12.01.2013 Views

Departamento de Ciências Prenda ou Arte? - Repositório Aberto da ...

Departamento de Ciências Prenda ou Arte? - Repositório Aberto da ...

Departamento de Ciências Prenda ou Arte? - Repositório Aberto da ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Sobre as suas quali<strong>da</strong><strong>de</strong>s, que a colocam entre as primeiras miniaturistas, são<br />

salienta<strong>da</strong>s “ (…) seu elevado estylo, mas porque comprehen<strong>de</strong> e profun<strong>da</strong> intimamente<br />

a sciencia e segredo do colorido, especialmente nas carnes, mo<strong>de</strong>lando-as<br />

suavissimamente com to<strong>da</strong>s as regras e preceitos do claro-escuro, sem faltar à<br />

harmonia, tão difficil sobre o marfim!” 530 .<br />

Para a Pintura <strong>de</strong> Miniatura se orientaram quase todos os bons <strong>de</strong>senhadores,<br />

complementando a activi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> retratista. Enquanto em França a Miniatura era<br />

consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> uma arte do século XVIII, a aceitação que este género teve em Portugal na<br />

primeira meta<strong>de</strong> do século XIX perdur<strong>ou</strong> por longo tempo, D. Francisca, por exemplo,<br />

lev<strong>ou</strong>-a até ao último quartel do século, “Era <strong>de</strong> bom tom possuir o retrato em<br />

miniatura e <strong>de</strong> esmera<strong>da</strong> educação também a saber executar” 531 .<br />

Fica patente nas categorias presentes nas Exposições Trienais que a Miniatura<br />

não ocup<strong>ou</strong> as aventuras artísticas <strong>da</strong>s senhoras, <strong>ou</strong> não teve nelas uma projecção<br />

pública, aqui o Desenho surge como o meio escolhido para a aplicação <strong>da</strong> verve<br />

artística. Além <strong>de</strong> que apenas a excelência na prática do Desenho garantiria a quali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>da</strong> pintura em Miniatura.<br />

Por <strong>ou</strong>tro lado, os avanços técnicos e a difusão <strong>da</strong> prática <strong>da</strong> fotografia, com a<br />

facul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> reproduzir o real, ultrapassando as capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s miméticas do <strong>de</strong>senho <strong>ou</strong><br />

<strong>da</strong> pintura, tiveram como consequência o <strong>de</strong>clínio <strong>da</strong> Miniatura. Simultaneamente, a<br />

melhoria técnica e física dos pigmentos e seu acondicionamento, permitiram uma<br />

a<strong>de</strong>são à prática <strong>da</strong> Aguarela que contribuiu para a sua visibili<strong>da</strong><strong>de</strong> e crescente<br />

digni<strong>da</strong><strong>de</strong> enquanto género autónomo.<br />

De igual modo, não pu<strong>de</strong>mos ignorar as alterações sociais que permitiram uma<br />

abertura e aceitação <strong>da</strong>s activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s profissionais dos artistas liberais e dos mecanismos<br />

<strong>de</strong> mercado <strong>da</strong> <strong>Arte</strong>. O mercado do Retrato, com correspondência nos mecanismos <strong>de</strong><br />

representação <strong>de</strong> classe, vai, progressivamente, <strong>da</strong>ndo lugar a aquisições no domínio <strong>da</strong><br />

pintura original em paisagem, género, etc., numa perspectiva <strong>de</strong> coleccionismo <strong>ou</strong> tão só<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>coração.<br />

530 VITORINO, Pedro – Museus, galerias e colecções. VIII, ob. cit., p. 132.<br />

531 VITORINO, Pedro – Museus, galerias e colecções. VIII., ob. cit., p. 129.<br />

86

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!