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Departamento de Ciências Prenda ou Arte? - Repositório Aberto da ...

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A exigui<strong>da</strong><strong>de</strong> do espaço apresentava ain<strong>da</strong> <strong>ou</strong>tros inconvenientes: “ (…) num<br />

recinto aon<strong>de</strong> costuma concorrer tão avultado numero <strong>de</strong> pessoas <strong>de</strong> um e <strong>ou</strong>tro sexo,<br />

não h<strong>ou</strong>vesse mais reflectido accordo em se <strong>da</strong>r a certas figuras apparencia mais<br />

conforme com as regras do <strong>de</strong>coro, <strong>ou</strong> pelo menos faze-las collocar em gabinete<br />

reservado” 208 . Tal seria solucionado convenientemente: “Ao fundo <strong>da</strong> galeria há o<br />

espaço reservado aos estudos do nu, quer em <strong>de</strong>senho quer em pintura” 209 .<br />

O nosso estudo não nos permite tirar conclusões sobre todos os locais on<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>corriam as aulas particulares, apesar <strong>de</strong> algumas expositoras copiarem obras do<br />

Museu, nem sobre as consequências <strong>da</strong> Reforma <strong>da</strong> Instrução Pública <strong>de</strong> 1868 210 que<br />

permitiu a abertura <strong>de</strong> Cursos Livres <strong>de</strong> Belas <strong>Arte</strong>s nas Aca<strong>de</strong>mias, por pessoas<br />

habilita<strong>da</strong>s e às quais conce<strong>de</strong> a franca utilização <strong>da</strong>s salas e oficinas 211 . Esta resolução,<br />

com aplicação a ambas as Aca<strong>de</strong>mias <strong>de</strong> Belas <strong>Arte</strong>s <strong>de</strong> Lisboa e do Porto, po<strong>de</strong>ria<br />

apenas servir para legitimar a preexistência <strong>de</strong> aulas particulares.<br />

Afasta<strong>da</strong>s do ensino oficial <strong>da</strong>s Belas <strong>Arte</strong>s até à reforma <strong>de</strong> 1881 212 , (D.<br />

Christina Amélia Machado (m. 1884) ingressa em 1882), o ensino particular manifesta-<br />

se pelo segmento <strong>de</strong> participantes do sexo feminino que a<strong>de</strong>re ao artigo 69.º <strong>de</strong> uma<br />

forma regular, cujas obras oscilam entre os 7 e os 18% do total <strong>da</strong>s obras expostas.<br />

Se aten<strong>de</strong>rmos à reali<strong>da</strong><strong>de</strong> parisiense, mo<strong>de</strong>lo seguido em vários domínios <strong>da</strong><br />

vi<strong>da</strong> social e cultural do país, a situação do ensino oficial <strong>da</strong>s Belas <strong>Arte</strong>s <strong>de</strong>monstra<br />

uma postura quiçá mais fecha<strong>da</strong>, pois, apenas em 1897 as mulheres seriam admiti<strong>da</strong>s na<br />

École <strong>de</strong>s Beaux Arts 213 . Das diversas escolas e aca<strong>de</strong>mias particulares salient<strong>ou</strong>-se a<br />

Aca<strong>de</strong>mia Julian, fun<strong>da</strong><strong>da</strong> por Rudolphe Julian em 1868 e frequenta<strong>da</strong> por alunos <strong>de</strong><br />

diversos pontos do mundo, o que contribuiu para a sua populari<strong>da</strong><strong>de</strong>. O método <strong>de</strong>sta<br />

Aca<strong>de</strong>mia, seguindo o mo<strong>de</strong>lo oficial, cumpria um programa <strong>de</strong> preparação para os<br />

exames <strong>de</strong> admissão à École, baseado no estudo do nu, e por ambos os sexos. No<br />

entanto, a moral social levaria a que o ensino fosse <strong>da</strong>do <strong>de</strong> forma separa<strong>da</strong> para ca<strong>da</strong><br />

sexo 214 . (Fig.151) (Fig.152).<br />

208 O Commercio do Porto. XVI Ano, n.º 255 (Quarta-feira, 3 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 1869), p. 1.<br />

209 O Commercio do Porto. XXVIII Ano, n.º 263 (Terça-feira, 1 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 1881), p. 1.<br />

210 Reforma <strong>da</strong> Instrução Pública. Decreto <strong>de</strong> 31 <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 1868. [Marques <strong>de</strong> Sá <strong>da</strong> Ban<strong>de</strong>ira,<br />

António, Bispo <strong>de</strong> Viseu, António Pequito Seixas <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Samodães, José Maria Latino<br />

Coelho, Sebastião Lopes <strong>de</strong> Calheiros e Meneses]. – cf. PORTUGAL, 1989, ob. cit., pp. 287-294.<br />

211 Decreto <strong>de</strong> 31 <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 1868. Artigo 28.º. Cf. – PORTUGAL, 1989, ob. cit., p. 291.<br />

212 Em Lisboa, os primeiros registos <strong>de</strong> alunas ocorrem no ano 1879-1880. – cf. LISBOA, ob. cit., p. 137.<br />

213 FEHER, Catherine – Introduction. In Overcaming all obstcles. The women of the Académie Julian.<br />

New York: Gabriel P. Weisberg and Jane R. Becker, Editors, 1999, p. 3.<br />

214 FEHER, ob. cit., p. 3.<br />

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