Departamento de Ciências Prenda ou Arte? - Repositório Aberto da ...
Departamento de Ciências Prenda ou Arte? - Repositório Aberto da ...
Departamento de Ciências Prenda ou Arte? - Repositório Aberto da ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
dirigi<strong>da</strong> pelo mestre Jacopo Carli 147 , para ambos os sexos em especial para o sexo<br />
feminino 148 complementava a educação <strong>da</strong>s primeiras letras.<br />
Pu<strong>de</strong>mos apreciar que nestes anos 50 os Colégios gerem uma novi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Na<br />
competição pelas alunas esgrimem argumentos <strong>de</strong> conteúdo (as Aulas e as pren<strong>da</strong>s) <strong>ou</strong><br />
<strong>de</strong> prestígio (Professores, as alunas). E na primeira meta<strong>de</strong> <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> verificámos o<br />
protagonismo ascen<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> Aula <strong>de</strong> Desenho e a sua orientação por professores com<br />
créditos nas Belas <strong>Arte</strong>s. Após a normalização <strong>da</strong>s expectativas escolares, como trunfo,<br />
passam a ser apresentados os resultados obtidos nos exames, pelas respectivas alunas.<br />
Mas, a ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira avaliação, essa seria efectua<strong>da</strong> no ambiente social do Porto. (Fig.8)<br />
“Não se explica a celeri<strong>da</strong><strong>de</strong> com que as cama<strong>da</strong>s se a<strong>de</strong>lgaçaram n´estes 20<br />
annos últimos. A que estava então no topo <strong>da</strong> jerarchia social fic<strong>ou</strong> fazendo as<br />
mesuras solemnes <strong>da</strong>s velhas açafatas, para se não mesclar com a graciosa<br />
<strong>de</strong>senvoltura <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> média. Esta, porém com to<strong>da</strong> a pujança <strong>de</strong> um<br />
sangue novo, surgiu <strong>de</strong> improviso, feita e composta, como se o bom tom lhe<br />
fosse uma herança <strong>de</strong> séculos. É pasmoso: As <strong>da</strong>mas portuenses são muito mais<br />
illumina<strong>da</strong>s que os homens. O mundo-elegante constituem-no ellas” 149 .<br />
Acompanhando a mu<strong>da</strong>nça dos tempos, o Recolhimento <strong>de</strong> Órfãs <strong>de</strong> Nossa<br />
Senhora <strong>da</strong> Esperança altera em 1863 algumas disposições dos Estatutos<br />
“acommo<strong>da</strong><strong>da</strong>s aos novos usos e costumes”, mas os <strong>de</strong>veres continuam os mesmos 150 .<br />
Em todo o caso, a oferta dos colégios representa a opção dos estratos mais abastados, e<br />
não extingue o ensino doméstico, <strong>de</strong> índole mais recata<strong>da</strong> e económica 151 .<br />
O Collegio Francez e Portuguez, na Rua do Alma<strong>da</strong>, <strong>de</strong> Ma<strong>da</strong>me Gomes <strong>de</strong><br />
S<strong>ou</strong>za 152 , natural <strong>de</strong> França, dirige-se às famílias respeitáveis “A instrucção religiosa, os<br />
estudos litterarios, as línguas a música vocal e instrumental, o <strong>de</strong>senho, a <strong>da</strong>nça, os<br />
147<br />
Jacopo Carli era, em 1854, professor <strong>de</strong> Piano, Canto e Harpa, no Colégio Francês para Meninas <strong>de</strong><br />
Ma<strong>da</strong>me Po<strong>de</strong>stá. – cf. Almanak do Porto, [185-], p. 293.<br />
148<br />
Alunas a partir dos 7 anos e alunos até aos 10 anos. Jacopo Carli, coadjuvado por uma Mestra, esteve<br />
na Escola <strong>de</strong> Canto e Piano até 1862. – cf. COUTINHO, ob. cit., pp. 679-780.<br />
149<br />
O Mundo Elegante. Periódico semanal <strong>de</strong> Mo<strong>da</strong>, Litheratura, Theatros, Bellas <strong>Arte</strong>s, &c. Porto. I<br />
Ano, n.º 1 (24 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 1858), p. 2.<br />
150<br />
A.S.C.M.P. – R.O.N.S.E. – Additamentos e Emen<strong>da</strong>s ao Estatuto <strong>de</strong> 26 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 1731 do<br />
Recolhimento <strong>da</strong>s Órfãs, sob a invocação <strong>de</strong> N. Senhora <strong>da</strong> Esperança, situado na Praça <strong>de</strong> S. Lázaro,<br />
approvados por a Junta dos Definidores <strong>da</strong> Irman<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Santa Casa <strong>da</strong> Misericórdia do Porto,<br />
Administradora do mesmo Recolhimento. Porto: Typografia Commercial, 1863, pp. 15-16.<br />
151<br />
“Duas senhoras solteiras preten<strong>de</strong>m tomar a seu cargo duas <strong>ou</strong> três meninas <strong>de</strong> menor i<strong>da</strong><strong>de</strong> para<br />
educar e ensinar”. – cf. O Commercio do Porto. XIII Ano, n.º 238 (Quinta-feira, 11 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1866),<br />
p. 4.<br />
152 lle me<br />
Po<strong>de</strong> ter sido frequentado por M Claire Resen<strong>de</strong> que na 11.ª Exposição Trienal oferece a M Rosalie<br />
P. Gomes <strong>de</strong> S<strong>ou</strong>sa, sua antiga professora, um quadro, n.º 65 – Flores e Frutos. – cf. Catálogo […], 1874.<br />
26