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Departamento de Ciências Prenda ou Arte? - Repositório Aberto da ...

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forte) <strong>de</strong>senvolve precocemente o gosto pelas Belas <strong>Arte</strong>s e torna pública a sua faceta <strong>de</strong><br />

aguarelista numa exposição (1880) 173 .<br />

O predomínio do sexo masculino na dinastia brigantina não invali<strong>da</strong> o Mo<strong>de</strong>lo.<br />

No século XIX, como no século XVI, o número <strong>de</strong> “artes liberais” estabelecia o<br />

patamar económico e cultural <strong>de</strong> reconhecimento mútuo. Sobre as <strong>Arte</strong>s Liberais, <strong>ou</strong><br />

Belas <strong>Arte</strong>s, na obra Da Educação (1829) já dizia Garrett:<br />

“A música, o <strong>de</strong>senho (incluindo n´ este a pintura) e a <strong>da</strong>nça, po<strong>de</strong>-se dizer que<br />

fica mal a uma pessoa <strong>de</strong> bem não as saber, e até certo ponto não as practicar”,<br />

mas não em excesso “ (…) estas pren<strong>da</strong>s, que são mui nobres enquanto são “só<br />

pren<strong>da</strong>s”, mas baixam tristemente apenas <strong>de</strong>generam em occupações” 174 . “E <strong>de</strong><br />

certa altura social para cima nem a um nem a <strong>ou</strong>tro sexo <strong>de</strong>vem faltar os meios<br />

<strong>de</strong> agra<strong>da</strong>r, e <strong>de</strong> honesto passatempo que elles dão” 175 .<br />

A prática do Desenho como disciplina mental encontra raízes em Plínio e no<br />

conselho a Apeles “Nulla dies sine linea”. Recuperando a lição <strong>de</strong> R<strong>ou</strong>sseau (em Émile<br />

fica patente o papel fun<strong>da</strong>mental do Desenho na Educação), os pe<strong>da</strong>gogos <strong>de</strong> oitocentos<br />

reconhecem a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> do Desenho no <strong>de</strong>senvolvimento integral do indivíduo. Os<br />

reflexos práticos foram conduzidos por Johan Heinrich Pestalozzi (1746 – 1827), ao<br />

valorizar a mútua relação entre o ensino <strong>da</strong> Escrita e do Desenho (pelo domínio <strong>da</strong>s<br />

funções visuais e motoras), associa à difusão <strong>da</strong> instrução a prática do Desenho, pela sua<br />

inclusão nos currículos escolares 176 . Como vimos, no Porto verifica-se essa inovação<br />

nos programas dos Colégios, nos anos 50 177 .<br />

A generalização e a socialização <strong>da</strong> prática do Desenho, como ferramenta, entre<br />

as classes populares encontraria fun<strong>da</strong>mento no advento <strong>da</strong> era industrial e na sua<br />

aplicação ao serviço <strong>da</strong>s artes industriais 178 .<br />

Assim, o Desenho, o pilar <strong>da</strong>s Belas <strong>Arte</strong>s, podia ser praticado em qualquer<br />

i<strong>da</strong><strong>de</strong> com “bom gosto e algumas horas <strong>de</strong> paciência”, era consi<strong>de</strong>rado <strong>de</strong> “primeira<br />

necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> em to<strong>da</strong> a educação liberal”, sendo “<strong>de</strong>scanso útil para o homem<br />

173<br />

ARAÚJO, Agostinho – Como se fez um rei – pintor, ob. cit., pp. 31-32.<br />

174<br />

ALMEIDA-GARRETT, Viscon<strong>de</strong> <strong>de</strong> – Da Educação, ob. cit., pp. 44-45.<br />

175<br />

ALMEIDA-GARRETT, Viscon<strong>de</strong> <strong>de</strong> – Da Educação, ob. cit., pp. 229.<br />

176<br />

MOLINA, Juan José Gómez (Coord.) – Las lecciones <strong>de</strong>l Dibujo. 4. ª Ed. Madrid: Cátedra, 2006, p.<br />

411.<br />

177<br />

O Colégio <strong>de</strong> N. S. <strong>da</strong> Conceição apresenta Desenhos (a craião) <strong>de</strong> alunas, na Exposição Industrial do<br />

Porto, <strong>de</strong> 1861. – cf. Relatório do Jury qualificador dos productos enviados à Exposição promovi<strong>da</strong> pela<br />

Associação Industrial Portuense em 1861. Porto: Na Typographia do Diário Mercantil, 1862, p. 132<br />

178<br />

MOLINA, ob. cit., pp. 412-413.<br />

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