Departamento de Ciências Prenda ou Arte? - Repositório Aberto da ...
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“Notam-se entre elles [Desenho] os preciosos trabalhos <strong>de</strong> alguns femininos<br />
talentos. Sete distinctas senhoras a contribuírem em honra <strong>da</strong> exposição com<br />
exemplares <strong>de</strong> muita habili<strong>da</strong><strong>de</strong>, muito <strong>de</strong>svelo e muito estudo”” 231 .<br />
“Serem <strong>de</strong>senhos a esfuminho são provavelmente o seu maior <strong>de</strong>feito, mostram<br />
assim que o auctor se quiz p<strong>ou</strong>par a paciênciate” 232 , 233 .<br />
Em 1869 regista-se, entre as 43 obras <strong>de</strong> pinturas <strong>da</strong> Exposição, cinco<br />
aguarelas 234 , então um “género tão p<strong>ou</strong>co cultivado entre nós” 235 , pelas discípulas <strong>de</strong><br />
Tha<strong>de</strong>u Maria <strong>de</strong> Almei<strong>da</strong> Furtado e <strong>de</strong> Abdon Ribeiro <strong>de</strong> Figueiredo.<br />
Nos anos 70 os benefícios <strong>da</strong> educação revelam-se uma aposta ganha pelas<br />
senhoras portuenses:<br />
“Rejubilamo-nos sempre quando vemos o bello sexo tomar parte nas li<strong>de</strong>s<br />
artísticas, porque é uma prova evi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> que um certo numero <strong>de</strong> preconceitos<br />
<strong>de</strong> <strong>ou</strong>tros tempos vão <strong>de</strong>sapparecendo. Antigamente o bom burguez via na<br />
educação <strong>da</strong> filha um perigo que o sobressaltava continuamente, A instrucção<br />
era o <strong>de</strong>mónio tentador que nenhuma agua benta fasia arrenegar. Hoje po<strong>de</strong>mo-<br />
nos congratular porque a civilização <strong>de</strong>u um passo e os papás começam a<br />
comprehen<strong>de</strong>r que o principal dote que po<strong>de</strong>m <strong>da</strong>r às suas filhas é a instrucção,<br />
dote que as adversi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> não lhes po<strong>de</strong>rão r<strong>ou</strong>bar. A bellesa passa, o<br />
dinheiro gasta-se e a instrucção quando não augmente conserva-se, o que já<br />
não é p<strong>ou</strong>co” 236 .<br />
A fragili<strong>da</strong><strong>de</strong> do mercado <strong>da</strong> <strong>Arte</strong> no Porto, para profissionais estabelecidos,<br />
leva-nos a relativizar a situação e as expectativas sobre uma efectiva activi<strong>da</strong><strong>de</strong> artística<br />
do sexo feminino:<br />
“Os nossos pintores reduzidos ao ganha pão quotidiano dos retratos,<br />
<strong>de</strong>sanimados pela falta <strong>de</strong> estímulo que podiam ter no consumo dos seus<br />
trabalhos, p<strong>ou</strong>co produzem, e esse p<strong>ou</strong>co é já por um esforço <strong>de</strong> amor à arte e<br />
231<br />
MACEDO, D. <strong>de</strong> – Folhetim – Exposição <strong>da</strong>s Bellas <strong>Arte</strong>s III. O Nacional. Porto. Ano XXIII, nº 283<br />
(Sexta-feira, 17 <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 1869), p. 1ª.<br />
232<br />
I<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m.<br />
233<br />
(Errata – é – ) MACEDO, D. <strong>de</strong> – Folhetim – Exposição <strong>da</strong>s Bellas <strong>Arte</strong>s. O Nacional. Porto. Ano<br />
XXIII, n.º 284 (Sábado, 18 <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 1869), p. 1ª<br />
234<br />
O Commercio do Porto. Porto. XVI Ano, n.º 255 (Quarta-feira, 3 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 1869), p. 1.<br />
235<br />
RESENDE, Francisco José – Bellas <strong>Arte</strong>s II. O Commercio do Porto. Porto. XVI Ano, n.º 292<br />
(Quinta-feira, 16 <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 1869), p. 1.<br />
236<br />
O Primeiro <strong>de</strong> Janeiro. Porto. 6º Ano, n.º 265 (Quinta-feira, 19 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 1874), p. 1.ª.<br />
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