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Departamento de Ciências Prenda ou Arte? - Repositório Aberto da ...

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A evolução social e a dinâmica associativa dos artistas, estabelecidos no livre<br />

mercado <strong>da</strong> <strong>Arte</strong>, bem como a <strong>de</strong>finição do objecto <strong>da</strong> Aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> Belas <strong>Arte</strong>s, levaria<br />

ao esgotamento do mo<strong>de</strong>lo: “A exposição triennal <strong>de</strong> bellas artes do Porto <strong>de</strong>stina-se<br />

especialmente a patentear o adiantamento dos alumnos <strong>da</strong> Aca<strong>de</strong>mia, mas em<br />

consequência <strong>da</strong> facul<strong>da</strong><strong>de</strong> que é <strong>da</strong><strong>da</strong>, vários artistas e amadores aproveitam-na para<br />

exhibirem as suas producções” 241 .<br />

A repeti<strong>da</strong> crítica ao ensino pela cópia <strong>de</strong> estampas esten<strong>de</strong>r-se-ia nas últimas<br />

déca<strong>da</strong>s também à prática <strong>de</strong> cópias <strong>da</strong> fotografia, técnica <strong>da</strong> reprodutibili<strong>da</strong><strong>de</strong> do real<br />

com cultores e praticantes no Porto <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os anos 40, mas sobretudo 50 242 : “Alguns<br />

p<strong>ou</strong>co retratos copiados <strong>de</strong> photografia e um <strong>ou</strong> <strong>ou</strong>tro quadrosito <strong>de</strong>senhado por<br />

senhoras, reprodução mais <strong>ou</strong> menos hábil <strong>da</strong>s suas auctoras. Na<strong>da</strong> <strong>de</strong> original, na<strong>da</strong><br />

<strong>de</strong> ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iramente sério. Tudo quanto são copias, e com especiali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> fotografias<br />

<strong>de</strong>veriam estar fora <strong>da</strong>s atenções <strong>da</strong> critica pela própria natureza <strong>de</strong>sses trabalhos” 243 .<br />

O <strong>de</strong>sajuste entre o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> emancipação do seu próprio espaço <strong>de</strong><br />

representação, reclamado pela Aca<strong>de</strong>mia Portuense <strong>da</strong>s Belas <strong>Arte</strong>s, e a tradicional<br />

representação <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> burguesa nos eventos, faz-se sentir também na impaciente<br />

observação à presença <strong>da</strong>s expositoras: “Do mais, copias e mais copias <strong>de</strong> um regato,<br />

<strong>de</strong> uns cãezinhos e <strong>de</strong> uma Ma<strong>da</strong>lena arrependi<strong>da</strong>, etc, que hão-<strong>de</strong> encher <strong>de</strong> orgulho<br />

as famílias <strong>da</strong>s meninas que apren<strong>de</strong>ram a fazer aquilo. Muita paciência e um cui<strong>da</strong>do<br />

extremo para que não falte sequer o fio <strong>de</strong> um cabelo na cabeça <strong>de</strong>senha<strong>da</strong>” 244 .<br />

O final do século requeria <strong>ou</strong>tras soluções. As Exposições Trienais<br />

correspon<strong>de</strong>m assim à primeira fase <strong>de</strong> funcionamento <strong>da</strong> Aca<strong>de</strong>mia Portuense <strong>de</strong> Belas<br />

<strong>Arte</strong>s que ensaia a sua representação pública, partilhando o seu espaço com a socie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

burguesa do Porto, segui<strong>da</strong>mente as Exposições dos Trabalhos Escolares<br />

correspon<strong>de</strong>riam ao posicionamento <strong>da</strong> instituição legítima do ensino <strong>da</strong>s Belas <strong>Arte</strong>s<br />

perante a mo<strong>de</strong>rni<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

241 O Commercio do Porto. Porto. XXVIII Ano, n.º 263 (Terça-feira, 1<strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 1881), p. 1.<br />

242 Em Maio <strong>de</strong> 1845 e em Setembro do mesmo ano o jornal cartista O Periódico dos Pobres anuncia a<br />

instalação <strong>de</strong> três fotógrafos no Porto, Adolfo e Anatolio – Rua <strong>da</strong>s Hortas, e um não i<strong>de</strong>ntificado, a São<br />

Lazaro. – cf. SÉREN, Maria do Carmo; SIZA, M. Tereza – O Porto e os seus fotógrafos. Porto: Porto<br />

Editora, 2001, p. 5.<br />

243 RODRIGUES, Manuel M. – Exposição <strong>de</strong> Belas <strong>Arte</strong>s no Porto. OCIDENTE. Revista Illustra<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />

Portugal e do Extrangeiro. Lisboa. 7.º Ano. Volume VII, n.º 215 (11 <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 1884), p. 278.<br />

244 RODRIGUES, Manuel M, n.º 215, p. 278.<br />

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