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Departamento de Ciências Prenda ou Arte? - Repositório Aberto da ...

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2.2 – Ecos <strong>da</strong> tradição<br />

Sabemos que o ensino artístico particular consegue ser uma activi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

consequente, com repercussões no percurso <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> dos seus praticantes e na<br />

sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> estética <strong>de</strong> uma época. No Porto, registámos os exemplos do lionês Jean<br />

Pillement (1728 – 1808) 184 que se instala, cerca <strong>de</strong> 1780, na dita Escola <strong>da</strong> Porta do<br />

Olival tendo por discípulos no ensino do Paisagismo, entre <strong>ou</strong>tros, Domingos Vieira e o<br />

seu filho Francisco Vieira (1765 – 1805) 185 . Na companhia <strong>de</strong> Pillement vivia<br />

habitualmente M lle L<strong>ou</strong>vette, sua sobrinha, a quem se atribuem quali<strong>da</strong><strong>de</strong>s no domínio<br />

<strong>da</strong> pintura <strong>de</strong> miniatura e como água-fortista 186 . (Fig.57), (Fig.58)<br />

E, mais <strong>de</strong> meio século <strong>de</strong>pois, Auguste Roquemont (1804 – 1852) 187 estabelece<br />

Estudo no Corpo <strong>da</strong> Guar<strong>da</strong>, cerca <strong>de</strong> 1847 até à sua morte. Essa permanência, pelas<br />

suas “quali<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> artista e <strong>de</strong> homem <strong>de</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> foi o pintor preferido por gente <strong>de</strong><br />

distinção” 188 , orient<strong>ou</strong> a aquisição <strong>de</strong> obras originais, foment<strong>ou</strong> a pintura <strong>de</strong> Retrato, e a<br />

formação <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> seguidores <strong>da</strong>s suas soluções pictóricas e <strong>da</strong> temática <strong>de</strong><br />

costumes, como por exemplo, Francisco José Resen<strong>de</strong>. (Fig.100).<br />

Mas que diz a tradição acerca <strong>da</strong>s activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s artísticas <strong>da</strong>s mulheres?<br />

No Porto, na segun<strong>da</strong> meta<strong>de</strong> do século XVIII domina o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> “mulher<br />

submissa, recata<strong>da</strong>, mo<strong>de</strong>sta, trabalhadora”, tendo a maioria uma educação doméstica,<br />

a cargo <strong>da</strong>s próprias mães <strong>ou</strong> com o auxílio <strong>de</strong> mestras particulares 189 , mas tal não obsta<br />

a que também se afirmem no domínio <strong>da</strong>s artes. Correspon<strong>de</strong>ndo a esse período<br />

recupera-se a memória <strong>da</strong> “insigne pintora Luiza Maria Rosa, a qual pellos annos <strong>de</strong><br />

184 As vin<strong>da</strong>s <strong>de</strong> Jean Pillement a Portugal, entre 1754 e 1780, pren<strong>de</strong>m-se com a manufactura <strong>da</strong> Fábrica<br />

<strong>da</strong>s Se<strong>da</strong>s, e instala-se no Porto em 1782 - 83. – cf. JESUS, Júlio dos Santos – O pintor Pillement.<br />

Lisboa: Tipografia Gonçalves, 1933 (Colecção Artistas Estrangeiros em Portugal, I), p. 21-24.<br />

185 Sobre a influência <strong>de</strong> Pillement e a sua Pintura <strong>de</strong> Paisagem em Portugal, <strong>ou</strong> a direcção na formação <strong>de</strong><br />

Francisco Vieira, com Glama e o apoio <strong>da</strong> colónia inglesa, que o leva a algumas cortes europeias. – cf.<br />

ARAÚJO, Agostinho Rui Marques <strong>de</strong> – Experiência <strong>da</strong> Natureza e sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> pré-romântica em<br />

Portugal. Temas <strong>de</strong> pintura e seu consumo (1780 – 1825). Tese <strong>de</strong> D<strong>ou</strong>toramento em História <strong>da</strong> <strong>Arte</strong><br />

(sob orientação <strong>de</strong> Carlos Alberto Ferreira <strong>de</strong> Almei<strong>da</strong>) apresenta<strong>da</strong> à Facul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Letras <strong>da</strong><br />

Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> do Porto. Bolseiro do Instituto Nacional <strong>de</strong> Investigação Científica. Porto: Facul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Letras <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> do Porto, 1991, I Volume.<br />

186 Não existem provas <strong>da</strong> residência conjunta com essa senhora no Porto. A referência à especiali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

artística <strong>de</strong> Mlle L<strong>ou</strong>vette provém <strong>de</strong> Volkmar Machado. – cf. JESUS, ob. cit., pp. 21-24.<br />

187 Natural <strong>de</strong> Genebra, protegido do príncipe <strong>de</strong> Hesse. De 1818 a 1828 frequent<strong>ou</strong> Escolas <strong>de</strong> pintura em<br />

Roma, Veneza, Bolonha, Florença. Em Portugal faz o levantamento <strong>da</strong> carta topográfica do país<br />

vinhateiro para a Companhia Geral dos Vinhos do Alto D<strong>ou</strong>ro. Foi nomeado por D Miguel, em 1831,<br />

Director <strong>da</strong> Aula <strong>de</strong> Desenho <strong>da</strong> Aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> Marinha e Comercio do Porto. Fez vários retratos para as<br />

famílias nobres e abasta<strong>da</strong>s <strong>de</strong> Guimarães e do Porto e participa com quadros <strong>de</strong> costumes na 3.ª Trienal,<br />

1848. – cf. VITORINO, Pedro – O Pintor Augusto Roquemont. Porto: Edição Maranus, 1929, pp. 66-69.<br />

188 VITORINO, Pedro – O Pintor Augusto Roquemont, ob. cit., p. 25.<br />

189 ADÃO, pp. 85 e seguintes.<br />

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