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Departamento de Ciências Prenda ou Arte? - Repositório Aberto da ...

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Cera<br />

A ceroplástica <strong>de</strong>signa “a arte <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lar em cera <strong>de</strong> cores retratos, e <strong>ou</strong>tros<br />

objectos naturaes, exercício que fora conhecido dos antigos, e <strong>de</strong> novo foi e é cultivado<br />

na Itália e na França” 265 . Volume III (Fig.138 a 140).<br />

Sobre a sua aplicação na escultura consta o mo<strong>de</strong>lo que Machado <strong>de</strong> Castro<br />

efectua para o concurso para a estátua equestre <strong>de</strong> D. José, no Terreiro do Paço, em<br />

1770 266 . A cera servia ain<strong>da</strong> como material para estudos <strong>de</strong> composições <strong>de</strong> grupos<br />

escultóricos antes <strong>da</strong> sua concretização, <strong>ou</strong>, na constituição <strong>de</strong> presépios. Mas, <strong>de</strong> um<br />

modo geral, os exemplos que permaneceram relatam a sua aplicação em motivos sacros<br />

mas sobretudo flores.<br />

Joaquim Rafael (1783 – 1857?), pintor e escultor 267 , apresenta nas exposições <strong>da</strong><br />

Aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> Belas <strong>Arte</strong>s <strong>de</strong> Lisboa e <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> Promotora, <strong>de</strong> 1843 a 1852, baixos-<br />

relevos a partir <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhos <strong>de</strong> Sequeira, uma “Santa Virgem” e o “retrato <strong>de</strong> Sua<br />

Majesta<strong>de</strong> a rainha” 268 . De sua filha, D. Balbina Rafael, são referidos quadros <strong>de</strong> flores<br />

<strong>de</strong> cera, figuras, e o “Retrato <strong>da</strong> Rainha guarnecido <strong>de</strong> flores várias” 269 .<br />

Se a escultura em cera não <strong>de</strong>smerece escultores cre<strong>de</strong>nciados, verificámos que<br />

os trabalhos <strong>de</strong> D. Luís e <strong>de</strong> D. Carlos <strong>de</strong> Bragança apresentados na Exposição <strong>de</strong> <strong>Arte</strong><br />

Retrospectiva <strong>de</strong> 1892 270 testemunham essa prática também nas salas do Paço.<br />

No Porto, distinguem-se D. Maria Josefa Malta e sua irmã D. Thomazia Luísa<br />

Ang.ª. Malta, na Escultura em cera e Florista, e D. Maria Margari<strong>da</strong> Ferreira Borges (m.<br />

1844) na Escultura em cera e barro 271 . O valor e o interesse que esses objectos<br />

<strong>de</strong>spertavam na socie<strong>da</strong><strong>de</strong> portuense po<strong>de</strong> ser avaliado pelo <strong>de</strong>staque <strong>da</strong>do na imprensa<br />

a Constantino, dito o Rei dos Floristas pela “mestria com que sabe imitar a natureza no<br />

265<br />

RODRIGUES, Francisco <strong>de</strong> Assis – Diccionario Technico e Histórico <strong>de</strong> pintura, esculptura,<br />

architectura e gravura. Lisboa: Imprensa Nacional, 1876, p. 105.<br />

266<br />

ROSA, João – <strong>Arte</strong>s perdi<strong>da</strong>s (Subsídios para a sua história). Pátria. Revista portuguesa <strong>de</strong> Cultura.<br />

Gaia: Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> Editorial Pátria, Volume I (1931) n.º 1-2, [pp. 84-91], p. 89.<br />

267<br />

Joaquim Rafael Rodrigues (Porto, 1783 – Lisboa, 1864). Inici<strong>ou</strong> a sua formação na oficina <strong>de</strong><br />

Domingos Vieira, à Porta do Olival, e, em simultâneo, a partir <strong>de</strong> 1802, a Aula <strong>de</strong> Desenho <strong>da</strong> Companhia<br />

<strong>da</strong>s Vinhas, regi<strong>da</strong> por Domingos Vieira. Casa com uma sobrinha do mestre e toma conta <strong>da</strong> oficina após<br />

a morte <strong>de</strong>ste. Foi para Lisboa em 1824, e em 1836 foi nomeado professor <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho <strong>da</strong> Aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong><br />

Belas <strong>Arte</strong>s <strong>de</strong> Lisboa. – cf. V., P. – Pintores Portuenses. O Tripeiro. Porto. 4.ª Série, n.º 5 (175) (Março<br />

<strong>de</strong> 1931), p. 73.<br />

268<br />

ROSA, ob. cit., p. 89.<br />

269<br />

ROSA, ob. cit., p. 89.<br />

270<br />

D. Luís – Bustos <strong>de</strong> D. João VI e <strong>de</strong> D. Maria I. D. Carlos – Cabeça <strong>de</strong> Cristo, referido como estando<br />

publicado no Comércio do Porto. – cf. ROSA, ob. cit., pp. 89-90.<br />

271<br />

B.P.M.P. – Reservados. Manuscrito 1226. SOUSA REIS, Henrique Duarte e – O Heroísmo e a<br />

Gratidão <strong>ou</strong> Portugal Restaurado pelo incomparável Príncipe do século XIX o senhor D. Pedro IV, […].<br />

Ano <strong>de</strong> 1844, fl. 206<br />

47

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