12.01.2013 Views

Departamento de Ciências Prenda ou Arte? - Repositório Aberto da ...

Departamento de Ciências Prenda ou Arte? - Repositório Aberto da ...

Departamento de Ciências Prenda ou Arte? - Repositório Aberto da ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

objecto flores” 272 . Este legitimista 273 emigrado em Paris <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1834, consegue atrair a<br />

atenção <strong>da</strong> imprensa nas digressões que efectua vinte anos <strong>de</strong>pois a Lisboa 274 e a<br />

Coimbra 275 e serve ain<strong>da</strong> <strong>de</strong> bitola para os seus seguidores.<br />

Nas exposições <strong>de</strong> 1851 e 1854, Jerónimo Simões participa com flores <strong>de</strong> cera<br />

mas <strong>de</strong>le se dizia: “Se este nosso hábil florista tivesse os mesmos recursos e acessórios<br />

que <strong>de</strong> que po<strong>de</strong> dispor Constantino <strong>de</strong> certo que as sua flores lhe seriam muito<br />

superiores” 276 , <strong>ou</strong> ain<strong>da</strong> “O escrivão Simões era um homem <strong>de</strong> gosto. Fazia flores <strong>de</strong><br />

cera, não com o primor inexcedível <strong>de</strong> Constantino” 277 . Também entre as pren<strong>da</strong>s<br />

ofereci<strong>da</strong>s para um leilão havia “uma que ha<strong>de</strong> chamar forçosamente a atenção dos<br />

concorrentes. É um formoso ramo <strong>de</strong> flores <strong>de</strong> cera, feito pelo snr. J. F. Simoens” 278 .<br />

Na ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, as esculturas em tamanho natural constituíam um motivo <strong>de</strong> atracção:<br />

“Há bem p<strong>ou</strong>cos annos se fez nesta caza [na Trin<strong>da</strong><strong>de</strong>] a exposição <strong>da</strong>s figuras <strong>de</strong> cera,<br />

obras dignas <strong>de</strong> se verem, e nas quaes em proporções naturaes estavão representados<br />

Luiz Philippe e seus Filhos, a Rainha <strong>de</strong> Hespanha Isabel 2ª, o Duque <strong>de</strong> (espaço<br />

branco), o Papa Pio 9º, Catão, e <strong>ou</strong>tros muitos personagens dos tempos mo<strong>de</strong>rnos, com<br />

tal perfeição que parecião os próprios animados” 279 .<br />

A ausência <strong>de</strong> estudos sistemáticos, que permitiriam relativizar estas<br />

apreciações, colocam-nos perante um gosto partilhado pela socie<strong>da</strong><strong>de</strong> portuense dos<br />

meados do século, que se satisfaz no pitoresco e na réplica do real, e, sobre o qual,<br />

po<strong>de</strong>mos apenas reportar sem criar juízo. No âmbito <strong>da</strong>s Exposições Trienais a<br />

participação feminina com obras em cera ocorre apenas em 1851 e 1854, e a cargo <strong>de</strong> D.<br />

Maria <strong>da</strong> Glória <strong>da</strong> Fonseca Vasconcelos, filha do professor <strong>de</strong> escultura Manuel <strong>da</strong><br />

Fonseca Pinto, com obras que seguem os tradicionais quadro <strong>de</strong> Flores e uma efígie<br />

régia. (ver 3.4.2.).<br />

272<br />

Natural <strong>de</strong> Moncorvo. Voluntário do Batalhão Realista, <strong>de</strong> Vila Flor. Cf. – Almanak Curioso para o<br />

anno <strong>de</strong> 1854 publicado por Jacintho A. P. <strong>da</strong> Silva. Porto: Na Typographia <strong>de</strong> Sebastião José Pereira,<br />

1853, p. 51.<br />

273<br />

João Anastácio Rosa (1812 – 1884), actor, litógrafo, caricaturista, escultor, realiz<strong>ou</strong> o seu retrato: Insc.<br />

Constantino, Rei dos Floristas. Subs. – Lith. <strong>de</strong> Lopes & Bastos, R. N. dos M. es N.º 14 Lxª 1854 – Roza.<br />

Dim. 0,165x0,205. Col. - B.N.L. Sentado, busto, três quartos à esquer<strong>da</strong>, olhando para a frente. – cf.<br />

LIMA, Henrique <strong>de</strong> Campos Ferreira – Dois actores portugueses que foram litógrafos. Museu. Porto:<br />

Círculo Dr. José <strong>de</strong> Figueiredo. Vol. I – N.º 2 (Setembro <strong>de</strong> 1942), pp. 118-121.<br />

274<br />

O Periódico dos Pobres. Porto. III Série. 21.º Ano, n.º 214 (Sábado, 9 <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong> 1854), p. 937.<br />

275<br />

O Nacional. Porto, n.º 259 (Segun<strong>da</strong>-feira, 13 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 1854), p. 2.<br />

276<br />

ASCÂNIO – Folhetim <strong>da</strong>s Bellas <strong>Arte</strong>s (5.º). O Nacional. Porto. Ano V, n.º 235 (Terça-feira, 21 <strong>de</strong><br />

Outubro <strong>de</strong> 1851), pp. 1-3.<br />

277<br />

PIMENTEL, Alberto – O Porto há 30 anos, ob. cit., p. 140.<br />

278<br />

O Nacional. Porto, n.º 287 (Sábado, 16 <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 1854), p. 3.<br />

279<br />

B.P.M.P. – Reservados. Manuscrito 1273. SOUSA REIS, Henrique Duarte e – Apontamentos para a<br />

ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira história antiga e mo<strong>de</strong>rna <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>de</strong> do Porto, fls. 120-120v.<br />

48

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!