente em<br />
áreas próximas aos locais utilizados para alimentação, geralmente<br />
regiões centrais e comerciais (Rose et al. 2006).<br />
Pitangus sulphuratus, mesmo sendo uma espécie<br />
comum em áreas urbanas (Sigrist 2006), não apresenta<br />
correlação entre o número de indivíduos e os fatores<br />
analisados, fluxo de veículos e pessoas, que consistem em<br />
35
36<br />
Columba livia e Pitangus sulphuratus como indicadoras de quali<strong>da</strong>de ambiental em área urbana<br />
Suélen Amâncio, Valéria Barbosa de Souza e Celine Melo<br />
uma interferência humana direta. Lim e Sodhi (2004)<br />
mostraram que em regiões tropicais, as espécies onívoras<br />
geralmente, não se aproveitam de restos de alimentos produzidos<br />
pela ação antrópica, mas sim de novas fontes de<br />
recursos disponibilizados nas áreas urbaniza<strong>da</strong>s.<br />
Ruszczyk et al. (1987) realizaram um estudo em<br />
Porto Alegre (RS) que verificou a influência do gradiente<br />
urbano no padrão de distribuição de oito espécies,<br />
incluindo Pitangus sulphuratus, e constataram que esta<br />
possuía distribuição em todo o ambiente urbano, sendo<br />
mais abun<strong>da</strong>nte nas proximi<strong>da</strong>des do centro <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de.<br />
Este fato não foi detectado no presente estudo, possivelmente<br />
pela diferença na estrutura e localização <strong>da</strong>s duas<br />
ci<strong>da</strong>des.<br />
A presença de um gradiente urbano possibilita uma<br />
ampla varie<strong>da</strong>de ambiental, com diferenças na oferta de<br />
recursos e estrutura física (Blair 1996, Torga et al. 2007).<br />
Esta instabili<strong>da</strong>de ecológica resulta em padrões de ativi<strong>da</strong>des<br />
diversifica<strong>da</strong>s entre as áreas e horário estu<strong>da</strong>dos para<br />
uma mesma espécie, pois ca<strong>da</strong> setor <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de possui características<br />
próprias. Em áreas de alto impacto, C. livia<br />
demonstrou que sua ativi<strong>da</strong>de e abundância estão correlaciona<strong>da</strong>s<br />
à presença humana (Anjos e Loroca 1989), isto<br />
pôde ser evidenciado em horários de pico de movimentação<br />
de pessoas.<br />
Em regiões tropicais, poucos trabalhos são realizados<br />
para demonstrar a capaci<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s aves como indicadoras<br />
ambientais (Rutschke 1987, Donatelli et al. 2004, Ramos<br />
et al. 2006), sendo importante a realização de estudos <strong>da</strong><br />
constante interferência humana nas áreas urbanas sobre as<br />
populações <strong>da</strong>s aves. As duas espécies estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s são exemplos<br />
de aves que se ajustaram ao meio urbano e, mesmo<br />
sendo comuns nestes ambientes podem ser utiliza<strong>da</strong>s<br />
como indicadoras de quali<strong>da</strong>de ambiental urbana.<br />
Este estudo demostrou que Columba livia, em ambiente<br />
urbano, pode ser considera<strong>da</strong> uma espécie indicadora<br />
de quali<strong>da</strong>de ambiental negativa, pois as áreas<br />
com maior nível de interferência antrópica suportam<br />
altas populações, sendo dependentes dos recursos produzidos<br />
pelo homem para sua sobrevivência. Este fato foi<br />
bem visualizado nas áreas com alto impacto. Pitangus<br />
sulphuratus não pode ser considera<strong>da</strong> uma bioindicadora<br />
de quali<strong>da</strong>de ambiental urbana, pois não foi encontra<strong>da</strong><br />
correlação de sua abundância com a intervenção humana<br />
direta (fluxo de pessoas e veículos) e nem entre os níveis<br />
de impacto <strong>da</strong>s áreas.<br />
AGRAdeCIMenTOS<br />
Somos gratas a: Oswaldo Marçal Júnior; Everton T. Pedroso,<br />
Cyntia A. Arantes e Zélia <strong>da</strong> P. Pereira pelas críticas ao manuscrito. A<br />
Carlos E. R. Tomé pela revisão do Abstract. Ao CNPq pela bolsa de<br />
Iniciação Científica concedi<strong>da</strong> à primeira autora durante o desenvolvimento<br />
deste e à FAPEMIG pelo apoio na divulgação em evento. Aos<br />
corretores anônimos pelas pertinentes críticas e sugestões.<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008<br />
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37
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1):38-39<br />
março de 2008<br />
1.<br />
2.<br />
Primeira descrição do ninho do mineirinho<br />
(Charitospiza eucosma) no cerrado do Brasil Central<br />
Fábio Júlio Alves Borges 1 e Miguel Ângelo Marini 2<br />
Programa de Pós-Graduação em Ecologia. Instituto de Biologia, Universi<strong>da</strong>de de Brasília, 70.910-900, Brasília, DF, Brasil.<br />
E-mail: fabyo23@hotmail.com<br />
Departamento de Zoologia, Instituto de Biologia, Universi<strong>da</strong>de de Brasília, 70.910-900, Brasília, DF, Brasil.<br />
Recebido em: 09/04/2007. Aceito em: 02/03/2008.<br />
ABstrACt: First description of the nest of the Coal-crested Finch (Charitospiza eucosma) in the Central Brazilian Cerrado. On<br />
24 October 2006, a nest of the Coal-crested Finch (Charitospiza eucosma) was found in a fragment of savanna vegetation at Distrito<br />
Federal. The nest was located on a horizontal fork of a young Aspidosperma tomentosum (Apocynaceae) at 1,21 m above the<br />
ground. It had two piriform eggs of blue-green coloration with many brown stains. The nest had the format of a shallow basket and<br />
the following leasures: external diameter = 6,8 cm, internal diameter = 4,2 cm, height = 3,3 cm and depth = 2,6 cm. Two nestlings<br />
were preyed about 07 November.<br />
Key-words: Nest, egg, cerrado, Charitospiza eucosma, Brazil.<br />
PAlAvrAs-ChAve: Ninho, ovo, cerrado, Charitospiza eucosma, Brasil.<br />
No Brasil, o Mineirinho (Charitospiza eucosma) está<br />
presente na caatinga e no cerrado, ocorrendo no centro<br />
do Piauí, sul do Maranhão, sudeste do Pará, oeste <strong>da</strong><br />
Bahia, sul de Goiás, sudeste do Mato Grosso, centro de<br />
Minas Gerais e norte de São Paulo (Sick 1997, Ridgely<br />
e Tudor 1994). Ocorre em Misiones na Argentina (Sick<br />
1997) e no nordeste <strong>da</strong> Bolívia (Killeen e Schulenberg<br />
1998). É considera<strong>da</strong> como uma espécie endêmica do<br />
Cerrado (Silva 1997, Macedo 2002, Silva e Bates 2002).<br />
Está classifica<strong>da</strong> como quase ameaça<strong>da</strong> de extinção na<br />
Lista Vermelha de Espécies Ameaça<strong>da</strong>s (IUCN 2007).<br />
Devido à degra<strong>da</strong>ção e conversão de seu hábitat, esta espécie<br />
pode estar em risco (Ridgely e Tudor 1994). Isto<br />
porque a per<strong>da</strong> <strong>da</strong> cobertura vegetal para áreas agrícolas<br />
vem ocorrendo de maneira acelera<strong>da</strong>, e somente 2,2%<br />
do Cerrado encontra-se em áreas legalmente protegi<strong>da</strong>s<br />
(Klink e Machado 2005).<br />
Sua biologia, contudo, é pouco conheci<strong>da</strong>. Geralmente<br />
forrageia a baixa altura em arbustos e pequenas<br />
árvores no cerrado e, com freqüência, desce ao solo para<br />
procurar grãos e sementes (Sick 1997, Faria 2007). Pode<br />
ser encontrado solitário, aos casais ou em pequenos grupos<br />
(Sick 1997). É mais comumente visto em áreas recentemente<br />
queima<strong>da</strong>s (Ridgely e Tudor 1994, Cavalcanti<br />
e Alves 1997, Faria 2007). Realiza movimentos locais<br />
que podem estar associados ao início <strong>da</strong> estação chuvosa<br />
(Ridgely e Tudor 1994). Este trabalho teve como objetivo<br />
apresentar uma descrição inédita do ninho do Mineiri-<br />
NotA<br />
nho em to<strong>da</strong> sua distribuição, bem como algumas informações<br />
comportamentais <strong>da</strong> espécie.<br />
O estudo foi conduzido no Jardim Morumbi<br />
(15°31’36.92”S, 47°37’34.42”W), uma área adjacente a<br />
Estação Ecológica de Águas Emen<strong>da</strong><strong>da</strong>s em Planaltina,<br />
Distrito Federal. Esta é uma área de Cerrado fragmenta<strong>da</strong><br />
pela construção de chácaras, onde a maioria delas têm uma<br />
área de 2 ha ca<strong>da</strong>. A paisagem resultante é um mosaico de<br />
chácaras sem vegetação nativa e remanescentes isolados.<br />
O clima <strong>da</strong> região do Distrito Federal é marca<strong>da</strong>mente sazonal,<br />
apresentando duas estações defini<strong>da</strong>s: a estação seca<br />
e fria que vai de maio a setembro e outra quente e chuvosa<br />
de outubro a abril (Eiten 1993). As temperaturas variam<br />
entre 20 e 26°C, apresentando uma precipitação anual<br />
média que varia entre 1500 e 1750 mm (Nimer 1979).<br />
As altitudes variam entre 850 e 1340 m (Eiten 1993).<br />
O ninho foi encontrado no dia 24 de outubro de<br />
2006 em um fragmento de cerrado stricto sensu de aproxima<strong>da</strong>mente<br />
5 ha que havia sido queimado a menos de<br />
dois meses. A área onde se encontrava o ninho não foi<br />
afeta<strong>da</strong> diretamente pelo fogo e pode ser descrita como<br />
uma pequena ilha circular de aproxima<strong>da</strong>mente 18 m de<br />
diâmetro rodea<strong>da</strong> por áreas queima<strong>da</strong>s, com arbustos esparsos<br />
e gramíneas. No momento do encontro, a fêmea<br />
estava no ninho incubando dois ovos e permitiu uma<br />
aproximação de menos de 1 m antes de deixar o ninho.<br />
Assim que a fêmea voou, o macho apareceu e ficou próximo<br />
ao ninho enquanto este era observado pelo pesquisa-
Primeira descrição do ninho do mineirinho (Charitospiza eucosma) no cerrado do Brasil Central<br />
Fábio Júlio Alves Borges e Miguel Ângelo Marini<br />
FigUrA 1: Ninho e ovos do mineirinho (Charitospiza eucosma).<br />
Foto: Fábio Júlio.<br />
FigUre 1: Nest and eggs of Coal-crested Finch (Charitospiza<br />
eucosma). Photo: Fábio Júlio.<br />
dor. A fêmea se manteve no solo a uns 10 m de distância<br />
do ninho enquanto o macho se posicionava a meia altura<br />
nos arbustos e árvores, emitindo um chamado “tzí-tzí”<br />
que a fêmea respondia imediatamente.<br />
O ninho estava fixado em uma forquilha horizontal<br />
de uma planta jovem de Aspidosperma tomentosum Mart.<br />
(Apocynaceae) a 1,21 m de altura. Sua parte externa era<br />
composta de raques de folhas de Leguminosae e pequenos<br />
gravetos presos com teia de aranha. A parte interna continha<br />
basicamente feixes secos de gramíneas com pouca<br />
paina de Eriotheca pubescens Mart. e Zucc. (Bombacaceae)<br />
(Figura 1). Tinha o formato de um cesto raso e apresentava<br />
as seguintes medi<strong>da</strong>s: diâmetro externo = 6,8 cm,<br />
diâmetro interno = 4,2 cm, altura externa = 3,3 cm e<br />
altura interna = 2,6 cm. De acordo com a padronização<br />
proposta por Simon e Pacheco (2005) para ninhos de aves<br />
neotropicais, o ninho é do tipo cesto baixo/forquilha. Os<br />
ovos apresentavam um formato piriforme e uma coloração<br />
azul-verde com muitas manchas marrons de diferentes<br />
tamanhos espalha<strong>da</strong>s por todo o ovo, formando uma<br />
coroa no pólo obtuso (Figura 1).<br />
Foram realiza<strong>da</strong>s seis visitas ao ninho em intervalos<br />
de 3-4 dias, nos dias 24, 26 e 30 de outubro, e 02, 06 e<br />
09 de novembro de 2006. Somente a fêmea foi vista incubando<br />
os ovos, e ela esteve ausente durante a segun<strong>da</strong> e<br />
última visita ao ninho. Em algumas ocasiões, ela saiu do<br />
ninho somente quando ameaça<strong>da</strong> de ser toca<strong>da</strong>. A eclosão<br />
dos ovos ocorreu por volta do dia 04 de novembro, e não<br />
foi possível determinar o tempo de incubação. A pre<strong>da</strong>ção<br />
se deu durante a fase de ninhego, por volta do dia 07 de<br />
novembro. O ninho foi encontrado vazio e intacto após<br />
a pre<strong>da</strong>ção. Não foi encontrado nenhum vestígio do pre<strong>da</strong>dor.<br />
O ninho foi coletado e se encontra depositado na<br />
Coleção Ornitológica Marcelo Bagno no Departamento<br />
de Zoologia <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de Brasília.<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008<br />
Dentre os ninhos <strong>da</strong>s demais espécies encontrados<br />
na área de estudo, o ninho mais parecido com o do Mineirinho<br />
foi o do Tico-tico-rei-cinza (Coryphospingus pileatus).<br />
Seu ninho é do tipo cesto baixo/base (Simon e<br />
Pacheco 2005) e apresenta maiores dimensões, tanto de<br />
diâmetro quanto de altura, que o ninho do Mineirinho.<br />
Apesar de não terem sido realiza<strong>da</strong>s estas medi<strong>da</strong>s, essa<br />
diferença é bastante clara. O ninho do Tico-tico-rei-cinza<br />
apresenta menos gravetos na parte externa e é constituído<br />
basicamente por feixes de gramíneas. Seu ovo é totalmente<br />
branco e tem um formato ovóide (F. J. A. Borges,<br />
observação pessoal).<br />
AgrAdeCiMeNtos<br />
Este trabalho recebeu o apoio financeiro do CNPq (Conselho<br />
Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico) <strong>da</strong> CAPES<br />
(Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior) <strong>da</strong><br />
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39
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1):40-43<br />
março de 2008<br />
Novas ocorrências e registros relevantes de aves no Distrito<br />
Federal, Brasil, com comentários sobre distribuição local<br />
Iubatã Paula de Faria<br />
QI 02 bloco H apart. 308, Guará I, 71010‑080, Brasília, DF, Brasil. E‑mail: iuba1@yahoo.com.br<br />
Recebido em: 20/08/2007. Aceito em: 27/02/2008.<br />
ABstrAct: New occurrences and relevant bird records in the Distrito Federal, Brazil, with comments on local distribution.<br />
I report new occurrences and localities of 12 bird species in the Distrito Federal (DF), Central Brazil, with notes about their local<br />
distribution. Two species represent new records in the DF: Strix virgata and Formicivora rufa. The remaining species (Taoniscus<br />
nanus, Sarcoramphus papa, Pandion haliaetus, Leucopternis albicollis, Lophornis magnificus, Nonnula rubecula, Scytalopus novacapitalis,<br />
Hylocryptus rectirostris, Cissopis leverianus, and Sporophila maximiliani) are rare or poorly known birds in the DF area.<br />
Key-worDs: birds, Central Brazil, Cerrado, Distrito Federal, new records.<br />
PAlAvrAs-chAve: aves, Brasil Central, Cerrado, Distrito Federal, novos registros.<br />
O Distrito Federal (DF) está localizado entre as coor‑<br />
dena<strong>da</strong>s 15°30’‑16°03’S e 47°25’‑48°12’W, no centro do<br />
bioma Cerrado, em uma <strong>da</strong>s áreas mais altas do Planalto<br />
Central brasileiro, com 1.000 m de altitude média (Pinto<br />
1994). Os primeiros trabalhos com relação à avifauna re‑<br />
gional foram realizados por Snethlage (1928), Sick (1958)<br />
e Ruschi (1959). Posteriormente, demais ornitólogos pas‑<br />
saram a estu<strong>da</strong>r a avifauna do DF, inclusive elaborando<br />
listas regionais de espécies (veja compilações em Negret<br />
et al. 1984, Bagno e Marinho‑Filho 2001, Braz e Caval‑<br />
canti 2001). Mais recentemente outros estudos apresen‑<br />
taram registros relevantes de aves para algumas regiões do<br />
DF (Tubelis e Cavalcanti 2000, 2001, Bagno et al. 2005,<br />
Lopes et al. 2005, Faria 2007), porém algumas áreas im‑<br />
portantes para a conservação estavam sem inventários<br />
até o ano de 2000 (Braz e Cavalcanti 2001). Contudo,<br />
a lista compila<strong>da</strong> de aves do Distrito Federal é composta<br />
por 454 espécies (segundo Bagno e Marinho‑Filho 2001,<br />
Lopes et al. 2005).<br />
Com o objetivo de contribuir para o conhecimento<br />
<strong>da</strong> riqueza e distribuição <strong>da</strong> avifauna local, neste estudo<br />
são relata<strong>da</strong>s novas ocorrências e registros relevantes de<br />
aves no DF, acompanhados de comentários sobre a distri‑<br />
buição local. As espécies comenta<strong>da</strong>s a seguir foram visu‑<br />
aliza<strong>da</strong>s e/ou ouvi<strong>da</strong>s, e quando possível tiveram as suas<br />
vocalizações grava<strong>da</strong>s e/ou foram fotografa<strong>da</strong>s durante es‑<br />
tudos de campo, excursões, ou em observações ocasionais.<br />
A taxonomia e nomenclatura <strong>da</strong>s espécies cita<strong>da</strong>s seguem<br />
o Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO<br />
2007), e as fitofisionomias menciona<strong>da</strong>s seguem a descri‑<br />
ção de Oliveira‑Filho e Ratter (2002).<br />
NotA<br />
Taoniscus nanus – inhambu-carapé<br />
Entre os dias 15 e 24 de fevereiro de 2007 foram re‑<br />
gistrados indivíduos de T. nanus em campos limpos e su‑<br />
jos <strong>da</strong> região do Altiplano Leste de Brasília (15°49’30”S,<br />
47°47’02”W), em hábitats similares aos encontrados<br />
na Reserva Ecológica do IBGE, onde a espécie também<br />
ocorre (Teixeira e Negret 1984). À exemplo de Silveira e<br />
Silveira (1998), outros tinamiformes foram registrados<br />
simpatricamente na região do Altiplano Leste, como<br />
Crypturellus parvirostris, Rhynchotus rufescens e Nothura<br />
maculosa. No DF, esta espécie endêmica de ambientes<br />
campestres do Cerrado (Silva 1997), vulnerável de ex‑<br />
tinção nacional e globalmente (IBAMA 2003, IUCN<br />
2007), ocorre em três uni<strong>da</strong>des de conservação regional,<br />
a Estação Ecológica de Águas Emen<strong>da</strong><strong>da</strong>s (ESECAE),<br />
a Fazen<strong>da</strong> Água Limpa (FAL) e o IBGE (Braz e Caval‑<br />
canti 2001). A espécie apresenta alta sensibili<strong>da</strong>de às<br />
modificações de hábitat (Stotz et al. 1996), e a intensa<br />
urbanização dos últimos anos no DF, possivelmente tem<br />
causado efeitos negativos nas populações de T. nanus e<br />
contribuindo para sua escassez regional. Como exemplo,<br />
em 1990 a espécie foi registra<strong>da</strong> na região próxima de<br />
Taguatinga (Silveira e Silveira 1998), e de acordo com<br />
as coordena<strong>da</strong>s geográficas apresenta<strong>da</strong>s no estudo, o lo‑<br />
cal de ocorrência é atualmente o bairro de Vicente Pires,<br />
onde a espécie não foi recentemente registra<strong>da</strong> (Faria<br />
2007). A região de Vicente Pires ao longo dos últimos<br />
anos passou por intensas modificações ambientais devi‑<br />
do ao desmatamento e à urbanização (UNESCO 2000),<br />
principais causas que levaram à provável extinção local<br />
<strong>da</strong> espécie.
Novas ocorrências e registros relevantes de aves no Distrito Federal, Brasil, com comentários sobre distribuição local<br />
Iubatã Paula de Faria<br />
Sarcoramphus papa – urubu-rei<br />
No dia 14 de abril de 2006 foram observados dois<br />
indivíduos sobrevoando as matas secas próxima aos pa‑<br />
redões rochosos <strong>da</strong> Fercal (15°35’17”S, 47°54’29”W),<br />
uma região rural e com presença de indústrias de ci‑<br />
mento na Área de Proteção Ambiental (APA) de Ca‑<br />
furinga, noroeste do DF. Embora tenha sido registra<strong>da</strong><br />
apenas nesta ocasião, moradores locais afirmam a pre‑<br />
sença de S. papa em vários períodos ao longo dos anos,<br />
indicando a ocorrência constante <strong>da</strong> espécie. No DF,<br />
apesar de haver registros de S. papa em quatro uni<strong>da</strong>des<br />
de conservação, ESECAE, FAL, IBGE e Parque Na‑<br />
cional de Brasília (PNB) conforme Braz e Cavalcanti<br />
(2001), esta não deve ser considera<strong>da</strong> uma espécie local‑<br />
mente comum. De acordo com Bagno e Marinho‑Filho<br />
(2001), S. papa é bioindicadora de quali<strong>da</strong>de ambien‑<br />
tal e/ou ameaça<strong>da</strong> de extinção no DF, e provavelmente<br />
os desmatamentos e a intensa urbanização têm afetado<br />
negativamente sua ocorrência regional. O noroeste do<br />
DF é um dos principais sítios para a ocorrência local <strong>da</strong><br />
espécie, considerando o bom estado de conservação <strong>da</strong><br />
vegetação e a presença de escarpas e paredões rochosos<br />
associa<strong>da</strong> às matas secas, que fornecem locais de alimen‑<br />
tação, descanso e potencial nidificação (Bagno et al.<br />
2005, obs. pess.).<br />
Pandion haliaetus – águia-pescadora<br />
Foi observado um indivíduo (plumagem de adul‑<br />
to) no dia 23 de novembro de 2006, forrageando pró‑<br />
ximo a margem do lago <strong>da</strong> barragem do rio Descoberto<br />
(15°45’04”S, 48°10’08”W), limite oeste do DF. A região<br />
é composta por diversas proprie<strong>da</strong>des rurais entre mosai‑<br />
cos de pastagens, campos sujos e fragmentos de matas de<br />
galeria dos córregos Vere<strong>da</strong>s, Corujas e Capão Grande.<br />
Esta espécie apresenta distribuição ampla nas Américas<br />
(Ferguson‑Lees e Christie 2001), e no Brasil é conside‑<br />
ra<strong>da</strong> visitante do Hemisfério Norte (CBRO 2007), po‑<br />
dendo aparecer em diversas épocas do ano (Sick 1997).<br />
No DF, além de apresentar registros em três uni<strong>da</strong>des de<br />
conservação, o PNB (Antas 1995), a ESECAE (Bagno<br />
1998), e o IBGE (Machado 2000); eventualmente é ob‑<br />
serva<strong>da</strong> no Lago Paranoá (Bianchi e Bagno 2001, obs.<br />
pess.).<br />
Leucopternis albicollis – gavião-branco<br />
No dia 26 de janeiro de 2006, foi observado um<br />
indivíduo de L. albicollis pousado no estrato arbóreo <strong>da</strong>s<br />
matas secas <strong>da</strong> Fercal próximas ao ribeirão <strong>da</strong> Contagem<br />
(15°34’45”S, 47°54’52”W). Espécie florestal com distri‑<br />
buição amazônica, L. albicollis se estende ao sul de seu<br />
centro de distribuição pela bacia do rio Tocantins, desde o<br />
sudeste do estado (Pacheco e Olmos 2006) até o norte do<br />
DF, onde há registros de sua ocorrência exclusivamente<br />
na área de influência <strong>da</strong> bacia do rio Maranhão (Bagno<br />
et al. 2005).<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008<br />
Strix virgata – coruja-do-mato<br />
Em 12 de maio de 2006, às 20:00 h, por indução<br />
de play‑back, foi escuta<strong>da</strong> a vocalização de S. virgata nas<br />
matas secas <strong>da</strong> Fercal, próximo ao ribeirão <strong>da</strong> Contagem<br />
(15°33’58”S, 47°52’34”W). O indivíduo estava pousado<br />
no estrato arbóreo do interior <strong>da</strong> mata. Esta espécie vive<br />
principalmente em hábitats florestais (Silva 1995, Stotz<br />
et al. 1996), e apesar de ocorrer em várias regiões do Bra‑<br />
sil, é mais comum na Amazônia (Sick 1997). Este é o<br />
primeiro registro de S. virgata no DF, e sua ocorrência na<br />
região <strong>da</strong> Fercal, assim como Leucopternis albicollis e ou‑<br />
tras espécies, demostra a influência amazônica e atlântica<br />
sobre a avifauna local (Silva 1996, Bagno et al. 2005).<br />
Lophornis magnificus – topetinho-vermelho<br />
Nos dias 28 e 29 de janeiro de 2006 foi registrado<br />
um indivíduo pousado no estrato arbóreo de mata de<br />
galeria na região <strong>da</strong> Fercal (15°35’22”S, 47°54’29”W).<br />
Posteriormente em março de 2006, foram feitos registros<br />
freqüentes de um indivíduo pousado no estrato arbóreo<br />
<strong>da</strong> mata seca na região <strong>da</strong> Dolina <strong>da</strong> Garapa (15°30’16”S,<br />
48°06’11”W), caracterizando os primeiros registros para<br />
o noroeste do DF. Espécie florestal de distribuição atlânti‑<br />
ca (Silva 1996, Stotz et al. 1996), L. magnificus ocorre em<br />
matas do Brasil central (Silva 1995). No DF é considera<strong>da</strong><br />
bioindicadora de quali<strong>da</strong>de ambiental e/ou ameaça<strong>da</strong> em<br />
nível regional (Bagno e Marinho‑Filho 2001), tendo ocor‑<br />
rência registra<strong>da</strong> para a reserva do IBGE (Negret 1983).<br />
Nonnula rubecula – macuru, Bucconi<strong>da</strong>e<br />
Durante os dias 20 e 23 de fevereiro de 2007 foi<br />
registrado um indivíduo, e no dia 24 foi registrado um<br />
casal em área de mata de galeria do córrego Taboquinha<br />
(15°49’28”S, 47°46’51”W), região do Altiplano Leste de<br />
Brasília. Esta espécie é exclusivamente florestal e com alta<br />
sensibili<strong>da</strong>de às alterações de hábitat (Stotz et al. 1996).<br />
No DF, não há registro de N. rubecula para as principais<br />
uni<strong>da</strong>des de conservação, provavelmente por ocorrer em<br />
baixa densi<strong>da</strong>de (Braz e Cavalcanti 2001). Considera<strong>da</strong><br />
bioindicadora de quali<strong>da</strong>de ambiental (Stotz et al. 1996,<br />
Bagno e Marinho‑Filho 2001), a intensa urbanização na<br />
região do Altiplano Leste e demais áreas do DF (UNES‑<br />
CO 2000), associa<strong>da</strong> às modificações e redução de am‑<br />
bientes naturais são fatores que devem prejudicar a con‑<br />
servação local <strong>da</strong> espécie.<br />
Formicivora rufa – papa-formiga-vermelho<br />
No dia 16 de março de 2006, um único exemplar<br />
foi observado e sua vocalização foi grava<strong>da</strong> (gravação de‑<br />
posita<strong>da</strong> no ‘Xeno‑canto: Bird Song from Tropical Ame‑<br />
rica’; disponível em http://www.xeno‑canto.org.br). A<br />
ave estava forrageando no estrato arbustivo de um cer‑<br />
rado sensu stricto próximo a mata de galeria no rio do Sal<br />
(15°30’55”S, 48°11’30”W), região do extremo noroeste<br />
do DF. Este é o primeiro registro dessa espécie no DF.<br />
41
42<br />
Novas ocorrências e registros relevantes de aves no Distrito Federal, Brasil, com comentários sobre distribuição local<br />
Iubatã Paula de Faria<br />
Scytalopus novacapitalis – tapaculo-de-brasília<br />
Em 08 de janeiro de 2005, na mata ciliar do córre‑<br />
go Pau de Caixeta (região do Tororó), um casal de S. novacapitalis<br />
se aproximou após indução por play‑back, e<br />
foi detalha<strong>da</strong>mente observado entre as samambaias do<br />
estrato rasteiro no trecho de mata alaga<strong>da</strong> (15°57’59”S,<br />
47°50’40”W). Descrita durante a construção de Brasília<br />
por Sick (1958), S. novacapitalis só foi reencontra<strong>da</strong> no<br />
início dos anos 80 (Sick 1997). Habita trechos de mata de<br />
galeria alaga<strong>da</strong> e densa, tem distribuição restrita a poucos<br />
locais do Brasil central (Vielliard 1990, Sick 1997, Silvei‑<br />
ra 1998), sendo considera<strong>da</strong> endêmica do Cerrado (Silva<br />
1997) e próxima de ser ameaça<strong>da</strong> (IUCN 2007). No DF,<br />
há registros no PNB, FAL, IBGE e áreas adjacentes, como<br />
a Fazen<strong>da</strong> Sucupira (Sick 1997, Machado 2000, Braz e<br />
Cavalcanti 2001). Próximo ao DF, há registros <strong>da</strong> espécie<br />
nos municípios de Formosa em Goiás (Collar et al. 1992),<br />
Buritis (Antas 1989) e Unaí em Minas Gerais (Machado<br />
et al. 1998).<br />
Hylocryptus rectirostris – fura-barreira<br />
Durante setembro e outubro de 2006 foram feitos<br />
três registros possivelmente do mesmo espécime forrage‑<br />
ando pelo estrato baixo <strong>da</strong>s matas de galeria do córrego<br />
Cana do Reino (15°46’47”S, 48°02’01”W), região de Vi‑<br />
cente Pires. Nos dias 17 e 24 de fevereiro de 2007 foram<br />
feitos dois registros provavelmente do mesmo indivíduo<br />
na mata de galeria do córrego Taboquinha (15°49’28”S,<br />
47°46’51”W), região do Altiplano Leste. Espécie endê‑<br />
mica <strong>da</strong>s matas do Brasil central, com distribuição geo‑<br />
gráfica que abrange predominantemente a região entre o<br />
centro e sul do Cerrado (Silva 1997, Leite 2006), sendo<br />
considera<strong>da</strong> localmente como ameaça<strong>da</strong> e/ou bioindica‑<br />
dora de quali<strong>da</strong>de ambiental (Bagno e Marinho‑Filho<br />
2001). No DF, há registros de H. rectirostris em três uni‑<br />
<strong>da</strong>des de conservação: o IBGE, a Área de Relevante Inte‑<br />
resse Ecológico (ARIE) Riacho Fundo (Machado 2000) e<br />
a ESECAE (Lopes et al. 2005). Porém, há ocorrência em<br />
áreas não protegi<strong>da</strong>s do DF, como a Fazen<strong>da</strong> Sucupira, a<br />
região de Vargem Bonita (Machado 2000), e espécimes<br />
coletados na região de Planaltina e Fazen<strong>da</strong> Mocambinho<br />
(Leite 2006). De acordo com Braz e Cavalcanti (2001),<br />
os poucos registros estão relacionados à baixa densi<strong>da</strong>de<br />
populacional <strong>da</strong> espécie.<br />
Cissopis leverianus – tietinga<br />
No dia 4 de janeiro de 2004 foi observado e foto‑<br />
grafado um único indivíduo forrageando no estrato arbó‑<br />
reo <strong>da</strong> mata de galeria do córrego do Guará (15°48’40”S,<br />
47°58’14”W), dentro do Parque Ecológico (PE) do Gua‑<br />
rá. No DF, os primeiros registros de C. leverianus foram<br />
feitos em 1997 na ARIE Riacho Fundo (T. L. S. Abreu<br />
com. pess., 2007), os mesmos registros considerados por<br />
Bagno e Marinho‑Filho (2001). Posteriormente, entre<br />
1999 e 2001, a espécie foi observa<strong>da</strong> na mesma uni<strong>da</strong>de<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008<br />
de conservação por pelo menos duas vezes (obs. pess.).<br />
O registro no PE do Guará representa uma nova área de<br />
ocorrência de C. leverianus no DF.<br />
Sporophila maximiliani – bicudo<br />
No dia 28 de janeiro de 2006, foi escutado e observa‑<br />
do um casal próximo ao ribeirão <strong>da</strong> Contagem na Fercal,<br />
pousados a meia altura (em um arbusto de 1 m) na bor<strong>da</strong><br />
<strong>da</strong> mata ciliar próximo a um pequeno brejo (15°35’17”S,<br />
47°54’27”W). A partir <strong>da</strong> aproximação do observador,<br />
o macho voou para o interior <strong>da</strong> mata, enquanto a fê‑<br />
mea permaneceu pousa<strong>da</strong> e foi observa<strong>da</strong> por cerca de 5<br />
minutos, logo após este período voou na mesma direção.<br />
A espécie não foi registra<strong>da</strong> em outras ocasiões, mesmo<br />
com utilização de play‑back. S. maximiliani é considera‑<br />
<strong>da</strong> criticamente ameaça<strong>da</strong> de extinção em nível nacional<br />
(IBAMA 2003). No DF, sua ocorrência é considera<strong>da</strong> rara<br />
(Bagno e Marinho‑Filho 2001), e seu registro mais recen‑<br />
te publicado foi feito em amostragens entre 1992 e 1998<br />
em mata de galeria e/ou mata seca também na região no‑<br />
roeste, dentro <strong>da</strong> APA de Cafuringa (Bagno et al. 2005).<br />
AgrADecImeNtos<br />
Sou grato a Mieko F. Kanegae, Maria J. M. Silva, Adriana Boc‑<br />
chiglieri, Pablo S. T. Amaral, Osmindo Pires Jr., Carlos B. de Araújo<br />
pelo auxílio e companhia em campo. A Vívian S. Braz, Tarcísio L. S.<br />
Abreu e Paulo T. Z. Antas pelas informações sobre algumas espécies.<br />
Aos moradores locais que permitiram a entra<strong>da</strong> em suas proprie<strong>da</strong>‑<br />
des. Aos revisores anônimos pelas críticas e sugestões ao manuscrito.<br />
A Geo Lógica Consultoria Ambiental, Água & Terra Consultoria e<br />
Planejamento Ambiental e Grupo Votorantins pelo suporte logístico<br />
em alguns dos estudos em campo.<br />
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43
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1):44-46<br />
março de 2008<br />
1.<br />
2.<br />
3.<br />
Primeiros registros de Xiphorhynchus chunchotambo<br />
(Tschudi, 1844) (Dendrocolapti<strong>da</strong>e) no Brasil<br />
Edson Guilherme 1,2 e Alexandre Aleixo 3<br />
Universi<strong>da</strong>de Federal do Acre, Departamento de Ciências <strong>da</strong> Natureza, Laboratório de Paleontologia, BR-364, km 04, Campus, 69915-900,<br />
Rio Branco, AC, Brasil. E-mail: guilherme@ufac.br<br />
Pós-graduação em Zoologia, Universi<strong>da</strong>de Federal do Pará, Museu Paraense Emílio Goeldi. Aveni<strong>da</strong> Perimetral, 1901, 66077-530, Belém,<br />
Pará, Brasil.<br />
Coordenação de Zoologia, Museu Paraense Emílio Goeldi, Caixa Postal 399, 66040-170, Belém, PA, Brasil. E-mail: aleixo@museu-goeldi.br<br />
Recebido em: 09/04/2007. Aceito em: 06/03/2008.<br />
ABsTrAcT: On the first records of Xiphorhynchus chunchotambo (Tschudi, 1844) (Dendrocolapti<strong>da</strong>e) for Brazil. We provide<br />
here the first documented records of the Tschudi’s Woodcreeper (Xiphorhynchus chunchotambo) for Brazil, all coming from a fairly<br />
small area in the southeastern corner of the State of Acre. Several individuals were observed and tape-recorded, and nine specimens<br />
were obtained from four different localities. The contrast of those new records with the literature showed that X. chunchotambo<br />
and the Ocellated Woodcreeper (X. ocellatus) occur in eastern Acre only within about 80 km of each other, without any signs of<br />
intergra<strong>da</strong>tion. This finding is consistent with previous studies that showed those two taxa to be very divergent genetically and<br />
phenotypically, therefore further supporting their treatment as separate species.<br />
KEy-wOrDs: Acre, Brazil, Xiphorhynchus chunchotambo, Xiphorhynchus ocellatus.<br />
PAlAvrAs-chAvE: Acre, Brasil, Xiphorhynchus chunchotambo, Xiphorhynchus ocellatus.<br />
Xiphorhynchus chunchotambo (Tschudi, 1844) é um<br />
dendrocolaptídeo de ocorrência restrita à Amazônia ocidental<br />
a partir do sopé dos Andes no sul <strong>da</strong> Colômbia,<br />
norte e sudeste do Peru até a região central <strong>da</strong> Bolívia<br />
(Marantz et al. 2003). Devido a semelhanças morfológicas,<br />
X. chunchotambo foi até bem pouco tempo considera<strong>da</strong><br />
por alguns autores como uma subespécie de X. ocellatus<br />
(Zimmer 1934, Ridgely e Tudor 1994); contudo, um<br />
estudo genético (Aleixo 2002) corroborou a opinião de<br />
Cory e Hellmayr (1925) de que os táxons são espécies<br />
separa<strong>da</strong>s, o que também é reforçado por diferenças significativas<br />
nas suas vocalizações (A.A., obs.pess. e gravações).<br />
A diagnose morfológica entre X. chunchotambo e<br />
X. ocellatus é feita principalmente pelas estrias dorsais,<br />
que são significativamente mais largas no primeiro táxon,<br />
além <strong>da</strong> cor mais clara <strong>da</strong>s manchas peitorais e do peito<br />
marrom-oliváceo, características que em conjunto distinguem<br />
consistentemente X. chunchotambo de todos os outros<br />
táxons agrupados até hoje em X. ocellatus (Marantz<br />
et al. 2003).<br />
Em agosto de 2005, ao analisar alguns espécimes<br />
provenientes de um fragmento florestal urbano pertencente<br />
à Universi<strong>da</strong>de Federal do Acre (Parque Zoobotânico<br />
– UFAC) em Rio Branco – AC, identificamos um<br />
indivíduo imaturo de X. chunchotambo coletado por<br />
E.G. em floresta secundária em 11 de fevereiro de 1999<br />
(MPEG 58953).<br />
NOTA<br />
Entre 13 e 24 de agosto de 2005 e 3 e 16 de fevereiro<br />
de 2006, durante pesquisa na Estação Ecológica do Rio<br />
Acre (11°00’53.4”S, 70°13’02.7”W), município de Assis<br />
Brasil – AC, A.A. observou e gravou vocalizações de vários<br />
indivíduos e casais de X. chunchotambo, que defenderam<br />
vigorosamente seus territórios quando estimulados pelo<br />
“play-back” de suas vocalizações. Nesta mesma locali<strong>da</strong>de,<br />
coletamos um total de dois espécimes adultos (MPEG<br />
58864 e 58865) e um imaturo (MPEG 59806) de X. chunchotambo.<br />
Na Estação Ecológica do Rio Acre, X. chunchotambo<br />
estava associado às florestas <strong>da</strong>s proximi<strong>da</strong>des de<br />
pequenos cursos d’água (“igarapés”), freqüentemente localizados<br />
em “baixios” e fundos de pequenos vales.<br />
Entre setembro e novembro de 2006 E.G. coletou<br />
mais cinco espécimes de X. chunchotambo em duas locali<strong>da</strong>des<br />
ao longo <strong>da</strong> estra<strong>da</strong> “Transacreana” a oeste de<br />
Rio Branco – AC (MPEG 61266, 61267, 61268, 61269<br />
– todos adultos e MPEG 61407 – imaturo), indicando<br />
que esta espécie é relativamente comum na região leste do<br />
Estado do Acre (Figura 1), onde forrageia no sub-bosque<br />
de floresta ripária e em floresta de terra firme com bambus<br />
e/ou palmeiras.<br />
No leste do Estado do Acre, X. chunchotambo ocorre<br />
em simpatria com Xiphorhynchus elegans (obs. pess. dos<br />
autores), mas, não sabemos se existe sobreposição <strong>da</strong> sua<br />
distribuição com a de X. ocellatus, espécie mais aparenta<strong>da</strong><br />
e também registra<strong>da</strong> previamente para o Estado (Marantz
Primeiros registros de Xiphorhynchus chunchotambo (Tschudi, 1844) (Dendrocolapti<strong>da</strong>e) no Brasil<br />
Edson Guilherme e Alexandre Aleixo<br />
FiGurA 1: Distribuição geográfica dos pontos de coleta de Xiphorhynchus chunchotambo e Xiphorhynchus ocellatus no Estado do Acre: 1. Parque<br />
Zoobotânico – UFAC, Rio Branco; 2. Estação Ecológica do Rio Acre; 3. Rodovia “Transacreana”, sítio 1; 4. Rodovia “Transacreana”, sítio 2; 5. Rio<br />
Juruá, próximo de Cruzeiro do Sul; 6. Rio Abunã, arredores de Plácido de Castro e 7. Margem direita do rio Liber<strong>da</strong>de, Tarauacá.<br />
FiGurE 1: Locations in the Brazilian State of Acre where specimens of Xiphorhynchus chunchotambo and Xiphorhynchus ocellatus have been collected:<br />
1. Parque Zoobotânico – UFAC, Rio Branco; 2. Estação Ecológica do Rio Acre; 3. “Transacreana” road, site 1; 4. “Transacreana” road, site 2; 5. Rio<br />
Juruá, near Cruzeiro do Sul city; 6. Rio Abunã, near Plácido de Castro city and 7. East bank of Rio Liber<strong>da</strong>de, Tarauacá.<br />
et al. 2003, CBRO 2007). A ocorrência de X. ocellatus na<br />
bacia do rio Juruá, oeste do Acre, foi documenta<strong>da</strong> por<br />
Novaes (1957) a partir de uma pele coleta<strong>da</strong> nos arredores<br />
de Cruzeiro do Sul (MPEG 26628) e, mais recentemente,<br />
em 15 de junho de 2006, por E.G. na margem direita do<br />
rio Liber<strong>da</strong>de, Município de Tarauacá (Figura 1; MPEG<br />
60596). Contudo, Pinto e Camargo (1954) citam um espécime<br />
de X. o. perplexus coletado nos arredores <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de<br />
de Plácido de Castro, às margens do rio Abunã, no leste<br />
do Acre, e depositado no Museu de Zoologia <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de<br />
de São Paulo (MZUSP 35653). O exame de imagens<br />
digitais deste espécime confirma a identificação de Pinto<br />
e Camargo (1954), demonstrando que X. chunchotambo e<br />
X. ocellatus têm presença documenta<strong>da</strong> a apenas cerca de<br />
80 km um do outro no leste do Estado do Acre (Figura 1).<br />
Além disso, em maio de 2005, Tobias e Seddon (2007)<br />
capturaram e gravaram a vocalização de X. o. perplexus em<br />
Manoa, (Departamento de Pando, Bolívia, região de fronteira<br />
com o Brasil), também às margens do rio Abunã, e a<br />
jusante <strong>da</strong> área de procedência do espécime de Plácido de<br />
Castro depositado no MZUSP. A ocorrência de X. chun-<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008<br />
chotambo e X. ocellatus no leste do Acre em locali<strong>da</strong>des tão<br />
próximas e sem aparentes sinais de intergra<strong>da</strong>ção fenotípica,<br />
padrão que também parece estar ocorrendo no vizinho<br />
Departamento de Pando na Bolívia (Tobias e Seddon<br />
2007), fornece mais uma evidência para a classificação<br />
destes táxons como espécies independentes.<br />
AGrADEcimENTOs<br />
Agradecemos ao IBAMA, SOS Amazônia e WWF-Brazil pela autorização<br />
e apoio logístico e financeiro durante as expedições a Estação<br />
Ecológica do Rio Acre. Durante os trabalhos de campo A.A. foi bolsista<br />
de desenvolvimento Cientifico Regional do convênio CNPq/SECTAM<br />
(processo 35.0415/2004-8). As expedições realiza<strong>da</strong>s no leste do Estado<br />
do Acre (estra<strong>da</strong> Transacreana) foram apoia<strong>da</strong>s pela Conservação Internacional<br />
dentro do projeto “Avifauna do Estado do Acre: Composição,<br />
Distribuição Geográfica e Conservação”. Agradecemos também ao Prof.<br />
Dr. Luis Fábio Silveira, Curador associado <strong>da</strong>s Coleções Ornitológicas<br />
do Museu de Zoologia <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de São Paulo, pela permissão de<br />
estudo e pelo envio de fotos digitais do espécime coletado no Acre e depositado<br />
no MZUSP. Somos gratos também a Luis Cláudio F. Barbosa<br />
(Conservação Internacional-Belém) pela confecção <strong>da</strong> Figura 1.<br />
45
46<br />
Primeiros registros de Xiphorhynchus chunchotambo (Tschudi, 1844) (Dendrocolapti<strong>da</strong>e) no Brasil<br />
Edson Guilherme e Alexandre Aleixo<br />
rEFErêNciAs<br />
Aleixo, A. (2002). Molecular systematics and the role of the “varzea”<br />
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Novaes, F.c. (1957). Contribuição a ornitologia do noroeste do Acre.<br />
Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, Série Zoologia, 9:1-30.<br />
Pinto, O. e camargo, E.A. (1954). Resultados ornitológicos de uma<br />
expedição ao Território do Acre pelo Departamento de Zoologia.<br />
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Austin: University of Texas Press.<br />
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1.<br />
2.<br />
3.<br />
4.<br />
5.<br />
6.<br />
7.<br />
8.<br />
9.<br />
NotA<br />
Novos registros de aves para Pernambuco, Brasil, com<br />
notas sobre algumas espécies pouco conheci<strong>da</strong>s no Estado<br />
Glauco Alves Pereira 1 ; Andrew Whittaker 2 ; Bret M. Whitney 3 ; Kevin J. Zimmer 4 ; Sidnei de Melo Dantas 1 ;<br />
Sônia Aline Ro<strong>da</strong> 5 ; Louis R. Bevier 6 ; Galileu Coelho 7 ; Richard C. Hoyer 8 e Ciro Albano 9<br />
OAP – Observadores de Aves de Pernambuco. Aveni<strong>da</strong> Agamenon Magalhães, 28, Q.C‑13, Eng. Maranguape, 53423‑440, Paulista, PE, Brasil.<br />
E‑mail: glaucoapereira@yahoo.com.br e sm<strong>da</strong>ntas@yahoo.com<br />
Estra<strong>da</strong> do Aleixo, Conjunto Acariquara Sul, Rua <strong>da</strong> Samaumas, 214, Manaus, Amazonas, Brazil 69085. E‑mail: andrew@birdingbraziltours.com<br />
Museum of Natural Science, 119 Foster Hall, Louisiana State University, Baton Rouge, Louisiana, 70803, USA. E‑mail: ictinia@earthlink.net<br />
Los Angeles County Museum of Natural History, 900 Exposition Boulevard, Los Angeles, California 93422, USA. E‑mail: kjzimmer@charter.net<br />
CEPAN – Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste. Rua Nogueira de Souza, 190/102, Pina, 51110‑110, Recife, PE, Brasil.<br />
E‑mail: sonia@cepan.org.br<br />
Department of Biology, Colby College, 5700 Mayflower Hill, Waterville, Maine, 04901. E‑mail: lrbevier@colby.edu<br />
Departamento de Zoologia, Universi<strong>da</strong>de Federal de Pernambuco, Recife, PE, Brasil. E‑mail: argamico1@yahoo.com.br<br />
3919 N. Vine Ave. #2, Tucson, Arizona, 85719, USA. E‑mail: calliope@theriver.com<br />
Aquasis – Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos. E‑mail: ciroalbano@yahoo.com.br<br />
Recebido em: 02/04/2007. Aceito em: 06/03/2008.<br />
ABstrAct: Noteworthy records of birds from Pernambuco, northeast Brazil, including first state records. Among several<br />
noteworthy observations of birds from Pernambuco we present the first published records for the state of fifteen species: Stripe‑<br />
backed Bittern Ixobrychus involucris, Whistling Heron Syrigma sibilatrix, Rufous‑thighed Kite Harpagus diodon, Pectoral Sandpiper<br />
Calidris melanotos, Upland Sandpiper Bartramia longicau<strong>da</strong>, Yellow‑billed Cuckoo Coccyzus americanus, Band‑winged Nightjar<br />
Caprimulgus longirostris, Black‑fronted Nunbird Monasa nigrifrons, Rusty‑backed Spinetail Cranioleuca vulpina, Greater Thornbird<br />
Phacellodomus ruber, White‑ throated Kingbird Tyrannus albogularis, Sharpbill Oxyrunchus cristatus, Purple Martin Progne subis, Cliff<br />
Swallow Petrochelidon pyrrhonota and Orange‑fronted Yellow‑Finch Sicalis columbiana.<br />
KEy-words: Avian biogeography, uncommon records, new records, boreal migrant, Pernambuco birds.<br />
PAlAvrAs-chAvE: Biogeografia de aves, registros incomuns, novos registros, migrante boreal, Aves de Pernambuco.<br />
Pernambuco é um dos estados <strong>da</strong> região Nordeste<br />
do Brasil mais estu<strong>da</strong>dos em relação à composição de<br />
sua avifauna. Algumas obras e listas estaduais publica<strong>da</strong>s<br />
(Pinto 1940; Farias et al. 1995, 2000, 2002) dão ao Es‑<br />
tado esse status, porém grande parte de sua ornitofauna,<br />
principalmente as espécies que ocorrem no lado oeste,<br />
no bioma Caatinga ain<strong>da</strong> são pouco conheci<strong>da</strong>s (Dantas<br />
et al. 2007). Os trabalhos mais significativos realizados<br />
nessa região são os de Coelho (1987), Farias et al. (2005)<br />
e Olmos et al. (2005) e Farias (2007), ain<strong>da</strong> assim, várias<br />
espécies de aves vêm sendo assinala<strong>da</strong>s, tanto nessa re‑<br />
gião, como na Zona <strong>da</strong> Mata e Litoral, no bioma Floresta<br />
Atlântica, o que pode ser confirmado nos trabalhos recen‑<br />
tes de Pacheco e Parrini (2002), Ro<strong>da</strong> e Carlos (2003) e<br />
Dantas et al. (2007).<br />
Neste trabalho apresentamos alguns registros rele‑<br />
vantes (espécies de ocorrência local, incomuns, raras ou<br />
com pouca documentação na literatura) de aves para Per‑<br />
nambuco, além de algumas espécies ain<strong>da</strong> não lista<strong>da</strong>s<br />
para o Estado (ver Farias et al. 2002). Para tanto, foram<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1):47-53<br />
março de 2008<br />
realiza<strong>da</strong>s saí<strong>da</strong>s de campos aleatórias pelos autores, utili‑<br />
zando‑se de instrumentos para a observação e documen‑<br />
tação de algumas espécies, como binóculos e lunetas de<br />
diferentes aumentos, microfones Senheiser ME‑66 e 67,<br />
gravadores Sony TCM 5000‑EV, máquinas fotográficas e<br />
câmeras filmadoras. To<strong>da</strong>s as documentações <strong>da</strong>s espécies<br />
estão de posse dos autores, estando grande parte deposita‑<br />
<strong>da</strong> nos arquivos dos Observadores de Aves de Pernambuco<br />
– OAP. A ordenação taxonômica e a nomenclatura cien‑<br />
tífica <strong>da</strong>s espécies estão de acordo com o CBRO (2007).<br />
Para os nomes comuns utilizamos os nomes conhecidos<br />
na região, na falta desses utilizamos Farias et al. (2000) e<br />
o CBRO (2007). Para os nomes ingleses utilizamos Mon‑<br />
roe e Sibley (1993). Os municípios, locali<strong>da</strong>des e coorde‑<br />
na<strong>da</strong>s geográficas onde as espécies foram assinala<strong>da</strong>s estão<br />
na tabela 1.<br />
Netta erythrophthalma – paturi-preta<br />
Os registros iniciais desta espécie no Estado foram<br />
realizados em Betânia, Floresta, Paulista, Jaboatão dos
48<br />
Novos registros relevantes de aves para Pernambuco, Brasil, incluindo novos registros para o Estado<br />
Glauco Alves Pereira; Andrew Whittaker; Bret M. Whitney; Kevin J. Zimmer; Sidnei de Melo Dantas;<br />
Sônia Aline Ro<strong>da</strong>; Louis R. Bevier; Galileu Coelho; Richard C. Hoyer e Ciro Albano<br />
Guararapes (Farias et al. 2002), Petrolina (Olmos et al.<br />
2005) e na Reserva Particular do Patrimônio Natural<br />
(RPPN) Cantidiano Valgueiro, em Floresta (Farias et al.<br />
2005). Um grupo de 28 indivíduos foi observado por AW<br />
e KJZ em uma lagoa entre os municípios de Bodocó e<br />
Ouricuri em 14 de janeiro de 1997. Outras observações<br />
foram realiza<strong>da</strong>s por esses autores neste mesmo local,<br />
onde foram observados bandos de 18 indivíduos, em 23<br />
tABElA 1: Municípios e locali<strong>da</strong>des do estado de Pernambuco men‑<br />
cionados no texto, com suas respectivas coordena<strong>da</strong>s geográficas.<br />
tABlE 1: Municipalities and localities in the State of Pernambuco<br />
mentioned in the text, with their respective geographical coordinates.<br />
Municípios Locali<strong>da</strong>des<br />
Coordena<strong>da</strong>s<br />
geográficas<br />
Água Preta Engenho Sacramento 08°42’S; 35°31’W<br />
Altinho Porteiras e Ciriaco 08°31’S; 36°09’W<br />
Amaragi Engenho Opinioso 08°22’S; 35°32’W<br />
Barreiros Engenho Cachoeira Lin<strong>da</strong> 08°48’S; 35°19’W<br />
Belém de São<br />
Francisco<br />
— 08°44’S; 38°56’W<br />
Bodocó — 07°46S’; 39°56’W<br />
Buíque<br />
Parque Nacional do<br />
Catimbau<br />
08°35S’; 37°14’W<br />
Canhotinho Usina Serra Grande 08°52’S; 36°11’W<br />
Caruaru<br />
Parque Municipal<br />
Vasconcelos Sobrinho<br />
08°22’S; 36°01’W<br />
Exú<br />
Centro <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de e<br />
redondezas<br />
07°30’S; 39°43’W<br />
Gameleira Usina Cucaú 08°34’S; 35°21’W<br />
Garanhuns São Pedro 08°50’S; 35°27’W<br />
Goiana — 07°33’S; 35°49’W<br />
Goiana Carne de Vaca 07°34’S; 34°49’W<br />
Gravatá Engenho Jussará 08°17’S; 35°35’W<br />
Gravatá Sítio Palmeiras 08°18’S; 35°37’W<br />
Lagoa do Ouro<br />
Reserva Biológica de Pedra<br />
Talha<strong>da</strong><br />
09°13’S; 36°25’W<br />
Lagoa Grande — 08°59’S; 40°16’W<br />
Macaparana — 07°33’S; 35°26’W<br />
Ouricuri — 07°52’S; 40°04’W<br />
Paulista Lagoa do Pau Sangue 07°53’S; 34°51’W<br />
Paulista Praia do Janga 07°56’S; 34°49’W<br />
Petrolândia<br />
Usina Hidrelétrica de<br />
Itaparica<br />
09°08’S; 38°18’W<br />
Petrolina — 09°13’S; 40°26’W<br />
Rio Formoso Usina Cucaú 08°35’S; 35°15’W<br />
Rio Formoso Xanguá, Usina Trapiche 08°38’S; 35°10’W<br />
Santa Cruz do<br />
Capibaribe<br />
— 07°57’S; 36°12’W<br />
São Lourenço <strong>da</strong><br />
Mata<br />
Estação Ecológica de<br />
Tapacurá<br />
08°02’S; 35°11’W<br />
São José <strong>da</strong> Coroa<br />
Grande<br />
Fazen<strong>da</strong> Morim 08°51’S; 35°12’W<br />
Sirinhaém Praia do Gamela 08°40’S; 35°04’W<br />
Sirinhaém Usina Trapiche 08°53’S; 35°08’W<br />
Surubim Barragem de Jucazinho 07°58’S; 35°44’W<br />
Taman<strong>da</strong>ré Praia dos Campas 08°43’S; 35°05’W<br />
Taman<strong>da</strong>ré<br />
Reserva Biológica de<br />
Saltinho<br />
08°44’S; 35°11’W<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008<br />
de janeiro de 2000; 35 em 10 de maio de 2001; e, 07 e<br />
12 de janeiro de 2006 (estes dois últimos registros foram<br />
realizados por AW).<br />
Puffinus puffinus – pardela-sombria<br />
Há alguns registros isolados desta espécie migratória<br />
do hemisfério norte no Estado: em Recife (Azevedo‑Jú‑<br />
nior 1991; Farias et al. 2002), em Itamaracá (Azevedo‑<br />
Júnior 1993; Farias e Castilho 2006), na Coroa do Avião,<br />
em Igarassu (Azevedo‑Júnior 1998; Carlos et al. 2005) e<br />
no Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha<br />
(Schulz‑Neto 1995). Um indivíduo anilhado no Reino<br />
Unido em 1967 foi recapturado em Pernambuco em<br />
1973 (Lara‑Resende e Leal 1982). Um indivíduo debili‑<br />
tado por causa do óleo presente nas penas foi encontrado<br />
por G. Pacheco (com. pess. 2006) na Praia do Janga, em<br />
Paulista, em novembro de 2006. Cerca de 10 mil espéci‑<br />
mes foram observados por AW e GAP em apenas 90 mi‑<br />
nutos de observação na Praia <strong>da</strong>s Campas, município de<br />
Taman<strong>da</strong>ré, em 23 de fevereiro de 2007. Provavelmente<br />
essas aves estavam migrando para retornar ao hemisfério<br />
norte, onde nidificam em colônias na Europa nos meses<br />
de fevereiro e março e começam a pôr ovos em abril e<br />
maio (Harrison 1983).<br />
Ixobrychus involucris – socoí-amarelo<br />
No Nordeste há apenas registros deste socó nos es‑<br />
tado do Maranhão, Piauí, Sergipe (Sick 1997), Alagoas<br />
(Aves de Alagoas) e Bahia (Souza e Borges 2005; Lima<br />
2006). Um indivíduo foi observado e ouvido por AW em<br />
um pantanal com muitos juncais na margem do Rio São<br />
Francisco, em Petrolina, em 08 de fevereiro de 2007. Na<br />
ci<strong>da</strong>de vizinha, em Juazeiro, na Bahia, que fica do outro<br />
lado <strong>da</strong> margem do Rio, BMW observou três espécimes<br />
em 05 de fevereiro de 2001. Este é o primeiro registro<br />
deste Ardei<strong>da</strong>e para Pernambuco.<br />
Syrigma sibilatrix – maria-faceira<br />
Espécie bastante popular no sul do país (Sick 1997),<br />
no entanto no Nordeste do Brasil há registros desta ave<br />
apenas para a Serra <strong>da</strong> Capivara, no Piauí (Olmos 1993)<br />
e para o Lago de Sobradinho, na Bahia (Nascimento e<br />
Schulz‑Neto 2000). AW e KJZ observaram e gravaram<br />
um casal ao norte de Lagoa Grande, freqüentando uma<br />
lagoa onde a caatinga foi degra<strong>da</strong><strong>da</strong>, em janeiro de 1996.<br />
Esta é o primeiro registro para Pernambuco.<br />
Harpagus diodon – gavião-bombachinha<br />
No Brasil os registros deste gavião estão concentra‑<br />
dos nas regiões Norte e Centro‑Oeste (localmente), Leste<br />
e Sul (Sick 1997). Na Floresta Atlântica situa<strong>da</strong> ao norte<br />
do Rio São Francisco não há nenhuma ocorrência desta<br />
espécie, a não ser de seu congênere H. bidentatus. Dois<br />
indivíduos de H. diodon foram fotografados por CA,<br />
enquanto sobrevoavam em círculos a Mata do Engenho
Novos registros relevantes de aves para Pernambuco, Brasil, incluindo novos registros para o Estado<br />
Glauco Alves Pereira; Andrew Whittaker; Bret M. Whitney; Kevin J. Zimmer; Sidnei de Melo Dantas;<br />
Sônia Aline Ro<strong>da</strong>; Louis R. Bevier; Galileu Coelho; Richard C. Hoyer e Ciro Albano<br />
Cachoeira Lin<strong>da</strong>, em Barreiros, em 28 de dezembro de<br />
2007. Este é o primeiro registro desta espécie para o esta‑<br />
do de Pernambuco.<br />
Parabuteo unicinctus – gavião-asa-de-telha<br />
Esse gavião ocorre no Brasil oriental, meridional e<br />
central (Sick 1997). Há poucos registros desta espécie<br />
para Pernambuco, tendo sido assinala<strong>da</strong> para o municí‑<br />
pio de Petrolina (Pacheco 1994), na RPPN Cantidiano<br />
Valgueiro, em Floresta (Farias et al. 2005) e em Recife<br />
(Dantas et al. 2007) e em Santa Maria <strong>da</strong> Boa Vista (Fa‑<br />
rias 2007). AW e KJZ observaram três espécimes em am‑<br />
biente de caatinga, no município de Lagoa Grande, em<br />
15 de janeiro de 1997 e um casal a cerca de 8 km ao norte<br />
de Petrolina em 25 de janeiro de 1999. Também um casal<br />
foi visto em 15 e 16 de janeiro de 1998 perto de Petrolina<br />
na caatinga por AW. Mais recentemente, no dia 23 de<br />
janeiro de 2007, BMW e LRB observaram um indivíduo<br />
planando junto com vários Coragyps atratus a aproxima‑<br />
<strong>da</strong>mente 20 km ao norte de Petrolina.<br />
Rallus longirostris – saracura-sanã-dos-mangues<br />
Associa<strong>da</strong> a ambientes de manguezais e praias lodo‑<br />
sas, esta espécie ocorre por quase to<strong>da</strong> a costa brasileira<br />
(Pinto 1978; Sick 1997). Em Pernambuco havia apenas<br />
um registro histórico realizado por Forbes (1881), em Re‑<br />
cife. Um indivíduo teve sua voz grava<strong>da</strong> por SMD em<br />
ambiente de manguezal, na praia do Gamela, Sirinhaém,<br />
em 25 de junho de 2004.<br />
Laterallus exilis – pinto-d’água<br />
A distribuição dessa espécie se dá por grande parte <strong>da</strong><br />
Amazônia e no Nordeste do Brasil (Sick 1997), havendo<br />
também registros no sudeste do Brasil (Sigrist 2006). Em<br />
Pernambuco esta espécie foi primeiramente documenta<strong>da</strong><br />
por Berla (1946), na Usina São José, município de Igaras‑<br />
su. Três indivíduos foram atraídos por play back por GC<br />
(os mesmos estavam em um capinzal alto próximo a um<br />
córrego, na Estação Ecológica de Tapacurá, município de<br />
São Lourenço <strong>da</strong> Mata, em 30 de abril de 1987). Neste<br />
mesmo local GC fotografou e coletou um exemplar em<br />
02 de maio de 1987. Outro indivíduo também foi cole‑<br />
tado por GC próximo à Usina Hidrelétrica de Itaparica,<br />
Petrolândia, em 16 de março de 1988. SAR registrou a es‑<br />
pécie em áreas abertas do Engenho Sacramento, em Água<br />
Preta, em abril de 2004; na Mata do Curuzu, na Usina<br />
Cucaú, em Gameleira, em agosto de 2004; na Mata <strong>da</strong><br />
Forma, na Usina Cucaú, em Rio Formoso, em setembro<br />
de 2004; na Mata do Jaguarão, na Usina Cucaú, em Rio<br />
Formoso, em setembro de 2004 e na Fazen<strong>da</strong> Morim, em<br />
São José <strong>da</strong> Coroa Grande, em outubro de 2004; Um in‑<br />
divíduo foi ouvido por GAP e SAR em uma área alaga<strong>da</strong><br />
no Engenho Opinioso, em Amaragi, em 16 de abril de<br />
2005 e um outro foi gravado também por SAR e GAP<br />
na bor<strong>da</strong> <strong>da</strong> mata do Xanguá, na Usina Trapiche, em Rio<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008<br />
Formoso, em 25 de novembro de 2006. Posteriormente<br />
alguns indivíduos foram gravados neste mesmo local por<br />
GAP em 16 de dezembro de 2006.<br />
Neocrex erythrops – galinha-d’água-mirim<br />
As primeiras citações desta ave para Pernambuco<br />
são de Coelho (1978) e Sick (1985), porém sem especi‑<br />
ficarem a locali<strong>da</strong>de. Outras citações são de Farias et al.<br />
(2002) para os municípios de Paulista e Barreiros. Há dois<br />
registros desta espécie na Coleção <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Fede‑<br />
ral de Pernambuco (UFPE) procedentes de Pernambuco<br />
(nº UFPE 237 e UFPE 1108), coletados respectivamente<br />
na Lagoa do Pau Sangue, em Paulista por J. F. Magalhães,<br />
em 1957 e na estra<strong>da</strong> próxima à Usina Hidrelétrica de Ita‑<br />
parica, em Petrolândia por A. Nascimento em 1988. GC<br />
observou três indivíduos em um viveiro, em Macaparana,<br />
onde dois desses foram coletados, em 1971 e um estava<br />
vivendo em uma moita de marmeleiro Croton sonderianus<br />
Muell. Arg (Euphorbiaceae) perto de um açude. Poste‑<br />
riormente GC gravou um espécime no Parque Municipal<br />
Vasconcelos Sobrinho, na Serra dos Cavalos, município<br />
de Caruaru, em dezembro/1990. A voz grava<strong>da</strong> (back<br />
ground) desta espécie foi identifica<strong>da</strong> por J. Vielliard.<br />
Bartramia longicau<strong>da</strong> – maçarico-do-campo<br />
Migrante boreal de América do Norte que inverna<br />
principalmente no sul do Brasil (Lara‑Resende e Leal<br />
1982). No Nordeste há registros desta espécie para o Ma‑<br />
ranhão (Pinto 1978), Ceará (Pinto 1978; Lara‑Resende e<br />
Leal 1982) e Bahia (Reiser 1910; Souza e Borges 2005).<br />
AW e KJZ avistaram um indivíduo a cerca de 8 km ao<br />
norte de Petrolina em uma área de brejo em 25 de janeiro<br />
de 1999. Este é o primeiro registro desta espécie migrató‑<br />
ria para Pernambuco.<br />
Calidris melanotos – maçarico-de-colete<br />
Maçarico migrante <strong>da</strong> América do Norte que du‑<br />
rante seus deslocamentos pode ocorrer em todo o Brasil<br />
(Pinto 1978). Em território pernambucano há apenas<br />
registros no Parque Nacional Marinho de Fernando de<br />
Noronha (Schulz‑Neto 1995), sem haver ocorrências no<br />
continente. Um indivíduo foi visto por AW e KJZ em<br />
um lago a cerca de 8 km ao norte de Petrolina em 16 de<br />
janeiro de 1997. Este é o primeiro registro desta ave para<br />
o Estado fora dos limites de Fernando de Noronha.<br />
Rynchops niger – talha-mar<br />
Assinala<strong>da</strong> inicialmente em Recife (Dantas et al.<br />
2007). Um indivíduo jovem foi observado por AW e KJZ<br />
sobrevoando o Rio São Francisco, em Petrolina, em 19 de<br />
janeiro de 2002.<br />
Coccyzus americanus – papa-lagarta-de-asa-vemelha<br />
Esta ave emigra <strong>da</strong> América do Norte durante o in‑<br />
verno boreal, invernando na América do Sul (Lara‑Re‑<br />
49
50<br />
Novos registros relevantes de aves para Pernambuco, Brasil, incluindo novos registros para o Estado<br />
Glauco Alves Pereira; Andrew Whittaker; Bret M. Whitney; Kevin J. Zimmer; Sidnei de Melo Dantas;<br />
Sônia Aline Ro<strong>da</strong>; Louis R. Bevier; Galileu Coelho; Richard C. Hoyer e Ciro Albano<br />
sende e Leal 1982). No Nordeste está assinalado para os<br />
estados do Maranhão (Lara‑Resende e Leal 1982), Ceará<br />
(Teixeira et al. 1993), Piauí (Sick 1997) e Bahia (Lima<br />
2004; Souza e Borges 2005). Um indivíduo foi obser‑<br />
vado por AW em 15 de janeiro de 1998, na BR 122 a<br />
cerca de 30 km ao norte de Jutai, no município de Lagoa<br />
Grande em uma área de caatinga. Provavelmente foi atro‑<br />
pelado por um carro, pois estava no meio‑fio <strong>da</strong> rodovia,<br />
mas estava em bom estado, sendo fotografado antes de<br />
ser solto. Após uma grande tempestade em Petrolina em<br />
19 de janeiro de 2002 AW e KJZ encontraram 4‑5 in‑<br />
divíduos na margem do Rio São Francisco em uma área<br />
degra<strong>da</strong><strong>da</strong>, em Petrolina. Neste mesmo dia e local cerca<br />
de 20 espécimes foram observados e não havia nenhu‑<br />
ma infestação de lagartas na área. Também em Petrolina,<br />
BMW observou quatro indivíduos em 24 de janeiro de<br />
2004, porém, nesta ocasião havia uma massiva praga de<br />
lagartas e estava chovendo bastante na região. Três dias<br />
antes, BMW fotografou um espécime em Barbalha, no<br />
Ceará. Esses são os primeiros registros desta espécie mi‑<br />
gratória para Pernambuco. Possivelmente estes registros<br />
significam que Pernambuco e talvez o Rio São Francisco<br />
possa ser uma importante rota de migração desta espécie<br />
para o sul do Brasil.<br />
Caprimulgus longirostris – bacurau-<strong>da</strong>-telha<br />
Os poucos registros dessa espécie no Brasil até a<br />
pouco tempo atrás se deve principalmente ao desconhe‑<br />
cimento <strong>da</strong> vocalização e falta de atenção sobre essas aves,<br />
por isso ficou por muito tempo sem registros no país até<br />
que foi redescoberta em 1941 (Sick 1997). Na região<br />
Nordeste há apenas registros no estado <strong>da</strong> Bahia: no Raso<br />
<strong>da</strong> Catarina (Sick 1997; Lima et al. 2003) e na Chapa<strong>da</strong><br />
Diamantina (Parrini et al. 1999). Um indivíduo foi gra‑<br />
vado por RCH no Parque Nacional do Catimbau, mais<br />
precisamente na Vila do Catimbau, em Buíque em 25<br />
de janeiro de 2007. Estava vocalizando em uma área de<br />
caatinga aberta com declives rochosos expostos e bolsões<br />
de florestas semi‑úmi<strong>da</strong>s. Este é o primeiro registro desta<br />
espécie para Pernambuco.<br />
Cypseloides senex – taperuçu-velho<br />
Espécie pouco conheci<strong>da</strong>, com registros dispersos<br />
pelo Brasil, sempre associados a cachoeiras (Sick 1997).<br />
Em Pernambuco foi registra<strong>da</strong> a primeira vez em Boni‑<br />
to (Farias et al. 2002). Três indivíduos foram observados<br />
por GAP e G. L. Pacheco, sobrevoando uma região de<br />
cachoeiras com altos paredões rochosos, no Sítio Palmei‑<br />
ras, Gravatá, em 18 de setembro de 2004. Os indivíduos<br />
apresentavam uma área esbranquiça<strong>da</strong> em sua fronte, o<br />
que serve como diagnose <strong>da</strong> espécie.<br />
Heliactin bilopha – beija-flor-chifre-de-ouro<br />
Assinalado inicialmente em Igarassu (Berla 1946) e<br />
na Reserva Estadual de Gurjaú, no Cabo de Santo Agos‑<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008<br />
tinho (Telino‑Júnior et al. 2005). Um casal foi observado<br />
por SAR e GAP em uma área de capinzal no Engenho<br />
Opinioso, Amaragi, em 16 de abril de 2005. Um indiví‑<br />
duo foi observado em uma área de capinzal próximo a uma<br />
capoeira por GAP e SMD no Sítio Palmeiras, em Gravatá,<br />
em 23 de abril de 2005. Outro espécime foi visualizado por<br />
SMD e M. T. Brito na bor<strong>da</strong> <strong>da</strong> mata <strong>da</strong> Reserva Biológica<br />
de Saltinho, em Taman<strong>da</strong>ré, em 15 de maio de 2005.<br />
Monasa nigrifrons – bico-de-brasa<br />
No Brasil esta ave ocorre no norte do Amazonas,<br />
leste do Pará, Piauí, Brasil central, Minas Gerais e oeste<br />
de São Paulo (Sick 1997). Os registros mais próximos de<br />
Pernambuco foram realizados no estado de Alagoas, no<br />
município de Passo de Camaragibe (Teixeira et al. 1988)<br />
e no município de Pilar (Aves de Alagoas). Cerca de qua‑<br />
tro indivíduos foram gravados por GAP em uma mata<br />
ciliar, na Mata do Jaguaré, Usina Trapiche, município de<br />
Sirinhaém em 15 de outubro de 2007. Esta é a primeira<br />
ocorrência desta espécie para o estado de Pernambuco.<br />
Piculus chrysochloros – pica-pau-dourado-escuro<br />
Há registros deste pica‑pau para os municípios de<br />
Sirinhaém e Rio Formoso (Coelho 1993), Abreu e Lima,<br />
Betânia, Floresta e Paulista (Farias et al. 2002), na RPPN<br />
Maurício Dantas, entre os municípios de Betânia e Flores‑<br />
ta e na RPPN Cantidiano Valgueiro, em Floresta (Farias<br />
et al. 2005) e em Petrolândia (Farias 2007). GC encon‑<br />
trou esta espécie convivendo simpatricamente com Piculus<br />
flavigula, na Reserva Biológica de Saltinho, município<br />
de Taman<strong>da</strong>ré, em 1993. Uma fêmea foi fotografa<strong>da</strong> por<br />
Ken Havard e grava<strong>da</strong> por AW na desci<strong>da</strong> <strong>da</strong> Chapa<strong>da</strong><br />
do Araripe, em uma mata ciliar, a mais ou menos 10 km<br />
de distância do município de Exú, em 08 de fevereiro de<br />
2007.<br />
Formicivora rufa – papa-formigas-vermelho<br />
Assinala<strong>da</strong> para os municípios de Jaqueira (Ro<strong>da</strong><br />
2003), Goiana (Dantas et al. submetido; coleção <strong>da</strong><br />
UFPE) e Bonito (Dantas et al. 2007; coleção <strong>da</strong> UFPE).<br />
GC coletou um casal em uma vegetação de tabuleiro (uma<br />
feição local do cerrado), em Goiana, no ano de 1970. Es‑<br />
ses exemplares encontram‑se na coleção <strong>da</strong> UFPE (nº 185<br />
e 202). Um casal foi observado e gravado por GAP e SMD<br />
na Mata do Benedito, Engenho Jussará, Gravatá, em 04<br />
de janeiro de 2007.<br />
Synallaxis albescens – uí-pi<br />
Esta espécie apresenta ampla distribuição pela Ama‑<br />
zônia e sudeste do Brasil, porém no estado de Pernambu‑<br />
co apresenta apenas duas documentações bibliográficas,<br />
uma em Brejão (Forbes 1881) e outra em Petrolina (Ol‑<br />
mos et al. 2005). GC avistou um espécime em ambiente<br />
de caatinga no município de Santa Cruz do Capibaribe,<br />
em junho de 1986; um outro foi observado caçando ar‑
Novos registros relevantes de aves para Pernambuco, Brasil, incluindo novos registros para o Estado<br />
Glauco Alves Pereira; Andrew Whittaker; Bret M. Whitney; Kevin J. Zimmer; Sidnei de Melo Dantas;<br />
Sônia Aline Ro<strong>da</strong>; Louis R. Bevier; Galileu Coelho; Richard C. Hoyer e Ciro Albano<br />
trópodes em uma faveleira Cnidoscolus phyllacanthus Pax<br />
et Hoff. (Euphorbiaceae) e nas copas densas <strong>da</strong> caatinga<br />
com algarobas Prosopis juliflora DC. (Legum. Mimosoide‑<br />
ae), nas margens do lago <strong>da</strong> Usina Hidrelétrica de Itapa‑<br />
rica, em Petrolândia, em março de 1988 e um indivíduo<br />
visualizado em uma cerca de avelóz Euphorbia tirucalli L.<br />
(Euphorbiaceae), perto do Riacho Salgado, na Barragem<br />
de Jucazinho, município de Surubim, em agosto de 1992.<br />
AW e KJZ observaram e gravaram casais <strong>da</strong> espécie em<br />
uma área de Caatinga muito degra<strong>da</strong><strong>da</strong> próxima ao mu‑<br />
nicípio de Lagoa Grande, em janeiro de 1999,2002, 2004<br />
e 2006. Adicionalmente um indivíduo foi gravado por<br />
GAP em uma área de caatinga degra<strong>da</strong><strong>da</strong>, em São Pedro,<br />
município de Garanhuns, em 17 de setembro de 2005.<br />
Cranioleuca vulpina – arredio-do-rio<br />
No Brasil esta espécie ocorre em vários estados,<br />
porém a subespécie C. vulpina reiseri ocorre apenas em<br />
Pernambuco, Bahia e Piauí (Ridgely e Tudor 1994). Um<br />
casal foi observado e gravado por AW e KJZ na margem<br />
do Rio São Francisco, em Petrolina, em 19 de janeiro de<br />
2002 e em 17 de janeiro de 2004. Neste mesmo local,<br />
AW observou três casais, em 14 de janeiro de 2006 e qua‑<br />
tro casais tiveram suas vozes documenta<strong>da</strong>s em 08‑09 de<br />
janeiro de 2007. Essas são as primeiras documentações<br />
dessa espécie para Pernambuco.<br />
Phacellodomus ruber – graveteiro<br />
Anteriormente, no Nordeste do Brasil havia apenas<br />
registros dessa espécie para a Bahia (Ridgely e Tudor 1994;<br />
Sick 1997) e para o Piauí (Hellmayr 1927) Um casal foi<br />
gravado por AW e KJZ na margem do Rio São Francisco,<br />
em Petrolina, em 19 de janeiro de 2002; neste mesmo<br />
local, AW gravou um casal que estava no ninho, em 14<br />
de janeiro de 2006 e dois casais em 08‑09 de fevereiro de<br />
2007. Essas também são as primeiras documentações <strong>da</strong><br />
espécie para o estado de Pernambuco.<br />
Stigmatura napensis – trinta-e-cinco<br />
Há registros desta espécie para a região Nordeste do<br />
Brasil e no Amazonas e Pará (Ridgely e Tudor 1994; Sick<br />
1997). Em Pernambuco, foi cita<strong>da</strong> a assinala<strong>da</strong> a primeira<br />
vez por Pinto (1944), em Petrolina. Ro<strong>da</strong> (2002) mencio‑<br />
nou algumas peles deposita<strong>da</strong>s na coleção <strong>da</strong> UFPE pro‑<br />
cedentes dos municípios de Buíque, Ibimirim, Sertânia<br />
e Toritama (coleciona<strong>da</strong>s por GC). Olmos et al. (2005),<br />
o registrou em Petrolina. Há também uma outra docu‑<br />
mentação <strong>da</strong> espécie para o município de Floresta (Farias<br />
et al. 2005). Alguns indivíduos foram observados e gra‑<br />
vados por GAP em alguns fragmentos de caatinga, em<br />
Porteiras e no Ciriaco, município de Altinho, de 2002 a<br />
2006. Além disso, GAP documentou a vocalização de al‑<br />
guns indivíduos em uma área de caatinga degra<strong>da</strong><strong>da</strong>, em<br />
São Pedro, Garanhuns, em 17 de setembro de 2005. Em<br />
Lagoa Grande e em Petrolina, BMW e LRB realizaram re‑<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008<br />
gistros (a maioria documenta<strong>da</strong> com gravações) em todos<br />
os anos desde 1991 e AW e KJZ encontraram casais na<br />
caatinga que foram observados e gravados desde Janeiro<br />
de 1996. Nestes locais a espécie mostrou‑se comum.<br />
Stigmatura budytoides – papa-moscas-lavadeira<br />
No Brasil ocorre apenas na região Nordeste (Ridgely<br />
e Tudor 1994; Sick 1997). Cita<strong>da</strong> a primeira vez para o<br />
estado de Pernambuco por Sick (1997), porém sem es‑<br />
pecificar a locali<strong>da</strong>de. Na coleção ornitológica <strong>da</strong> UFPE<br />
há quatro peles deposita<strong>da</strong>s, procedentes do município<br />
de Petrolina, 1998, coleciona<strong>da</strong>s por GC. Olmos et al.<br />
(2005) registraram essa espécie em Petrolina, Ouricuri e<br />
Lagoa Grande. Farias (2007) a registrou em Petrolândia e<br />
Santa Maria <strong>da</strong> Boa Vista. GAP visualizou e gravou alguns<br />
espécimes em alguns fragmentos de caatinga, em Portei‑<br />
ras e no Ciriaco, município de Altinho, também entre os<br />
anos de 2002 a 2006. Em Lagoa Grande e também em<br />
Petrolina e Ouricuri, BMW e LRB documentaram a pre‑<br />
sença desta espécie em todos os anos desde 1991, e AW e<br />
KJZ encontraram na caatinga casais que foram observa‑<br />
dos e gravados desde Janeiro de 1996 até janeiro de 2006,<br />
onde são comuns. Esses dois últimos autores gravaram<br />
um casal perto de Ouricuri, em Janeiro de 1996.<br />
Tyrannus albogularis – suiriri-de-garganta-branca<br />
Ocorre no Brasil oeste‑setentrional e central até o<br />
Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, sul de Minas<br />
Gerais e São Paulo, havendo também registros no oeste<br />
<strong>da</strong> Bahia e no Amapá (Ridgely e Tudor 1994; Sick 1997).<br />
Um indivíduo foi observado por BMW e LRB em uma<br />
locali<strong>da</strong>de situa<strong>da</strong> a 20 km ao norte <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de Petro‑<br />
lina, no dia 13 de fevereiro de 2003, próximo à rodo‑<br />
via federal BR‑428 que liga Petrolina a Lagoa Grande.<br />
A espécie foi identifica<strong>da</strong> pela ausência total de lavagem<br />
esverdea<strong>da</strong> na margem do peito, a área branca <strong>da</strong> gargan‑<br />
ta encontrando perfeitamente com a região amarela‑clara<br />
do peito; e também pela máscara escura passando pelos<br />
olhos, sendo mais escura ou contrastante do que sua con‑<br />
gênere, T. melancholicus. As costas também são mais es‑<br />
verdea<strong>da</strong>s em relação às costas de T. melancholicus. Este<br />
é um registro importante para a região, sabendo‑se que<br />
esta espécie encontra‑se fora de sua área de distribuição.<br />
O registro prévio mais próximo de Pernambuco ocorreu<br />
no município de Mombaça, no estado do Ceará (Olmos<br />
et al. 2005), onde a espécie a espécie foi observa<strong>da</strong>, sem<br />
ser documenta<strong>da</strong> (C. Albano com. pess. 2007).<br />
Oxyruncus cristatus – araponga-do-horto<br />
Espécie florestal com distribuição muito descontínua<br />
pelo Brasil, com registros inclusive em Alagoas (Ridgely<br />
e Tudor 1994; Sick 1997). Um indivíduo foi ouvido por<br />
SAR e C. J. Carlos, na bor<strong>da</strong> <strong>da</strong> Mata de Maria Maior, na<br />
Usina Serra Grande, município de Canhotinho, em 31<br />
de março de 2003. Um outro indivíduo foi fotografado<br />
51
52<br />
Novos registros relevantes de aves para Pernambuco, Brasil, incluindo novos registros para o Estado<br />
Glauco Alves Pereira; Andrew Whittaker; Bret M. Whitney; Kevin J. Zimmer; Sidnei de Melo Dantas;<br />
Sônia Aline Ro<strong>da</strong>; Louis R. Bevier; Galileu Coelho; Richard C. Hoyer e Ciro Albano<br />
por CA no lado pernambucano <strong>da</strong> Reserva Biológica de<br />
Pedra Talha<strong>da</strong>, município de Lagoa do Ouro, em 15 de<br />
fevereiro de 2008. Esses são os primeiros registros <strong>da</strong> es‑<br />
pécie para o Estado.<br />
Xenopsaris albinucha – tijerila<br />
Esta é uma ave considera<strong>da</strong> rara e de ocorrência local<br />
(Ridgely e Tudor 1994; Sick 1997), típica <strong>da</strong> Caatinga,<br />
sendo inicialmente cita<strong>da</strong> para o Estado por Sick (1997),<br />
porém em locali<strong>da</strong>de não divulga<strong>da</strong>. Farias et al. (2005)<br />
registraram a espécie para a RPPN Maurício Dantas, entre<br />
Betânia e Floresta. Neste trabalho alguns espécimes foram<br />
visualizados e gravados por GAP em Porteiras e no Ciria‑<br />
co, município de Altinho, em diferentes ocasiões: 22‑25<br />
de dezembro de 2002, 17 de abril de 2003, 25 de junho de<br />
2003 e 25 de dezembro de 2005, em ambiente de Caatin‑<br />
ga, tanto em bor<strong>da</strong>s de matas como em áreas antrópicas,<br />
arboriza<strong>da</strong>s com algarobeiras Prosopis juliflora DC. (Le‑<br />
gum. Mimosoideae). BMW e LRB registraram a espécie<br />
em todos os anos desde 1994, na maioria dos casos foram<br />
gravados, principalmente perto de Petrolina e Lagoa Gran‑<br />
de, mas também várias vezes perto de Ouricuri. AW e KJZ<br />
registraram a espécie em diferentes ocasiões: primeiro em<br />
Lagoa Grande em 15 de janeiro de 1997 onde foi encon‑<br />
trado e gravado na caatinga; também observado perto de<br />
Ouricuri em 14 de Janeiro de 1997; em segui<strong>da</strong> foi visto<br />
perto de Bodocó em 21 de janeiro de 1999. AW observou<br />
um casal em 17 de janeiro de 1998 perto de Petrolina<br />
construindo um ninho; também AW e KJZ observaram<br />
uma construção de ninho ao norte de Lagoa Grande em<br />
19 de janeiro de 2002. Os dois ninhos estavam localizados<br />
em árvores <strong>da</strong> mesma espécie, espinhosa, de 7‑10 m de<br />
altura. Os ninhos estavam a aproxima<strong>da</strong>mente 5 a 6 m de<br />
altura, tendo o formato de uma pequena xícara, fina, feita<br />
de palha seca. Novamente em Lagoa Grande, AW gravou<br />
um casal em 09 de fevereiro de 2007.<br />
Progne subis – andorinha-azul<br />
Andorinha que emigra <strong>da</strong> América do Norte durante<br />
o inverno boreal, invernando na América do Sul entre os<br />
meses de setembro a março (Sick 1997; Sigrist 2006). Al‑<br />
guns indivíduos foram observados e filmados por BMW e<br />
LRB na ci<strong>da</strong>de de Exú, em 03 de fevereiro de 2001; sendo<br />
observados no mesmo local em 04 de fevereiro de 2002;<br />
no dia 09 de fevereiro de 2003 foram observados mais de<br />
300 indivíduos, em um local situado a uns 3 km ao norte<br />
<strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de; também neste mesmo dia foram avistados mais<br />
de 300 indivíduos pousados na antena mais alta <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de<br />
de Exú. Também no centro urbano desta ci<strong>da</strong>de, em 13<br />
de abril de 2003, foram observados bandos dessa espécie<br />
pousados em fios elétricos (W. Girão com. pess. 2006).<br />
Foram registra<strong>da</strong>s novamente na ci<strong>da</strong>de por BMW em<br />
16 de janeiro de 2005. Em to<strong>da</strong>s as avistagens, estavam<br />
em plena mu<strong>da</strong>, típico desta espécie nesse período do ano<br />
(invernagem no hemisfério sul). Esses são os primeiros<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008<br />
registros desta andorinha para Pernambuco. No período<br />
bem seco de janeiro de 2007, BMW e LRB procuraram<br />
a espécie nos mesmos locais próximos a Exu, no entanto<br />
não conseguiram avistar nenhum indivíduo.<br />
Petrochelidon pyrrhonota – andorinha-de-dorso-acanelado<br />
Outro migrante setentrional que apresenta registros<br />
em várias partes do país, sendo que em algumas ocasiões<br />
encontram‑se agrega<strong>da</strong>s a bandos de outras andorinhas<br />
como Tachycineta albiventer e Hirundo rustica (Sick 1997;<br />
Sigrist 2006). Um espécime foi visualizado por BMW e<br />
LRB pousado em um fio elétrico, juntamente com muitos<br />
indivíduos de Hirundo rustica, na região norte <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de<br />
de Exú, no dia 09 de fevereiro de 2003. Foi observa<strong>da</strong><br />
uns cinco minutos, filma<strong>da</strong> e fotografa<strong>da</strong>. Apresentava<br />
a plumagem bem gasta, mas suficiente visível para per‑<br />
mitir a identificação e a eliminação dos caracteres que a<br />
assemelha a sua congênere P. fulva (espécie ain<strong>da</strong> menos<br />
espera<strong>da</strong> para a área). Este é o primeiro registro <strong>da</strong> espécie<br />
para o estado de Pernambuco e um dos primeiros para a<br />
região Nordeste.<br />
Sicalis columbiana – canário-do-amazonas<br />
Esta espécie apresenta uma distribuição bem ampla,<br />
ocorrendo <strong>da</strong> Venezuela ao Peru e Brasil até o sul do Pará,<br />
meio‑norte, vale do São Francisco, Goiás e Mato Grosso<br />
(Sick 1997). BMW observou alguns indivíduos em Be‑<br />
lém de São Francisco em novembro de 1994 e 1995 e<br />
em Petrolina, em 06 de fevereiro de 2001 e 23 de janeiro<br />
de 2004. Esses são os primeiros registros <strong>da</strong> espécie para<br />
Pernambuco.<br />
Procacicus solitarius – xexéu-bauá<br />
No estado de Pernambuco os registros desta espé‑<br />
cie ocorrem nas seguintes locali<strong>da</strong>des: Reserva Ecológica<br />
Mata de São João e para a Reserva Ecológica Mata do<br />
Amparo, ambas em Itamaracá; no município de Moreno<br />
(Farias et al. 2002), para a Reserva Estadual de Gurjaú,<br />
no Cabo de Santo Agostinho (Telino‑Júnior et al. 2005)<br />
e nos municípios de Lagoa Grande e Petrolina (Olmos<br />
et al. 2005). Um par foi visualizado por GC em Carne<br />
de Vaca, município de Goiana, próximo a um manguezal<br />
periférico <strong>da</strong> ilha Tariri, e entre o mangue e uma capoei‑<br />
ra, tipo tabuleiro, em 03 de março de 1989. A voz des‑<br />
ta espécie foi documenta<strong>da</strong> por AW e KJZ na margem<br />
do Rio São Francisco, em Petrolina, em 19 de janeiro de<br />
2002 e em 17 de janeiro de 2004, onde foram encontra‑<br />
dos ninhos <strong>da</strong> espécie. Posteriormente neste mesmo local<br />
AW encontrou um casal em 14 de janeiro de 2006 e em<br />
08‑09 de janeiro de 2007. Em segui<strong>da</strong> SMD gravou um<br />
indivíduo no Engenho Cachoeira Lin<strong>da</strong>, em Barreiros,<br />
em 11 de outubro de 2004 e GAP e Mauricio Periquito<br />
gravaram e observaram um casal com ninho na beira de<br />
um riacho na Usina Trapiche, em Sirinhaém, em 28 de<br />
janeiro de 2007.
Novos registros relevantes de aves para Pernambuco, Brasil, incluindo novos registros para o Estado<br />
Glauco Alves Pereira; Andrew Whittaker; Bret M. Whitney; Kevin J. Zimmer; Sidnei de Melo Dantas;<br />
Sônia Aline Ro<strong>da</strong>; Louis R. Bevier; Galileu Coelho; Richard C. Hoyer e Ciro Albano<br />
AgrAdEcimENtos<br />
A Weber Girão por nos autorizar a publicar alguns de seus <strong>da</strong>‑<br />
dos. A Fernando Pacheco pela leitura e incentivo na organização e<br />
publicação desta nota. Aos revisores anônimos <strong>da</strong> RBO e a Francis‑<br />
co Sargot martin do Grupo Ornitológico Forpus e a Gilmar Farias<br />
dos Observadores de Aves de Pernambuco na aju<strong>da</strong> e melhoria deste<br />
trabalho. Agradecemos também a Fun<strong>da</strong>ção o Boticário de Proteção<br />
à Natureza (Projeto 0569‑20022), ao Fundo Nacional do Meio Am‑<br />
biente (projeto 026/2004) e ao CEPAN e Conservation International<br />
pelo apoio logístico.<br />
rEfErêNciAs<br />
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53
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1):54-57<br />
março de 2008<br />
1.<br />
2.<br />
3.<br />
Ocorrência e sazonali<strong>da</strong>de do guarapirá<br />
Fregata magnificens (Fregati<strong>da</strong>e) no litoral de<br />
Pernambuco, Brasil<br />
Glauco Alves Pereira 1 , Galileu Coelho 2 , Manoel Toscano de Brito 1 , Gustavo Luíz<br />
Pacheco 1 , Gilmar Beserra de Farias 1,3 , Sidnei de Melo Dantas 1 , Elisângela Guimarães 1 ,<br />
Maurício Cabral Periquito 1 e Narciso de Melo Lins Filho 1<br />
OAP – Observadores de Aves de Pernambuco. Aveni<strong>da</strong> Agamenon Magalhães, 28, Q.C‑13, Eng. Maranguape, 53423‑440, Paulista, PE, Brasil.<br />
E‑mail: glaucoapereira@yahoo.com.br<br />
Departamento de Zoologia, Universi<strong>da</strong>de Federal de Pernambuco, Recife, PE, Brasil. E‑mail: argamico1@yahoo.com.br<br />
Universi<strong>da</strong>de Federal de Pernambuco – Centro Acadêmico de Vitória, Rua Alto do Reservatório, s/n, Bela Vista, 55608‑680,<br />
Vitória de Santo Antão, PE, Brasil. E‑mail: gilmarfarias@br.inter.net<br />
Recebido em: 11/09/2006. Aceito em: 19/02/2008.<br />
ABSTrACT: Occurrence and seasonality of Magnificent Frigatebird (Fregati<strong>da</strong>e) along the coast of Pernambuco, Brazil. We<br />
present several records of the Magnificent Frigatebird for the coast of the State of Pernambuco between 1970 and 2006. There were<br />
63 records from 18 localities and birds were recorded mainly between May and July. Some individuals were found dead on the beach<br />
in May‑June after strong storms.<br />
KEy-wOrDS: Magnificent Frigatebird, Fregata magnificens, ocorrence, sazonality, Pernambuco<br />
PALAvrAS-ChAvES: Guarapirá, Fregata magnificens, ocorrência, sazonali<strong>da</strong>de, Pernambuco.<br />
O guarapirá Fregata magnificens (Mathews, 1914)<br />
é uma ave marinha que ocorre na costa Atlântica e Pací‑<br />
fica do continente americano, indo <strong>da</strong> Baixa Califórnia<br />
até o Equador, e <strong>da</strong> Flóri<strong>da</strong> até o sul do Brasil. Ocorre<br />
ocasionalmente na Argentina, e regularmente durante<br />
o verão, no Uruguai, havendo também uma população<br />
disjunta nas Ilhas de Cabo Verde (Harrison 1983; Orta<br />
1994; Novelli 1997). No Brasil, tem sido assinalado va‑<br />
gando por to<strong>da</strong> a costa, desde o Amapá até o Rio Grande<br />
do Sul (Sick 1997). Em Pernambuco, já foi cita<strong>da</strong> por<br />
Lamm (1948) e por Coelho (1978), porém nenhum<br />
destes autores mencionou especificamente qualquer lo‑<br />
cali<strong>da</strong>de ou <strong>da</strong>ta. Há registros desta espécie para a Coroa<br />
do Avião, em Igarassu (Azevedo Júnior 1998, Fedrizzi<br />
2003; Carlos et al. 2005), em Itamaracá (Carlos et al.<br />
2005) e no Arquipélago de Fernando de Noronha, onde<br />
se reproduz (Schulz‑Neto 1995; Sick 1997). Apesar dos<br />
trabalhos sobre aves migratórias na região, poucas são as<br />
obras que analisaram a presença <strong>da</strong> F. magnificens no es‑<br />
tado de Pernambuco (e.g. Schulz‑Neto 1995; Sick 1997;<br />
Azevedo‑Júnior 1998; Fedrizzi 2003; Carlos et al. 2005).<br />
O objetivo deste trabalho foi apresentar informações so‑<br />
bre a ocorrência e sazonali<strong>da</strong>de de F. magnificens na costa<br />
pernambucana.<br />
MATEriAiS E MéTODOS<br />
O Litoral pernambucano apresenta uma área de<br />
187 km de extensão, estendendo‑se do município de<br />
Goiana, ao norte, fazendo divisa com a Paraíba, até o<br />
município de São José <strong>da</strong> Coroa Grande, no limite com<br />
Alagoas (FIDEM 1987). Esta região apresenta tempera‑<br />
tura média anual de 25.5°C e precipitação média anual<br />
de 152.3 mm (INMET 2003), e é considera<strong>da</strong> como um<br />
dos principais pontos de inverna<strong>da</strong> para algumas aves li‑<br />
mícolas migratórias (Azevedo‑Júnior e Larrazábal 2002).<br />
As informações foram obti<strong>da</strong>s de forma oportunística en‑<br />
tre os anos de 1970 a 2006. As pesquisas se deram de forma<br />
assistemática, em diferentes pontos do litoral do Estado. Para as<br />
observações foram utilizados binóculos de diferentes aumentos.<br />
To<strong>da</strong>s as informações referentes aos avistamentos<br />
(<strong>da</strong>ta, local, número de indivíduos etc) foram anota<strong>da</strong>s<br />
em diários de campo.<br />
rESuLTADOS<br />
NOTA<br />
Foram realizados 63 registros <strong>da</strong> espécie em 18 loca‑<br />
li<strong>da</strong>des distribuí<strong>da</strong>s em nove municípios: Cabo de Santo
Ocorrências e sazonali<strong>da</strong>de do guarapirá Fregata magnificens (Aves: Fregati<strong>da</strong>e) no litoral de Pernambuco, Brasil<br />
Glauco Alves Pereira, Galileu Coelho, Manoel Toscano de Brito, Gustavo Luíz Pacheco, Gilmar Beserra de Farias,<br />
Sidnei de Melo Dantas, Elisângela Guimarães, Maurício Cabral Periquito e Narciso de Melo Lins Filho<br />
TABELA 1: Coordena<strong>da</strong>s geográficas de locali<strong>da</strong>des e municípios do estado de Pernambuco onde foram registrados indivíduos de Fregata<br />
magnificens.<br />
TABLE 1: Geographical coordinates of localities and municipalities of the State of Pernambuco where individuals of Fregata magnificens have been<br />
recorded in this study.<br />
Locali<strong>da</strong>des Municípios Coordena<strong>da</strong>s<br />
Bairro Novo Olin<strong>da</strong> 07°59’50”S; 34°50’28”W<br />
Boa Viagem Recife 08°07’20”S; 34°53’41”W<br />
Canal de Santa Cruz Itamaracá/Itapissuma 07°47’23”S; 34°53’17”W<br />
Carmo (praia) Olin<strong>da</strong> 08°01’03”S; 34°50’58”W<br />
Engenho Maranguape Paulista 07°55’15”S; 34°50’32”W<br />
Gaibú Cabo de Santo Agostinho 08°20’16”S; 34°57’06”W<br />
Janga (praia) Paulista 07°56’31”S; 34°49’46”W<br />
Jardim Fragoso (FUNESO) Olin<strong>da</strong> 07°59’19”S; 34°51’03”W<br />
Pau Amarelo Paulista 07°53’24”S; 34°49’24”W<br />
Praia de Nossa Senhora do Ó Paulista 07°52’54”S; 34°49’31”W<br />
Praia do Gamela Sirinhaém 08°40’28”S; 34°04’44”W<br />
Reserva Biológica de Saltinho Rio Formoso 08°44’21”S; 35°11’48”W<br />
Santo Amaro (Parque 13 de Maio) Recife 08°03’25”S; 34°52’52”W<br />
Taman<strong>da</strong>ré (Praia) Taman<strong>da</strong>ré 08°44’27”S; 35°05’17”W<br />
Varadouro Olin<strong>da</strong> 08°01’16”S; 34°51’19”W<br />
Agostinho, Itamaracá, Itapissuma, Olin<strong>da</strong>, Paulista, Reci‑<br />
fe, Rio Formoso, Sirinhaém e Taman<strong>da</strong>ré (Tabelas 1 e 2).<br />
A época de maior concentração dos registros foi entre os<br />
meses de maio e julho (Figura 1).<br />
DiSCuSSãO<br />
No estado <strong>da</strong> Bahia essa espécie também é freqüen‑<br />
temente observa<strong>da</strong> no período do inverno (Lima et al.<br />
2004). Em algumas regiões, essa espécie pode efetuar mi‑<br />
grações durante certas épocas do ano (Sick 1997), ou até<br />
mesmo ser vagante, chegando a locais fora de sua área de<br />
distribuição, como em certos países <strong>da</strong> América do Sul, e<br />
até mesmo <strong>da</strong> Europa (Harrison 1983; Infonatura 2004).<br />
Um guarapirá anilhado no Paraná foi recuperado poste‑<br />
riormente no Caribe, o que pode ser devido à movimen‑<br />
tação migratória ou apenas tratar‑se de um caso isolado<br />
de nomadismo ou dispersão de jovens (Antas 1986).<br />
Em alguns casos houve mortan<strong>da</strong>de em massa de<br />
F. magnificens na costa de Pernambuco: MTB encontrou<br />
aproxima<strong>da</strong>mente 20 espécimes mortos na Praia de Boa<br />
Viagem (Recife), entre 07 e 11 de junho de 1988.<br />
Poucos foram os registros de bandos sobrevoando a<br />
costa: no Canal de Santa Cruz, entre os municípios de<br />
Itamaracá e Itapissuma, foram vistos 25 espécimes sobre<br />
o Canal, em novembro de 1997; no litoral de Olin<strong>da</strong>, dez<br />
indivíduos foram observados sobrevoando o local, em 28<br />
de maio de 1987.<br />
Em algumas ocasiões, indivíduos foram vistos fora<br />
dos limites <strong>da</strong>s praias: dois espécimes foram observados,<br />
em ocasiões diferentes, sobrevoando a Reserva Biológica<br />
de Saltinho (Rio Formoso), em julho de 1984; em Re‑<br />
cife, cinco exemplares foram observados sobrevoando o<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008<br />
Parque 13 de Maio, no bairro de Santo Amaro, em 25 de<br />
julho de 2004.<br />
Dois espécimes foram encontrados no oeste do es‑<br />
tado <strong>da</strong> Bahia, a muitos quilômetros <strong>da</strong> costa, provavel‑<br />
mente levados pelos fortes ventos, ao longo do Rio São<br />
Francisco (Lima et al. 2004).<br />
De acordo com (Lima et al. 2004) as condições cli‑<br />
máticas (ventos fortes e tempestades) são algumas <strong>da</strong>s<br />
principais causas <strong>da</strong> alta taxa de mortali<strong>da</strong>de de aves oce‑<br />
ânicas no litoral baiano, sendo os indivíduos jovens os<br />
mais atingidos por tal fenômeno. Olmos et al. (2004)<br />
afirmam que a associação entre ventos fortes e frentes frias<br />
originárias <strong>da</strong> Antártica, poderiam ser a causa <strong>da</strong> mortan‑<br />
<strong>da</strong>de em massa dessas aves na costa do sudeste brasileiro.<br />
Na época em que houve uma mortan<strong>da</strong>de em massa de<br />
F. magnificens na costa pernambucana, o tempo estava<br />
FiGurA 1: Distribuição dos registros de Fregata magnificens<br />
reportados neste estudo distribuídos ao longo dos 12 meses do ano.<br />
FiGurE 1: Monthly distribution of records of Fregata magnificens<br />
along the coast of Pernambuco reported in this study.<br />
55
56<br />
TABELA 2: Registos de Fregata magnificens no estado de Pernambuco reportados neste estudo com os respectivos municípios, locali<strong>da</strong>des, número<br />
de indivíduos e períodos em que foram observados.<br />
TABLE 2: Records of Fregata magnificens in the State of Pernambuco reported in this study with information on localities, number of individuals,<br />
and <strong>da</strong>te.<br />
Municípios Locali<strong>da</strong>des Número de indivíduos Períodos<br />
Cabo de Santo Agostinho Gaibú 1 06/setembro/2004<br />
Itamaracá Pilar 1 25/junho/1980<br />
Itamaracá Pilar 2 17/dezembro/1986<br />
Itamaracá Jaguaribe 1 18/janeiro/1997<br />
Itamaracá/Itapissuma Canal de Santa Cruz 25 Novembro/1997<br />
Itapissuma Itapissuma 1 18/janeiro/1997<br />
Olin<strong>da</strong> Praia do Carmo 1 30/maio/1970<br />
Olin<strong>da</strong> Bairro Novo 5 07/julho/1977<br />
Olin<strong>da</strong> Bairro Novo 2 14/junho/1978<br />
Olin<strong>da</strong> Praia (?) 2 06/outubro/1979<br />
Olin<strong>da</strong> Bairro Novo 1 08/agosto/1986<br />
Olin<strong>da</strong> Bairro Novo 10 28/maio/1987<br />
Olin<strong>da</strong> Bairro Novo 2 Janeiro/1989<br />
Olin<strong>da</strong> Praia (?) 1 19/agosto/1991<br />
Olin<strong>da</strong> Praia (?) 1 31/maio/1994<br />
Olin<strong>da</strong> Praia (?) 1 03/junho/1994<br />
Olin<strong>da</strong> Praia (?) 4 14/julho/1996<br />
Olin<strong>da</strong> Bairro Novo 4 10/outubro/2000<br />
Olin<strong>da</strong> Varadouro 2 14/outubro/1998<br />
Olin<strong>da</strong> Jardim Fragoso (FUNESO) 1 12/abril/2006<br />
Paulista Engenho Maranguape 7 03/agosto/1996<br />
Paulista Pau Amarelo 2 21/outubro/1990<br />
Paulista Pau Amarelo 5 19/maio/1991<br />
Paulista Pau Amarelo 1 28/maio/1991<br />
Paulista Pau Amarelo 2 31/maio/1991<br />
Paulista Pau Amarelo 2 20/agosto/1994<br />
Paulista Pau Amarelo 1 15/novembro/1995<br />
Paulista Pau Amarelo 1 22/novembro/1995<br />
Paulista Pau Amarelo 1 26/janeiro/1996<br />
Paulista Pau Amarelo 1 08/março/1996<br />
Paulista Pau Amarelo 1 10/março/1996<br />
Paulista Pau Amarelo 1 18/março/1996<br />
Paulista Pau Amarelo 3 08/julho/1996<br />
Paulista Pau Amarelo 1 09/julho/1996<br />
Paulista Pau Amarelo 1 18/julho/1996<br />
Paulista Pau Amarelo 1 19/julho/1996<br />
Paulista Praia do Janga 3 16/abril/1995<br />
Paulista Praia do Janga 1 20/abril/1996<br />
Paulista Praia do Janga 1 14/julho/1996<br />
Paulista Praia do Janga 1 20/janeiro/1997<br />
Paulista Praia do Janga 1 17/setembro/1999<br />
Paulista Praia do Janga 1 30/junho/2000<br />
Paulista Praia do Janga 1 25/abril/2001<br />
Paulista Praia do Janga 1 23/junho/2001<br />
Paulista Praia do Janga 1 08/setembro/2003<br />
Paulista Praia do Janga 1 15/maio/2006<br />
Paulista Praia do Janga 2 22/junho/2006<br />
Paulista Praia do Ó 1 13/junho/1998<br />
Paulista Praia do Ó 1 21/setembro/2003<br />
Paulista Praia do Ó 1 21/junho/2004<br />
Paulista Praia do Ó 1 10/novembro/2005<br />
Recife Boa Viagem 1 26/fevereiro/1988<br />
Recife Boa Viagem 19 (mortos) 07/junho/1988<br />
Recife Boa Viagem 1(morto) 11/junho/1988<br />
Recife Boa Viagem 2 13/maio/1988<br />
Recife Parque 13 de Maio, Santo Amaro 5 25/julho/2004<br />
Rio Formoso Reserva Biológica de Saltinho 1 julho/1984<br />
Rio Formoso Reserva Biológica de Saltinho 1 21/julho/1984<br />
Sirinhaém Praia do Gamela 1 24/junho/2006<br />
Taman<strong>da</strong>ré Praia de Taman<strong>da</strong>ré 1 14/julho/1985<br />
Taman<strong>da</strong>ré Praia de Taman<strong>da</strong>ré 1 29/julho/1999<br />
Taman<strong>da</strong>ré Praia de Taman<strong>da</strong>ré 3 16/agosto/2004<br />
Taman<strong>da</strong>ré Praia de Taman<strong>da</strong>ré 1 11/março/2005<br />
(?) – Locali<strong>da</strong>de indetermina<strong>da</strong>.<br />
Ocorrências e sazonali<strong>da</strong>de do guarapirá Fregata magnificens (Aves: Fregati<strong>da</strong>e) no litoral de Pernambuco, Brasil<br />
Glauco Alves Pereira, Galileu Coelho, Manoel Toscano de Brito, Gustavo Luíz Pacheco, Gilmar Beserra de Farias,<br />
Sidnei de Melo Dantas, Elisângela Guimarães, Maurício Cabral Periquito e Narciso de Melo Lins Filho<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008
Ocorrências e sazonali<strong>da</strong>de do guarapirá Fregata magnificens (Aves: Fregati<strong>da</strong>e) no litoral de Pernambuco, Brasil<br />
Glauco Alves Pereira, Galileu Coelho, Manoel Toscano de Brito, Gustavo Luíz Pacheco, Gilmar Beserra de Farias,<br />
Sidnei de Melo Dantas, Elisângela Guimarães, Maurício Cabral Periquito e Narciso de Melo Lins Filho<br />
muito instável, com fortes ventanias vindo do mar, e de<br />
tempestades.<br />
A concentração de registros no outono‑inverno aus‑<br />
tral sugere uma correlação com fatores climáticos, como<br />
as frentes frias meridionais, como também pode ser atri‑<br />
buído a eventos como dispersão de aves jovens após a<br />
tempora<strong>da</strong> de reprodutiva. No entanto, este fenômeno<br />
deve estar relacionado com o primeiro fator, pois o perío‑<br />
do de maior ocorrência <strong>da</strong> espécie no litoral coincide com<br />
a primeira época reprodutiva <strong>da</strong> espécie em Fernando de<br />
Noronha – maio e junho (Schulz‑Neto 1995), que é o<br />
local mais próximo <strong>da</strong> costa pernambucana onde há colô‑<br />
nias desta espécie.<br />
São necessários, contudo, estudos mais aprofun<strong>da</strong>‑<br />
dos para que se possa compreender melhor a sazonali<strong>da</strong>de<br />
desta espécie no litoral pernambucano.<br />
AGrADECiMENTOS<br />
Agradecemos aos revisores anônimos <strong>da</strong> Revista Brasileira de Or‑<br />
nitologia pelas críticas e sugestões para a melhoria deste manuscrito.<br />
rEFErêNCiAS<br />
Antas, P.T.Z. (1986). Migração de aves no Brasil, p. 153‑187. Em:<br />
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57
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1):58-63<br />
março de 2008<br />
Novos registros de aves raras e/ou ameaça<strong>da</strong>s de extinção<br />
na Campanha do sudoeste do Rio Grande do Sul, Brasil<br />
Márcio Repenning e Carla Suertegaray Fontana<br />
Laboratório de Ornitologia, Museu de Ciências e Tecnologia, PUCRS. Aveni<strong>da</strong> Ipiranga, 6681, 90619‑900, Porto Alegre, RS, Brasil.<br />
E‑mail: carla@pucrs.br<br />
Recebido em: 19/09/2007. Aceito em: 07/03/2008.<br />
ABStRACt: New records of rare and/or threatened birds of Campanha of southwestern Rio Grande do Sul, Brazil. Birds<br />
from open grasslands of southwestern Rio Grande do Sul, Brazil, a region locally known as Campanha, are poorly studied and of<br />
conservation concern, since typical habitat (grasslands, marshes and Espinilho parkland) have been largely replaced by agriculture<br />
and exotic tree plantations in recent years. We present range extensions of previously unknown or poorly known, rare and/or<br />
en<strong>da</strong>ngered species of birds from southernmost Brazil: Heliomaster furcifer, <strong>da</strong>ta deficient in Rio Grande do Sul; Asthenes pyrrholeuca,<br />
previously known in Brazil from a single sight record; the regionally threatened Cistothorus platensis; the nationally threatened<br />
Drymornis bridgesii, Pseudoseisura lophotes and Asthenes baeri and the globally threatened and near‑threatened Sporophila cinnamomea<br />
and Polystictus pectoralis, respectively. We also present the first record of Chordeiles pusillus for Rio Grande do Sul, the southernmost<br />
for this species. All records were obtained during five field expeditions conducted between May 2005 and July 2007 in the Quaraí<br />
municipality, located at the Brazil/Uruguay border.<br />
KeywoRdS: Threatened species, Campanha grasslands, Chordeiles pusillus, espinilho, Pampa.<br />
PAlAvRAS-ChAve: aves ameaça<strong>da</strong>s, campos <strong>da</strong> Campanha, Chordeiles pusillus, espinilho, Pampa.<br />
A região pampeana (IBGE 2004) <strong>da</strong> divisa do Rio<br />
Grande do Sul com o Uruguai e Argentina, com deno‑<br />
minação consagra<strong>da</strong> de Campanha ou Campanha do<br />
sudoeste (Belton 1994, Rambo 2000), é pouco repre‑<br />
senta<strong>da</strong> em termos de estudos ornitológicos no Estado.<br />
Além <strong>da</strong> vastidão – Campanha do sudoeste corresponde a<br />
18% <strong>da</strong> área total do Rio Grande do Sul ou uma área de<br />
50.000 km 2 (Galvão e Marchiori 1985, Rambo 2000) – a<br />
região é complexa em termos de uni<strong>da</strong>des florístico‑estru‑<br />
turais. Na região sudoeste do Estado há predomínio de<br />
campos limpos que por vezes se mesclam com formações<br />
do tipo parque com espinilhos (Acacia caven) e aroeiras<br />
(Schinus spp.), banhados e matas ripárias ao longo de rios<br />
e arroios (Billenca e Miñarro 2004, obs. pess.). Apenas<br />
no extremo oeste, principalmente no município de Barra<br />
do Quaraí, é que os campos dão lugar à formação deno‑<br />
mina<strong>da</strong> Parque Espinilho, ímpar no Brasil pela presença<br />
de árvores de porte mediano do gênero Prosopis (Galvão e<br />
Marchiori 1985). Os campos, os banhados e a formação<br />
Parque Espinilho abrigam muitas aves típicas dos am‑<br />
bientes abertos do centro‑sul <strong>da</strong> América do Sul, o que<br />
confere a região grande singulari<strong>da</strong>de, visto que algumas<br />
espécies brasileiras apresentam distribuição restrita a esta<br />
porção do Rio Grande do Sul (Belton 1994, Sick 1997).<br />
Estudos ornitológicos na Campanha começaram<br />
no inicio do século XX com a coleta de espécimes por<br />
naturalistas como Walter Garbe e Emilie Snethlage, em<br />
NotA<br />
1914 e 1928, respectivamente (Pinto 1945, Belton 1994,<br />
Bencke et al. 2003). Mas foi somente com o estudo de<br />
William Belton que o conhecimento básico sobre mui‑<br />
tas espécies com ocorrência nessa porção do Rio Grande<br />
do Sul foi impulsionado. Após o trabalho de W. Belton,<br />
apenas alguns registros pontuais de aves para a região fo‑<br />
ram publicados (e.g., Bencke et al. 2002, Accordi 2003,<br />
Ruschel e Costa 2003, Bencke 2004). No panorama<br />
atual, um mínimo esforço de campo realizado na região<br />
pode resultar em novas informações importantes sobre a<br />
biologia básica e distribuição de algumas aves raras, tí‑<br />
picas ou exclusivas <strong>da</strong>s fitofisionomias características <strong>da</strong><br />
Campanha.<br />
A degra<strong>da</strong>ção histórica que resultou na gradual re‑<br />
dução <strong>da</strong>s áreas de Parque Espinilho, bem como a radi‑<br />
cal transformação dos campos de várzeas e banhados em<br />
áreas de cultivos, principalmente de arroz (Fontana et al.<br />
2003, Accordi 2003), são considera<strong>da</strong>s as principais ame‑<br />
aças para muitas aves que ocorrem na Campanha (Bencke<br />
et al. 2003). Nos últimos anos a região ganhou destaque<br />
no cenário <strong>da</strong> conservação, devido à expansão (mecaniza‑<br />
ção e diversificação) do setor agrícola em substituição à<br />
pecuária, ativi<strong>da</strong>de principal no passado. Soma‑se a esses<br />
diferentes usos do solo a mais recente ameaça à biodi‑<br />
versi<strong>da</strong>de do extremo sul do Brasil: as monoculturas em<br />
larga escala de arvores exóticas, principalmente eucalipto<br />
e acácia.
Novos registros de aves raras e/ou ameaça<strong>da</strong>s de extinção na Campanha do sudoeste do Rio Grande do Sul, Brasil<br />
Márcio Repenning e Carla Suertegaray Fontana<br />
Apresentamos a seguir informações sobre a ocorrên‑<br />
cia de algumas espécies ameaça<strong>da</strong>s de extinção, raras e/ou<br />
que, no Brasil têm ocorrência restrita ao extremo oeste do<br />
Rio Grande do Sul, comentando aspectos relativos sua<br />
conservação. Apresentamos também o primeiro registro<br />
para o Estado do bacurauzinho (Chordeiles pusillus).<br />
Cinco expedições (totalizando 20 dias de campo)<br />
foram conduzi<strong>da</strong>s entre maio de 2005 e julho de 2007<br />
no distrito de Areal (30°26’S 56°23’W), cerca de 10 km<br />
a sudeste <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de Quaraí, RS, com o objetivo de<br />
reconhecer áreas com distintas tipologias de campo, po‑<br />
tenciais para o desenvolvimento de estudos de monito‑<br />
ramento de aves em longo prazo. Na estância Areal 3,<br />
de proprie<strong>da</strong>de do Sr. Francisco Outeiro, dois locais es‑<br />
tavam em bom estado de conservação: (A) uma área de<br />
campos com espinilhos (Acacia caven); e (B) uma área de<br />
campos e banhados. Em ambas, a pecuária extensiva é a<br />
única ativi<strong>da</strong>de desenvolvi<strong>da</strong>, o que manteve parcialmen‑<br />
te a estrutura florística desses ambientes, cuja condição<br />
varia ligeiramente conforme a intensi<strong>da</strong>de do pastoreio.<br />
Na área A (30°25’S; 56°23’W) distante apenas 2,5 km<br />
do Rio Quaraí, limite entre o Brasil e o Uruguai, pre‑<br />
dominam campos ralos em solos rasos e pedregosos com<br />
espinilhos (A. caven) esparsos compondo um estrato ar‑<br />
bóreo‑arbustivo. Esta formação florística será trata<strong>da</strong> aqui<br />
como “campos com espinilhos”, como são regionalmente<br />
conhecidos. Esta fisionomia lembra bastante a formação<br />
Parque Espinilho sensu Galvão e Marchiori (1985). A ca‑<br />
racterística mais importante nessa área é a presença de es‑<br />
pinilhos com caules grossos e copas amplas, ou seja, árvo‑<br />
res antigas. Na área B (30°28’S; 56°21’W) predominam<br />
campos secos recobertos por gramíneas, principalmente<br />
Elionurus sp., campos úmidos e banhados caracterizados<br />
pela presença de umbelíferas, gramíneas e onagráceas (e.g.,<br />
Eryngium sp., Andropogon virgatus, A. lateralis, Ludwigia<br />
sp.) ao longo <strong>da</strong>s drenagens naturais. Eventualmente,<br />
observam‑se pequenas agregações de espinilhos de baixo<br />
porte em meio aos campos secos.<br />
A nomenclatura botânica baseia‑se em Galvão e<br />
Marchiori (1985) e Boldrini et al. (2005). A taxonomia<br />
e nomenclatura <strong>da</strong>s aves seguem CBRO (2006). O status<br />
de conservação <strong>da</strong>s espécies ameaça<strong>da</strong>s é mencionado<br />
nas escalas regional (RS), nacional (BR) e global (GA),<br />
considerando as respectivas categorias de ameaça (VU:<br />
vulnerável, EN: em perigo, CR: criticamente em perigo);<br />
também são discrimina<strong>da</strong>s aquelas espécies com Dados<br />
Insuficientes (DD) e quase ameaça<strong>da</strong>s (NT), (Fontana<br />
et al. 2003, MMA 2005, IUCN 2006).<br />
deSCRição doS ReGiStRoS<br />
Chordeiles pusillus: Ao final de tarde do dia 5 de feverei‑<br />
ro de 2006, logo após o ocaso, observamos um pequeno<br />
bacurau que forrageava em vôo sobre o campo na área<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008<br />
B, rente à vegetação. À medi<strong>da</strong> que a luminosi<strong>da</strong>de di‑<br />
minuía mais dois indivíduos foram observados. Notamos<br />
a preferência <strong>da</strong>s aves por forragear sobre a vegetação na<br />
transição do banhado para o campo seco, ambiente com<br />
predominância dos capins Andropogon virgatus e A. lateralis.<br />
No dia seguinte, à mesma situação foi constata<strong>da</strong>,<br />
no mesmo local, e os indivíduos puderam ser observa‑<br />
dos sob boa luminosi<strong>da</strong>de, a poucos metros de distância.<br />
A característica mais marcante nessas aves era uma faixa<br />
clara nas asas forma<strong>da</strong> pelas pontas esbranquiça<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s<br />
rêmiges secundárias. Outras características anota<strong>da</strong>s fo‑<br />
ram: garganta com uma mancha esbranquiça<strong>da</strong> em for‑<br />
ma de “v”, peito acinzentado com máculas mais escuras<br />
passando a uma coloração uniforme mais clara no ventre,<br />
cau<strong>da</strong> relativamente curta e reta com uma pequena man‑<br />
cha triangular branca terminal e asas com uma mancha<br />
branca em forma de meia lua nas rêmiges primárias. Um<br />
dos indivíduos apresentava o dorso mais ferrugíneo do<br />
que os demais. Em fevereiro de 2007 procuramos pela<br />
espécie no mesmo local, mas sem sucesso. Existe a possi‑<br />
bili<strong>da</strong>de de termos registrado indivíduos em trânsito na<br />
área, porém um esforço maior de amostragem na região<br />
faz‑se necessário para eluci<strong>da</strong>r a situação de ocorrência de<br />
C. pusillus no Rio Grande do Sul. A área de ocorrência<br />
mais próxima conheci<strong>da</strong> de C. pusillus é o departamen‑<br />
to de Candelária, província de Misiones, na Argentina,<br />
onde foi registrado reproduzindo. Este registro represen‑<br />
tou uma grande ampliação para o sul <strong>da</strong> distribuição até<br />
então conheci<strong>da</strong> <strong>da</strong> espécie (Krauczuck 2000). Portanto,<br />
os registros aqui mencionados passam a ser os mais meri‑<br />
dionais <strong>da</strong> espécie.<br />
Heliomaster furcifer (RS: DD): Uma fêmea alimentando<br />
um filhote foi observa<strong>da</strong> em 10 de fevereiro de 2007 na<br />
área A indicando a reprodução <strong>da</strong> espécie no local. Heliomaster<br />
furcifer é considerado modera<strong>da</strong>mente comum<br />
em Parque Espinilho, na ponta oeste, sendo raro em ou‑<br />
tras regiões do Rio Grande do Sul (Belton 1994). A par‑<br />
tir dos registros conhecidos para o Estado, com exceção<br />
<strong>da</strong>quele de Ruschi (1956), é possível que a espécie ocorra<br />
pontualmente através de to<strong>da</strong> a Campanha gaúcha. O<br />
grau de dependência desse beija‑flor em relação a for‑<br />
mações com espinilhos parece comparável ao de outras<br />
espécies (e.g., Asthenes baeri, Sublegatus modestus e Griseotyrannus<br />
aurantioatrocristatus) que, no Estado, parecem<br />
preferir esse ambiente sem limitar‑se a ele (Belton 1994;<br />
obs. pess.).<br />
Drymornis bridgesii (RS: CR; BR: CR): Em 13 de fe‑<br />
vereiro 2006 observamos um indivíduo que forrageava<br />
no chão, revirando esterco de gado, e outro indivíduo<br />
em deslocamento entre os espinilhos, na área A. No final<br />
<strong>da</strong> tarde do dia 28 de julho de 2007 ouvimos uma vo‑<br />
calização <strong>da</strong> espécie em local próximo ao <strong>da</strong> observação<br />
anterior. A ocorrência de D. bridgesii no Brasil era conhe‑<br />
59
60<br />
Novos registros de aves raras e/ou ameaça<strong>da</strong>s de extinção na Campanha do sudoeste do Rio Grande do Sul, Brasil<br />
Márcio Repenning e Carla Suertegaray Fontana<br />
ci<strong>da</strong> apenas para uma área restrita do extremo oeste do<br />
Rio Grande do Sul (Bencke et al. 2003). A espécie ocorre<br />
regularmente no Parque Estadual do Espinilho (PEE),<br />
Barra do Quaraí (Belton 1994, Bencke et al. 2003) e o<br />
único registro fora dessa uni<strong>da</strong>de de conservação refere‑<br />
se a dois indivíduos observados em setembro próximo<br />
à BR 482, cerca de 30 km a nordeste do PEE (Accordi<br />
2003). Portanto, os registros para o município de Quaraí<br />
representam uma ampliação <strong>da</strong> distribuição <strong>da</strong> espécie no<br />
Estado em cerca de 100 km para sudeste. Esse arapaçu é<br />
considerado um especialista quanto ao hábitat, vivendo<br />
exclusivamente em Parque Espinilho (Bencke et al. 2003)<br />
e parece ter população bastante pequena devido à reduzi‑<br />
<strong>da</strong> disponibili<strong>da</strong>de desse ambiente no Rio Grande do Sul.<br />
Contudo, o registro, aqui divulgado, numa região distan‑<br />
te do PEE e com hábitat sem a presença de inhanduvás,<br />
Prosopis affinis, e algarrobos, Prosopis nigra, denota que a<br />
espécie pode ocorrer para além dos domínios <strong>da</strong> forma‑<br />
ção Parque Espinilho, desde que a estrutura <strong>da</strong> vegetação<br />
seja semelhante. Parece mais provável que os indivíduos<br />
observados em Quaraí mantenham contato com popu‑<br />
lações uruguaias e não com a população do PEE, pela<br />
proximi<strong>da</strong>de entre os campos com espinilho em território<br />
gaúcho e uruguaio.<br />
Pseudoseisura lophotes (RS: CR; BR: CR): Em 12 de fe‑<br />
vereiro de 2006 observamos um indivíduo que vocalizou<br />
poucas vezes ao final <strong>da</strong> tarde numa pequena agregação<br />
de espinilhos na área A. No dia seguinte, pela manhã,<br />
próximo do local do primeiro registro, ouvimos a voca‑<br />
lização <strong>da</strong> espécie emiti<strong>da</strong> em dueto e, em segui<strong>da</strong>, en‑<br />
contramos um grupo familiar com dois adultos e dois<br />
jovens. Estes forrageavam no solo revirando esterco ao<br />
lado de Colaptes campestris, Furnarius rufus, Asthenes baeri,<br />
Mimus triurus, M. saturninus e Zonotrichia capensis.<br />
Em 28 de julho de 2007 dois pares foram registrados na<br />
mesma locali<strong>da</strong>de e, pela localização espacial dos registros<br />
e comportamento <strong>da</strong>s aves, deduzimos tratar‑se de dois<br />
territórios distintos. Durante esta última observação, os<br />
indivíduos permaneceram na maior parte do tempo for‑<br />
rageando no chão e também vasculhando esterco ao lado<br />
<strong>da</strong>s mesmas espécies menciona<strong>da</strong>s acima. Ambos os pares<br />
foram gravados vocalizando em dueto e um possível ni‑<br />
nho (pelo tamanho, formato e espessura dos ramos), foi<br />
encontrado em um espinilho de copa ampla. Em 12 de<br />
fevereiro de 2007 um indivíduo foi observado pousado<br />
na ponta de um espinilho, à beira <strong>da</strong> BR 293, cerca de<br />
um quilômetro <strong>da</strong> locali<strong>da</strong>de dos registros anteriores. Em<br />
distintas oportuni<strong>da</strong>des foi possível documentar os regis‑<br />
tros com fotografias e gravações. No Rio Grande do Sul<br />
os registros <strong>da</strong> espécie se restringem ao PEE e a algumas<br />
outras áreas próximas com vegetação semelhante, como<br />
a locali<strong>da</strong>de de Imbaá (Bencke et al. 2003). Da mesma<br />
forma que o registro de D. bridgesii, os de P. lophotes am‑<br />
pliam em cerca de 100 km para sudeste a área de ocor‑<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008<br />
rência <strong>da</strong> espécie no Rio Grande do Sul. No Estado,<br />
P. lophotes habita áreas com vegetação tipo Parque Espi‑<br />
nilho; no entanto, a pequena população, aparentemente<br />
residente, registra<strong>da</strong> em Quaraí indica que a espécie pode<br />
habitar também locais sem a presença de Prosopis spp.,<br />
desde que a fitofisionomia seja similar. Embora pouco<br />
se conheça sobre a capaci<strong>da</strong>de de dispersão <strong>da</strong> espécie,<br />
pela mesma razão já menciona<strong>da</strong> para D. bridgesii acre‑<br />
dita‑se que possa ocorrer um fluxo de indivíduos entre a<br />
população <strong>da</strong> região de Quaraí e as populações do Uru‑<br />
guai. Neste país, P. lophotes e D. bridgesii também tem<br />
sido registrados fora <strong>da</strong>s formações de Parque Espinilho<br />
(Aspiroz 2001, Rocha 2005).<br />
Asthenes pyrrholeuca: Em 9 de maio de 2005, na área A,<br />
Cristiano E. Rovedder e MR observaram, por cerca de 30<br />
minutos, um par deste furnarídeo numa parcela restrita<br />
de campo com capinzal (c. 1,20 m de altura), densamente<br />
povoado com espinilhos. Os indivíduos vocalizavam sozi‑<br />
nhos ou em dueto. Mostravam‑se bastante arredios e sem‑<br />
pre se deslocavam de um espinilho a outro, por vezes atra‑<br />
vessando espaços de campo aberto. Chamava a atenção o<br />
movimento oscilatório vertical <strong>da</strong> cau<strong>da</strong> durante o vôo.<br />
A cau<strong>da</strong> mostrava‑se um tanto compri<strong>da</strong> em relação ao<br />
corpo e apresentava as retrizes centrais anegra<strong>da</strong>s, contras‑<br />
tando com o marrom <strong>da</strong>s retrizes externas; ventre bege‑<br />
acinzentado e dorso pardo com asas algo mais ferrugíneas;<br />
faixa superciliar esbranquiça<strong>da</strong> pouco conspícua, pequena<br />
mancha marrom‑alaranja<strong>da</strong> na garganta e bico afilado. As<br />
vocalizações emiti<strong>da</strong>s, embora não grava<strong>da</strong>s, coincidiram<br />
com a gravação apresenta<strong>da</strong> por Straneck (1990) para a<br />
espécie. O único registro dessa espécie no Brasil foi para<br />
o mês de maio, num banhado próximo à desembocadu‑<br />
ra do arroio Guarapuitam no rio Uruguai, município de<br />
Uruguaiana, extremo oeste do Rio Grande do Sul (Bencke<br />
et al. 2002). Por falta de evidencia documental a espécie<br />
se encontra na lista secundária <strong>da</strong>s aves do Brasil (CBRO<br />
2006). Asthenes pyrrholeuca é uma espécie com popula‑<br />
ções migratórias conheci<strong>da</strong>s (Gore e Gepp 1978, Fjeldså<br />
e Krabbe 1990, Rydgely e Tudor 1994, Hayes et al. 1994,<br />
de la Peña e Rumboll 1998, Di Giacomo 2005) e a exis‑<br />
tência de dois registros para o mês de maio, em anos di‑<br />
ferentes, sugere que a espécie possa ocorrer no extremo<br />
sul do Brasil em trânsito rumo a áreas mais setentrionais,<br />
durante a migração austral. Porém, considerando o estre‑<br />
mo oeste gaúcho como parte setentrional <strong>da</strong> área de dis‑<br />
tribuição de A. pyrrholeuca existe também a possibili<strong>da</strong>de<br />
de a espécie invernar no estado. A espécie foi menciona<strong>da</strong><br />
por Ridgely e Tudor (1994) como de provável ocorrência<br />
no sul do Brasil e conta com registros em departamentos<br />
próximos à fronteira do Rio Grande do Sul, no Uruguai e<br />
na Argentina (Bencke et al. 2002).<br />
Asthenes baeri (RS: VU; BR: VU): Dois pares foram ob‑<br />
servados em 13 de fevereiro de 2006 e em 28 de julho de
Novos registros de aves raras e/ou ameaça<strong>da</strong>s de extinção na Campanha do sudoeste do Rio Grande do Sul, Brasil<br />
Márcio Repenning e Carla Suertegaray Fontana<br />
2007 na área A, forrageando no chão ao lado de C. campestris,<br />
F. rufus, P. lophotes, M. triurus e M. saturninus. Na<br />
área B um par foi observado em 6 de fevereiro de 2006 e<br />
outro em 9 de fevereiro de 2006 em manchas isola<strong>da</strong>s de<br />
pequenos espinilhos no meio do campo. Este último par<br />
freqüentemente descia ao chão para forragear, seguindo<br />
um bando misto formado por Sicalis flaveola, Z. capensis,<br />
Poospiza nigrorufa, Embernagra platensis e M. saturninus.<br />
Em distintas oportuni<strong>da</strong>des foi possível obter registros<br />
fotográficos <strong>da</strong> espécie. Essa espécie ocorre apenas no se‑<br />
tor oeste do Rio Grande do Sul sendo considerado um<br />
residente comum no PEE e ocorrendo em locali<strong>da</strong>des es‑<br />
parsas em direção leste até 56°W (Belton 1994, Bencke<br />
et al. 2003, obs. pess.). Sua ocorrência parece estar limi‑<br />
ta<strong>da</strong> pela degra<strong>da</strong>ção de seu hábitat: áreas de campos com<br />
a presença de manchas esparsas de espinilhos e vegetação<br />
tipo Parque Espinilho.<br />
Polystictus pectoralis (RS: DD; BR: VU; GA: NT): Um<br />
registro foi obtido em 22 de abril de 2006 e outro em<br />
10 de julho de 2006 na área B. Em ambas as oportu‑<br />
ni<strong>da</strong>des os indivíduos não apresentavam a cabeça ne‑<br />
gra e as demais características observa<strong>da</strong>s permitiram a<br />
determinação dos mesmos como fêmeas. No primeiro<br />
registro, documentado através de fotografia, um indiví‑<br />
duo foi observado forrageando numa parte do banhado<br />
com arbustos (onagráceas), enquanto que no segundo<br />
um exemplar foi visto forrageando em meio a hastes de<br />
inflorescências de Saccharum sp. e Eriochrysis sp., com<br />
cerca de 2 m de altura que compunham um capinzal<br />
úmido, denso e alto. A ocorrência de P. pectoralis em<br />
Quaraí durante o outono e inverno pode estar relaciona‑<br />
<strong>da</strong> à migração de indivíduos vindos de áreas meridionais,<br />
uma vez que, a espécie se reproduz na província de Bue‑<br />
nos Aires e emigra no inverno (Narosky e Di Giacomo<br />
1993). A ausência <strong>da</strong> espécie na área durante expedições<br />
em janeiro e fevereiro reforça esta sugestão. Estes regis‑<br />
tros descartam a possibili<strong>da</strong>de dessa espécie estar extinta<br />
no Rio Grande do Sul, como sugerido em Bencke et al.<br />
(2003). Entretanto, maiores informações sobre a biolo‑<br />
gia e distribuição deste pequeno papa‑moscas são neces‑<br />
sárias para uma avaliação satisfatória <strong>da</strong> sua real situação<br />
no Estado.<br />
Cisthotorus platensis (RS: CR): Registramos a espécie<br />
em quatro locais distintos na área B. Um grupo familiar<br />
composto por dois adultos e dois jovens foi observado<br />
em 4 e 6 de fevereiro de 2006. Outro par de adultos foi<br />
observado em 6 de fevereiro de 2006, sendo que um de‑<br />
les, em duas oportuni<strong>da</strong>des, carregava alimento no bico.<br />
Nas duas ocasiões acompanhamos seu deslocamento até<br />
o momento em que o contato visual foi perdido e, quan‑<br />
do tornamos a observá‑lo, não mais carregava a presa no<br />
bico. Muito provavelmente entregou o alimento a filho‑<br />
tes, que não foram encontrados. Outras duas aves adul‑<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008<br />
tas ain<strong>da</strong> foram observa<strong>da</strong>s em 10 de fevereiro de 2006<br />
em territórios adjacentes. Todos os indivíduos ocupavam<br />
um campo úmido com capinzal bastante denso com<br />
predomínio de A. virgatus e A. lateralis (altura média de<br />
1,50 m), numa área de transição entre o banhado e o<br />
campo seco. Observamos em 9 de fevereiro de 2007 um<br />
adulto que cantava num capinzal em campo seco cober‑<br />
to por grandes touceiras de Elionurus sp.. A constatação<br />
de indivíduos jovens ain<strong>da</strong> sob os cui<strong>da</strong>dos dos adultos<br />
indica a existência de uma população reprodutiva no lo‑<br />
cal. Indícios de reprodução <strong>da</strong> espécie no Estado provêm<br />
do banhado do Pontal <strong>da</strong> Barra, Pelotas (Bencke et al.<br />
2003). Na região <strong>da</strong> Campanha, a corruíra‑do‑campo<br />
foi registra<strong>da</strong> a sudoeste de Rosário do Sul, na Reser‑<br />
va Biológica do Ibirapuitã (Belton 1994, Bencke et al.<br />
2003) e em São Francisco de Assis (D. Gressler com.<br />
pess., 2004). A histórica degra<strong>da</strong>ção e substituição dos<br />
campos <strong>da</strong> Campanha no Estado por cultivos agrícolas<br />
representam a maior ameaça à espécie. Essa parece ser<br />
capaz de se refugiar em áreas restritas de capinzais altos,<br />
pouco ou na<strong>da</strong> afeta<strong>da</strong>s pelo gado, em proprie<strong>da</strong>des onde<br />
a pecuária não é intensiva e a agricultura é pratica<strong>da</strong> em<br />
pequena escala. A preferência <strong>da</strong> espécie por capinzais<br />
altos é aponta<strong>da</strong> na literatura (veja Bencke et al. 2003,<br />
para detalhes).<br />
Sporophila cinnamomea (RS: EN; BR: EN; GA: VU):<br />
Observamos dois filhotes recém‑saídos do ninho, que<br />
eram alimentados pelos pais, em 3 de fevereiro de 2006,<br />
na área B. Ain<strong>da</strong> no mesmo dia observamos mais dois<br />
machos adultos em territórios vizinhos. No mesmo local,<br />
em 6 de fevereiro de 2006, observamos quatro machos<br />
adultos e pelo menos oito indivíduos pardos (jovens ou<br />
fêmeas). Retornamos ao mesmo local em 10 de fevereiro<br />
de 2006 e encontramos apenas um macho adulto acom‑<br />
panhado por 12 indivíduos pardos. Na mesma área, em 8<br />
de fevereiro de 2007, observamos um macho adulto que<br />
alimentava um filhote, e uma fêmea acompanha<strong>da</strong> de dois<br />
jovens. Um macho subadulto, com o peito parcialmente<br />
castanho, cantava intensamente em um território vizinho.<br />
Num outro pequeno banhado, distante cerca de 2 km do<br />
local anterior, observamos em 10 de fevereiro de 2007<br />
dois machos adultos e um subadulto, todos vocalizando<br />
intensamente. A vegetação onde foram observados filho‑<br />
tes recém‑saídos do ninho restringe‑se a densas agregações<br />
de arbustos de onagráceas (Ludwigia sp.), em banhado.<br />
Registros de reprodução <strong>da</strong> espécie no Estado provinham,<br />
até então, <strong>da</strong>s proximi<strong>da</strong>des de banhados com gravatás<br />
Erygium spp., no município de Candiota (Bencke et al.<br />
2006) e de um ninho do município de Manoel Viana<br />
depositado na coleção Ornitológica <strong>da</strong> PUCRS (MCP<br />
1782), coletado por M. Krügel. To<strong>da</strong>s as observações de<br />
S. cinnamomea em Quaraí limitaram‑se a banhados com<br />
vegetação densa, circun<strong>da</strong>dos por campos com baixa lo‑<br />
tação de gado.<br />
61
62<br />
Novos registros de aves raras e/ou ameaça<strong>da</strong>s de extinção na Campanha do sudoeste do Rio Grande do Sul, Brasil<br />
Márcio Repenning e Carla Suertegaray Fontana<br />
CoNSideRAçõeS FiNAiS<br />
Os registros aqui divulgados confirmam a presença<br />
de algumas espécies antes considera<strong>da</strong>s restritas à forma‑<br />
ção Parque Espinilho em outras formações campestres<br />
abertas com estrutura floristica similar, o que constitui<br />
uma informação adicional importante para a conservação<br />
dessas espécies. Embora os espinilhos sejam continua‑<br />
mente suprimidos <strong>da</strong>ndo lugar a cultivos agrícolas tradi‑<br />
cionais, sendo localmente considerados “praga”, são mais<br />
facilmente encontrados do que os algarrobos ou inhandu‑<br />
vás, pois é uma espécie pioneira de distribuição ampla na<br />
Campanha e localmente abun<strong>da</strong>nte. Uma alternativa para<br />
conservar aves típicas de Parque Espinilho no Brasil seria<br />
a recuperação de áreas degra<strong>da</strong><strong>da</strong>s onde outrora existiam<br />
campos com espinilho evitando o corte dessas árvores.<br />
Medi<strong>da</strong> esta que parece ser viável, sobretudo pela com‑<br />
patibili<strong>da</strong>de entre a pecuária extensiva e a manutenção de<br />
espinilhais. A localização de novas populações de espécies<br />
típicas <strong>da</strong>s formações com espinilho na região <strong>da</strong> Campa‑<br />
nha é fun<strong>da</strong>mental para o estabelecimento de planos de<br />
ações com objetivo de conservá‑las em longo prazo.<br />
Medi<strong>da</strong>s de manejo de campos, compatíveis com a<br />
pecuária, poderiam beneficiar algumas espécies ameaça<strong>da</strong>s<br />
relaciona<strong>da</strong>s à fisionomia pampeana no Brasil. No caso de<br />
Passeriformes que sofrem com a destruição e a degra<strong>da</strong>ção<br />
dos campos e banhados, a prática <strong>da</strong> pecuária com baixa<br />
lotação permite que porções pequenas de habitat adequa‑<br />
do eventualmente sejam manti<strong>da</strong>s nas proprie<strong>da</strong>des, seja<br />
pela pouca ocupação do gado (campos “sujos”), ou pela sua<br />
não ocupação (banhados). São possivelmente esses relitos<br />
de hábitat que possibilitam que espécies mais sensíveis se<br />
mantenham em escala regional. Com a conscientização e<br />
a colaboração dos proprietários para que mantenham áre‑<br />
as de campo como reserva legal e/ou a criação de Reservas<br />
Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs), a situação<br />
de ameaça para muitas aves especialistas de campos e ba‑<br />
nhados com estruturas florísticas mais complexas poderia<br />
ser ameniza<strong>da</strong>. A criação e implementação de Uni<strong>da</strong>des<br />
de Conservação do tipo Refúgios de Vi<strong>da</strong> Silvestre igual‑<br />
mente contribuiria para a conservação dessas aves.<br />
No entanto, a tarefa de conservar as aves de campos<br />
e banhados dependerá, sobretudo, <strong>da</strong> valorização <strong>da</strong>s pai‑<br />
sagens abertas como ambientes de grande diversi<strong>da</strong>de bio‑<br />
lógica e prestadoras de importantes serviços ambientais.<br />
AGRAdeCiMeNtoS<br />
Somos gratos ao Sr. Francisco Outeiro por permitir o acesso a sua<br />
proprie<strong>da</strong>de, a Cristiano Eidt Rovedder pela companhia em campo, a<br />
Sra.Vera Fontana pelas facili<strong>da</strong>des logísticas e hospitali<strong>da</strong>de em sua fazen‑<br />
<strong>da</strong>, à Dra. Ilsi Boldrini e sua equipe pela determinação do material botâ‑<br />
nico. Ao Daniel Gressler pelas informações presta<strong>da</strong>s. Ao Rafael A. Dias,<br />
aos revisores ad hoc Glayson A. Bencke e Giovanni N. Maurício e ao<br />
Editor Luis Fábio Silveira, pela leitura crítica e sugestões ao manuscrito.<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008<br />
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63
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1):64-66<br />
março de 2008<br />
1.<br />
2.<br />
3.<br />
4.<br />
Primeiro registro de Puffinus tenuirostris<br />
(Temminck, 1835) para o Oceano Atlântico<br />
Luciano R. Alardo Souto 1,2,4 , Rodrigo Maia-Nogueira 2,3 , Daniel C. Bressan 2<br />
Instituto Mamíferos Aquáticos (IMA), Av. Pinto de Aguiar, Rua dos Radioamadores, nº 73, Pituaçu, 41741080, Salvador, BA.<br />
Universi<strong>da</strong>de Católica do Salvador (UCSal), Av. Pinto de Aguiar, S/N, Pituaçu, 41741080, Salvador, BA.<br />
Biota Aquática, Av. Euclides <strong>da</strong> Cunha, nº 476, 4B, Graça, 40150120, Salvador, BA.<br />
E-mail: lucianoalardo@yahoo.com.br<br />
Recebido em: 22/06/2007. Aceito em: 06/03/2008.<br />
ABSTRACT: First record of the Pacific short-tailed Shearwater Puffinus tenuirostris (Temminck, 1835) for the Atlantic Ocean.<br />
Puffinus tenuirostris nests on islands in the south and southeast of Australia, having an exclusive circum-pacific distribution that<br />
extends from the south to the north Pacific. It is a trans-equatorial migrant, which goes north after the breeding season, reaching<br />
the margins of the pack ice, only returning at the end of the northern summer. On May 28, 2005, a petrel was found at Stella Maris<br />
beach, Salvador city, Bahia (12°55’S, 38°31’W). Based on morphometrics and plumage this bird it was identified as P. tenuirostris.<br />
This is the first documented record of the species for the Atlantic Ocean. The presence of the species off the California coast is rare<br />
event, and there have been no records on the coast of Americas south of this region, so it is unlikely that the specimen reached the<br />
Atlantic via the Isthmus of Panama. It is suggested, however, that the bird collected arrived from the east following the dominant<br />
winds around the south pole, when after reaching the Antarctic waters, it continued northward reaching the Atlantic. Those findings<br />
stress the need to increase the number of studies on oceanic birds stranded on the beaches of the Brazilian coast to obtain better<br />
information on movements of pelagic birds in the South Atlantic.<br />
Key-wORDS: Atlantic Ocean, Puffinus tenuirostris, Bahia, Brasil.<br />
PALAvRAS-ChAve: Puffinus tenuirostris, Oceano Atlântico, Bahia, Brasil.<br />
Puffinus tenuirostris (Temmink 1835) nidifica em<br />
ilhas no sul e sudeste <strong>da</strong> Austrália, possuindo uma ampla<br />
distribuição oceânica que se estende desses pontos até o<br />
Pacífico Norte, com registros para o Alasca, Califórnia,<br />
México, ilhas Aleutas, Nova Zelândia, e mar de Bering<br />
(Brooke 2004), tendo assim uma distribuição exclusivamente<br />
circum-pacifica (Skira et al. 1996, Hyrenbach et al.<br />
2001, Ito 2002). Como ocorre com outros membros do<br />
gênero, é um migrante transequatorial que após a tempora<strong>da</strong><br />
reprodutiva migra em direção ao Pacífico Norte,<br />
atingindo as margens do gelo flutuante, retornando no<br />
final do verão boreal (Warham 1996). Há registros <strong>da</strong> espécie<br />
atingindo o Sri Lanka e o mar de A<strong>da</strong>man no Índico,<br />
mas não é claro se as mesmas são espécimes vagantes<br />
ou migrantes. A ocorrência desta espécie ao redor do setor<br />
pacífico <strong>da</strong> Antártica é melhor conheci<strong>da</strong>, sendo comum<br />
em águas até 70°S entre novembro e fevereiro, onde foi<br />
registra<strong>da</strong> alimentando-se de krill (Warham 1996). Adultos<br />
reprodutivos deslocam-se de suas colônias até águas<br />
antárticas para forragear (Brooke 2004). No Brasil, existem<br />
registros confirmados <strong>da</strong> ocorrência de cinco espécies<br />
de pardelas ou bobos do gênero Puffinus: P. griseus (Gmelin<br />
1789), P. gravis (O’Reilly 1818), P. puffinus (Brünnich<br />
1764), P. assimilis Gould 1838 e P. lherminieri Lesson<br />
NOTA<br />
1839 (CBRO 2006). Destas, apenas três possuem registro<br />
para o litoral baiano: P. griseus, P. gravis e P. puffinus (Lima<br />
1996; Lima et al. 2004). No dia 28 de maio de 2005, um<br />
petrel não identificado foi encontrado na praia de Stella<br />
Maris, em Salvador, Bahia (12°55’S, 38°31’W). A ave encontrava-se<br />
recém morta, em bom estado de conservação,<br />
não apresentando ain<strong>da</strong> sinais de rigor mortis. O espécime<br />
foi fotografado, medido (Tabela 1) e posteriormente<br />
taxidermizado e tombado na coleção Rolf Grantsau, sob<br />
o nº de tombo 10741. A partir de <strong>da</strong>dos morfométricos<br />
e características de coloração <strong>da</strong> plumagem (Figuras 1-3)<br />
a ave foi identifica<strong>da</strong> como P. tenuirostris, apresentando<br />
coloração geral cinza-fuligem, incluindo o ventre, garganta<br />
mais clara, pés violáceos, e fronte alta que é um perfil<br />
diagnóstico <strong>da</strong> espécie (Onley e Scofield 2007). As medi<strong>da</strong>s<br />
do bico, <strong>da</strong> asa e do tarso encontram-se no limite<br />
inferior de P. tenuirostris (c. 29 mm, 262 mm e 49,6 mm,<br />
respectivamente) excluindo a possibili<strong>da</strong>de de que se trate<br />
de P. griseus (Brooke 2004). As medi<strong>da</strong>s sugerem ain<strong>da</strong><br />
se tratar de um exemplar ain<strong>da</strong> jovem (Mike Imber com.<br />
pess., 2005). Este é o primeiro registro documentado <strong>da</strong><br />
espécie para o oceano Atlântico. Migrantes transequatoriais<br />
ocasionalmente iniciam sua migração para o norte<br />
quando estão no oceano errado, resultando em registros
TABeLA 1: Dados morfoméricos de P. tenuirostris (Coleção Rolf Grantsau, nº 10741) e P. griseus; peso em gramas e medi<strong>da</strong>s em mm. Os <strong>da</strong>dos de<br />
P. griseus representam média de três indivíduos.<br />
TABLe 1: Morfometric <strong>da</strong>ta of P. tenuirostris (Rolf Grantsau Colection, nº 10741) and P. griseus; weight in grams and measures in mm. The <strong>da</strong>ta of<br />
P. griseus represent three individuals average.<br />
espécie Peso Total Asa Retriz Cúlmen Tarso Dedo médio c/unha<br />
P. tenuirostris 340 370 262 79 31 49 65<br />
P. griseus — — 297,6 104 55 47,6 —<br />
FiguRA 1: P. griseus (superior) e P. tenuirostris (inferior). Note as<br />
diferenças de tamanho de bico, coloração do manto e capuz. Foto:<br />
Bruno Pitta.<br />
FiguRe 1: P. griseus (above) and P. tenuirostris (below). Note<br />
differences in bill size and in the color of the mantle and hood. Photo:<br />
Bruno Pitta.<br />
FiguRA 2: P. tenuirostris (superior) e P. griseus (inferior). Note as<br />
diferenças na coloração <strong>da</strong>s partes inferiores. Foto: Bruno Pitta.<br />
FiguRe 2: P. tenuirostris (upper) and P. griseus (lower). Note the<br />
difference in the color of the underparts. Photo: Bruno Pitta<br />
como P. puffinus fora <strong>da</strong> Califórnia e Calonectris diomedea<br />
no Mar Vermelho (Warham 1996, Brooke 2004). A presença<br />
<strong>da</strong> espécie na Califórnia é rara, e não há registros ao<br />
longo <strong>da</strong> costa oeste <strong>da</strong> América do Sul e Central, sendo<br />
improvável que o espécime tenha cruzado o istmo do Panamá.<br />
É sugerido que o mesmo deslocou-se para leste a<br />
Primeiro registro de Puffinus tenuirostris (Temminck, 1835) para o Oceano Atlântico<br />
Luciano R. Alardo Souto, Rodrigo Maia-Nogueira, Daniel C. Bressan<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008<br />
FiguRA 3: Vista lateral do corpo de P. tenuirostris. Foto: Bruno<br />
Pitta.<br />
FiguRe 3: Lateral view of P. tenuirostris. Photo: Bruno Pitta.<br />
partir do Pacífico Oeste seguindo os ventos dominantes<br />
nas altas latitudes <strong>da</strong>s águas antárticas e alcançando o oceano<br />
Atlântico, onde iniciou sua migração para o norte.<br />
Warham (1996) antecipou que, já que a espécie ocorre no<br />
Índico, indivíduos vagantes de P. tenuirostris seriam encontrados<br />
no Atlântico, eventualmente confundidos com<br />
P. griseus. Embora Warham (1996) tenha sugerido que<br />
estes registros se <strong>da</strong>riam no Atlântico Norte, o encontro<br />
do espécime no Brasil cumpre aquela previsão. O encontro<br />
de P. tenuirostris na costa <strong>da</strong> Bahia pode estar ligado a<br />
condições particulares de frentes térmicas oceânicas, originando<br />
um movimento errático do espécime. Sugere-se<br />
intensificar os estudos com aves oceânicas que aparecem<br />
nas praias <strong>da</strong> costa brasileira para se obter melhores informações<br />
sobre os fenômenos de movimentação dessas aves<br />
no Atlântico Sul.<br />
AgRADeCiMeNTOS<br />
A Fabio Olmos pela revisão do manuscrito e auxílio na identificação<br />
<strong>da</strong> espécie; a equipe do Instituto Mamíferos Aquáticos (IMA) pelo<br />
resgate e guar<strong>da</strong> temporária do espécime; Pedro Lima, Sidnei Sampaio,<br />
Pedro Lima e Rolf Grantsau por todo auxílio que prestaram na manutenção,<br />
contatos cedidos e valiosas informações que auxiliaram na identificação<br />
do espécime; a Bruno Pita por ceder as fotos utiliza<strong>da</strong>s no presente<br />
estudo. Agradecemos também a Michael Imber e Bernard Zonfrillo pelos<br />
valiosos comentários e auxílio na definição final do espécime; aos revisores<br />
anônimos e Lúcio J. S. Freire Junior pela revisão final do manuscrito.<br />
65
66<br />
ReFeRêNCiAS<br />
Brooke, M.L. (2004). Albatrosses and petrels across the world. Oxford:<br />
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CBRO. (2006). Listas <strong>da</strong>s aves do Brasil. Versão 15/7/2006. Comitê<br />
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1.<br />
2.<br />
3.<br />
4.<br />
5.<br />
6.<br />
7.<br />
NoTA<br />
Registros recentes de Platyrinchus leucoryphus<br />
(Wied, 1831) no Estado de Santa Catarina, Sul do Brasil<br />
Cláudia Sabrine Brandt 1 , Cristiane Crieck 2 , Adrian Eisen Rupp 3,5 , Daniela Fink 4 ,<br />
Gregory Thom e Silva 3,6 e Carlos Eduardo Zimmermann 3,7<br />
Programa de pós-graduação em Ecologia, Universi<strong>da</strong>de Federal do Rio Grande do Sul. Autor para correspondência. E-mail: claubrandt@gmail.com<br />
Programa de pós-graduação em Recursos Genéticos Vegetais, Universi<strong>da</strong>de Federal de Santa Catarina. E-mail: cris_krieck@hotmail.com<br />
Laboratório de Ecologia e Ornitologia, Instituto de Pesquisas Ambientais, Universi<strong>da</strong>de Regional de Blumenau.<br />
Associação Catarinense de Preservação <strong>da</strong> Natureza – ACAPRENA. E-mail: <strong>da</strong>ejo@bol.com.br<br />
E-mail: eisenrupp@yahoo.com.br<br />
E-mail: biogrego@yahoo.com.br<br />
E-mail: cezimmer@furb.br<br />
Recebido em: 15/09/2005. Aceito em: 07/03/2008.<br />
ABSTRACT: Recent records of Platyrinchus leucoryphus (Wied, 1831) in Santa Catarina State, southern Brazil. P. leucoryphus<br />
is an Atlantic Forest Endemic vulnerable to extinction. It occurs in southeastern and southern Brazil, eastern Paraguay and<br />
northeastern Argentina, where it inhabits the understore of pristine and advanced secon<strong>da</strong>ry forest. This note reports recent records<br />
of P. leucoryphus in “Vale do Itajaí”, Santa Catarina State, Brazil.<br />
KEy-WoRDS: Platyrinchus leucoryphus, Russet-winged Spadebill, Santa Catarina State, Brazil.<br />
PAlAvRAS-ChAvE: Platyrinchus leucoryphus, patinho-gigante, Santa Catarina, Brasil.<br />
Platyrinchus leucoryphus é um tiranídeo endêmico <strong>da</strong><br />
Floresta Atlântica considerado globalmente ameaçado de<br />
extinção na categoria vulnerável (BirdLife International<br />
2004). Sua área de distribuição abrange o sudeste e sul do<br />
Brasil, o leste do Paraguai e o nordeste <strong>da</strong> Argentina (Madroño<br />
et al. 1997), onde habita o sub-bosque de florestas<br />
primárias e secundárias, sempre em baixas densi<strong>da</strong>des populacionais<br />
(Straube et al. 2004).<br />
Apesar do grau de ameaça existe pouco esforço de<br />
pesquisa envolvendo a espécie resultando em informações<br />
reduzi<strong>da</strong>s sobre a sua biologia. Esta carência se deve, em<br />
parte, à sua plumagem inconspícua, à sua baixa densi<strong>da</strong>de<br />
e aos hábitos solitários e fugidios (Brooks et al. 1993).<br />
Em território brasileiro, a região Sudeste possui o maior<br />
número de informações acerca <strong>da</strong> espécie, incluindo a segun<strong>da</strong><br />
descrição de seu ninho (Pizo 2003). Os <strong>da</strong>dos para<br />
a região Sul se limitam a registros escassos e concentrados<br />
em determinados pontos. No Paraná, ocorreram registros<br />
para a região <strong>da</strong> Serra do Mar e planície litorânea,<br />
bem como para o extremo oeste do Estado (Straube et al.<br />
2004). No Rio Grande do Sul existem apenas registros<br />
históricos <strong>da</strong>tados de 1928 e 1973, efetuados na Floreta<br />
Estacional Decidual na região noroeste e na Floresta<br />
Ombrófila Densa do nordeste do Estado (Belton 1973,<br />
1994). A espécie figura nas listas de aves ameaça<strong>da</strong>s de<br />
extinção de ambos os Estados, recebendo o status de ame-<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1):67-69<br />
março de 2008<br />
aça<strong>da</strong> e criticamente ameaça<strong>da</strong> de extinção, respectivamente<br />
(Bencke et al. 2003, Straube et al. 2004).<br />
Em Santa Catarina o estudo com aves é recente, <strong>da</strong>tando<br />
<strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 80 (Sick et al. 1979a, 1979b, Sick<br />
et al. 1981). To<strong>da</strong>via, os primeiros registros de Platyrinchus<br />
leucoryphus foram efetuados somente na déca<strong>da</strong> de<br />
90, através <strong>da</strong> captura em redes de neblina no Parque Botânico<br />
Morro do Baú (Marterer 1994). Posteriormente<br />
Albuquerque e Brüggemann (1996) registraram a espécie<br />
no Parque Estadual <strong>da</strong> Serra do Tabuleiro e Müller (2001)<br />
em florestas bem conserva<strong>da</strong>s na ci<strong>da</strong>de de Blumenau.<br />
O presente trabalho apresenta registros recentes de<br />
Platyrinchus leucoryphus em Santa Catarina fomentando<br />
informações sobre a sua história natural (biometria), e<br />
contribuindo para o conhecimento de sua distribuição e<br />
real status de conservação no estado.<br />
Os registros ocorreram entre os anos de 2003 e 2007,<br />
em áreas de Floresta Ombrófila Densa do Médio Vale do<br />
Rio Itajaí-Açu. Dos 17 indivíduos, 12 foram registrados<br />
no Parque Nacional <strong>da</strong> Serra do Itajaí (PNSI). Esta Uni<strong>da</strong>de<br />
de Conservação faz parte do mesmo maciço florestal<br />
<strong>da</strong> Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Bugerkopf,<br />
onde foram capturados 5 indivíduos e observado<br />
um outro. Outros indivíduos foram amostrados em uma<br />
área pertencente à Bunge alimentos S/A (n = 2); Morro<br />
Geisler (n = 1) e na Associação Desportiva <strong>da</strong> Companhia
68<br />
Registros recentes de Platyrinchus leucoryphus (Wied, 1831) no Estado de Santa Catarina, Sul do Brasil<br />
Cláudia Sabrine Brandt, Cristiane Crieck, Adrian Eisen Rupp, Daniela Fink, Gregory Thom e Silva e Carlos Eduardo Zimmermann<br />
TABElA 1: Locais com registros de Platyrinchus leucoryphus no Vale do Itajaí, Santa Catarina, Brasil, indicando coordena<strong>da</strong>s geográficas, tamanho<br />
<strong>da</strong> área, municípios onde estão localizados, conectivi<strong>da</strong>de com áreas florestais (S – conectado; N – isolado) e forma de contato (a – captura em redesde-neblina;<br />
b – contato visual/auditivo).<br />
TABlE 1: Sites whith records of Platyrinchus leucoryphus at Vale do Itajaí, Santa Catarina State, Brazil, with geographical coordinates, size area,<br />
municipalities, connectivity with forested areas (S – connected; N – isolated) and type of contact (a – capture in mist-nets; b – visual/auditory<br />
contact).<br />
locali<strong>da</strong>de<br />
Coordena<strong>da</strong>s<br />
Geográficas<br />
Tamanho<br />
(ha)<br />
Municípios abrangidos Conectivi<strong>da</strong>de<br />
Forma de<br />
contato<br />
RPPN Bugerkopf 27°00’S – 49°04’W 82,7 Blumenau S a/b<br />
PARNA Serra do Itajaí 27°11’S – 49°15’W 57000<br />
Apiúna, Ascurra, Blumenau, Botuverá, Gaspar,<br />
Guabiruba, In<strong>da</strong>ial e Nereu Ramos<br />
S a/b<br />
Bunge Alimentos S/A 27°01’S – 48°57’W 303 Gaspar S a/b<br />
Morro Geisler 26°54’S – 40°13’W 40 In<strong>da</strong>ial N b<br />
ADHering 26°54’S – 49°06’W 80 Blumenau N b<br />
Hering (ADHering) (n = 1). A primeira possui concetivi<strong>da</strong>de<br />
com o maciço do complexo PNSI/RPPN Bugerkopf.<br />
As demais, por sua vez, consistem em fragmentos isolados<br />
(Tabela 1). A relação de indivíduos capturados com suas<br />
respectivas medi<strong>da</strong>s biométricas constam na tabela 2.<br />
Todos os contatos concentraram-se em altitudes entre<br />
200 e 600 m acima do nível do mar, em locais com<br />
vegetação em estádio sucessional variando desde capoeirão<br />
até floresta secundária em estádio avançado de regeneração.<br />
Na literatura disponível, Platyrinchus leucoryphus<br />
é descrito como dependente de grandes áreas de floresta<br />
primária, ou de áreas florestais ligeiramente altera<strong>da</strong>s e<br />
florestas secundárias avança<strong>da</strong>s próximas àquelas (Brooks<br />
et al. 1993, Pizo 2003). De fato, Aleixo e Galetti (1997)<br />
registraram a espécie somente em áreas de floresta primária<br />
no Parque Estadual de Intervales (SP), onde foi<br />
razoavelmente comum. A presença <strong>da</strong> espécie em fragmentos<br />
florestais (Tabela 1), por sua vez, suscita discussão<br />
sobre a necessi<strong>da</strong>de de grandes extensões de floresta para<br />
a conservação <strong>da</strong> espécie. No entanto, os remanescentes<br />
florestais do médio vale do Itajaí apresentam-se envoltos a<br />
uma matriz essencialmente florestal mais permeável, que<br />
pode possibilitar o trânsito de indivíduos entre as manchas<br />
e minimizar o efeito <strong>da</strong> fragmentação. O fato é que<br />
ain<strong>da</strong> são necessários estudos mais aprofun<strong>da</strong>dos focando<br />
a variabili<strong>da</strong>de genética e estrutura populacional para estabelecer<br />
a real viabili<strong>da</strong>de destas populações.<br />
Quanto à presença exclusiva para Santa Catarina em<br />
áreas de Floresta Ombrófila Densa, não está excluí<strong>da</strong> a<br />
possibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> espécie ocorrer ou ter ocorrido em outras<br />
formações vegetais. Registros esporádicos no extremo oeste<br />
do Paraná (Straube et al. 2004), Argentina e no Parque<br />
Nacional do Iguaçu permitem inferir sobre a possibili<strong>da</strong>de<br />
<strong>da</strong> mesma ter ocorrido originalmente em grande parte<br />
<strong>da</strong> região onde ocorre a Floresta Estacional Semidecidual<br />
e até mesmo na Floresta Ombrófila Mista neste Estado.<br />
TABElA 2: Dados biométricos dos indivíduos de Platyrinchus leucoryphus capturados em redes-de-neblina em cinco locali<strong>da</strong>des do Vale do Itajaí,<br />
Santa Catarina, Brasil. PARNA SI – Parque Nacional <strong>da</strong> Serra do Itajaí. A – adulto; I – indeterminado; T – comprimento do tarso; LB – largura<br />
bico; NP – narina-ponta; CC – comprimento <strong>da</strong> cabeça; As – comprimento asa, C – comprimento cau<strong>da</strong>; CT – comprimento total; MC – massa<br />
corporal. (—) – <strong>da</strong>dos não mensurados.<br />
TABlE 2: Biometric <strong>da</strong>ta of Platyrinchus leucoryphus mist-netted in five localities of the Vale do Itajaí, Santa Catarina State, Brazil. PARNA<br />
SI – Parque Nacional <strong>da</strong> Serra do Itajaí. A – adult; I – undetermined; T – tarsus length; LB – bill width; NP – nostril-point of bill; CC – head<br />
length; As – wing length, C – tail length; CT – total length; MC – body mass. (—) – Data not measured.<br />
locali<strong>da</strong>de Data status sexo<br />
T<br />
(mm)<br />
lB<br />
(mm)<br />
NP<br />
(mm)<br />
CC<br />
(mm)<br />
As<br />
(cm)<br />
C<br />
(cm)<br />
CT<br />
(cm)<br />
MC<br />
(cm)<br />
RPPN Bugerkopf 1/12/2003 A I 17.9 12.01 8.21 36.31 7.1 4.5 18<br />
RPPN Bugerkopf 1/12/2003 A I 17.74 13.23 7.61 35.29 7.6 4.1 18<br />
RPPN Bugerkopf 1/2/2004 A I 17.84 15.71 9.72 38.34 7.1 3.7 13.1 18<br />
RPPN Bugerkopf 1/5/2004 A I 16.9 13.5 8.2 37.4 7.5 5.5 11 16<br />
RPPN Bugerkopf 1/3/2005 A I 18.7 14.25 8.25 37.4 7.6 5 20<br />
Bunge Alimentos 1/6/2005 A I 15.92 13.82 8.87 37.97 8 4.8 12.8 18<br />
PARNA SI 1/8/2005 A I 19 — — — — — — —<br />
PARNA SI 1/6/2006 A I 19.4 14.8 8 36.9 8 5.4 13.1 18<br />
PARNA SI 1/10/2006 A I 17.4 14.7 8 37 7.5 4.3 12 18<br />
PARNA SI 1/11/2006 A I 18.83 14.62 9.01 37.09 7.2 4.1 12.8 18<br />
Média (mm) 17.96 14.07 8.43 37.08 7.51 4.60 12.47 18.00<br />
DP (mm) 1.1 1.1 0.6 0.9 0.3 0.6 0.8 1.0<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008
Registros recentes de Platyrinchus leucoryphus (Wied, 1831) no Estado de Santa Catarina, Sul do Brasil<br />
Cláudia Sabrine Brandt, Cristiane Crieck, Adrian Eisen Rupp, Daniela Fink, Gregory Thom e Silva e Carlos Eduardo Zimmermann<br />
AGRADECiMENToS<br />
A Lauro Eduardo Bacca, Bunge Indústria de Alimentos S/A,<br />
Prefeitura de In<strong>da</strong>ial e Companhia Hering S/A por disponibilizar suas<br />
proprie<strong>da</strong>des. A ACAPRENA – Associação Catarinense de Preservação<br />
<strong>da</strong> Natureza – e ao IBAMA, por permitirem a divulgação dos <strong>da</strong>dos<br />
referentes ao Parque Nacional Serra do Itajaí. Fernando Straube<br />
contribuiu com diversas sugestões.<br />
REFERêNCiAS<br />
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69
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1):70-71<br />
março de 2008<br />
Ataques de Passeriformes a humanos na Ilha <strong>da</strong><br />
Marambaia, RJ, Brasil: um registro de ‘mobbing’<br />
Carlos Eduardo <strong>da</strong> Silva Garske e Ildemar Ferreira<br />
Laboratório de Ornitologia, Instituto de Biologia, Universi<strong>da</strong>de Federal Rural do Rio de Janeiro, 23890‑000, Seropédica, RJ, Brasil.<br />
E‑mail: carlosgarske@hotmail.com.<br />
Recebido em: 14/10/2007. Aceito em: 15/03/2008.<br />
ABStRACt: Passerine birds attacking humans at the Marambaia Island, Rio de Janeiro State, Brazil: a record of ‘mobbing’.<br />
‘Mobbing’ is a kind of behaviour in which birds engage to defend themselves or their offspring from pre<strong>da</strong>tors. Here we record this<br />
behaviour at Marambaia Island, Rio de Janeiro, Brazil, when a researcher was mobbed by a Rufous‑bellied Thrush Turdus rufiventris,<br />
a Brazilian Tanager Ramphocelus bresilius and a Sayaca Tanager Thraupis sayaca, when he removed a individual of the former species<br />
from an ornithological mist net. The individual removed from the net was in body moulting and its flight feathers, without a brood<br />
patch, suggesting an individual in ‘post‑juvenal molt’. Probably, this ‘mobbing behaviour’ was an attempt to defend the young<br />
presumed to be menaced.<br />
KEy-woRdS: Etology, Mobbing, Passerine birds, Marambaia Island, Southeastern Brazil.<br />
PAlAvRAS-ChAvE: Etologia, Mobbing, Passeriformes, Ilha <strong>da</strong> Marambaia, Sudeste do Brasil.<br />
‘Mobbing behavior’ é um termo que surgiu no cam‑<br />
po <strong>da</strong> etologia definindo uma mobilização grupal de aves<br />
contra um potencial pre<strong>da</strong>dor (Yamamoto e Ades 2002).<br />
Diversos trabalhos foram desenvolvidos até hoje rela‑<br />
tando esse tipo de comportamento (e.g. Altmann 1956,<br />
Guillory e LeBlanc 1975, Myers 1978, Ficken e Popp<br />
1996), porém o tema ain<strong>da</strong> é escasso em nosso país, com<br />
estudos voltados principalmente para o forrageamento e<br />
a reprodução (e.g. Tiepolo e Costa 1998, Costa 2002).<br />
As aves que desenvolvem esse comportamento também<br />
denominado como ‘mobbing’ podem atacar animais que<br />
elas consideram ser um perigo para a sua segurança, in‑<br />
clusive os humanos (Lorenz 1968, Van Tyne e Berger<br />
1976, RSPB 2007).<br />
Na manhã do dia 27 de fevereiro de 1999, durante<br />
os trabalhos de campo na Ilha <strong>da</strong> Marambaia (23°04’S e<br />
43°53’W), Litoral Sul Fluminense, C.E.S.G. retirava um<br />
indivíduo de Turdus rufiventris (Turdi<strong>da</strong>e) que estava en‑<br />
re<strong>da</strong>do em uma <strong>da</strong>s redes de neblina ergui<strong>da</strong>s próximas ao<br />
quartel do Corpo de Fuzileiros Navais, quando então ele<br />
foi atacado por um outro exemplar <strong>da</strong> mesma espécie que<br />
estava pousado em uma árvore próxima à área de captura.<br />
Esse exemplar realizou vôos rasantes seguidos de contato<br />
físico sobre a cabeça do pesquisador, o que atrapalhava a<br />
retira<strong>da</strong> do indivíduo enre<strong>da</strong>do. O ataque de T. rufiventris,<br />
somado à vocalização constante <strong>da</strong> ave presa à rede,<br />
acabaram atraindo duas espécies de traupídeos (Ramphocelus<br />
bresilius e Thraupis sayaca), que também investiram<br />
sobre o pesquisador com vôos rasantes. Esse ataque co‑<br />
NotA<br />
letivo é descrito por Van Tyne e Berger (1976) e RSPB<br />
(2007) como tendo início normalmente com apenas uma<br />
ou duas aves, mas que acaba atraindo um número ain<strong>da</strong><br />
maior de indivíduos, inclusive de outras espécies.<br />
Durante a ocasião, o indivíduo de Thraupis sayaca<br />
defecou no pesquisador em um de seus ataques. Algumas<br />
aves ocasionalmente chegam ao contato físico sobre seus<br />
inimigos, podendo ao invés disso defecar e regurgitar em<br />
seus alvos (RSPB 2007). O comportamento de ‘mobbing’<br />
transcorreu durante todo o período em que o pesquisador<br />
retirava T. rufiventris <strong>da</strong> rede (cerca de 1 min). Os ataques<br />
realizados pelas três espécies somente cessaram após a ave<br />
ter sido retira<strong>da</strong> <strong>da</strong> rede e coloca<strong>da</strong> em um saco de pano<br />
para posterior toma<strong>da</strong> dos <strong>da</strong>dos biométricos.<br />
O caso aqui relatado ocorreu em um período sazo‑<br />
nal de grande importância para a maioria <strong>da</strong>s aves, quan‑<br />
do temos um ciclo reprodutivo seguido por uma fase de<br />
mu<strong>da</strong> de penas. O indivíduo capturado em rede (Turdus<br />
rufiventris) apresentava mu<strong>da</strong> em to<strong>da</strong> a plumagem (rê‑<br />
miges, retrizes e penas de contorno) e ausência de placa<br />
de incubação, passando pelo processo conhecido como<br />
‘mu<strong>da</strong> pós‑juvenil’, um estágio <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> que compreende<br />
o abandono do ninho e a sua primeira mu<strong>da</strong> (Mallet‑Ro‑<br />
drigues et al. 1995). Van Tyne e Berger (1976) e Alcock<br />
(1989) explicam que o comportamento de ‘mobbing’ está<br />
relacionado principalmente ao período reprodutivo <strong>da</strong>s<br />
aves, quando elas se submetem a um ataque direcionado<br />
a um alvo perigoso, em prol de suas próprias defesas ou<br />
de suas proles. Sick (1997) descreve T. rufiventris como
Ataques de Passeriformes a humanos na Ilha <strong>da</strong> Marambaia, RJ, Brasil: um registro de ‘mobbing’<br />
Carlos Eduardo <strong>da</strong> Silva Garske e Ildemar Ferreira<br />
uma espécie territorialista, uma característica relaciona<strong>da</strong><br />
à defesa de recursos alimentares ou sucesso reprodutivo<br />
(Davies 1978). É provável que o fato ocorrido na Ilha <strong>da</strong><br />
Marambaia tenha sido uma forma de defesa por parte de<br />
Turdus rufiventris, Ramphocelus bresilius e Thraupis sayaca<br />
presentes no local, quando um indivíduo jovem estava<br />
sofrendo uma suposta ameaça. Em pouco mais de três<br />
anos de trabalhos de campo na ilha, esse foi o único caso<br />
registrado de ‘mobbing’ sobre um pesquisador.<br />
AGRAdECIMENtoS<br />
Agradeço ao Centro de Adestramento <strong>da</strong> Ilha <strong>da</strong> Marambaia<br />
(CADIM), pelo apoio logístico durante as excursões científicas. As<br />
Profas. Dras. Regina Helena Ferraz Macedo (UnB) e Adriana O<strong>da</strong>lia<br />
Rímoli (UCDB), pelas informações referentes ao assunto aqui abor‑<br />
<strong>da</strong>do. Sou grato também a Jorge Bruno Nacinovic (MN/UFRJ), pela<br />
análise crítica do manuscrito original e pela revisão do abstract.<br />
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71
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1):72-75<br />
março de 2008<br />
1.<br />
2.<br />
Record of a leucistic Rufous-bellied Thrush<br />
Turdus rufiventris (Passeriformes, Turdi<strong>da</strong>e) in<br />
São Paulo city, Southeastern Brazil<br />
Carlos Campos Gonçalves Junior 1 , Edson Aparecido <strong>da</strong> Silva 1 , André Cordeiro De Luca 1 ,<br />
Tatiana Pongiluppi 1 and Flavio de Barros Molina 1,2<br />
Universi<strong>da</strong>de Ibirapuera. Aveni<strong>da</strong> Interlagos, 1329, Chácara Flora, 04661‑100, São Paulo, SP, Brasil.<br />
Corresponding author: fbmolina@uol.com.br<br />
Recebido em: 15/09/2007. Aceito em: 02/03/2008.<br />
RESuMo: Registro de sabiá-laranjeira Turdus rufiventris leucístico (Passeriformes, Turdi<strong>da</strong>e) na ci<strong>da</strong>de de São Paulo, Sudeste do<br />
Brasil. A ocorrência de plumagens aberrantes não é um evento excepcionalmente raro, embora seja pouco documentado. Registros<br />
em espécies de vi<strong>da</strong> livre são ain<strong>da</strong> menos freqüentes, incluindo alguns casos de leucismo. O leucismo, que na natureza parece<br />
ocorrer em uma freqüência inferior a 1%, pode ser definido como a per<strong>da</strong> total de melanina em algumas ou to<strong>da</strong>s as penas. Aves<br />
portadoras de leucismo total tornam‑se mais conspícuas, existindo relatos de ataques por parte de indivíduos <strong>da</strong> mesma espécie.<br />
Muitos autores acreditam que devido a uma maior probabili<strong>da</strong>de de ataques por pre<strong>da</strong>dores, essas aves apresentem uma redução na<br />
sua longevi<strong>da</strong>de. Durante uma sessão de observação para um levantamento de espécies de aves no Parque do Ibirapuera, ci<strong>da</strong>de de<br />
São Paulo (SP), no final de junho de 2005, foi registrado um espécime de sabiá‑laranjeira (Turdus rufiventris), com to<strong>da</strong>s as penas<br />
brancas. A identificação específica foi possível através <strong>da</strong> morfologia externa, <strong>da</strong> vocalização e <strong>da</strong> observação <strong>da</strong> interação constante<br />
deste espécime com outros sabiás‑laranjeiras de coloração normal. Ele foi observado em outras ocasiões, sempre na mesma área<br />
e interagindo com outros indivíduos <strong>da</strong> espécie. Apesar de Turdus rufiventris ser uma espécie comum em ambientes urbanos em<br />
praticamente todo o Brasil, este é o primeiro registro de um espécime leucístico para a ci<strong>da</strong>de de São Paulo.<br />
PALAvRAS-ChAvE: leucismo, sabiá‑laranjeira, Turdus rufiventris, ci<strong>da</strong>de de São Paulo, avifauna urbana.<br />
KEy-woRDS: leucism, Rufous‑bellied Thrush, Turdus rufiventris, São Paulo city, urban avifauna.<br />
Rufous‑bellied Thrush Turdus rufiventris is a com‑<br />
mon species occurring in Uruguay, Paraguay, northern<br />
Argentina, eastern Bolivia, and almost all Brazilian terri‑<br />
tory except for the Amazonian Forest (Frisch and Frisch<br />
2005). It lives in gallery forests, dense cerrado woodlands,<br />
orchards, and wooded urban areas (Kraus et al. 2005). In<br />
fact, it is well a<strong>da</strong>pted for living in urban areas, being one<br />
of the most common species in São Paulo city (Höfling<br />
and Camargo 1993, Develey and Endrigo 2004). Since<br />
2002 the species is considered the Brazilian National Bird<br />
(Frisch and Frisch 2005).<br />
The occurrence of aberrant plumage is not rare<br />
despite the scarcity of <strong>da</strong>ta registered in the literature<br />
(Teixeira 1985, Nemésio 1999, 2001b, Piacentini 2001,<br />
Wilson et al. 2006). Most of the papers published dealt<br />
with species bred in captivity, especially members of Psit‑<br />
taci<strong>da</strong>e (Teixeira, 1985, Nemésio 1998a, b, 1999, 2001a,<br />
Sick 2001) and Emberezi<strong>da</strong>e (Nemésio 2001b, Piacentini<br />
2001, Sick 2001). Obviously, aberrant plumage is not so<br />
common in natural populations (Sick 2001, Hosner and<br />
Lebbin 2006). Recent literature based on Brazilian species<br />
include cases in members of Tinami<strong>da</strong>e (Or<strong>da</strong>no and Bo‑<br />
NoTA<br />
sisio 2001), Anhimi<strong>da</strong>e (Veiga and Oliveira 1995), Ana‑<br />
ti<strong>da</strong>e (Beltzer 1984, Or<strong>da</strong>no and Bosisio 2001), Craci<strong>da</strong>e<br />
(Teixeira and Sick 1986, Sick 2001), Suli<strong>da</strong>e (Coelho and<br />
Alves 1991), Phalacrocoraci<strong>da</strong>e (Mallet‑Rodrigues 2001),<br />
Catharti<strong>da</strong>e (Oliveira 1981, Hosner and Lebbin 2006),<br />
Columbi<strong>da</strong>e (Mallet‑Rodrigues 1995, González‑Acuña<br />
2004), Psittaci<strong>da</strong>e (Teixeira 1985, Sick 2001), Furnarii<strong>da</strong>e<br />
(Or<strong>da</strong>no and Bosisio 2001, Lebbin et al. 2007), Pipri<strong>da</strong>e<br />
(Anciães et al. 2005), Turdi<strong>da</strong>e (Veiga and Pardo 1990,<br />
Pomarede 1991, Piacentini 2001, Sick 2001), Thraupi‑<br />
<strong>da</strong>e (Sick 2001), Emberezi<strong>da</strong>e (Oliveira 1983a, b, Chebez<br />
1987, Nemésio 2001c, Sick 2001), Cardinali<strong>da</strong>e (Grilli<br />
et al. 2006), Paruli<strong>da</strong>e (Hosner and Lebbin 2006) and Ic‑<br />
teri<strong>da</strong>e (Sick 2001).<br />
Aberrant plumage may be caused by ambiental or<br />
genetic factors (Nemésio 1998a, b, 1999, 2001a, b). Dif‑<br />
ferent classifications are presented for genetically con‑<br />
trolled aberrant plumage (e.g. Buckley 1982, Teixeira,<br />
1985, Nemésio 1999, 2001b, van Grouw 2006). Teix‑<br />
eira (1985) mentioned six categories (albinism, leucism,<br />
xanthochroism, cianism, erythrism and melanism) latter<br />
reassembled by Nemésio (1999, 2001a, b) in a new clas‑
Record of a leucistic Rufous‑bellied Thrush Turdus rufiventris (Passeriformes, Turdi<strong>da</strong>e) in São Paulo city, Southeastern Brazil<br />
Carlos Campos Gonçalves Junior, Edson Aparecido <strong>da</strong> Silva, André Cordeiro De Luca, Tatiana Pongiluppi and Flavio de Barros Molina<br />
sification based on eight main categories. These are ino<br />
(including albinism, lutinism and rubinism), pied (leu‑<br />
cism), dilution, cianism, erythrism, melanism, cinnamon<br />
and fallow.<br />
Leucism is defined as the total absence of melanin<br />
in some or all feathers (but not other body tissues) and<br />
is caused by an inherited disorder in the pigment depo‑<br />
sition mechanism (Nemésio 1998a, 1999, van Grouw<br />
2006). Bird literature referring to leucism includes many<br />
specimens erroneously classified as partial and incom‑<br />
plete albinos (e.g. Oliveira 1983a, Coelho and Alves<br />
1991, Møller and Mousseau 2001, Dowding and Gum‑<br />
mer 2003, González‑Acuña 2004). As melanin is present<br />
in other parts of the body (like the eyes) the use of these<br />
terms is a big mistake (Buckley 1982, Nemésio 1998a,<br />
1999, 2001a, van Grouw 2006).<br />
In North America, leucism seems to be more com‑<br />
mon in the families Emberezi<strong>da</strong>e, Turdi<strong>da</strong>e, Icteri<strong>da</strong>e,<br />
Anati<strong>da</strong>e, Corvi<strong>da</strong>e and Passeri<strong>da</strong>e (Gross 1965). In the<br />
United Kingdon, leucism seems to be more common in<br />
the families Turdi<strong>da</strong>e, Corvi<strong>da</strong>e, Hirundini<strong>da</strong>e, Passeri‑<br />
<strong>da</strong>e, Sturni<strong>da</strong>e and Emberezi<strong>da</strong>e (Sage 1963). Leucistic<br />
birds rarely represent more than 1% of all the specimens<br />
in a natural population (Sage 1963, Santos 1981, Bensch<br />
et al. 2000). This frequency seems to be higher in cities<br />
when compared to the countryside (Il’enko 1960 apud<br />
Møller and Mousseau 2001), probably because leucism<br />
causing factors are more common in polluted urban ar‑<br />
eas (Møller and Mousseau 2001). Elevated frequencies of<br />
leucism in bird populations can be associated with ge‑<br />
netically inbred populations (4.5% in a recently found‑<br />
ed population of Acrocephalus arundinaceus in Sweden<br />
– Bensch et al. 2000) and with populations affected by<br />
nuclear accidents (13% to 15% in a population of Hirundo<br />
rustica after Chernobyl accident – Ellegren et al. 1997,<br />
Møller and Mousseau 2001).<br />
While studying a bird community at Parque do Ibi‑<br />
rapuera, a large urban park in São Paulo city, in 30 July<br />
2005, we found a completely leucistic adult of Turdus rufiventris.<br />
We could find no record of leucism in Turdus rufiventris<br />
in São Paulo city, thus making the bird described<br />
here noteworthy. It was identified based on external<br />
morphology, vocalization, and interaction with normally<br />
pigmented Turdus rufiventris. The leucistic specimen was<br />
photographed at a minimum distance of two meters with<br />
a digital Sony camera model Cyber Shot DSC‑H7 8.1<br />
Mega pixels 15 X OPTICAL ZOOM.<br />
The bird in question is almost completely white.<br />
All the feathers are white and the eyelids are pale yellow<br />
(lighter than normal). The beak, tarsus, and feet are nor‑<br />
mally colored. The iris is <strong>da</strong>rk (Figure 1). The leucistic<br />
bird was observed during many <strong>da</strong>ys from July to Decem‑<br />
ber 2005, in a total of 33 hours, always in the same area<br />
and interacting with normally colored Turdus rufiventris.<br />
Besides being more aware of human beings, it showed the<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008<br />
common behavior of the species, feeding on earthworms<br />
and bathing in puddles. At the end of August 2005 it was<br />
observed in nesting activities for the first time (reproduc‑<br />
tive behavior will be described elsewhere based on obser‑<br />
vations registered from 2005 to 2007). No other leucist<br />
bird was observed at Parque do Ibirapuera.<br />
Brazilian ornithology has evolved rapidly during the<br />
last decades (Alves and Silva 2000, Marini and Garcia<br />
2005, Pacheco 2005), what is especially true for ecosys‑<br />
tems in South and Southeast Brazil (Silva 1998, Alves<br />
et al. 2000b, Vielliard 2000, Anjos 2001, Straube et al.<br />
2004). The development of studies related to bird ecolo‑<br />
gy are becoming increasingly more frequent in Brazil (e.g.<br />
Alves et al. 2000a, Albuquerque et al. 2001, Silva et al.<br />
2003, Donatelli et al. 2004, Olmos et al. 2005, Telino‑Jr<br />
et al. 2005) and so populations of common birds, like<br />
Turdus rufiventris, are increasingly more observed by or‑<br />
nithologists everywhere. Even so, the only records of free<br />
living leucistic specimens of Turdus rufiventris we could<br />
find in the literature were made for locations in Rio de<br />
Janeiro city (Sick 2001), Curitiba city (specimen incor‑<br />
rectly classified as albino – Veiga and Pardo 1990) and<br />
a city countryside Santa Catarina state (specimen found<br />
already as a cage bird – Piacentini 2001). The occurrence<br />
of leucism in Turdus spp. seems a rare event in Spain (0%<br />
to 0.23% – Santos 1981). North American Turdus migratorius<br />
with leucistic plumage seems not so rare (Johnston<br />
1947, Dexter 1949, 1957, Tyler 1964, Gross 1965) rep‑<br />
resenting probably the most affected bird species in the<br />
continent (Gross 1965).<br />
Albino and completely leucistic birds are more con‑<br />
spicuous than normally colored ones. They are often the<br />
target of harassment by conspecifics (Harris 1983, With‑<br />
gott 1993). As they are more visible to their pre<strong>da</strong>tors,<br />
FiGuRE 1: Leucism in Rufous‑bellied Thrush (Turdus rufiventris) at<br />
Parque do Ibirapuera, São Paulo city, Southeastern Brazil (photo by<br />
Carlos C. Gonçalves Júnior).<br />
73
74<br />
Record of a leucistic Rufous‑bellied Thrush Turdus rufiventris (Passeriformes, Turdi<strong>da</strong>e) in São Paulo city, Southeastern Brazil<br />
Carlos Campos Gonçalves Junior, Edson Aparecido <strong>da</strong> Silva, André Cordeiro De Luca, Tatiana Pongiluppi and Flavio de Barros Molina<br />
some authors state that their life span can be shorter than<br />
normal (Santos 1981, Pomarede 1991, Alaja and Mik‑<br />
kola 1997, Ellegren et al. 1997, Collins 2003). According<br />
to Møller and Mousseau (2001) there seems to be a selec‑<br />
tion against leucistic birds. Even so Bensch et al. (2000)<br />
found no differences in relation to life span and repro‑<br />
ductive success between partially leucistic and normally<br />
colored Acrocephalus arundinaceus in a Sweden popula‑<br />
tion. The same seems to be true for populations of owls,<br />
in this case probably because they have nocturnal habits<br />
(Alaja and Mikkola 1997). The above mentioned studies<br />
included cases of incomplete and complete leucism and<br />
obviously the degree of conspicuousness was variable. It<br />
is important to have in mind also that leucistic birds have<br />
normally colored eyes and therefore no problem related<br />
to bad eyesight (Grouw 2006).<br />
The survivorship of a leucistic bird predominantly<br />
diurnal as Turdus rufiventris may be explained by the fact<br />
that urban birds are less affected by pre<strong>da</strong>tors than wild<br />
ones (Møller and Mousseau 2001, Sick 2001, Shochat<br />
2004, Shochat et al. 2004). The domestic cat (Felis catus),<br />
a very important bird pre<strong>da</strong>tor in urban environments<br />
(Woods et al. 2003, Baker et al. 2005), is predominantly<br />
a nocturnal hunter (Clutton‑Brock 1999).<br />
ACKNowLEDGEMENTS<br />
We thank Herculano M. F. Alvarenga and Waverli Maia Mata‑<br />
razzo‑Neuberger for critically reviewing a first draft of the manuscript.<br />
The final version was critically evaluated by André Nemésio and Fran‑<br />
cisco Mallet‑Rodrigues. André Nemésio called our attention to an im‑<br />
portant part of the bibliography and was instrumental in the correct<br />
classification of aberrant plumages.<br />
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março de 2008<br />
1.<br />
2.<br />
3.<br />
Cavity roosting in the Slaty Bristlefront<br />
Merulaxis ater (Rhinocrypti<strong>da</strong>e)<br />
Fábio Olmos 1,3 and Robson Silva e Silva 2,3<br />
Largo do Paissandu 100/4C, 01034‑010, São Paulo, SP, Brasil. E‑mail: f‑olmos@uol.com.br<br />
Rua Amaral Gurgel, 63/51, 11035‑120, Santos, SP, Brasil. E‑mail: rsilvaesilva@uol.com.br<br />
BIOTA Consultores em Meio Ambiente, Rua Antonio F. Gandra 182, 11390‑250, São Vicente, SP, Brasil.<br />
Recebido em: 11/06/2007. Aceito em: 08/04/2008.<br />
ReSumO: O entufado Merulaxis ater (Rhinocrypti<strong>da</strong>e) abrigando-se em cavi<strong>da</strong>de. Um par de Merulaxis ater foi observado, por<br />
dois dias consecutivos no final <strong>da</strong> tarde, se recolhendo em uma profun<strong>da</strong> fissura natural em um afloramento de calcário no Parque<br />
Estadual Intervales, São Paulo, Brasil. A fissura, parcialmente preenchi<strong>da</strong> por folhas e outros materiais, parecia estar em uso a bastante<br />
tempo, sugerindo que esta espécie habitualmente utiliza cavi<strong>da</strong>des como abrigo noturno.<br />
PalavRaS-Chave: abrigo, comportamento, cavi<strong>da</strong>des, Merulaxis ater, Rhynocripti<strong>da</strong>e.<br />
Key-wORdS: behavior, cavity, Merulaxis ater, Rhynocripti<strong>da</strong>e, roosting.<br />
The Rhinocrypti<strong>da</strong>e form a widespread Neotropical<br />
family mostly made of ground‑dwelling birds of skulking<br />
habits and very limited flight capacity. The group attains its<br />
greatest diversity in the temperate areas of South America,<br />
either in open and forest habitats (Krabbe and Schulen‑<br />
berg 2003). The roosting behavior of the Rhinocrypti<strong>da</strong>e is<br />
poorly known, although Krabbe and Schulenberg (2003)<br />
pointed that many species are likely to sleep in cracks or un‑<br />
derground, the same places where they hide when pursued<br />
during <strong>da</strong>ytime. Among the forest taxa, Merulaxis, a Brazil‑<br />
ian Atlantic forest endemic, is among the poorest known,<br />
with very little published information on its natural history<br />
and ecology (Sick 1997, Krabbe and Schulenberg 2003).<br />
FiguRe 1: Male Merulaxis ater at Parque Estadual Intervales prior to<br />
flying into the roost cavity (R. Silva e Silva).<br />
NOTa<br />
Late afternoon 1 June 2007 at Intervales State Park<br />
(Ribeirão Grande, São Paulo, southeastern Brazil) we were<br />
photographing M. ater at Gruta Colori<strong>da</strong> (near 24°16’27”S,<br />
48°25’15”W). The Gruta is a deep gully with a limestone<br />
outcrop with a cave and several small cavities on the rock<br />
face. After one hour of play‑back, only a mild response<br />
was heard from the male of the pair, usually only the high‑<br />
pitched introductory notes of its song with one full song<br />
At 17:20, at dusk, first the male and then the female<br />
crossed the trail and approach the limestone outcrop at<br />
the rock base. At 17:27 the male approached and was pho‑<br />
tographed (Fig. 1) before flying directly into a rock cavity.<br />
A few moments later it was followed by the female.<br />
FiguRe 2: Female Merulaxis ater in a rock cavity near its roost (R.<br />
Silva e Silva).
FiguRe 3: Grotto on limestone outcrop. The arrow shows the roost<br />
cavity (F. Olmos).<br />
The following <strong>da</strong>y the birds did not reply to play‑<br />
back but at 17:29 the male approached the cavity. Ap‑<br />
parently disturbed by the camera flash it returned to the<br />
vegetation. The next approach the male flew into a small<br />
grotto before leaving and walking into the nearby dense<br />
undergrowth. While seen moving around, it did not re‑<br />
turn to the cavity. The female seemed less troubled by<br />
our presence and was photographed exploring a nearby<br />
rock cavity (Fig. 2) and almost perched on the head of<br />
our guide in an attempt to fly into the roosting cavity,<br />
after which she successfully entered the cavity.<br />
The roosting cavity was about 12 x 24 cm at its<br />
opening, 1.45 m above the ground, opening on the right<br />
wall of a gothic arch‑shaped grotto, completely sheltered<br />
from rain. The fissure continued upwards at a shallow<br />
angle for > 1 m after which it was no longer visible due to<br />
a curve in the tunnel. The “floor” of the fissure was cov‑<br />
ered by many leaves and other plant material that spilled<br />
from the cavity entrance and indicated that it had been<br />
nesting materials brought by the birds (Figs. 3, 4).<br />
Several Rhinocrypti<strong>da</strong>e, including Pterotochos spp.,<br />
Teledromas fuscus, Scelorchilus spp. and Scytalopus spp.,<br />
Cavity roosting in the Slaty Bristlefront Merulaxis ater (Rhinocrypti<strong>da</strong>e)<br />
Fábio Olmos and Robson Silva e Silva<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008<br />
FiguRe 4: Entrance of roost cavity illustrating the large quantity<br />
of nesting material that fell while birds were bringing material to the<br />
roost (F. Olmos).<br />
are known to nest in cavities (Fraga and Narosky 1985,<br />
Krabbe and Schulenberg 2003), but cavity roosting out‑<br />
side the breeding season has not been reported. As M. ater<br />
has shown to roost in cavities, it is likely its still unde‑<br />
scribed nest (Sick 1997, Krabbe and Schulenberg 2003)<br />
will eventually be found in one such cavity.<br />
aCKNOwledgemTS<br />
Our thanks to Betinho, our guide while at Intervales, for taking<br />
us to the Bristlefront.<br />
ReFeReNCeS<br />
Fraga, R. and Narosky, T. (1985). Nidificacion de las aves argentinas<br />
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Fronteira.<br />
77
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1):78-81<br />
março de 2008<br />
1.<br />
2.<br />
The Brazilian species complex Scytalopus speluncae:<br />
how many times can a holotype be overlooked?<br />
Marcos A. Raposo 1 and Guy M. Kirwan 2<br />
Museu Nacional, Departamento de Vertebrados, Setor de Ornitologia, Quinta <strong>da</strong> Boa Vista, s/n, 20940‑040, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.<br />
E‑mail: raposo@mn.ufrj.br<br />
74 Waddington Street, Norwich NR2 4JS, UK. E‑mail: GMKirwan@aol.com<br />
Recebido em: 26/03/2008. Aceito em: 30/03/2008.<br />
The genus Scytalopus Gould, 1837 (Rhinocrypti‑<br />
<strong>da</strong>e), which as currently recognized comprises c.40 spe‑<br />
cies (Krabbe and Schulenberg 2003, Cuervo et al. 2005,<br />
Krabbe et al. 2005, Raposo et al. 2006), is one of the<br />
most confusing amongst Neotropical suboscines, as it<br />
presents a strong tendency to respond morphologically<br />
and vocally to geographical barriers. Nevertheless, these<br />
morphological and vocal responses are usually very subtle,<br />
making attempts to understand the evolution of different<br />
populations, as well as their taxonomy, highly complicat‑<br />
ed. To understand such a complex genus, strong method‑<br />
ological and conceptual parameters are required from the<br />
phenomenological point of view (species concept, careful<br />
study of geographical variation etc.), as well as from a no‑<br />
menclatural perspective, following a strict interpretation<br />
of the International Code of Zoological Nomenclature<br />
(ICZN 1999).<br />
This commentary focuses on some recently de‑<br />
scribed species that comprise the species complex Scytalopus<br />
speluncae (Ménétriés, 1835) (Given that several<br />
alternative spellings exist in the ornithological literature<br />
for Ménétriés, namely the present spelling, as well as<br />
Ménétries and even Ménétriès, and that we have already<br />
been ‘accused’ once, by Bornschein et al. 2007, of mis‑<br />
spelling his name, we take the opportunity to record that<br />
the international library stan<strong>da</strong>rd spelling is Ménétriés, as<br />
followed here and our earlier publication, Raposo et al.<br />
2006.). In writing a single commentary, we are motivated<br />
by the fact that virtually all of these descriptions share the<br />
same weakness, namely that they have singularly failed<br />
to compare their purported new taxa with the holotype<br />
that bears the senior name of the complex. Despite this,<br />
our commentary does not deal with the validity of those<br />
species per se; thus we do not seek to discuss the relative<br />
importance of the vocal, morphological and molecular<br />
characters used to support the erection of these new taxa.<br />
Instead, we seek to demonstrate that the lack of compari‑<br />
son with the relevant holotype has led to serious problems<br />
in the nomenclatural basis underlying the diagnoses of<br />
three new species belonging to the speluncae complex.<br />
COMENTÁRIO<br />
Scytalopus speluncae was described from a specimen<br />
collected at São João del Rei, Minas Gerais, Brazil. The<br />
holotype is housed in St. Petersburg (Zoological Insti‑<br />
tute, Russian Academy of Sciences, Figure 1A), and the<br />
plate accompanying the type description depicts a pale<br />
grey bird with a whitish throat (“devident blanchâtre vers<br />
le milieu de la gorge et de la poitrine”). Subsequently,<br />
Chrostowski (1921) analyzed the holotype and ampli‑<br />
fied the type description by mentioning the presence of<br />
brown‑fringed feathers in the rump region, a feature that<br />
was thereafter confirmed by an analysis of the same speci‑<br />
men by Raposo et al. (2006).<br />
In 1958, Helmut Sick, without having the oppor‑<br />
tunity to analyze the holotype of Ménétriés, described<br />
Scytalopus indigoticus novacapitalis, which is nowa<strong>da</strong>ys<br />
considered a separate species (Krabble and Schulenberg,<br />
2003) and is part of the S. speluncae complex. Sick (1958,<br />
1960) admitted doubts as to which species to assign his<br />
new taxon. S. novacapitalis is light grey with brown‑<br />
fringed feathers in the rump and flanks, being, in fact,<br />
morphologically almost identical to S. speluncae, accord‑<br />
ing to the posterior analysis of Raposo et al. (2006, based<br />
on holotype and topotypes). But, at the time, Sick was<br />
able to compare S. novacapitalis only with the White‑<br />
breasted Tapaculo S. indigoticus and with the <strong>da</strong>rk gray<br />
Mouse‑colored Tapaculo of the Brazilian coastal ranges<br />
(the Serra do Mar), referred by him, and most other au‑<br />
thors, to Scytalopus speluncae but since described as a dis‑<br />
tinct species, Scytalopus notorius Raposo et al. 2006. In<br />
addition to being uniform <strong>da</strong>rk grey, S. notorius lacks any<br />
trace of brown in the rump and flanks in adult males.<br />
At the time (1958), no topotype of S. speluncae was<br />
available to Sick, nor was such material in existence two<br />
years later when he prepared a second publication review‑<br />
ing Brazilian Rhinocrypti<strong>da</strong>e (Sick 1960), in which he<br />
elevated S. i. novacapitalis to specific status for the follow‑<br />
ing reasons: morphology close to indigoticus (much less to<br />
speluncae, though with some elements of intermediacy),<br />
but nevertheless with important differences (some of<br />
which, such as the slightly shorter bill and shorter rump
The Brazilian species complex Scytalopus speluncae: how many times can a holotype be overlooked?<br />
Marcos A. Raposo and Guy M. Kirwan<br />
feathers, Sick noted for the first time in 1960); biology,<br />
chiefly vocalizations, of which the song of novacapitalis<br />
recalls more that of speluncae, whilst what Sick described<br />
as the courtship call is different; and finally the appar‑<br />
ently very isolated range of novacapitalis, in Goiás. In<br />
respect of the latter point, Sick noted, however, that dis‑<br />
persal capabilities of Scytalopus had been underestimated,<br />
referring to Emilie Snethlage’s discovery of S. indigoticus<br />
in Minas Gerais, in 1926, from where (at that time) the<br />
bird had subsequently gone unrecorded, as well as the<br />
‘astonishing’ case of S. speluncae which had been origi‑<br />
nally collected in the same state, but never since, leading<br />
Pinto (1952) to doubt the identification. However, Sick<br />
(1960) then noted how easy it could be to overlook these<br />
tapaculos, given that Snethlage had assembled a large col‑<br />
lection in 1927 in the relevant part of Goiás from which<br />
he had described S. novacapitalis, without encountering<br />
FIGuRE 1: A: Scytalopus speluncae (holotype, ZISP 145251), lateral<br />
view; B: Scytalopus speluncae, detail of the abdominal feathers, heavily<br />
<strong>da</strong>maged, showing only the blackish base (ground) colour contrasting<br />
with the original pale gray breast feathers, although careful analysis<br />
of the flanks and thighs revealed the presence of some remnant buff<br />
feathers. C: Topotype (MNRJ 44019) of Scytalopus speluncae from São<br />
João del Rei, showing the buff feathers lost in the holotype; D: <strong>da</strong>rk<br />
gray Scytalopus notorius (holotype, MNRJ 36652).<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008<br />
any Scytalopus. As an aside, Sick, who admitted to having<br />
neither studied the type or type description of S. speluncae,<br />
speculated that it was either wrongly labelled as to<br />
locality or might represent a ‘mix‑up’ with S. indigoticus,<br />
given that he understood the specimen to be juvenile. As<br />
we demonstrated in our earlier publication (Raposo et al.<br />
2006), the holotype of speluncae is an adult and as also<br />
dealt with earlier, but to be reiterated herein, the type<br />
locality does not seem doubtful but is corroborated by<br />
separate evidence.<br />
Sick’s misinterpretation of the name Scytalopus speluncae,<br />
based on the doubts expressed by Pinto (1952) as<br />
to its type being labelled correctly (because of the lack of<br />
subsequent records from Minas Gerais), was unsurpris‑<br />
ingly followed by almost all subsequent literature includ‑<br />
ing Maurício (2005), who also described another new<br />
species within the complex, which is also characterized by<br />
being pale gray with a brown rump and flanks. This spe‑<br />
cies, named Planalto Tapaculo Scytalopus pachecoi, which<br />
occurs in southern Brazil and extreme northeastern Ar‑<br />
gentina, was also compared principally with the <strong>da</strong>rk<br />
gray Mouse‑coloured Tapaculo, and not with the holo‑<br />
type of Scytalopus speluncae. Maurício reported, based<br />
on some photographs of the type of S. speluncae, that he<br />
was unable to see the whitish throat referred to [i.e. ‘re‑<br />
ferred to by’] Ménétriés (1835) in his description, or the<br />
brown (“reddish”) fringed rump feathers first noticed by<br />
Chrostowski (1921). Accordingly, Maurício (2005) con‑<br />
sidered that the specimen matched the <strong>da</strong>rk gray speci‑<br />
mens from the Brazilian coastal ranges (Mouse‑coloured<br />
Tapaculo), and further suggested that Ménétriés (1835)<br />
must have collected the specimen somewhere other than<br />
São João del Rei, basing this comment on the remarks of<br />
Pacheco (2004), who had earlier noted problems with a<br />
number of Menetries’s Brazilian type localities. Nonethe‑<br />
less, this problem does not appear ‘live’ in the present case<br />
(see Raposo et al. 2006 and below).<br />
Subsequently, together with our collaborators (Ra‑<br />
poso et al. 2006), we analyzed carefully and redescribed<br />
the light grey holotype of Scytalopus speluncae. Even<br />
though the holotype is <strong>da</strong>maged in the abdominal area<br />
(Figure 1B), we demonstrated the still‑evident presence<br />
of brown feathers in the flanks and rump (see Fig. 5 in<br />
Raposo et al. 2006), and also pointed out that the speci‑<br />
men possesses the whitish throat that was figured in the<br />
type description. After analyzing the material available to<br />
Maurício (2005), it became clear to us that he had erred<br />
in his analysis due to the poor quality of the photographs<br />
he had relied upon (vide Raposo et al. 2006).<br />
We also included a description of the first topotypes<br />
(Figure 1C) from São João del Rei and defended that they<br />
match the holotype and the original plate of Ménétriés.<br />
We also uncovered information from the Langsdorff<br />
diaries (Mikulinskii 1995) that confirmed the presence<br />
of Ménétriés in São João del Rei on the relevant <strong>da</strong>tes,<br />
79
80<br />
The Brazilian species complex Scytalopus speluncae: how many times can a holotype be overlooked?<br />
Marcos A. Raposo and Guy M. Kirwan<br />
thereby discarding any notion concerning the potential<br />
for mistakes in the determination of the type locality by<br />
Ménétriés. As noted above, on that occasion we also de‑<br />
scribed, as a new species (Scytalopus notorius, Figure 1D),<br />
the <strong>da</strong>rk gray populations that are confined to the coastal<br />
ranges of southeast Brazil, which taxon is now known to<br />
be phylogenetically distant from the clade comprised by<br />
the pale gray populations (Bornschein et al. 2007).<br />
At that point, three species, all morphologically<br />
characterized by being light gray with brown‑fringed<br />
rump and flanks, had been described: Scytalopus speluncae<br />
(sensu Raposo et al. 2006), S. novacapitalis and S. pachecoi.<br />
The two latter were not adequately compared with<br />
the populations that bear the older name, or with the<br />
holotype. Our paper (Raposo et al. 2006) also demon‑<br />
strated some striking similarities in the vocalizations of<br />
S. speluncae and S. pachecoi. It was clear at that point that<br />
those taxa should be reanalyzed on the basis of current<br />
nomenclatural knowledge.<br />
Nevertheless, just one year later, Bornschein et al.<br />
(2007) described yet another new species (Scytalopus<br />
diamantinensis), also broadly characterized as being light<br />
grey with brown flanks and rump. This new species occu‑<br />
pies the northeastern portion of the geographical range of<br />
the complex (Chapa<strong>da</strong> Diamantina, Bahia). Compared<br />
to Scytalopus pachecoi, the authors pointed out that im‑<br />
matures (n = 2) have different markings on the greater<br />
wing coverts, whilst also presenting molecular and (less<br />
convincing) vocal evidence for species status.<br />
Despite also failing to analyze the holotype of S. speluncae,<br />
Bornschein et al. (2007) argued that Raposo et al.<br />
(2006) were incorrect, yet presented no evidence to sup‑<br />
port this hypothesis. They further contended that the<br />
name S. speluncae must continue to be applied to the <strong>da</strong>rk<br />
gray Scytalopus notorius.<br />
Adding to this confusing situation, Bornschein et al.<br />
(2007) also noted that they intend to describe a new spe‑<br />
cies from the type locality of S. speluncae. This is clearly<br />
verified by an analysis of their text and the legend to their<br />
Figure 9, where they state that the vocalizations from<br />
São João del Rei refer to a new species. This statement<br />
presupposes that the type locality (from the original de‑<br />
scription), the specimen’s label, Langsdorff’s diary, the<br />
plate and original description (that specifically describe<br />
and illustrate a pale gray bird with a whitish throat) of<br />
S. speluncae are all erroneous, despite the clarifications<br />
proffered by Raposo et al. (2006). The holotype would<br />
also have to be extremely modified over time, from a <strong>da</strong>rk<br />
grey specimen to one that is now pale gray with brown<br />
flanks and rump, yet there is no evidence in any of the,<br />
albeit limited (because so few ornithologists interested in<br />
Brazilian birds have visited the relevant museum), litera‑<br />
ture that supports this view.<br />
If we accept the view of Bornschein et al. (2007),<br />
four new species (one still undescribed), all of which<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008<br />
are light gray with brown flanks and rump, and none of<br />
which has been compared with the senior holotype (the<br />
fifth species), are extant in the serras of Brazil’s interior.<br />
S. novacapitalis occupies the northwestern part of the over‑<br />
all range (from Brasília south to western Minas Gerais),<br />
S. pachecoi the southern part (Rio Grande do Sul, Santa<br />
Catarina and northeastern Argentina); S. diamantinensis<br />
the northernmost part; and two species, S. speluncae and<br />
Scytalopus sp. nov. occupy the central area.<br />
As we mentioned at the outset, this commentary<br />
is concerned only with the nomenclatural question gov‑<br />
erning this species complex. It is to be expected that<br />
each one of these pale gray populations (and indeed<br />
perhaps others yet to be discovered) will possess their<br />
own morphometric characters, vocal singularities and<br />
molecular make‑up. Some of them might represent new<br />
taxa but it is important that their descriptions are made<br />
parsimoniously.<br />
Scytalopus novacapitalis, S. pachecoi and S. diamantinensis<br />
were described without comparison to the name‑<br />
bearing holotype of Scytalopus speluncae. Scytalopus sp.<br />
nov. (from Bornschein et al. 2007) is in the process of<br />
being described at least in part based on specimens from<br />
the type locality of S. speluncae. The authors involved in<br />
those descriptions have used as a springboard the bizarre<br />
assumption that all that is known, or has been published,<br />
concerning the holotype of Scytalopus speluncae is in‑<br />
correct, but to <strong>da</strong>te have consistently failed to present a<br />
single incontrovertible piece of evidence to support this<br />
belief, other than that of Pacheco (2004) who demon‑<br />
strated that some of Ménétriés’s Brazilian type localities<br />
must be incorrect, yet did not specifically bring into ques‑<br />
tion the issue posed by Scytalopus speluncae. Yet, Maurício<br />
(2005) and Bornschein et al. (2007) persist in dismissing<br />
the shared conclusion of six authors that have personally<br />
examined the holotype (namely Ménétriés, Chrotowski<br />
and the four authors of Raposo et al. 2006).<br />
To our knowledge, only three other authorities have<br />
taken the trouble to examine the holotype of S. speluncae.<br />
The first to do so was Burmeister (1856), who remarked<br />
on the pale coloration of the bare parts (‘whitish’ lower<br />
mandible and flesh‑coloured legs), a comment which<br />
Sick (1960) suggested might indicate that the specimen<br />
was a misidentified S. indigoticus, but these are features<br />
that would, of course, also apply (given some level of fad‑<br />
ing) to virtually any of the eastern Brazilian Scytalopus<br />
identified to <strong>da</strong>te, other than the all‑<strong>da</strong>rk grey population<br />
in the Serra do Mar. The second was C. E. Hellmayr (in<br />
Cory and Hellmayr, 1924), who, despite having analyzed<br />
the specimen, furnished only a general description of the<br />
species, based on a mixed series that he had to hand, and<br />
he made no specific commentary on the holotype. Ap‑<br />
parently, Helmut Sick also analyzed, later in his life (Sick<br />
1997), the holotype, but also made no direct commen‑<br />
tary on the plumage of that specimen.
The Brazilian species complex Scytalopus speluncae: how many times can a holotype be overlooked?<br />
Marcos A. Raposo and Guy M. Kirwan<br />
Bornschein et al. (2007) argued that the unpublished<br />
paper (by Maurício, one of his collaborators in the paper)<br />
would support their conclusions, but it is difficult to un‑<br />
derstand how they already can possess clear thoughts as<br />
the holotype’s identity, given that none of these authors<br />
has analyzed this specimen. Should conclusion presage<br />
analysis? It remains intangible to us how these authors can<br />
insist that the holotype lacks a whitish throat or brown<br />
feathers in the rump region without having performed<br />
such an analysis, and in clear contradiction of everyone<br />
who ever has published the results of such an examination.<br />
We are also unable to divine why they persist in contesting<br />
the type locality (and the evidence of the topotypes), when<br />
label <strong>da</strong>ta from the relevant specimen support its identi‑<br />
fication, as well as the type description and supporting<br />
historical <strong>da</strong>ta (see Raposo et al. 2006 for further details).<br />
We earlier noted (with no pretence to originality)<br />
that the genus Scytalopus constitutes one of the most taxo‑<br />
nomically problematic in the Neotropics. Such complex‑<br />
ity is easily verified when considering the distribution,<br />
morphology and vocals of these pale gray populations<br />
inhabiting the Brazilian interior. But, from a purely no‑<br />
menclatural perspective, this complex should prove quite<br />
simple to eluci<strong>da</strong>te, given the small number of older de‑<br />
scriptions and disposable names relevant to the case. It<br />
seems that we must reiterate that the oldest name of the<br />
group possesses a solid description (and plate) and an ex‑<br />
tant holotype, complete with its original label, which is<br />
considerably more than we might expect in the case of<br />
many avian taxa described in the first third of the 19th<br />
century. A careful reading of the International Code of<br />
Zoological Nomenclature, particularly those sections<br />
(Arts. 72, 73, 76) concerning the importance of the holo‑<br />
type and its type locality, would avoid many problems.<br />
In conclusion, the names Scytalopus novacapitalis,<br />
S. pachecoi and S. diamantinensis all demand review and<br />
appropriate comparison with the holotype and topotypes<br />
of Scytalopus speluncae, as well, of course, as the molecular<br />
and vocal work already being undertaken. The Scytalopus<br />
sp. nov. (of Bornschein et al. 2007), which apparently in‑<br />
cludes specimens from São João del Rei (and other locali‑<br />
ties in Minas Gerais) will otherwise be “born” in synon‑<br />
ymy, if its authors do not concern themselves more than<br />
they have done previously with the most basic precepts of<br />
the Code (ICZN 1999).<br />
ACKNOwlEdGEMENTs<br />
We thank library staff at the Natural History Museum, Tring,<br />
for answering our query pertaining to the correct spelling of Méné‑<br />
triés, and especially Frank Steinheimer for assisting with translations<br />
from the German language. Vladimir Loskot, at the Zoological Insti‑<br />
tute, Russian Academy of Sciences, St. Petersburg, offered us all pos‑<br />
sible assistance during our separate examinations of the holotype of<br />
Scytalopus speluncae held in that institution.<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008<br />
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81
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1):82-98<br />
março de 2008<br />
Bibliografia ornitológica do Brasil – dissertações<br />
e teses no período de 1970 à 2005<br />
Sérgio Henrique Borges<br />
Fun<strong>da</strong>ção Vitória Amazônica. Rua Estrela d’Alva no.07, Conj. Mora<strong>da</strong> do Sol, 69080‑510, Manaus, Amazonas, Brasil.<br />
E‑mail: sergio@fva.org.br<br />
Recebido em: 10/03/2008. Aceito em: 12/03/2008.<br />
Nesta nota são relacionados 505 títulos de dis‑<br />
sertações de mestrado e teses de doutorado com temas<br />
ornitológicos elabora<strong>da</strong>s em instituições de ensino e<br />
pesquisa no Brasil. Estes títulos serviram de base para<br />
uma análise recente <strong>da</strong> importância dos cursos de pós‑<br />
graduação para a formações de ornitólogos no Brasil<br />
(Borges 2008). No levantamento destes títulos foram<br />
consultados mais de 80 cursos de pós‑graduação nas<br />
áreas de zoologia, ecologia, biologia animal, agronomia,<br />
engenharia florestal, genética entre outros. Além disso,<br />
uma extensa rede de colaboradores incluindo orienta‑<br />
dores, coordenadores e alunos dos cursos consultados<br />
auxiliou nesta compilação (ver agradecimentos em Bor‑<br />
ges 2008).<br />
Outra ferramenta útil, especialmente para disserta‑<br />
ções e teses elabora<strong>da</strong>s a partir de 1998, foi a consulta<br />
ao banco de teses <strong>da</strong> Coordenação de Aperfeiçoamento<br />
de Pessoal de Nível Superior – CAPES (http://servicos.<br />
capes.gov.br/capesdw/) que oferece a possibili<strong>da</strong>de de<br />
busca por palavras‑chave em ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s universi<strong>da</strong>des<br />
ou institutos de pesquisa. Nas buscas ao banco de <strong>da</strong>dos<br />
<strong>da</strong> CAPES as palavras‑chave usa<strong>da</strong>s foram ornitologia,<br />
avifauna e aves, e optou‑se pela busca seleciona<strong>da</strong> por<br />
“qualquer uma <strong>da</strong>s palavras”. As buscas extenderam‑se de<br />
1970 a 2005. Compilações mais atualiza<strong>da</strong>s podem ser<br />
realiza<strong>da</strong>s a partir <strong>da</strong> busca no banco de <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> CAPES<br />
que inclui <strong>da</strong>dos mais detalhados como orientador e re‑<br />
sumo <strong>da</strong> dissertação ou tese. Uma tendência recente de<br />
alguns cursos de pós‑graduação é a de disponibilizar as<br />
dissertações e teses em formato <strong>PDF</strong>, faciltando o acesso<br />
a este tipo de literatura, em geral, muito restrita às enti‑<br />
<strong>da</strong>des locais.<br />
Os títulos abaixos foram relacionados a partir <strong>da</strong>s<br />
instituições localiza<strong>da</strong>s nas regiões sul, sudeste, centro‑<br />
oeste, norte e nordeste. Dentro de ca<strong>da</strong> região a sequ‑<br />
ência dos títulos foi organiza<strong>da</strong> através <strong>da</strong>s enti<strong>da</strong>des<br />
onde foram produzi<strong>da</strong>s maior número de dissertações<br />
e teses.<br />
As letras M e D que acompanham os títulos relacio‑<br />
nados a seguir identificam as dissertações de mestrado e<br />
teses de doutorado, respectivamente.<br />
RefeRênciaS<br />
Borges, S.H. (2008). A importância do ensino de pós‑graduação na<br />
formação de recursos humanos para o estudo <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de<br />
no Brasil: um estudo de caso na ornitologia Biota Neotropica,<br />
Vol. 8(1):21‑27 (disponível em http://www.biotaneotropica.org.<br />
br/v8n1/pt/fullpaper?bn00108012008+pt).<br />
ReGiÃO SUL<br />
Universi<strong>da</strong>de federal do Paraná<br />
cOMenTÁRiO<br />
Anjos, L. 1988. Eto‑ecologia e análise dos sistemas de co‑<br />
municação sonora e visual <strong>da</strong> gralha‑azul Cyanocorax<br />
caeruleus (Vieillot, 1818) (Aves, Corvi<strong>da</strong>e). M.<br />
Anjos, L. 1992. Riqueza e abundância de aves em “ilhas”<br />
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Arzua, M. 2002. Aspectos bioecológicos do parasitismo de<br />
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Latreille, 1795 (Acari: Ixodi<strong>da</strong>e) em aves silvestres<br />
do bosque Reinhard Maack, Curitiba, Paraná. M.<br />
Carrillo, A.C. 2003. Educação ambiental para a conserva‑<br />
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no Estado do Paraná – uma experiência na escola. M.<br />
Carvalho, P.P. 2004. Alterações patológicas encontra<strong>da</strong>s<br />
em psitacídeos mortos em cativeiro de janeiro de<br />
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Cavalheiro, M.L. 1999. Quali<strong>da</strong>de do ambiente e caracte‑<br />
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brasiliensis) ilha compri<strong>da</strong> – São Paulo. M.<br />
Costa, L.C.M. 1985. Aspectos comportamentais de Vanellus<br />
chilensis (Aves, Charadriiformes) em Curitiba,<br />
Paraná. M.<br />
Costa, L.C.M. 1999. Análise do comportamento agonís‑<br />
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formes, Charadrii<strong>da</strong>e). D.<br />
Eiras, D.R. de B. 1985. Descrição <strong>da</strong>s primeiras fases on‑<br />
togênicas de Vanellus chilensis (Aves, Charadriifor‑<br />
mes) em Curitiba, Paraná. M.<br />
Garcia, R.G.F. 1980. Salmonelose em aves marinhas <strong>da</strong><br />
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Lara, A.I. 1994. Composição <strong>da</strong> avifauna aquática <strong>da</strong><br />
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Brasil. M.<br />
Leuchtenberger, R. 2004. Dieta e Vocalização de Procnias<br />
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Mariño, J.H.F. 2002. O canto do Tiziu Volantia jacarina<br />
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Marterer, B.T.P. 1994. Avifauna do Parque Botânico do<br />
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Mikich, S.B. 1994. Aspectos de comportamento, frugivo‑<br />
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isola<strong>da</strong> do Estado do Paraná, Brasil. M.<br />
Mikich, S.B. 2001. Frugivoria e dispersão de sementes<br />
em uma pequena reserva isola<strong>da</strong> do estado do Para‑<br />
ná, Brasil. D.<br />
Muller, J.A. 2001. A avifauna e a entomofauna como<br />
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rufus Gmelin 1788). M.<br />
Pichorim, M. 1998. Biologia reprodutiva do Andori‑<br />
nhão‑de‑coleira‑falha Streptoprocne biscutata, (Scla‑<br />
ter 1865) (Aves: Apodi<strong>da</strong>e) do morro Anhangava,<br />
Serra do Mar paranaense. M.<br />
Pichorim, M. 2003. Parâmetros populacionais de quatro<br />
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Reinert, B.L. 2001. Distribuição geográfica, caracteri‑<br />
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chrysops (vieillot, 1818) (Passeriformes: Corvi‑<br />
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estado do Paraná, Brasil. M.<br />
Uejima, A.M.K. 2004. Estudo experimental <strong>da</strong>s interações<br />
entre tamanho de fragmento, pre<strong>da</strong>ção nos ninhos e<br />
Bibliografia ornitológica do Brasil – dissertações e teses no período de 1970 à 2005<br />
Sérgio Henrique Borges<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008<br />
alimento, na reprodução de Thamnophilus caerulescens<br />
(Vieillot 1816) (Passeriformes: Thamnophili<strong>da</strong>e). D.<br />
Valle, M.P. 1991. Sociabili<strong>da</strong>de e territoriali<strong>da</strong>de em po‑<br />
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petréis Procellaria aequinoctialis e P. conspicillata no<br />
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Filho, R.C.B. 2004. Abundância, estrutura etária e repro‑<br />
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culicivorus e B. leucoblepharus (Aves, Paruli‑<br />
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83
84<br />
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Mohr, L.V. 2001. Helmintofauna do marrecão, Netta peposaca<br />
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Sul. M.<br />
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caturrita (Myiopsitta monachus monachus, Bod<strong>da</strong>ert,<br />
1783) (Aves, Psittaciformes) com ênfase em aspectos<br />
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Fontana, C.S. 1994. História natural de Heteroxolmis<br />
dominicana (Viellot, 1823) (Aves, Tyranni<strong>da</strong>e) com<br />
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(Gmelin, 1788) (Aves, Icteri<strong>da</strong>e) no nordeste do Rio<br />
Grande do Sul. M.<br />
Fontana, C.S. 2004. Estrutura de uma comuni<strong>da</strong>de ur‑<br />
bana de aves: um experimento em Porto Alegre, Rio<br />
Grande do Sul. D.<br />
Bibliografia ornitológica do Brasil – dissertações e teses no período de 1970 à 2005<br />
Sérgio Henrique Borges<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008<br />
Joenck, C.M. 2005. Utilização do espaço arbóreo no for‑<br />
rageio por Leptasthenura setaria (Temminck,1824)<br />
e L. striolata (Pelzen,1856) (Furnarii<strong>da</strong>e, Aves) em<br />
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do Sul, Brasil. M.<br />
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Universi<strong>da</strong>de federal de Santa catarina<br />
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no Estuário do Saco <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong>. M.<br />
Bibliografia ornitológica do Brasil – dissertações e teses no período de 1970 à 2005<br />
Sérgio Henrique Borges<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008<br />
Fracasso, H.A.A. 2004. Ecologia reprodutiva de Sterna<br />
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Universi<strong>da</strong>de Vale dos Sinos<br />
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Amazilia lactea. M.<br />
Bokermann, W.C.A. 1991. Observações sobre a biologia<br />
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Borsari, A. 2005. Estudo experimental sobre a aprendi‑<br />
zagem social em araras‑canindé (Ara-ararauna) em<br />
cativeiro. M.<br />
Boscolo, D. 2002. O uso de técnicas de play‑back no de‑<br />
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sença ou ausência de aves no interior de fragmentos<br />
florestais. M.<br />
Cabanne, G.S. 2004. Estudo <strong>da</strong> diferenciação genética<br />
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fuscus fuscus – no sudeste <strong>da</strong> floresta Atlântica pela<br />
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Caparroz, R. 1998. Estudo de populações naturais de psi‑<br />
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Caparroz, R. 2003. Filogeografia, estrutura e variabili<strong>da</strong>‑<br />
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formes: Aves) no Brasil basea<strong>da</strong>s na análise de DNA<br />
mitocondrial e de DNA nuclear. D.<br />
85
86<br />
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SEÇÃO CBRO<br />
SEÇÃO DO COMITÊ BRASILEIRO DE REGISTROS ORNITOLÓGICOS – CBRO 1<br />
Núcleo Central<br />
André Barcellos Silveira<br />
Alberto Urben Filho<br />
Dimas Pioli<br />
Fabio Schunck<br />
Gustavo Sigrist Betini<br />
Ismael Franz<br />
Iury de Almei<strong>da</strong> Accordi<br />
Luciano Moreira Lima<br />
Editor Responsável<br />
Glayson Ariel Bencke<br />
CBRO – Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos<br />
http://www.cbro.org.br<br />
Presidente Emérito<br />
Fernando <strong>da</strong> Costa Novaes (1927‑2004)<br />
Membros Honorários<br />
Edwin O’Neill Willis<br />
Hélio Ferraz de Almei<strong>da</strong> Camargo (in memoriam)<br />
José Hi<strong>da</strong>si<br />
Pedro Scherer Neto<br />
Rolf Grantsau<br />
Walter Adolfo Voss<br />
William Belton<br />
Núcleo Diretor<br />
José Fernando Pacheco – Diretor<br />
Luiz Fernando de Andrade Figueiredo – Vice-Diretor<br />
Vítor de Queiroz Piacentini – Secretário<br />
Fernando Costa Straube – Secretário<br />
Maria Antonietta Castro Pivatto<br />
Conselho Consultivo<br />
Andrew Whittaker<br />
Bret M. Whitney<br />
Herculano Alvarenga<br />
João Luiz Xavier do Nascimento<br />
Juan Mazar Barnett<br />
Jules R. Soto<br />
Marcos Ricardo Bornschein<br />
Mario Cohn‑Haft<br />
Ricardo Parrini<br />
Rudi Ricardo Laps<br />
Sônia Aline Ro<strong>da</strong><br />
Núcleo de Taxonomia<br />
Alexandre Aleixo – Coordenador<br />
Carlos Eduardo Quevedo Agne – Secretário<br />
Guilherme Renzo Rocha Brito – Secretário<br />
Fábio Olmos<br />
Fábio Raposo<br />
Francisco Mallet‑Rodrigues<br />
Giovanni Nachtigall Maurício<br />
Luís Fábio Silveira<br />
Sérgio Posso<br />
1 Trabalhos para esta seção deverão ser enviados ao Editor‑Chefe <strong>da</strong><br />
Revista Brasileira de Ornitologia, conforme “Instruções aos Autores”.<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1)<br />
março de 2008
1.<br />
2.<br />
seÇÃo CBRo<br />
A critical look at the alleged Brazilian records of the<br />
Indian Yellow-nosed Albatross Thalassarche carteri,<br />
with comments on mollymawk identification in Brazil<br />
(Procellariiformes: Diomedei<strong>da</strong>e)<br />
Caio J. Carlos 1,2<br />
Laboratório de Elasmobrânquios e Aves Marinhas, Departamento de Oceanografia, Fun<strong>da</strong>ção Universi<strong>da</strong>de Federal do Rio Grande,<br />
Caixa Postal 474, 96201‑900, Rio Grande, RS, Brasil.<br />
Current address: Aquasis – Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos, Praia de Iparana, s/n (SESC Iparana), 61600‑000,<br />
Caucaia, CE, Brasil. E‑mail: cjcarlos@bol.com.br<br />
Recebido em: 31/08/2007. Aceito em: 21/02/2008.<br />
Resumo: uma visão crítica acerca dos supostos registros brasileiros do albatroz-de-nariz-amarelo-do-índico Thalassarche<br />
carteri, com comentários sobre a identificação de albatrozes pequenos no Brasil (Procellariiformes: Diomedei<strong>da</strong>e). Este trabalho<br />
apresenta uma revisão crítica a respeito dos recentes registros do albatroz‑de‑nariz‑amarelo‑do‑índico, Thalassarche carteri, para o<br />
Estado <strong>da</strong> Bahia, Brasil. A distribuição pelágica de T. carteri inclui o sul do Oceano Índico e o sudoeste do Pacífico. Aparentemente,<br />
não há registros dessa espécie para a América do Sul. Além disso, a identificação dos supostos espécimes de T. carteri encontrados no<br />
Brasil foi basea<strong>da</strong> em interpretações errôneas sobre as diferenças do bico entre essa espécie e o albatroz‑de‑nariz‑amarelo‑do‑atlântico,<br />
T. chlororhynchos. Com isso, a ocorrência de T. carteri no Brasil deve ser considera<strong>da</strong>, pelo menos por enquanto, como improvável.<br />
Por fim, a identificação dos pequenos albatrozes do gênero Thalassarche é brevemente discuti<strong>da</strong>.<br />
PAlAvRAs-ChAve: Procellariiformes, albatroz‑de‑nariz‑amarelo, Thalassarche chlororhynchos, Thalassarche carteri, Brasil.<br />
KeY-woRDs: Procellariiformes, Yellow‑nosed Albatross, Thalassarche chlororhynchos, Thalassarche carteri, Brazil.<br />
Lima and Grantsau (2005) have recently reported<br />
on four specimens of the Indian Yellow‑nosed Albatross<br />
Thalassarche carteri found dead ashore in the Brazilian<br />
state of Bahia (c. 10°S) in the years 1994‑2004. However,<br />
as I will discuss in this paper, these records may well be in<br />
error, as misidentification involving the similar Atlantic<br />
Yellow‑nosed Albatross T. chlororhynchos is much more<br />
likely. This latter species is a common and abun<strong>da</strong>nt visi‑<br />
tor to off‑shore waters of south‑east and south Brazil, be‑<br />
tween 23‑34°S, but often recorded in the north‑east as<br />
far north as 7°S in the state of Pernambuco (Sick 1997,<br />
Carlos et al. 2005, Carlos 2006). I will also overview the<br />
identification of other Thalassarche mollymawks (sensu<br />
Robertson and Nunn 1998) at sea and in the hand.<br />
Taxonomy of Yellow-nosed Albatrosses. The “stan<strong>da</strong>rd”<br />
approach to the Diomedei<strong>da</strong>e taxonomy can be found in<br />
Alexander et al. (1965), where 15 renowned seabird tax‑<br />
onomists from around the world recognized 13 species in<br />
the genera Diomedea and Phoebetria. For many years, the<br />
only major change was the description of a new species of<br />
a great albatross, D. amster<strong>da</strong>mensis, breeding on Amster‑<br />
<strong>da</strong>m Island in the Indian Ocean (Roux et al. 1983).<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1):99-106<br />
março de 2008<br />
At the First Conference on the Biology and Conser‑<br />
vation of Albatrosses held in Hobart (Tasmania, Australia)<br />
in September 1995, C. J. R. Robertson and G. B. Nunn<br />
presented a taxonomic revision of albatrosses, recogniz‑<br />
ing four genera (they resurrected Thalassarche to include<br />
the mollymawks and Phoebastria for the Northern Pacific<br />
albatrosses) and elevating all existing terminal taxa (sub‑<br />
species) to species level. As a result, they recognized 24<br />
species instead of 14. Their presentation was published<br />
in the conference book three years later (Robertson and<br />
Nunn 1998).<br />
In the second edition of Volume 1 of Peter’s check-list<br />
of birds of the world (Jouanin and Mougin 1979:56) only<br />
Diomedea chlororhynchos Gmelin, 1789 (based on “Yellow‑<br />
nosed Albatross” of Latham, 1785) and type locality “Cape<br />
of Good Hope” was listed for all the Yellow‑nosed Alba‑<br />
trosses, never mentioning breeding places. According to<br />
Medway (1998), the type specimen of the (Atlantic) Yel‑<br />
low‑nosed Albatross was actually taken in the South Atlan‑<br />
tic at 35°13’S, 06°03’W, a few hundred kilometres north‑<br />
east of Tristan <strong>da</strong> Cunha during Captain James Cook’s<br />
second circumnavigation, 1772‑1775. The specimen is no
100<br />
A critical look at the alleged Brazilian records of the Indian Yellow‑nosed Albatross Thalassarche carteri,<br />
with comments on mollymawk identification in Brazil (Procellariiformes: Diomedei<strong>da</strong>e)<br />
Caio J. Carlos<br />
longer available, but is clearly identifiable from a painting<br />
and notes made by George Forster (Medway 1998).<br />
The nomenclature of Yellow‑nosed Albatrosses of<br />
Indian Ocean has attracted some discussion in the or‑<br />
nithological literature. Contra Jouanin and Mougin<br />
(1979), two taxa have been described and long regarded<br />
as subspecies, distinct from the nominate chlororhynchos<br />
of South Atlantic: Thalassogeron carteri Rothschild, 1903<br />
and Diomedea bassi Mathews, 1912 (Brooke et al. 1980,<br />
Warham 1990, Marchant and Higgins 1990, del Hoyo<br />
et al. 1992). The Indian Yellow‑nosed Albatross was for‑<br />
mally separated from the Atlantic Yellow‑nosed Albatross<br />
in 1995 with the name Thalassarche bassi being assigned<br />
to Indian Ocean species, which had formerly been called<br />
Diomedea chlororhynchos bassi (e.g., Marchant and Hig‑<br />
gins 1990, Warham 1990, del Hoyo et al. 1992). This was<br />
reasonable given that Brooke et al. (1980) had questioned<br />
the validity of the name carteri. Then, in the conference<br />
book Robertson and Nunn (1998) used the name carteri,<br />
without explanations why bassi had been abandoned.<br />
However, Robertson (2002) successfully demonstrated<br />
that the type specimens of both bassi and carteri refer to<br />
the same taxon, and thus carteri takes precedence over the<br />
synonym bassi (see Figure 1).<br />
Geographic distribution of Yellow-nosed Albatrosses: The<br />
common names of both Atlantic and Indian Yellow‑<br />
nosed Albatrosses describe these species’ feature (the yel‑<br />
low stripe along the culminicorn; see below) and breed‑<br />
ing area. Bourne and Casement (1993), however, split<br />
the two taxa into Western (chlororhynchos) and Eastern<br />
Yellow‑nosed Albatrosses (carteri), but it seems that only<br />
Tickell (2000) followed this naming system.<br />
The Atlantic Yellow‑nosed Albatross breeds on<br />
Gough and all islands of the Tristan <strong>da</strong> Cunha group<br />
in south‑central Atlantic. The species ranges at sea over<br />
much of South Atlantic Ocean, mainly between 10‑50°S,<br />
but appears to be infrequent off East South America south<br />
of 45°S (Marchant and Higgins 1990, Brooke 2004). A<br />
few birds have been recorded as far west as Amster<strong>da</strong>m<br />
Island (Indian Ocean) and New Zealand, with occasional<br />
stragglers to the North Atlantic (Marchant and Higgins<br />
1990, del Hoyo et al. 1992, Brooke 2004).<br />
The Indian Yellow‑nosed Albatross breeds on sub‑<br />
Antarctic Prince Edward, Crozet, Kerguelen, Amster<strong>da</strong>m<br />
and St. Paul islands in the South Indian Ocean. Non‑<br />
breeding birds disperse across the warmer waters of the<br />
subtropical and sub‑Antarctic Indian Ocean, between<br />
FIguRe 1: Upper (skull) end of the bills of the type specimens of Diomedea bassi Mathews, 1912 (left; American Museum of Natural History<br />
[AMNH] No. 527047) and Thalassogeron carteri Rothschild, 1903 (right; AMNH No. 527048) (photos by M. Hart, AMNH).<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008
35‑49°S, reaching south‑west Australia, and range east to<br />
the Tasman Sea and north‑east New Zealand (Marchant<br />
and Higgins 1990, del Hoyo et al. 1992, Brooke 2004).<br />
Apparently, there are no substantiated records for this<br />
species in the seas off the Americas.<br />
Identifying Atlantic and Indian Yellow-nosed Albatrosses:<br />
In freshly moulted adult Atlantic Yellow‑nosed Albatross‑<br />
es the head and hindneck are bluish‑grey, slightly paler on<br />
the forehead and crown, forming a well‑demarked hood<br />
that contrasts with the otherwise white under‑parts. Usu‑<br />
ally, the grey hood enables readily separation from the In‑<br />
dian Yellow‑nosed Albatross, which has white head with<br />
faint pale‑grey wash restricted to cheeks (Brooke et al.<br />
1980, Marchant and Higgins 1990, Brooke 2004). How‑<br />
ever, the hood of Atlantic birds becomes paler with wear<br />
and adults in highly worn plumage may be very hard to<br />
distinguish. Immatures of both species have white heads,<br />
and separation on plumage characters alone, if possible at<br />
all, is problematic.<br />
Both species exhibit rather similar dimensions and<br />
weights, and it is not possible to separate them on that<br />
ground alone (Table 1). There is a marked sexual di‑<br />
morphism in size of the Indian Yellow‑nosed Albatross,<br />
the males being significantly larger than females (Ryan<br />
1999). Females in mated pairs of the Atlantic Ocean spe‑<br />
cies breeding at Gough are slightly smaller than males,<br />
but no measurements are currently available (Furness<br />
1988).<br />
The smaller and similar‑looking mollymawks form a<br />
group of white‑bodied, <strong>da</strong>rk‑backed species with bright‑<br />
orange or yellow marked bill in adults. Among them, the<br />
best criteria for the species determination are the shapes<br />
and arrangements of bill plates, especially at upper (skull)<br />
end or base (Murphy 1936, Marchant and Higgins 1990,<br />
Warham 1990, Tickell 2000, Brooke 2004; see discussion<br />
TABle 1: Measurements of live Atlantic Thalassarche chlororhynchos<br />
(from Gough Island, south‑central Atlantic) and Indian Yellow‑nosed<br />
Albatrosses T. carteri unsexed specimens (from Prince Edward Island,<br />
south‑west Indian Ocean; Brooke et al. 1980). Data are mean (± stan‑<br />
<strong>da</strong>rd deviation; range), and n = sample size.<br />
measurements T. chlororhynchos T. carteri<br />
Culmen length<br />
Wing chord<br />
Tail length<br />
114.6<br />
(3.9; 107.6‑121.8)<br />
n = 27<br />
501<br />
(10.9; 483‑520)<br />
n = 27<br />
195<br />
(8.4; 118‑214)<br />
n = 27<br />
Tarsus length —<br />
A critical look at the alleged Brazilian records of the Indian Yellow‑nosed Albatross Thalassarche carteri,<br />
with comments on mollymawk identification in Brazil (Procellariiformes: Diomedei<strong>da</strong>e)<br />
Caio J. Carlos<br />
118.7<br />
(4.5; 111.2‑124.2)<br />
n = 15<br />
488<br />
(9.7; 465‑499)<br />
n = 14<br />
197<br />
(7; 185‑210)<br />
n = 15<br />
82.1<br />
(2.5; 78.7‑86.6)<br />
n = 15<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008<br />
101<br />
below). All fledglings display the shape at the culminicorn<br />
base, which is retained all through their lifes, regardless of<br />
age‑related changes in bill colouration.<br />
Adult Yellow‑nosed Albatrosses of both species have<br />
black bills with a narrow bright‑yellow culminicorn stripe<br />
becoming orange or pinkish on the ridge of the maxillary<br />
unguis. Brooke et al. (1980) suggested that the upper end<br />
of the yellow stripe varies geographically, being pointed in<br />
the Indian Ocean birds and rounded in Atlantic Ocean<br />
birds. Black‑and‑white photographs from birds at breed‑<br />
ing colonies in Brooke et al. (1980), as well as illustrations<br />
in Warham (1990: Figure 2.8) and Tickell (2000: Plates<br />
6 and 7), demonstrate this. The revision by Robertson<br />
(2002) of the correct scientific name of Indian Yellow‑<br />
nosed Albatross is also an illuminating contribution to<br />
any debate reviewing the identification of this species. Ac‑<br />
cording to him, most authors concentrated on the shape<br />
of the culminicorn yellow stripe, a character of no use in<br />
juvenile and young birds, which have wholly glossy‑black<br />
bills. Furthermore, most illustrations in the literature do<br />
not show that the upper end of the culminicorn of both<br />
taxa is yellow with a variable margin of black (Murphy<br />
1936, Robertson 2002).<br />
Further, drawings of T. chlororhynchos (stricto sensu)<br />
in Marchant and Higgins (1990:266) and Robertson<br />
(2002) clearly demonstrate that the culminicorn wid‑<br />
ens above nostrils and there is a black proximal margin<br />
around the yellow. I also have inspected several Atlantic<br />
Yellow‑nosed Albatross specimens in some Brazilian col‑<br />
lections (Appendix), and confirm these characteristics.<br />
Thus, as already pointed out by Robertson (2002), the<br />
definitive difference in the upper end of the culminicorn<br />
between Atlantic and Indian Yellow‑nosed Albatrosses is<br />
the broadening of the plate above the nostrils in the for‑<br />
mer species (Figures 1, 2). The shape of the upper end<br />
of adult’s culmen yellow stripe is not always consistently<br />
rounded in T. chlororhynchos and pointed in T. carteri<br />
(Robertson 2002). Marchant and Higgins (1990: 329)<br />
accurately explained this situation as follows: “…Cul‑<br />
minicorn of Indian Ocean birds tapers behind nares, and<br />
pointed at base; naricorn has straight sides. In s. Atlan‑<br />
tic birds, culminicorn broadens behind nares, and has<br />
rounded base; naricorn has convex sides”.<br />
Does the Indian Yellow-nosed Albatross occur in Brazil?<br />
In their short account, Lima and Grantsau (2005) stated,<br />
quoting Robertson (2002), that “…T. chlororhynchos has<br />
the base of culminicorn rounded, whereas in T. carteri it<br />
is pointed” (my translation). Undoubtedly, however, their<br />
identifications were based solely on the shape of the yel‑<br />
low stripe at the upper end of the specimens’ culmini‑<br />
corn. The confusion regarding the identity of the speci‑<br />
mens collected by Lima and Grantsau becomes evident<br />
after carefully examining the (unnumbered) photograph<br />
where they compare the bases of the bills of a T. chloro-
102<br />
A critical look at the alleged Brazilian records of the Indian Yellow‑nosed Albatross Thalassarche carteri,<br />
with comments on mollymawk identification in Brazil (Procellariiformes: Diomedei<strong>da</strong>e)<br />
Caio J. Carlos<br />
FIguRe 2: Sketch drawings of the upper (skull) end of the bills of adult and immature Atlantic and Indian Yellow‑nosed Albatrosses, Thalassarche<br />
chlororhynchos and T. carteri (drawn by the author). In (1) adult (FURG No. 106) and (2) immature (FURG No. 358) T. chlororhynchos, the<br />
culminicorn widens above nostrils. In (3) adult and (4) immature T. carteri (based on Marchant and Higgins 1990 and Robertson 2002), the<br />
culminicorn tapers behind nostrils and is pointed at base. In adults of both species there is a black proximal margin around the yellow stripe.<br />
rhynchos (left) and what they considered to be a T. carteri<br />
(right). In fact, the upper end of the culmen yellow stripe<br />
of the supposed T. carteri is somewhat pointed, but the<br />
culminicorn obviously broadens behind nostrils, and has<br />
a rounded base. The simple conclusion is that the alleged<br />
T. carteri refers to T. chlororhynchos.<br />
It is my opinion that an incorrect interpretation of<br />
bill differences between Atlantic and Indian Yellow‑nosed<br />
Albatrosses has been the main factor that has misdirect<br />
Lima and Grantsau’s (2005) conclusion. For example,<br />
three Atlantic Yellow‑nosed Albatrosses specimens I stud‑<br />
ied in the Museu de Zoologia <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de São Paulo<br />
(MZUSP Nos. 62647, 75481, and 75491), all collected in<br />
Brazil, also have the upper end of the yellow stripe pointed<br />
rather than rounded. However, in all of these the culmini‑<br />
corn broadens above the nostrils (Figure 3). Therefore, in<br />
view of the unprecedented nature of these records, that is,<br />
Indian Yellow‑nosed Albatross has not been reliably re‑<br />
corded off South America, and the lack of adequate sup‑<br />
porting information in Lima and Grantsau (2005), this<br />
species’ occurrence in Brazil remains unsubstantiated.<br />
FIguRe 3: Bases of the bills of three Atlantic Yellow‑nosed Albatrosses Thalassarche chlororhynchos housed in the Museu de Zoologia <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de<br />
de São Paulo (MZUSP): Nos. 75491 (left), 75481 (middle), and 62647 (right). In all, the yellow stripe upper end is pointed, but the culminicorn<br />
broadens above the nostrils. Note also the black proximal margin around the paler area (photos by the author).<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008
Mollymawk identification in Brazil: At least three molly‑<br />
mawk species have been documented for Brazil, namely,<br />
Atlantic Yellow‑nosed T. chlororhynchos, Black‑browed<br />
T. melanophris, and Grey‑headed T. chrysostoma Alba‑<br />
trosses (Carlos 2006). A fourth taxa, “Shy” Albatross<br />
T. cauta (lato sensu) is also known in Brazil from three<br />
specimens (Petry et al. 1991, Lima et al. 2004, Dénes<br />
et al. in press), but their true identity remains to be de‑<br />
termined, since body measurements do not unequivo‑<br />
cally separate T. cauta (stricto sensu) from the very similar<br />
White‑capped Albatross T. steadi (Double et al. 2003; see<br />
discussion below). In tables 2 and 3, respectively, I sum‑<br />
marized key morphological features of immature and full‑<br />
adult specimens of these taxa. The <strong>da</strong>ta presented herein<br />
are based on the literature (e.g., Marchant and Higgins<br />
1990, Brooke 2004), studies of museum specimens (Ap‑<br />
pendix), and my own field experience (e.g., Carlos et al.<br />
2005, Carlos 2006; C.J.C. and C. E. Fedrizzi, unpubl.<br />
<strong>da</strong>ta).<br />
Yellow-nosed Albatross T. chlororhynchos (lato sensu):<br />
This is the smallest, with the most slender appearance,<br />
and longest tail of the mollymawks. The narrow bill ap‑<br />
pears very long and has yellow stripe confined to culmini‑<br />
corn in adults. The upper end of the culminicorn does not<br />
meet the forehead feathering and is bordered by a black<br />
membrane (see Figures 1, 2). The head and hindneck are<br />
faintly tinged with bluish‑grey in freshly moulted adults<br />
(T. chlororhynchos, stricto sensu). The under‑wing is largely<br />
white and has narrow <strong>da</strong>rk margins, slightly broader on<br />
the leading edge. The juvenile differs from adults in hav‑<br />
ing entirely glossy‑black bill, and more extensive <strong>da</strong>rk<br />
margins on the under‑wing. Adults with grey heads could<br />
be confused with adult Grey‑headed Albatrosses, but the<br />
TABle 2: Key morphological features of immature specimens of Thalassarche mollymawks. Data were taken from the literature, museum skins (Ap‑<br />
pendix) and specimens found dead ashore in the state of Rio Grande do Sul, south Brazil (C.J.C. and C. E. Fedrizzi, unpubl. <strong>da</strong>ta).<br />
Taxa Bill colouration under-wing pattern head and neck patterns Plumage around the eye<br />
T. melanophris Dark olive‑brown with<br />
blackish tip; gradually<br />
lightens to yellow, the tip<br />
remaining <strong>da</strong>rk<br />
T. chrysostoma Dark‑grey; gradually lightens<br />
to yellow along culmen and<br />
bottom of ramicorn<br />
T. chlororhynchos Glossy‑black; gradually<br />
lightens to yellow along<br />
culmen<br />
T. cauta/steadi Grey with <strong>da</strong>rk tip; gradually<br />
lightens to yellow on the tip<br />
and culminicorn upper end 1<br />
A critical look at the alleged Brazilian records of the Indian Yellow‑nosed Albatross Thalassarche carteri,<br />
with comments on mollymawk identification in Brazil (Procellariiformes: Diomedei<strong>da</strong>e)<br />
Caio J. Carlos<br />
Mainly blackish with a<br />
narrow greyish axial streak<br />
Dark‑grey, often with<br />
narrow white central stripe<br />
White with black wing‑tip<br />
and narrow black margins,<br />
slightly broader on the<br />
leading edge<br />
White with very narrow<br />
black margins and diagnostic<br />
pre‑axillary notch at the base<br />
of leading edge<br />
1 Only T. cauta (stricto sensu) has some yellow on the culminicorn upper end.<br />
White, but crown and<br />
nape mottled with pale<br />
grey, sometimes forming an<br />
incomplete collar<br />
Obvious <strong>da</strong>rk patch, giving a<br />
“frowning” looking<br />
Entirely <strong>da</strong>rk‑grey White crescent just behind<br />
and below eye<br />
All white Dark patch in front and<br />
behind eye, not giving a<br />
“frowning” looking<br />
Forehead and crown white,<br />
sides of the head and neck<br />
grey<br />
Narrow greyish‑black brow<br />
tapering across upper lores;<br />
thin white crescent below<br />
eye<br />
TABle 3: Key morphological features of adult specimens of Thalassarche mollymawks. Data were taken from the literature, museum skins (Appen‑<br />
dix) and specimens found dead ashore in the state of Rio Grande do Sul, south Brazil (C.J.C. and C. E. Fedrizzi, unpubl. <strong>da</strong>ta).<br />
Taxa Bill colouration under-wing pattern head and neck patterns Plumage around the eye<br />
T. melanophris Yellow with reddish tip White central area broadly<br />
margined with black,<br />
somewhat more so on the<br />
leading edge<br />
All white Like that of immature<br />
T. chrysostoma Dark‑grey with bright<br />
yellow line along culmen<br />
and ramicorn<br />
Similar to T. melanophris Entirely light‑grey Like that of immature<br />
T. chlororhynchos Black with bright yellow Like that of immature, but Head and hindneck tinged Like that of immature<br />
culminicorn and pinkish tip black margins narrower with grey in fleshly moulted<br />
birds<br />
T. cauta/steadi Uniform greyish‑horn with<br />
yellowish tip and base of the<br />
culmen1 Like that of immature Like that of immature, but Like that of immature<br />
sides of the head light‑grey<br />
1 Only T. cauta (stricto sensu) has some yellow on the culminicorn upper end.<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008<br />
103
104<br />
A critical look at the alleged Brazilian records of the Indian Yellow‑nosed Albatross Thalassarche carteri,<br />
with comments on mollymawk identification in Brazil (Procellariiformes: Diomedei<strong>da</strong>e)<br />
Caio J. Carlos<br />
latter species has yellow or orange stripes on upper and<br />
lower mandibles and different under‑wing pattern.<br />
Black-browed Albatross T. melanophris: A white‑headed<br />
mollymawk with reddish‑tipped yellow bill in adult. The<br />
central area of the under‑wing is white and broadly mar‑<br />
gined with black, somewhat more so on the leading edge.<br />
A <strong>da</strong>rk patch around the eye contrasts with the white<br />
head to give the bird a “frowning” look. The culminicorn<br />
is expanded where it meets the forehead feathering (Fig‑<br />
ure 4). The juvenile has brownish‑grey markings on the<br />
nape, and occasionally on the crown, forming an incom‑<br />
plete collar, which becomes less pronounced with wear.<br />
The under‑wing is mainly <strong>da</strong>rk with narrow greyish axial<br />
streak. The fledgling has the bill <strong>da</strong>rk‑grey or <strong>da</strong>rk‑olive<br />
brown with blackish nails.<br />
Grey-headed Albatross T. chrysostoma: This species is sim‑<br />
ilar to the Black‑browed Albatross in size and under‑wing<br />
pattern, but differs in having bluish‑grey head and neck,<br />
which contrast with white breast, and uniform <strong>da</strong>rk‑grey<br />
bill. The white axial portion of the under‑wing tends to<br />
be more extensive than in Black‑browed Albatross. The<br />
forehead is paler than the rest of the head, but does not<br />
form a well‑defined pale patch as in the “Shy” Albatross<br />
(lato sensu). The bill has a yellow culminicorn and yellow<br />
line along the bottom of the ramicorn, which, however,<br />
are difficult to observe from a distance. The narrow cul‑<br />
minicorn is bordered by a blackish membrane (naricorn)<br />
and is rounded, but not expanded where it joins the fore‑<br />
head feathering (Figure 4). The juvenile is similar to the<br />
young Black‑browed Albatross, but the head is usually<br />
<strong>da</strong>rk‑grey, even <strong>da</strong>rker than that of the adult, and the<br />
under‑wing often shows some white instead of being all<br />
<strong>da</strong>rk. At this stage, bill colouration is the most reliable<br />
character.<br />
“Shy” Albatross T. cauta (lato sensu): The largest and<br />
stoutest‑billed of the mollymawks, with a distinctive un‑<br />
der‑wing pattern, resembling that of the “Wandering”<br />
Albatross Diomedea exulans (lato sensu). The under‑wing<br />
is mostly white, with narrow black edging and a diagnos‑<br />
tic “pre‑axillary notch” at the base of leading edge. The<br />
base of the culminicorn is rounded and does not reach<br />
the feathering (Figure 4). The four currently recognized<br />
species within this complex (Robertson and Nunn 1998)<br />
– Shy T. cauta, White‑capped T. steadi, Salvin’s T. salvini,<br />
and Chatham T. eremita Albatrosses – nest on a few<br />
rocky islands off Tasmania and New Zealand and range<br />
widely at sea in the southern Pacific, Atlantic, and Indian<br />
Oceans (Murphy 1936, Marchant and Higgins 1990, del<br />
Hoyo et al. 1992, Brooke 2004, Phalan et al. 2004). It<br />
should be noted, however, that T. eremita, which breeds<br />
only on Pyramid Rock in the Chatham Islands, with a<br />
non‑breeding pelagic range to adjacent waters, is unlikely<br />
to wander so far (Marchant and Higgins 1990, del Hoyo<br />
et al. 1992, Brooke 2004).<br />
In adults “Shy‑type Albatrosses” T. cauta and<br />
T. steadi the head and neck are mostly white with light‑<br />
grey hue on the cheeks in fresh plumage. The bill is horn‑<br />
coloured, with a yellow tip (both taxa) and base (only<br />
FIguRe 4: Sketches of the upper (skull) end of the bills of Thalassarche mollymawks (drawn by the author). (1) Black‑browed Albatross T. melanophris<br />
(FURG No. 351): the membranous naricorn is not visible and the expanded end of the culminicorn reaches the feathering on the forehead. (2) Grey‑<br />
headed Albatross T. chrysostoma (MZUSP No. 73513): the rounded base of the narrow culminicorn reaches the feathering and is not surrounded by a<br />
membrane at its base. (3) “Shy‑type Albatrosses” T. cauta/steadi (based on photographs of specimen No. 36933 in the Museu Nacional/Universi<strong>da</strong>de<br />
Federal do Rio de Janeiro) and (4) Salvin’s Albatross T. salvini (based on Marchant and Higgins 1990): the base of the culminicorn is rounded and<br />
does not reach the feathering.<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008
A critical look at the alleged Brazilian records of the Indian Yellow‑nosed Albatross Thalassarche carteri,<br />
with comments on mollymawk identification in Brazil (Procellariiformes: Diomedei<strong>da</strong>e)<br />
Caio J. Carlos<br />
T. cauta). Both species have fairly similar body dimen‑<br />
sions, and no single measurement is useful for separation<br />
(Double et al. 2003). Juveniles are much like adults but<br />
the bill is greyish with a black tip to both mandibles. In<br />
the two other slightly smaller species (specially in the bill)<br />
of this complex, either the head is brownish‑grey with<br />
paler forehead and the bill grey with ivory‑horn to yel‑<br />
lowish culminicorn (T. salvini), or the head is <strong>da</strong>rk‑grey,<br />
the crown paler, and the bill entirely bright‑yellow with<br />
<strong>da</strong>rk mandibulary ungues (T. eremita). Juveniles resemble<br />
adults, but have a uniformly grey bill and more grey on<br />
the head and neck (Murphy 1936, Marchant and Higgins<br />
1990, del Hoyo et al. 1992).<br />
To conclude, in the hand mollymawks can be identi‑<br />
fied on the basis of bill characters alone. Bill colouration<br />
of adults is also diagnostic, but of little use when the birds<br />
are viewed from a distance, and under poor light condi‑<br />
tions. Under‑wing patterns appear to be the better guide,<br />
and with some experience most individuals can be pre‑<br />
cisely determined. When possible, the bill and head co‑<br />
louration should also be used to confirm identifications.<br />
ACKnowleDgmenTs<br />
I thank C. M. Vooren for gui<strong>da</strong>nce, and C. E. Fedrizzi, F. I.<br />
Colabuono and G. Vianna for commenting on the typescript. S. M.<br />
de Azevedo‑Júnior (Universi<strong>da</strong>de Federal de Pernambuco – UFPE),<br />
L. F Silveira and F. V. Dénes (Museu de Zoologia <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de<br />
de São Paulo – MZUSP), J. M. R. Soto and M. Mincarone (Mu‑<br />
seu Oceanográfico do Vale do Itajaí – MOVI), and C. M. Vooren<br />
(Fun<strong>da</strong>ção Universi<strong>da</strong>de Federal do Rio Grande – FURG) allowed me<br />
to study specimens under their care. M. Raposo and C. Assis (Museu<br />
Nacional/Universi<strong>da</strong>de Federal do Rio de Janeiro – MNRJ) sent me<br />
important digital photographs of a “Shy Albatross” specimen. M. Hart<br />
(Department of Ornithology, American Museum of Natural History)<br />
provided me with several photographs of the type specimens of Thalassogeron<br />
carteri and D. bassi. The author received a master’s scholarship<br />
from Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior<br />
(CAPES), Brazil.<br />
ReFeRenCes<br />
Alexander, w.B.; Falla, R.A.; Jouanin, C.; murphy, R.C.; salomonsen,<br />
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106<br />
A critical look at the alleged Brazilian records of the Indian Yellow‑nosed Albatross Thalassarche carteri,<br />
with comments on mollymawk identification in Brazil (Procellariiformes: Diomedei<strong>da</strong>e)<br />
Caio J. Carlos<br />
APPenDIx<br />
List of specimens examined in the Coleção Ornitológica <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Federal de Pernambuco (UFPE), Recife;<br />
Museu de Zoologia <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de São Paulo (MZUSP), São Paulo; and Coleção de Aves Marinhas do Laboratório<br />
de Elasmobrânquios e Aves Marinhas, Fun<strong>da</strong>ção Universi<strong>da</strong>de Federal do Rio Grande (FURG), Rio Grande.<br />
Black‑browed Albatross Thalassarche melanophris:<br />
Four males; São Paulo: Praia Grande, Peruíbe (MZUSP 36645, 37154), 29/vii/1954 (collected by L. Travassos‑Filho,<br />
E. A. Camargo, E. Dente and Medeiros), 31/vii/1954 (collected by E. Kuhn, M. Kuhlmann, L. Travassos‑Filho and H.<br />
Camargo); Rio Grande do Sul: São José do Norte (FURG 45, 219), v/1983. Four females; São Paulo: Peruíbe (MZUSP<br />
34901, 56309), 9/ix/1951 (collected by Lima), 1/vi/1964 (collected by R. Grantsau); Rio Grande do Sul: Praia do Cassino<br />
(FURG 353, 354), 28/xii/1984. Eight unsexed; São Paulo: Santos (MZUSP 16177), 5/ix/1930; Rio Grande do Sul: Praia<br />
do Cassino (FURG 44, 215, 351, 352), 17/xi/1982, 3/v/1983, 07/ix/1982, 01/viii/1982; “alto mar” (FURG 355), 10/<br />
x/1981; at sea in 30°02’S, 47°14’W (MZUSP 73510), 25/v/1991 (collected by T. Neves); at sea in 34°S, 50°W (MZUSP<br />
74159), xi/1995 (collected by T. Neves).<br />
Atlantic Yellow‑nosed Albatross Thalassarche chlororhynchos:<br />
Three males; São Paulo: Praia Ipanema, Ilha do Cardoso, Cananéia (MZUSP 70633), 1/ix/1991 (collected by P. Martus‑<br />
celli); Rio Grande do Sul: at sea in 30°39’S, 46°17’W (MZUSP 74340), 4/v/1996 (collected by T. Neves); Praia do Cassino<br />
(FURG 106), 19/ix/1984. Twelve unsexed; Pernambuco: Praia de Maria Farinha (UFPE 799), 19/v/1978; Bahia: “litoral<br />
norte” (MZUSP 75445), 8/xii/2000 (collected by P. Lima); Rio de Janeiro: at sea in 23°57’S, 41°27’W (MZUSP 75492),<br />
24/viii/2000 (collected by T. Neves); Rio de Janeiro: no locality (MZUSP 62647), 16/ix/1963 (collected by R. L. Araújo);<br />
São Paulo: at sea in 24°40’S‑44°40’W (MZUSP 75470), 18/ix/2000 (collected by T neves); Paraná: Itararé (MZUSP<br />
75752), 13/viii/2000; Santa Catarina: at sea in 29°41’S‑45°50’W (MZUSP 75491), 28/vi/2001 (collected by F. Olmos);<br />
Rio Grande do Sul: at sea in 34°36’S‑32°07’W (MZUSP 75481, 75490), 20/ix/2000 (collected by T. Neves); Praia do<br />
Cassino (FURG 96, 356, 358), no <strong>da</strong>te, 20/v/1983, x/1981.<br />
Grey‑headed Albatross Thalassarche chrysostoma:<br />
One unsexed; São Paulo: Praia Grande (MZUSP 73513), 23/vi/1993 (collected by T. Neves and F. Olmos).<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008
A Revista Brasileira de Ornitologia receberá contribuições<br />
originais relativas a qualquer aspecto <strong>da</strong> biologia <strong>da</strong>s aves,<br />
enfatizando a documentação, a análise e a interpretação de<br />
estudos de campo e laboratório, além <strong>da</strong> apresentação de novos<br />
métodos ou teorias e revisão de idéias ou informações préexistentes.<br />
A Revista Brasileira de Ornitologia tem interesse em<br />
publicar, por exemplo, estudos sobre a biologia <strong>da</strong> reprodução,<br />
distribuição geográfica, ecologia, etologia, evolução, migração e<br />
orientação, morfologia, paleontologia, sistemática, taxonomia e<br />
nomenclatura. Encoraja-se a submissão de análises de avifaunas<br />
regionais, mas não a de listas faunísticas de locali<strong>da</strong>des. Trabalhos<br />
de caráter monográfico também poderão ser considerados para<br />
publicação.<br />
Os trabalhos submetidos à Revista Brasileira de Ornitologia<br />
não podem ter sido publicados anteriormente ou estarem<br />
submetidos para publicação em outros periódicos ou livros.<br />
Serão avaliados os manuscritos originais escritos em português,<br />
espanhol ou inglês (preferencialmente), que devem ser gravados<br />
no formato do programa Microsoft Word, com fonte “Times<br />
New Roman” tamanho 12, espaço duplo, com alinhamento à<br />
esquer<strong>da</strong>. Os nomes científicos devem ser grafados em itálico e<br />
encoraja-se o uso <strong>da</strong> seqüência sistemática e <strong>da</strong> nomenclatura<br />
presente nas listas brasileira (http://www.cbro.org.br) ou sulamericana<br />
de aves (http://www.museum.lsu.edu/~Remsen/<br />
SACCBaseline), quando pertinente.<br />
Submissão:<br />
INSTRUÇÕES AOS AUTORES<br />
Os originais devem ser submetidos ao editor<br />
preferencialmente por correio eletrônico, mas também em CD<br />
(que não serão devolvidos) ou impressos (neste caso, três cópias<br />
do manuscrito completo, seguindo as normas acima).<br />
O título (no idioma do texto) deve ser conciso e indicar<br />
claramente o assunto abor<strong>da</strong>do no trabalho. Expressões<br />
genéricas como “contribuição ao conhecimento...” ou “notas<br />
sobre...” devem ser evita<strong>da</strong>s. O nome de ca<strong>da</strong> autor deve ser<br />
escrito por extenso, acompanhado do endereço completo<br />
para correspondência (incluindo correio eletrônico). No caso<br />
de múltiplos autores, o autor para correspondência deve ser<br />
claramente indicado.<br />
Resumo e abstract devem informar o objetivo e os resultados<br />
do trabalho, e não apenas relacionar os assuntos discutidos.<br />
Abaixo do nome do(s) autor(es), deve-se relacionar, na seguinte<br />
seqüência:<br />
• Português: abstract em inglês, com título e key-words;<br />
resumo em português, sem título e com palavras-chave;<br />
• Inglês: resumo em português, com título e palavras-chave;<br />
abstract em inglês, sem título com key-words;<br />
• Espanhol: resumo em português, com título e palavraschave;<br />
abstract em inglês, com título e key-words.<br />
No caso de notas curtas, deve ser incluído apenas um<br />
abstract (trabalhos em português) ou um resumo (trabalhos<br />
em inglês ou espanhol), acompanhado de palavras-chave e<br />
key-words.<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008<br />
O manuscrito deverá apresentar uma breve introdução,<br />
descrição dos métodos incluindo a área de estudo, apresentação<br />
e discussão dos resultados, agradecimentos e referências.<br />
Conclusões poderão ser apresenta<strong>da</strong>s depois <strong>da</strong> discussão ou<br />
junto com a mesma. As partes do manuscrito devem estar<br />
organiza<strong>da</strong>s como segue:<br />
• Título (do manuscrito, e os nomes e endereços dos<br />
autores, e somente isso)<br />
• Resumo / Abstract / Palavras-chave<br />
• Introdução (que começa em uma nova página, não<br />
havendo quebras de página com as seções seguintes)<br />
• Material e Métodos<br />
• Resultados (somente os resultados, em forma sucinta)<br />
• Discussão (que opcionalmente pode ser seguido por<br />
Conclusões, mas, melhor incluir conclusões dentro <strong>da</strong><br />
discussão)<br />
• Agradecimentos<br />
• Referências<br />
• Tabelas<br />
• Legen<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s Figuras<br />
• Figuras (ca<strong>da</strong> uma em uma única página)<br />
Ca<strong>da</strong> Tabela deve vir em uma página, numera<strong>da</strong> em<br />
algarismos arábicos e acompanha<strong>da</strong> <strong>da</strong> sua respectiva legen<strong>da</strong>.<br />
A legen<strong>da</strong> <strong>da</strong> tabela deve ser parte <strong>da</strong> tabela, ocupando a<br />
primeira linha <strong>da</strong> tabela com as células mescla<strong>da</strong>s. As Legen<strong>da</strong>s<br />
<strong>da</strong>s figuras também devem vir numera<strong>da</strong>s e ca<strong>da</strong> Figura deve<br />
vir em uma página, também numera<strong>da</strong> em algarismos arábicos<br />
e de acordo com as suas respectivas legen<strong>da</strong>s. N.B.: To<strong>da</strong>s as<br />
legen<strong>da</strong>s devem ser apresenta<strong>da</strong>s em duplas, a primeira na<br />
língua do trabalho, e a segun<strong>da</strong> em inglês.<br />
Os diversos tópicos devem apresentar subtítulos<br />
apropriados quando for necessário. To<strong>da</strong>s as páginas devem ser<br />
numera<strong>da</strong>s no canto superior direito.<br />
Devem-se usar as seguintes abreviações: h (hora), min<br />
(minuto), s (segundo), km (quilômetro), m (metro), cm<br />
(centímetro), mm (milímetro), ha (hectare), kg (quilograma),<br />
g (grama), mg (miligrama), to<strong>da</strong>s com letras minúsculas e sem<br />
ponto. Use as seguintes notações estatísticas: P, n, t, r, F, G, U, x 2 ,<br />
gl (graus de liber<strong>da</strong>de), ns (não significativo), CV (coeficiente de<br />
variação), DP (desvio padrão), EP (erro padrão). Com exceção<br />
dos símbolos de temperatura e porcentagem (e.g., 15°C, 45%),<br />
dê espaço entre o número e a uni<strong>da</strong>de ou símbolo (e.g., n = 12,<br />
P < 0,05, 25 min). Escreva em itálico palavras e expressões em<br />
latim (e.g., et al., in vitro, in vivo, sensu). Números de um a<br />
nove devem ser escritos por extenso, a menos que se refiram a<br />
uma medi<strong>da</strong> (e.g., quatro indivíduos, 6 mm, 2 min); de 10 em<br />
diante escreva em algarismos arábicos.<br />
A citação de autores no texto deve seguir o padrão: (Pinto<br />
1964) ou Pinto (1964); dois trabalhos do mesmo autor devem<br />
ser citados como (Sick 1985, 1993) ou (Ribeiro 1920a, b);<br />
autores diversos devem ser relacionados em ordem cronológica:<br />
(Pinto 1938, Aguirre 1976b); quando a publicação cita<strong>da</strong><br />
apresentar dois autores, ambos devem ser indicados: (lhering e<br />
Ihering 1907), mas quando os autores são mais de dois, apenas<br />
I
II<br />
o primeiro é citado: (Schubart et al. 1965); nomes de autores<br />
citados juntos são unidos por “e”, “y” ou “and” (nunca “&”),<br />
de acordo com o idioma do texto. Informações inéditas de<br />
terceiros devem ser credita<strong>da</strong>s à fonte pela citação <strong>da</strong>s iniciais<br />
e sobrenome do informante acompanha<strong>da</strong> de abreviatura<br />
adequa<strong>da</strong> <strong>da</strong> forma de comunicação, segui<strong>da</strong> de <strong>da</strong>ta: (H. Sick<br />
com. pess., 1989) ou V. Loskot (in litt. 1990); observações<br />
inéditas dos autores podem ser indica<strong>da</strong>s pela abreviatura:<br />
(obs. pess.); quando apenas um dos autores merecer o crédito<br />
pela observação inédita ou qualquer outro aspecto apontado<br />
no texto deve ser indicado pelas iniciais do seu nome: “... em<br />
1989 A. S. retomou ao local...”. Manuscritos não publicados<br />
(e.g., relatórios técnicos, monografias de graduação) e resumos<br />
de congressos poderão ser citados apenas em casos excepcionais,<br />
quando absolutamente imprescindíveis e não houver outra<br />
fonte de informação.<br />
A lista de referências no final do texto deverá relacionar<br />
todos e apenas os trabalhos citados, em ordem alfabética pelos<br />
sobrenomes dos autores. No caso de citações sucessivas, deve-se<br />
repetir o sobrenome do autor, como nos exemplos a seguir:<br />
Ihering, H. von e Ihering, R. von. (1907). As aves do Brazil.<br />
São Paulo: Museu Paulista (Catálogos <strong>da</strong> Fauna Brasileira<br />
v. 1). 74<br />
IUCN. (1987). A posição <strong>da</strong> IUCN sobre a migração de<br />
organismos vivos: introduções, reintroduções e reforços.<br />
http://iucn.org/themes/ssc/pubs/policy/index (acesso em<br />
25/08/2005).<br />
Novaes, F. C. (1970). Estudo ecológico <strong>da</strong>s aves em uma área de<br />
vegetação secundária no Baixo Amazonas, Estado do Pará.<br />
Tese de doutorado. Rio Claro: Facul<strong>da</strong>de de Filosofia,<br />
Ciências e Letras de Rio Claro.<br />
Remsen, J. V. e Robinson, S. K. (1990). A classification scheme<br />
for foraging behavior of birds in terrestrial habitats,<br />
p. 144-160. Em: M. L. Morrison, C. J. Ralph, J. Verner e<br />
J. R. Jehl Jr. (eds.). Avian foraging: theory, methodology,<br />
and applications. Lawrence: Cooper Ornithological<br />
Society (Studies in Avian Biology 13).<br />
Ribeiro, A. de M. (1920a). A fauna vertebra<strong>da</strong> <strong>da</strong> ilha <strong>da</strong><br />
Trin<strong>da</strong>de. Arq. Mus. Nac. 22:169-194.<br />
Ribeiro, A. de M. (1920b). Revisão dos psittacídeos brasileiros.<br />
Rev. Mus. Paul. 12 (parte 2):1-82.<br />
Sick, H. (1985). Ornitologia brasileira, uma introdução, v. 1.<br />
Brasília: Editora Universi<strong>da</strong>de de Brasília.<br />
Notas de ro<strong>da</strong>pé não serão aceitas; notas adicionais,<br />
quando absolutamente relevantes, poderão ser incluí<strong>da</strong>s após<br />
as referências, com numeração correspondente às respectivas<br />
chama<strong>da</strong>s no texto, abaixo do subtítulo notas.<br />
Ilustrações e tabelas. As ilustrações (fotografias, desenhos,<br />
gráficos e mapas), que serão chama<strong>da</strong>s de “figuras”, devem<br />
ser numera<strong>da</strong>s com algarismos arábicos na ordem em que são<br />
cita<strong>da</strong>s e que serão inseri<strong>da</strong>s no texto.<br />
As tabelas e figuras, que receberão numeração<br />
independente, devem vir no final do manuscrito, assim como<br />
to<strong>da</strong>s as legen<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s figuras, que devem ser apresenta<strong>da</strong>s em<br />
folha separa<strong>da</strong> (ver acima).<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008<br />
As chama<strong>da</strong>s no texto, para figuras e tabelas, devem seguir<br />
o padrão “(Figura 2)” ou “... na figura 2”.<br />
As tabelas devem ser encabeça<strong>da</strong>s por um título completo<br />
e prescindir de consulta ao texto, sendo auto-explicativas.<br />
Para trabalhos em português os autores deverão fornecer<br />
versões em inglês <strong>da</strong>s legen<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s figuras e cabeçalhos de<br />
tabelas.<br />
As fotografias devem ser em preto e branco, apresentando<br />
máxima nitidez.<br />
To<strong>da</strong>s devem ser digitaliza<strong>da</strong>s com 300 dpi, no tamanho<br />
mínimo de 12 x 18 cm, em grayscale e 8 bits.<br />
No caso de só existirem fotografias colori<strong>da</strong>s, estas poderão<br />
ser converti<strong>da</strong>s para preto e branco.<br />
No caso <strong>da</strong> publicação de fotografias ou pranchas colori<strong>da</strong>s,<br />
o(s) autor(es) deverão arcar com as despesas de gráfica.<br />
Os autores não terão que arcar com os custos de impressão<br />
se a ilustração/fotografia for seleciona<strong>da</strong> para a capa <strong>da</strong> <strong>revista</strong>.<br />
Só serão aceitas ilustrações digitaliza<strong>da</strong>s em formato tif<br />
ou jpeg.<br />
Os desenhos, gráficos e mapas feitos em papel vegetal ou de<br />
desenho, a nanquim preto ou impressora a laser, devem apresentar<br />
traços e letras de dimensões suficientes para que permaneçam<br />
nítidos e legíveis quando reduzidos para publicação.<br />
As escalas de tamanhos ou distâncias devem ser<br />
representa<strong>da</strong>s por barras, e não por razões numéricas.<br />
Desenhos, gráficos e mapas devem ser enviados nos arquivos<br />
originais, no programa em que foram gerados, além <strong>da</strong>queles<br />
anexados ao texto. No caso de envio de arquivos de mais de<br />
2 MB por e-mail, estes devem estar compactados (consulte<br />
diretamente o editor no caso de enviar arquivos maiores). Não<br />
será necessário comprimir o arquivo se o trabalho for enviado<br />
em CD.<br />
Todo o material deve ser enviado para o editor <strong>da</strong> Revista<br />
Brasileira de Ornitologia:<br />
Prof. Dr. Luís Fábio Silveira<br />
Departamento de Zoologia, Universi<strong>da</strong>de de São Paulo<br />
Caixa Postal 11.461, CEP 05422-970<br />
São Paulo, SP, Brasil<br />
Tel./Fax: (# 11) 3091-7575<br />
E-mail: lfsilvei@usp.br<br />
A carta de encaminhamento deverá mencionar o título<br />
do trabalho, nome dos autores, endereço e e-mail <strong>da</strong>quele com<br />
quem o editor manterá contato. Um aviso de recebimento dos<br />
originais será imediatamente remetido ao autor responsável<br />
pelos contatos com a Revista. Após a aceitação do trabalho, um<br />
arquivo já diagramado em formato <strong>PDF</strong> será enviado por e-mail<br />
a este autor para revisão, o qual deverá retomar ao editor em 72<br />
horas. A correção <strong>da</strong> versão final envia<strong>da</strong> para publicação é de<br />
inteira responsabili<strong>da</strong>de dos autores. Os autores que dispõe de<br />
correio eletrônico receberão, sem ônus e por correio eletrônico,<br />
uma cópia em formato <strong>PDF</strong> do seu trabalho publicado.<br />
Separatas poderão ser adquiri<strong>da</strong>s pelo(s) autor(es) mediante<br />
pagamento. Entre em contato com o editor caso tenha alguma<br />
dúvi<strong>da</strong> com relação às regras para envio dos manuscritos.
La Revista Brasileira de Ornitologia recibirá contribuciones<br />
originales relaciona<strong>da</strong>s con cualquier aspecto de la biología de<br />
las aves, enfatizando la documentación, análisis e interpretación<br />
de estudios de campo y laboratorio, presentación de nuevos<br />
métodos o teorías y revisión de ideas o informaciones<br />
preexistentes. La Revista Brasileira de Ornitologia tiene interés<br />
en publicar, por ejemplo, estudios sobre la biología de la<br />
reproducción, distribución geográfica, ecología, etología,<br />
evolución, migración y orientación, morfología, paleontología,<br />
sistemática, taxonomía y nomenclatura. También, puede<br />
presentarse análisis de avifauna regional, pero no puede ser<br />
solamente una lista faunística de locali<strong>da</strong>des. Trabajos de<br />
carácter monográfico también podrán ser aceptados para<br />
publicación.<br />
Los manuscritos submetidos para publicación en la Revista<br />
Brasileira de Ornitologia no pueden haber sido publicados<br />
anteriormente, o estar siendo considerados para publicación,<br />
en entero o en parte, en ningún otro periódico o libro. Los<br />
trabajos pueden ser escritos en portugués, español o inglés y<br />
deben ser grabados en formato del programa Microsoft Word,<br />
usando la fuente “Times New Roman”, tamaño 12, espacio<br />
doble, alineado a la izquier<strong>da</strong>. Los nombres científicos deben<br />
ser escritos en itálico y seguir la secuencia sistemática y de la<br />
nomenclatura en la lista brasileña (http://www.cbro.org) o<br />
sur-americana de aves (http://www.museum.lsu.edu/~Remsen/<br />
SACCBaseline), cuando pertinente.<br />
Submissión:<br />
INSTRUCCIONES A LOS AUTORES<br />
Los originales deben ser man<strong>da</strong>dos al editor<br />
preferentemente por correo electrónico, en CD (que no será<br />
vuelto), o por copias impresas (en esto caso, se deben enviar tres<br />
copias del manuscrito completo).<br />
El título (en el idioma del texto) debe ser conciso y delimitar<br />
claramente el asunto abor<strong>da</strong>do en el trabajo. Expresiones<br />
genéricas como “contribuciones al conocimiento...” o “notas<br />
sobre...” deben ser evita<strong>da</strong>s. Debe ser escrito el nombre y<br />
apellidos completos de ca<strong>da</strong> autor, acompañado de la dirección<br />
exacta para correspondencia, incluso correo electrónico, e<br />
indicar autor de comunicación cuando haya más que un autor.<br />
Resumen y Abstract deben informar el objetivo y los<br />
resultados del trabajo y no limitarse únicamente a presentar<br />
los aspectos discutidos. Estos deben ser colocado debajo del<br />
nombre del(os) autor(es), de la siguiente forma dependiendo<br />
de la idioma:<br />
• Portugués: abstract en inglés, con título y key-words;<br />
resumen en portugués, sin título y con palabras-claves;<br />
• Inglés: resumo en portugués, con título y palavras-chave;<br />
abstract en inglés, sin título y key-words;<br />
• Español: resumo en portugués, con título y palabras-clave;<br />
abstract en inglés, con títulos y key-words.<br />
En el caso de notas cortas, debe ser incluido solamente un<br />
abstract (trabajo en portugués) o un resumo (trabajo en inglés o<br />
español), acompañado de palabras-clave y key-words.<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008<br />
El texto debe tener una introducción breve, descripción<br />
de los método incluyendo la área del estudio, resultados y su<br />
discusión, agradecimientos e referencias. Conclusiones pueden<br />
ser parte <strong>da</strong> la discusión, o seguir, opcionalmente, la discusión<br />
como una parte separa<strong>da</strong>. Las partes del manuscrito deben estar<br />
organiza<strong>da</strong>s como sigue:<br />
• Título (del manuscrito, y los nombres y direcciones de los<br />
autores, y na<strong>da</strong> mas)<br />
• Resumo / Abstract / Palabras-claves<br />
• Introducción (que empieza en una nueva página)<br />
• Métodos (estas partes siguen sin quebrar las páginas)<br />
• Resultados (solamente los resultados mismos, en una<br />
forma sucinta)<br />
• Discusión (que, opcionalmente, puede ser seguido por<br />
Conclusiones, pero mejor incluir conclusiones en la<br />
discusión)<br />
• Agradecimientos<br />
• Referencias<br />
• Tablas<br />
• Leyen<strong>da</strong>s de las Figuras<br />
• Figuras<br />
Ca<strong>da</strong> Tabla debe venir en una única página, numera<strong>da</strong><br />
en dígitos arábicos y con su respectiva leyen<strong>da</strong>. La leyen<strong>da</strong> de<br />
la tabla debe ser parte de la tabla, ocupando la primera línea de<br />
la tabla con las células mezcla<strong>da</strong>s. Las Leyen<strong>da</strong>s de las figuras<br />
también deben venir numera<strong>da</strong>s y ca<strong>da</strong> Figura debe venir en<br />
una única página, también numera<strong>da</strong> en dígitos arábicos y de<br />
acuerdo con sus respectivas leyen<strong>da</strong>s. N.B.: To<strong>da</strong>s las leyen<strong>da</strong>s<br />
deben estar en dupla -la primera en la lengua del trabajo, y la<br />
segun<strong>da</strong> en inglés.<br />
Los diversos tópicos deben tener subtítulos apropiados<br />
cuando sea necesario. To<strong>da</strong>s las páginas deben estar numera<strong>da</strong>s<br />
en el rincón superior derecho.<br />
Se deben usar las siguientes abreviaciones: h (hora),<br />
min (minuto), s (segundo), km (kilómetro), m (metro), cm<br />
(centímetro), mm (milímetro), ha (hectárea), kg (kilogramo),<br />
g (gramo), mg (milígramo), to<strong>da</strong>s con letras minúsculas y<br />
sin punto. Use las siguientes notaciones estadísticas: P, n, t, r,<br />
F, G, U, x 2 , gl (grados de libertad), ns (no significativo), CV<br />
(coeficiente de variación), DE (desviación están<strong>da</strong>r), EE (error<br />
están<strong>da</strong>r). Con excepción de los símbolos de temperatura y<br />
porcentaje (e.g., 15°C, 45%), deje espacio entre el número y<br />
la uni<strong>da</strong>d o símbolo (e.g., n = 12, P < 0,05, 25 min). Escriba<br />
en itálica palabras y expresiones del latín (e.g., et al., in vitro,<br />
in vivo, sensu). Los números del uno al nueve deben ser escritos<br />
como texto, y del 10 en adelante en números arábicos.<br />
Cuando sean citados autores en el texto, debe seguirse el<br />
modelo siguiente: (Pinto 1964) o Pinto (1964); dos trabajos<br />
del mismo autor deben ser citados como (Sick 1985, 1993)<br />
o (Ribeiro 1920a, b); autores diversos deben ser relacionados<br />
en orden cronológico: (Pinto 1938, Aguirre 1976b); cuando<br />
la publicación cita<strong>da</strong> presenta dos autores, ambos deben ser<br />
indicados: (Ihering y Ihering 1907), pero cuando los autores<br />
son más de dos, solamente el primero se cita: (Schubart et al.<br />
III
IV<br />
1965); nombres de autores citados juntos deben ser unidos por<br />
“e”, “y”, o “and” (nunca “&”) de acuerdo con el idioma del<br />
texto. Informaciones inéditas de terceros deben ser reconoci<strong>da</strong>s.<br />
Para citar la fuente, deben colocarse las iniciales del nombre y el<br />
apellido del informante, seguidos por las abreviaturas adecua<strong>da</strong>s<br />
de la forma de comunicación, y finalmente el año: (H. Sick com.<br />
per., 1989) o V. Loskot (in litt. 1990); observaciones inéditas<br />
de los autores pueden ser indica<strong>da</strong>s por las abreviaturas: (obs.<br />
per.); cuando solamente uno de los autores, merece el crédito<br />
por la observación inédita o cualquier otro aspecto descrito en<br />
el texto, debe ser indicado por las iniciales de su nombre: “... en<br />
1989 A. S. regreso a la región...”. Manuscritos no publicados (por<br />
ej. relatorios técnicos, monografias de graduación) y resúmenes<br />
de congresos podrán ser citados sólo en casos excepcionales,<br />
cuando imprescindibles y no halla otra fuente de información.<br />
La lista de referencias al final del texto, deberá relacionar<br />
únicamente los trabajos citados, en orden alfabético de los<br />
apellidos de los autores. Las citaciones sucesivas deben ser<br />
substitui<strong>da</strong>s por un trazo horizontal segui<strong>da</strong>s por el año de<br />
publicación entre paréntesis, como en los ejemplos siguientes:<br />
Ihering, H. von e Ihering, R. von. (1907). As aves do Brazil.<br />
São Paulo: Museu Paulista (Catálogos <strong>da</strong> Fauna Brasileira<br />
v. 1). 74<br />
IUCN. (1987). A posição <strong>da</strong> IUCN sobre a migração de<br />
organismos vivos: introduções, reintroduções e reforços.<br />
http://iucn.org/themes/ssc/pubs/policy/index (acesso em<br />
25/08/2005).<br />
Novaes, F. C. (1970). Estudo ecológico <strong>da</strong>s aves em uma área de<br />
vegetação secundária no Baixo Amazonas, Estado do Pará.<br />
Tese de doutorado. Rio Claro: Facul<strong>da</strong>de de Filosofia,<br />
Ciências e Letras de Rio Claro.<br />
Remsen, J. V. e Robinson, S. K. (1990). A classification scheme<br />
for foraging behavior of birds in terrestrial habitats,<br />
p. 144-160. Em: M. L. Morrison, C. J. Ralph, J. Verner e<br />
J. R. Jehl Jr. (eds.). Avian foraging: theory, methodology,<br />
and applications. Lawrence: Cooper Ornithological<br />
Society (Studies in Avian Biology 13).<br />
Ribeiro, A. de M. (1920a). A fauna vertebra<strong>da</strong> <strong>da</strong> ilha <strong>da</strong><br />
Trin<strong>da</strong>de. Arq. Mus. Nac. 22:169-194.<br />
Ribeiro, A. de M. (1920b). Revisão dos psittacídeos brasileiros.<br />
Rev. Mus. Paul. 12 (parte 2):1-82.<br />
Sick, H. (1985). Ornitologia brasileira, uma introdução, v. 1.<br />
Brasília: Editora Universi<strong>da</strong>de de Brasília.<br />
Notas de pie de página no se aceptarán; notas adicionales<br />
cuando sean absolutamente relevantes podrán ser inclui<strong>da</strong>s<br />
después de las referencias, con numeración correspondiente a<br />
las respectivas llama<strong>da</strong>s en el texto, debajo del subtítulo notas.<br />
Ilustraciones y tablas. Las ilustraciones (fotografías,<br />
dibujos, gráficos y mapas) que serán llamados figuras, deberán<br />
ser numera<strong>da</strong>s con guarismos arábigos en el orden que son<br />
citados y serán introducidos en el texto.<br />
Las tablas y las figuras recibirán enumeración independiente<br />
y deben aparecer al final del texto, así como to<strong>da</strong>s las leyen<strong>da</strong>s a<br />
las figuras, que se deben presentar en hojas separa<strong>da</strong>s.<br />
Las llama<strong>da</strong>s en el texto para figuras y tablas deben seguir<br />
el modelo: “(Figura 2)” o “… en la figura 2”.<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008<br />
Las tablas deben ser encabeza<strong>da</strong>s por un título completo,<br />
ser autos explicativas y no necesitar consultar el texto.<br />
To<strong>da</strong>s las leyen<strong>da</strong>s de las figuras deben ser reuni<strong>da</strong>s en una<br />
hoja separa<strong>da</strong>.<br />
Para trabajos en español, los autores deberán proveer<br />
versiones en inglés de las leyen<strong>da</strong>s de las figuras y títulos de<br />
tablas.<br />
El texto dentro de las figuras debe ser legible cuando<br />
reducido por 60%.<br />
Las fotografías deben estar en blanco y negro y presentar<br />
la clari<strong>da</strong>d máxima.<br />
En caso de existir solamente las fotografias del color, éstos<br />
se pueden convertir a blanco y negro.<br />
To<strong>da</strong>s deben ser digitaliza<strong>da</strong>s en 300 dpi, con tamaño<br />
mínimo de 12 x 18 centímetros, en escala de cinza, de 8 bits y<br />
grava<strong>da</strong>s en tif o en jpeg.<br />
En los dibujos, los gráficos y los mapas, las escalas de<br />
tamaños o las distancias deben ser representa<strong>da</strong>s por barras, no<br />
por cocientes numéricos.<br />
Los dibujos y las letras deben tener dimensiones de<br />
modo que sigan siendo legibles cuando estén reducidos para<br />
la publicación.<br />
Los dibujos, los gráficos y los mapas deben ser enviar en<br />
los archivos originales, en el programa donde han sido creados,<br />
además de aquellos en el texto. En caso de enviar archive<br />
por correo electrónico con más de 2 MB, éstos deben ser<br />
condensados. Si el trabajo es enviado en CD, no es necesario<br />
comprimir el archivo.<br />
Todo el material debe ser enviar al re<strong>da</strong>ctor de la Revista<br />
Brasileira de Ornitologia:<br />
Prof. Dr. Luís Fábio Silveira<br />
Departamento de Zoologia, Universi<strong>da</strong>de de São Paulo<br />
Caixa Postal 11.461, CEP 05422-970<br />
São Paulo, SP, Brasil<br />
Tel./Fax: (# 11) 3091-7575<br />
E-mail: lfsilvei@usp.br<br />
La carta de presentación del artículo deberá mencionar<br />
el título del trabajo, nombre de los autores, dirección e email<br />
de aquel con el cual el editor mantendrá contacto para<br />
su colaboración. Un aviso de recibimiento de los originales<br />
será inmediatamente remitido al autor responsable por los<br />
contactos con la <strong>revista</strong>. Una vez que el trabajo esté aceptado,<br />
un archivo en <strong>PDF</strong> deberá ser enviado por el e-mail a este<br />
autor, para la revisión. La corrección de la versión final<br />
envia<strong>da</strong> para publicación es de entera responsabili<strong>da</strong>d de los<br />
autores. El primer autor de ca<strong>da</strong> trabajo recibirá, por correo<br />
electrónico y sin ningún costo, una copia <strong>PDF</strong> de su trabajo<br />
publicado. A correção <strong>da</strong> versão final envia<strong>da</strong> para publicação<br />
é de inteira responsabili<strong>da</strong>de dos autores. Los autores que<br />
disponen de correo electrónico receberán, sin onus y por correo<br />
electrónico, una copia en formato <strong>PDF</strong> del trabajo publicado.<br />
Separatas poderán ser adquiri<strong>da</strong>s por el(los) autor(es) mediante<br />
pagamiento. Con du<strong>da</strong>s sobre las reglas, entre en contacto con<br />
el editor antes de la sumisión.
The Revista Brasileira de Ornitologia will accept original<br />
contributions related to any aspect of the biology of birds, with<br />
emphasis on the documentation, analysis and interpretation of<br />
field and laboratory studies, presentation of new methodologies,<br />
theories or reviews of ideas or previously known information.<br />
The Revista Brasileira de Ornitologia is interested in publishing<br />
studies of reproductive biology, geographic distribution,<br />
ecology, ethology, evolution, migration and orientation,<br />
morphology, paleontology, taxonomy and nomenclature.<br />
Regional studies are also acceptable, but not mere lists of the<br />
avifauna of a specific locality. Monographs may be considered<br />
for publication.<br />
Manuscripts submitted to The Revista Brasileira de<br />
Ornitologia must not have been published previously or be<br />
under consideration for publication, in whole or in part, in<br />
another journal or book. Manuscripts may be written in<br />
Portuguese, Spanish or English and must be typed in Microsoft<br />
Word, using Times New Roman 12, double spaced and left<br />
justified. Scientific names must be shown in italic, and authors<br />
are encouraged to follow the systematic sequence of the<br />
Brazilian (http://www.cbro.org.br) or South American (http://<br />
www.museum.lsu.edu/~Remsen/SACCBaseline) bird lists,<br />
when pertinent.<br />
Submission:<br />
INSTRUCTIONS TO AUTHORS<br />
Originals must be submitted to the editor preferably<br />
by email, recorded in compact disc (CD, that will not be<br />
returned), or by printed copies (in this in case, three copies of<br />
the complete manuscript must be sent).<br />
The title (in the same language as the text) must be<br />
concise and clearly define the topic of the manuscript. Generic<br />
expressions such as “contribution to the knowledge...” or<br />
“notes about...” must be avoided. The name of each author<br />
must be written fully, followed by the full mailing address,<br />
and author for communication in the case of multiple<br />
authors.<br />
Abstract and Resumo (= Portuguese abstract) must state<br />
the objective and the results of the study, and not only mention<br />
the topics discussed. They must be placed below the author(s)<br />
name(s), as follows:<br />
• Portuguese: abstract in English with title and with keywords;<br />
resumo in Portuguese without title and with<br />
palavras-chave (= key-words in Portuguese);<br />
• English: resumo in Portuguese with title and palavras-chave;<br />
abstract in English without title and with key-words;<br />
• Spanish: resumo in Portuguese with title and palavraschave;<br />
abstract in English with title and key-words.<br />
For short notes, only an abstract must be included (for a<br />
Portuguese manuscript) or a resumo (manuscripts in English or<br />
Spanish), followed by palavras-chave and key-words.<br />
The text must provide a brief introduction, description of<br />
methods and of the study area, presentation and discussion of<br />
the results, acknowledgments and references. Conclusions may<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008<br />
be provided after the discussion or within it. The parts of the<br />
manuscript must be organized as follows:<br />
• Title (of the manuscript, with names and addresses of all<br />
the authors)<br />
• Resumo / Abstract / Key-words<br />
• Introduction (starting on a new page)<br />
• Methods (this and subsequent parts continue without<br />
page breaks)<br />
• Results (only the results, succinctly)<br />
• Discussion<br />
• Acknowledgments<br />
• References<br />
• Tables<br />
• Figure Legends<br />
• Figures<br />
Each Table should be on a separate page, numbered in<br />
Arabic numerals, with its own legend. The legend should be<br />
part of the table, and occupy the space made by inserting an<br />
extra line at the beginning of the table, in which the cells are<br />
merged. Figure legends occupying one or more pages following<br />
the tables, should be numbered successively, also in Arabic<br />
numerals. Figures will follow, one to each page, and clearly<br />
numbered in agreement with the legends.<br />
As necessary, subsections may be identified and labeled as<br />
such. All pages should be numbered in the upper, right hand<br />
comer.<br />
The following abbreviations should be used: h (hour),<br />
min (minute), s (second), km (kilometer), m (meter), cm<br />
(centimeter), mm (millimeter), ha (hectare), kg (kilogram), g<br />
(gram), mg (miligram), all of them in non capitals and with no<br />
“periods” (“.”). Use the following statistical notations: P, n, t, r,<br />
F, G, U, x 2 , df (degrees of freedom), ns (non significant), CV<br />
(coefficient of variation), SD (stan<strong>da</strong>rd deviation), SE (stan<strong>da</strong>rd<br />
error). With the exception of temperature and percentage<br />
symbols (e.g., 15°C, 45%), leave a space between the number<br />
and the unit or symbol (e.g., n = 12, P < 0,05, 25 min). Latin<br />
words or expressions should be written in italics (e.g., et al., in<br />
vitro, in vivo, sensu). Numbers one to nine should be written<br />
out unless a measurement (e.g., four birds, 6 mm, 2 min); from<br />
10 onwards use numbers.<br />
Author citations in the text must follow the pattern:<br />
(Pinto 1964) or Pinto (1964); two publications of the same<br />
author must be cited as (Sick 1985, 1993) or (Ribeiro 1920a,<br />
b); several authors must be presented in chronological order:<br />
(Pinto 1938, Aguirre 1976b); for two-author publications both<br />
authors must be cited: (Ihering and Ihering 1907), but for more<br />
than two authors, only the first one should be cited: (Schubart<br />
et al. 1965); authors’ names cited together are linked by “e”,<br />
“y” or “and” (never “&”), in accor<strong>da</strong>nce with the text language.<br />
Unpublished information by third parties must be credited<br />
to the source by citing the initials and the last name of the<br />
informer followed by the appropriate abbreviation of the form<br />
of communication, followed by the <strong>da</strong>te: (H. Sick pers. comm.,<br />
1989) or V. Loskot (in litt. 1990); unpublished observations by<br />
V
VI<br />
the authors can be indicated by the abbreviation: (pers. obs.);<br />
when only one of the authors deserves credit for the unpublished<br />
observation or another aspect cited or pointed out in the text,<br />
this must be indicated by the name initials: “... in 1989 A. S.<br />
returned to the area...”. Unpublished manuscripts (e.g., technical<br />
reports, undergraduate monographs) and meeting abstracts<br />
should be cited only exceptionally in cases they are absolutely<br />
essential and no alternative sources exist.<br />
The reference list must include all and only the cited<br />
publications, in alphabetical order by the authors’ last name,<br />
which must be replaced by a horizontal bar in subsequent<br />
citations, and followed by the year of publication in parenthesis,<br />
as below:<br />
Ihering, H. von e Ihering, R. von. (1907). As aves do Brazil.<br />
São Paulo: Museu Paulista (Catálogos <strong>da</strong> Fauna Brasileira<br />
v. 1). 74<br />
IUCN. (1987). A posição <strong>da</strong> IUCN sobre a migração de<br />
organismos vivos: introduções, reintroduções e reforços.<br />
http://iucn.org/themes/ssc/pubs/policy/index (acesso em<br />
25/08/2005).<br />
Novaes, F. C. (1970). Estudo ecológico <strong>da</strong>s aves em uma área de<br />
vegetação secundária no Baixo Amazonas, Estado do Pará.<br />
Tese de doutorado. Rio Claro: Facul<strong>da</strong>de de Filosofia,<br />
Ciências e Letras de Rio Claro.<br />
Remsen, J. V. e Robinson, S. K. (1990). A classification scheme<br />
for foraging behavior of birds in terrestrial habitats,<br />
p. 144-160. Em: M. L. Morrison, C. J. Ralph, J. Verner e<br />
J. R. Jehl Jr. (eds.). Avian foraging: theory, methodology,<br />
and applications. Lawrence: Cooper Ornithological<br />
Society (Studies in Avian Biology 13).<br />
Ribeiro, A. de M. (1920a). A fauna vertebra<strong>da</strong> <strong>da</strong> ilha <strong>da</strong><br />
Trin<strong>da</strong>de. Arq. Mus. Nac. 22:169-194.<br />
Ribeiro, A. de M. (1920b). Revisão dos psittacídeos brasileiros.<br />
Rev. Mus. Paul. 12 (parte 2):1-82.<br />
Sick, H. (1985). Ornitologia brasileira, uma introdução, v. 1.<br />
Brasília: Editora Universi<strong>da</strong>de de Brasília.<br />
Footnotes will not be accepted; additional notes, when<br />
absolutely essential, may be included after the references, with<br />
the corresponding number in the text, below the subtitle notes.<br />
Illustrations and tables. The illustrations (photographs,<br />
drawings, graphics and maps), which will be called figures,<br />
must be numbered with Arabic numerals in the order in which<br />
they are cited and will be inserted into the text.<br />
Tables and figures will receive independent numbering<br />
and must appear at the end of the text, as well as all legends to<br />
the figures that must be presented on separate sheets.<br />
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008<br />
In the text, mentioning figures and tables must follow the<br />
pattern: “(Figure 2)” or “... in figure 2.”.<br />
Table headings must provide a complete title, and be selfexplanatory,<br />
without needing to refer to the text.<br />
All figure legends must be grouped in numerical order on<br />
a separate sheet from the figures.<br />
Photographs must be in black-and-white and present the<br />
maximum clearness.<br />
In case of existing only color photographs, these could be<br />
converted to black-and-white.<br />
All of them must be scanned with 300 dpi, with minimum<br />
size of 12 x 18 cm, in grayscale, 8 bits and saved on tif or jpeg.<br />
In the drawings, graphs and maps, scales of sizes or<br />
distances must be represented by bars, not by numerical ratios.<br />
Drawings and text in figures must be large enough in<br />
the originals so that they remain legible when reduced for<br />
publication.<br />
Drawings, graphs and maps must be sent in the original<br />
files, in the program where they had been created, besides those<br />
attached to the text. In case of sending files by email with more<br />
than 2 MB, these must be compacted. If the manuscript is sent<br />
on compact disc, file compression is unnecessary.<br />
All material must be sent to the editor of the Revista<br />
Brasileira de Ornitologia:<br />
Prof. Dr. Luís Fábio Silveira<br />
Departamento de Zoologia, Universi<strong>da</strong>de de São Paulo<br />
Caixa Postal 11.461, CEP 05422-970<br />
São Paulo, SP, Brasil<br />
Tel./Fax: (# 11) 3091-7575<br />
E-mail: lfsilvei@usp.br<br />
A letter of submission must accompany the manuscript<br />
and mention the manuscript title, authors’ names, address and<br />
e-mail address of the author with whom the editor will maintain<br />
contact concerning the manuscript. Notification of receipt of<br />
the originals will be sent to the corresponding author. Once<br />
the manuscript is accepted, a <strong>PDF</strong> file will be sent by email to<br />
this author for revision. The correction of the final version sent<br />
for publication is entirely the authors’ responsibility. The first<br />
author of each published paper will receive via e-mail, free of<br />
charge, a <strong>PDF</strong> file of the published paper. Hard copy reprints<br />
may be obtained by the authors at a nominal fee. In the case of<br />
doubts as to the rules of format, please contact the editor prior<br />
to submission.
Continuação do Sumário...<br />
Ocorrência e sazonali<strong>da</strong>de do guarapirá Fregata magnificens (Fregati<strong>da</strong>e) no litoral de Pernambuco, Brasil<br />
Occurrence and seasonality of Magnificent Frigatebird (Fregati<strong>da</strong>e) along the coast of Pernambuco, Brazil<br />
Glauco Alves Pereira, Galileu Coelho, Manoel Toscano de Brito, Gustavo Luíz Pacheco, Gilmar Beserra de Farias, Sidnei de Melo<br />
Dantas, Elisângela Guimarães, Maurício Cabral Periquito e Narciso de Melo Lins Filho ........................................................................ 54<br />
Novos registros de aves raras e/ou ameaça<strong>da</strong>s de extinção na Campanha do sudoeste do Rio Grande do Sul, Brasil<br />
New records of rare and/or threatened birds of Campanha of southwestern Rio Grande do Sul, Brazil<br />
Márcio Repenning e Carla Suertegaray Fontana ................................................................................................................................... 58<br />
Primeiro registro de Puffinus tenuirostris (Temminck, 1835) para o Oceano Atlântico<br />
First record of the Pacific short-tailed Shearwater Puffinus tenuirostris (Temminck, 1835) for the Atlantic Ocean<br />
Luciano R. Alardo Souto, Rodrigo Maia-Nogueira, Daniel C. Bressan ................................................................................................... 64<br />
Registros recentes de Platyrinchus leucoryphus (Wied, 1831) no Estado de Santa Catarina, Sul do Brasil<br />
Recent records of Platyrinchus leucoryphus (Wied, 1831) in Santa Catarina State, southern Brazil<br />
Cláudia Sabrine Brandt, Cristiane Crieck, Adrian Eisen Rupp, Daniela Fink, Gregory Thom e Silva e Carlos Eduardo Zimmermann ..... 67<br />
Ataques de Passeriformes a humanos na Ilha <strong>da</strong> Marambaia, RJ, Brasil: um registro de ‘mobbing’<br />
Passerine birds attacking humans at the Marambaia Island, Rio de Janeiro State, Brazil: a record of ‘mobbing’<br />
Carlos Eduardo <strong>da</strong> Silva Garske e Ildemar Ferreira .............................................................................................................................. 70<br />
Record of a leucistic Rufous-bellied Thrush Turdus rufiventris (Passeriformes, Turdi<strong>da</strong>e) in São Paulo city, Southeastern Brazil<br />
Registro de sabiá-laranjeira Turdus rufiventris leucístico (Passeriformes, Turdi<strong>da</strong>e) na ci<strong>da</strong>de de São Paulo, Sudeste do Brasil<br />
Carlos Campos Gonçalves Junior, Edson Aparecido <strong>da</strong> Silva, André Cordeiro De Luca, Tatiana Pongiluppi and Flavio de Barros Molina .. 72<br />
Cavity roosting in the Slaty Bristlefront Merulaxis ater (Rhinocrypti<strong>da</strong>e)<br />
O Entufado Merulaxis ater (Rhinocrypti<strong>da</strong>e) abrigando-se em cavi<strong>da</strong>de<br />
Fábio Olmos and Robson Silva e Silva ................................................................................................................................................. 76<br />
COMENTÁRIOS<br />
The Brazilian species complex Scytalopus speluncae: how many times can a holotype be overlooked?<br />
Marcos A. Raposo and Guy M. Kirwan ............................................................................................................................................... 78<br />
Bibliografia ornitológica do Brasil – dissertações e teses no período de 1970 à 2005<br />
Sérgio Henrique Borges ....................................................................................................................................................................... 82<br />
SEçãO CBRO<br />
A critical look at the alleged Brazilian records of the Indian Yellow-nosed Albatross Thalassarche carteri, with comments on mollymawk<br />
identification in Brazil (Procellariiformes: Diomedei<strong>da</strong>e)<br />
Caio J. Carlos .................................................................................................................................................................................... 99<br />
Instruções aos Autores<br />
Instrucciones a los Autores<br />
Instructions to Authors
ARTIGOS<br />
Comportamento reprodutivo de Aratinga aurea (Psittaci<strong>da</strong>e) no sudoeste de Minas Gerais, Brasil<br />
Breeding behavior of Aratinga aurea (Psittaci<strong>da</strong>e) in southwestern Minas Gerais, Brazil<br />
Sandra Jammal Paranhos, Carlos Barros de Araújo e Luiz Octavio Marcondes Machado ........................................................................ 1<br />
Molecular sexing: an efficient method to identify individual sex and its implication to differentiate Semipalmated Sandpiper Calidris<br />
pusilla populations<br />
Sexagem molecular: Um eficiente método para identificar o sexo de indivíduos e suas implicações para diferenciar populações do<br />
maçariquinho Calidris pusilla<br />
Antonio Augusto Ferreira Rodrigues, Evonnildo C. Gonçalves, Artur Silva, Ana Tereza Lyra Lopes, Stephen Francis Ferrari and Maria<br />
Paula Cruz Schneider ......................................................................................................................................................................... 8<br />
Migración del Zorzal común Turdus amaurochalinus (Turdi<strong>da</strong>e) en Argentina<br />
Migratory patterns of the Creamy-bellied Thrush Turdus amaurochalinus in Argentina<br />
Patricia Capllonch, Diego Ortiz y Karina Soria ................................................................................................................................... 12<br />
Periquitos (Aratinga aurea e Brotogeris chiriri, Psittaci<strong>da</strong>e) como potenciais polinizadores de Mabea fistulifera Mart. (Euphorbiaceae)<br />
Parakeets (Aratinga aurea and Brotogeris chiriri, Psittaci<strong>da</strong>e) as potentials pollinators of Mabea fistulifera Mart. (Euphorbiaceae)<br />
Paulo Antonio <strong>da</strong> Silva ....................................................................................................................................................................... 23<br />
Influence of temperature on Greater Rhea Rhea americana activity in restinga habitat, southern Brazil<br />
Influência <strong>da</strong> temperatura sobre a ativi<strong>da</strong>de de emas Rhea americana numa restinga do sul do Brasil<br />
Luiz Gustavo Rodrigues Oliveira-Santos and Fernando Augusto Tambelini Tizianel............................................................................... 29<br />
Columba livia e Pitangus sulphuratus como indicadoras de quali<strong>da</strong>de ambiental em área urbana<br />
Columba livia and Pitangus sulphuratus as environmental indicators in urban areas<br />
Suélen Amâncio, Valéria Barbosa de Souza e Celine Melo ..................................................................................................................... 32<br />
NOTAS<br />
Revista Brasileira de Ornitologia<br />
Volume 16 – Número 1 – Março 2008<br />
SUMÁRIO<br />
Primeira descrição do ninho do mineirinho (Charitospiza eucosma) no cerrado do Brasil Central<br />
First description of the nest of the Coal-crested Finch (Charitospiza eucosma) in the Central Brazilian Cerrado<br />
Fábio Júlio Alves Borges e Miguel Ângelo Marini ................................................................................................................................. 38<br />
Novas ocorrências e registros relevantes de aves no Distrito Federal, Brasil, com comentários sobre distribuição local<br />
New occurrences and relevant bird records in the Distrito Federal, Brazil, with comments on local distribution<br />
Iubatã Paula de Faria ........................................................................................................................................................................ 40<br />
Primeiros registros de Xiphorhynchus chunchotambo (Tschudi, 1844) (Dendrocolapti<strong>da</strong>e) no Brasil<br />
On the first records of Xiphorhynchus chunchotambo (Tschudi, 1844) (Dendrocolapti<strong>da</strong>e) for Brazil<br />
Edson Guilherme e Alexandre Aleixo ................................................................................................................................................... 44<br />
Novos registros de aves para Pernambuco, Brasil, com notas sobre algumas espécies pouco conheci<strong>da</strong>s no Estado<br />
Noteworthy records of birds from Pernambuco, northeast Brazil, including first state records<br />
Glauco Alves Pereira; Andrew Whittaker; Bret M. Whitney; Kevin J. Zimmer; Sidnei de Melo Dantas; Sônia Aline Ro<strong>da</strong>; Louis R.<br />
Bevier; Galileu Coelho; Richard C. Hoyer e Ciro Albano ...................................................................................................................... 47<br />
ISSN 0103-5657 9 7 7 0 1 0 3 5 6 5 0 0 3<br />
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