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Departamento de Ciências Prenda ou Arte? - Repositório Aberto da ...

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ain<strong>da</strong> pelos brasileiros. As famílias <strong>de</strong>ssa recente or<strong>de</strong>m mun<strong>da</strong>na, ascen<strong>de</strong>nte,<br />

<strong>de</strong>signa<strong>da</strong> por “burguesia limita<strong>da</strong>” 106 , pois ao fra<strong>de</strong> suce<strong>de</strong> o barão e o Bacharel 107<br />

tinham, entre <strong>ou</strong>tras, as preocupações <strong>da</strong> sua representação: “Os novos senhores não<br />

tinham, é certo, as maneiras distintas <strong>da</strong> fi<strong>da</strong>lguia antiga; mas foram-na ensaiando com<br />

perfeita convicção <strong>da</strong> possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> as adquirir. Era uma questão <strong>de</strong> tempo e <strong>de</strong><br />

invulnerabili<strong>da</strong><strong>de</strong> ao ridículo” 108 .<br />

Po<strong>de</strong>mos situar nos anos trinta a formação <strong>da</strong> or<strong>de</strong>m burguesa liberal.<br />

Na época “a mulher era o anjo caseiro, a alma <strong>da</strong> <strong>de</strong>spensa, a providência <strong>da</strong><br />

piuga e sobretudo a fêmea do homem” 109 , mas “Logo que filh<strong>ou</strong> a geração que se<br />

cortejava em 32, começaram a propagar-se os collegios, e vieram os franceses e os<br />

allemães estabelecer casas <strong>de</strong> educação em Portugal” 110 . Esses estrangeiros “que<br />

levavam a vi<strong>da</strong> não só como mestres <strong>de</strong> canto, musica e <strong>da</strong>nça, mas também como<br />

professores <strong>de</strong> línguas, estalaja<strong>de</strong>iros, cozinheiros, cabeleireiros, etc.” 111 , imprimiram<br />

um cosmopolitismo aos gostos e hábitos <strong>de</strong> sociabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> burguesia portuense:<br />

Troca<strong>da</strong>s suas rocas a pianos;<br />

Em vez do sacro director sisudo,<br />

Dulcíssimos, gentis Italianos<br />

As dirigem <strong>da</strong> Música no estudo! 112<br />

Essa época seria lembra<strong>da</strong> pela “ fúria dos bailes que havia <strong>de</strong> durar até 1851 e<br />

tal” 113 , e <strong>de</strong>ssa agitação encontrámos reflexos em instituições seculares. Em 1839, a<br />

Mesa <strong>da</strong> Santa Casa <strong>da</strong> Misericórdia do Porto proce<strong>de</strong> à actualização do Regulamento<br />

do Recolhimento <strong>de</strong> Órfãs <strong>de</strong> Nossa Senhora <strong>da</strong> Esperança por não se encontrar “em<br />

105 Devorismo, <strong>de</strong>signa os beneficiários <strong>de</strong> empregos e in<strong>de</strong>mnizações do Governo e <strong>da</strong> especulação<br />

financeira em torno <strong>da</strong> ven<strong>da</strong> dos bens nacionais. – cf. VALENTE, Vasco Pulido, ob. cit., p. 39.<br />

106 Magalhães Godinho coloca frente a uma incipiente burguesia, um fraco operariado fabril e um<br />

campesinato <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, “uma turbamulta, mais que um povo”, e a ausência <strong>de</strong> povo é uma face <strong>da</strong><br />

ausência <strong>de</strong> uma autêntica burguesia. – cf. GODINHO, ob. cit., p. 154.<br />

107 O barão (<strong>de</strong>pois, o viscon<strong>de</strong>) que frui a ren<strong>da</strong> <strong>da</strong> terra <strong>ou</strong> os lucros <strong>da</strong> especulação fundiária, e o<br />

bacharel, também ligado à ren<strong>da</strong> <strong>da</strong> terra mas com lugar público <strong>ou</strong> activi<strong>da</strong><strong>de</strong> profissional <strong>de</strong> nível<br />

universitário. – cf. GODINHO, ob. cit., p. 153.<br />

108 BASTO, Artur <strong>de</strong> Magalhães – O Porto do Romantismo, ob. cit., p. 15.<br />

109 BASTO, Artur <strong>de</strong> Magalhães – O Porto do Romantismo, ob. cit., p. 26.<br />

110 PIMENTEL, Alberto – Do portal à clarabóia, ob. cit., p. 11.<br />

111 BASTO, Artur <strong>de</strong> Magalhães – O Porto do Romantismo, ob. cit., p. 23.<br />

112 BASTO, Artur <strong>de</strong> Magalhães – O Porto do Romantismo, ob. cit., p. 15.<br />

113 BASTO, Artur <strong>de</strong> Magalhães – O Porto do Romantismo, ob. cit., p. 30.<br />

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