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Departamento de Ciências Prenda ou Arte? - Repositório Aberto da ...

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Se na distância do tempo esses costumes per<strong>de</strong>ram a coerência que fizeram <strong>de</strong>les<br />

o cume <strong>de</strong> uma educação feminina bem sucedi<strong>da</strong>, a sua presença nas Trienais representa<br />

o momento em que os trabalhos <strong>da</strong> agulha romperam a tradicional esfera masculina <strong>da</strong><br />

Aca<strong>de</strong>mia. Volume II [Tabela 3] [Tabela 6] [Gráfico 2]<br />

A partir <strong>da</strong> análise efectua<strong>da</strong> pu<strong>de</strong>mos salientar que a categoria <strong>de</strong> Bor<strong>da</strong>dos<br />

correspon<strong>de</strong> a cerca <strong>de</strong> 54% <strong>da</strong>s participações <strong>de</strong> senhoras na 4.ª Exposição, <strong>de</strong> 1851 251 ,<br />

cresce para 78% em 1854 252 , e apresenta um valor residual na 6.ª Exposição, em<br />

1857 253 . Como mero apontamento referimos que, na 14.ª Exposição Trienal, <strong>de</strong> 1884, é,<br />

ain<strong>da</strong>, a teia (escumilha) 254 o suporte <strong>de</strong> um trabalho <strong>de</strong> Desenho.<br />

As participantes nesta categoria estão associa<strong>da</strong>s aos estratos médio e alto <strong>da</strong><br />

burguesia (Negociantes, Advogados, Médicos, Ourives), com i<strong>da</strong><strong>de</strong>s entre os 14 e os 43<br />

anos, predominando a segun<strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>, algumas casa<strong>da</strong>s. Os trabalhos versam as<br />

técnicas correntes <strong>de</strong> ponto <strong>de</strong> cruz, matiz, mas distinguem-se pela admiração e elogio<br />

os que se produzem a <strong>ou</strong>ro e, sobretudo, a cabelo.<br />

A apresentação do trabalho <strong>de</strong> D. Anna Ermelin<strong>da</strong> <strong>de</strong> Oliveira Cazaes (m. 1850)<br />

já <strong>de</strong>pois do seu falecimento, ilustra o interesse que este género <strong>de</strong>sperta e que po<strong>de</strong>mos<br />

apreciar no Retrato <strong>de</strong> D. Pedro V, recebido em Lyon, em 1855. (Fig.13). A<br />

comercialização no Porto, nestes anos 50, <strong>de</strong> objectos em cabelo sob a forma <strong>de</strong><br />

“pulseiras, brincos, correntes para relógio, trancelins para luneta, contas para colares,<br />

corações”” 255 , <strong>ou</strong> ain<strong>da</strong> em “Paisagens, Ramos, Firmas, Broches, Retratos, &c, &c. em<br />

cabelo” 256 , <strong>de</strong>monstra a existência <strong>de</strong> um mercado regulado por um gosto e pelos<br />

afectos. (Fig.14) (Fig.15).<br />

Os títulos <strong>da</strong>s obras sugerem o tema <strong>de</strong> Flores mas alguns trabalhos assumem<br />

uma narrativi<strong>da</strong><strong>de</strong> seguindo mo<strong>de</strong>los. (Fig.20) (Fig.21). A mimesis, quali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

valoriza<strong>da</strong> no retrato, parece ser o elemento que faz apreciar o Bor<strong>da</strong>do, sobretudo<br />

quando existe um referencial visual. A correspondência entre a gravura <strong>de</strong> Giovanni<br />

Vendramini (1769 – 1839) e o Bor<strong>da</strong>do <strong>de</strong> D. Maria Isabel Ferraz <strong>de</strong> Oliveira e S<strong>ou</strong>sa<br />

251<br />

Das 13 participantes, 6 apresentam 12 obras várias e 7 apresentam 11 trabalhos em Bor<strong>da</strong>dos.<br />

252<br />

Das 9 participantes, 3 apresentam 10 obras várias e 7 apresentam 16 trabalhos em Bor<strong>da</strong>dos.<br />

253<br />

Das 7 participantes, 6 apresentam 25 obras e 1 apresenta 1 trabalho em Bor<strong>da</strong>do.<br />

254<br />

Escumilha – s.f. (<strong>de</strong> escuma). Tecido transparente <strong>de</strong> lã <strong>ou</strong> se<strong>da</strong> muito fino. – cf. MORAIS SILVA,<br />

1952, Volume IV, p. 684.<br />

255<br />

DACIANO, ob. cit., pp. 105-108.<br />

256<br />

Anúncio <strong>de</strong> António Henrique <strong>da</strong> Cruz, Praça <strong>de</strong> D Pedro, n.º 13, antiga casa <strong>de</strong> H. Guichard. – cf. O<br />

Mercúrio. Porto, n.º 9 (Sexta-feira, 7 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 1856), verso.<br />

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