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Departamento de Ciências Prenda ou Arte? - Repositório Aberto da ...

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estudioso, passa-tempo agradável para o rico, um recurso <strong>de</strong> mais à disposição do<br />

pobre, que, para viver, não tem mais do que a força e intelligencia” 179 . Consi<strong>de</strong>rado “O<br />

utile dulci <strong>da</strong>s coisas humanas em nenhum <strong>ou</strong>tro ramo <strong>de</strong> sciencias <strong>ou</strong> artes se vê tão<br />

facilmente ligado. A poesia enleva-nos a alma e a música recreia os nossos <strong>ou</strong>vidos.<br />

Mas o <strong>de</strong>senho leva-lhes vantagem. É-lhe attributo, ao mesmo tempo que nos <strong>de</strong>leita o<br />

espírito, nutrir a imaginação e recrear os olhos! 180 .<br />

A sua aprendizagem elementar gradual e acessível tornava-o sedutor: “Os seus<br />

primeiros elementos po<strong>de</strong>m ser sujeitos a regras fixas, e a uma marcha<br />

methodica”,“Esta parte elementar é, talvez, a única, <strong>da</strong> extensa arte do Desenho, que<br />

seja possível ensinar d´ um modo positivo; porque tudo o mais se acha inteiramente<br />

sujeito à disposição do gosto e <strong>da</strong> imaginação, e não conhece <strong>ou</strong>tras regras senão as <strong>da</strong><br />

inspiração, <strong>ou</strong>tros limites a não ser os do génio” 181 .<br />

Pelas suas quali<strong>da</strong><strong>de</strong>s, o Desenho (<strong>ou</strong> Pintura) encontrava natural acolhimento<br />

nas horas longas do gineceu burguês: “A Música he huma arte angélica, e po<strong>de</strong> entreter<br />

<strong>de</strong>liciosamente qualquer Senhora, huma <strong>ou</strong> duas horas ca<strong>da</strong> dia; a leitura a divertirá<br />

três <strong>ou</strong> quatro; mas a Pintura faz parecer pequenos os maiores dias <strong>de</strong> Junho, e torna<br />

amável e apetecível a mesma solidão; he huma arte não só imitadora <strong>da</strong> Natureza, mas<br />

também creadora; arte emfim, que sympathisa gran<strong>de</strong>mente com a vivaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s<br />

pessoas espirituosas, e discretas, muitas <strong>da</strong>s quaes <strong>de</strong>sejão saber pintar, e nem sempre<br />

o conseguem” 182 .<br />

Mas a Ciência, reveladora <strong>da</strong> Ver<strong>da</strong><strong>de</strong> pelo engenho humano, produzia<br />

justificações científicas que sustentariam maiores arrojos: “Não se espere achar o bello<br />

i<strong>de</strong>al, a boa escolha, o gosto grandioso, nas producções artísticas d ´aquelles que não<br />

possuírem uma fibra facilmente irritável”; (...) “E em qual dos d<strong>ou</strong>s sexos se mostra<br />

mais <strong>de</strong>senvolvido esse órgão cerebral, (…) que faz nascer o gosto do sublime nas<br />

artes – em uma palavra, do talento artístico? Na mulher, respon<strong>de</strong>m as observações<br />

phrenologicas 183 .<br />

179<br />

RIBEIRO, José Fernan<strong>de</strong>s – Desenho. O Instrutor Portuense. Periódico mensal: contendo differentes<br />

artigos <strong>de</strong> Educação, Litteratura, Moral, História, Sciencias e <strong>Arte</strong>s. Porto: Typographia Commercial<br />

Portuense, 1844, pp 14-16.<br />

180<br />

MACEDO, D. <strong>de</strong> – Folhetim – Exposição <strong>da</strong>s Bellas <strong>Arte</strong>s III. O Nacional. Porto. Ano XXIII, n.º 283<br />

(Sexta-feira, 17 <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 1869), p. 1ª.<br />

181<br />

RIBEIRO, José Fernan<strong>de</strong>s – Desenho, ob. cit., pp. 14-16.<br />

182<br />

MACHADO, Cirilo Volkmar – Nova aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> pintura; <strong>de</strong>dica<strong>da</strong> às senhoras portuguezas que<br />

amão <strong>ou</strong> se applicão ao estudo <strong>da</strong>s Bellas <strong>Arte</strong>s. Lisboa: Impressão Régia, 1817, p. 5.<br />

183<br />

SINVAL, Joseph Gregório Lopes <strong>da</strong> Câmara – Discurso recitado na sessão solene <strong>da</strong> Exposição<br />

Trienal <strong>de</strong> 1851, <strong>da</strong> Aca<strong>de</strong>mia Portuense <strong>de</strong> Belas <strong>Arte</strong>s. O Braz Tizana. Porto, n.º 90 (Quarta-feira, 15 <strong>de</strong><br />

Outubro <strong>de</strong> 1851), pp. 1.ª-3.ª.<br />

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