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Departamento de Ciências Prenda ou Arte? - Repositório Aberto da ...

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No Manifesto às Nações, os homens do Sinédrio prometem fi<strong>de</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> ao trono,<br />

pelo qual os portugueses nutrem: “huma espécie <strong>de</strong> amor, e adoração quasi religiosa”;<br />

a procura <strong>da</strong> felici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Nação: “Não he o amor <strong>de</strong> huma liber<strong>da</strong><strong>de</strong> illimita<strong>da</strong>, e<br />

inconciliável com a ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira felici<strong>da</strong><strong>de</strong> do homem, que o tem conduzido [Povo<br />

Português] em seus patrióticos movimentos”; através <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> em socie<strong>da</strong><strong>de</strong>: “A natureza<br />

fez o homem social para lhe facilitar os meios <strong>de</strong> prover à sua felici<strong>da</strong><strong>de</strong>”; e a<br />

digni<strong>da</strong><strong>de</strong> restabeleci<strong>da</strong>: “Jamais <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser livre hum povo que o quer ser” 57 .<br />

Afigura-se-nos uma postura <strong>de</strong> assimilação <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ais mo<strong>de</strong>rnos na or<strong>de</strong>m<br />

tradicional, em continui<strong>da</strong><strong>de</strong> portanto.<br />

A existência <strong>de</strong> projectos para a Instrução Pública 58 revela um empenho<br />

ilustrado que os liberais vintistas tornariam, pela Constituição <strong>de</strong> 1822, um <strong>de</strong>sígnio<br />

nacional:<br />

“Em todos os lugares do reino on<strong>de</strong> convier, haverá escolas suficientemente<br />

dota<strong>da</strong>s, em que se ensine a moci<strong>da</strong><strong>de</strong> portuguesa <strong>de</strong> ambos os sexos a ler,<br />

escrever e contar, o catecismo <strong>da</strong>s obrigações religiosas e civis. (artigo 237.º) ”;<br />

“É livre a todo o ci<strong>da</strong>dão abrir aulas para o ensino público, contanto que haja<br />

<strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r pelo abuso <strong>de</strong>sta liber<strong>da</strong><strong>de</strong>, nos casos e pela forma que a lei<br />

<strong>de</strong>terminar (artigo 239.º) ” 59 .<br />

Em Abril <strong>de</strong> 1821 seriam cria<strong>da</strong>s no Porto seis escolas <strong>de</strong> primeiras letras para<br />

meninas 60 , número que se manteve inalterável até 1848 61 .<br />

Apenas <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ultrapassa<strong>da</strong>s as guerras fratrici<strong>da</strong>s se retomariam as li<strong>de</strong>s <strong>da</strong><br />

Nação. Em 1835, o 3.º Governo Constitucional li<strong>de</strong>rado por Rodrigo <strong>da</strong> Fonseca<br />

Magalhães contribuía para a criação do sistema <strong>de</strong> Instrução Primária com as Escolas<br />

Normais Primárias 62 <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> professores 63 , a regulamentação <strong>da</strong> Instrução<br />

57 Manifesto à Nação Portuguesa e à Europa. Lisboa, 15 <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 1820. – cf. RAMOS, ob. cit.,<br />

pp. 119-133.<br />

58 Apresentado por Francisco <strong>de</strong> Borja Garção à Aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> <strong>Ciências</strong> em 1799. – cf. TORGAL, 1998,<br />

ob. cit., p. 516.<br />

59 TORGAL, 1998, p. 518.<br />

60 GOMES, Joaquim Ferreira – Estudos para a história <strong>da</strong> educação no século XIX. Coimbra: Livraria<br />

Almedina, 1980, p. 12.<br />

61 Existiam no país 41 escolas do sexo feminino frequenta<strong>da</strong>s por 1.835 meninas. – cf. FERREIRA,<br />

Joaquim Gomes – Relatórios do Conselho Superior <strong>de</strong> Instrução Pública (1844 – 1859). Coimbra:<br />

Instituto Nacional <strong>de</strong> Investigação Científica, 1985, p. 48.<br />

62 Decreto <strong>de</strong> 11 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1835. – cf. PORTUGAL, 1989, p. 3.<br />

63 Antes dos Estados se responsabilizarem pela habilitação dos Mestres <strong>de</strong> Primeiras Letras, a sua<br />

formação ocorria nas escolas paroquiais <strong>ou</strong> conventuais, pelo ensino mútuo (o aluno mais avançado<br />

servindo <strong>de</strong> mestre a <strong>ou</strong>tros, sucessivamente) cuja origem se atribui ao pastor anglicano A. Bell (1753 –<br />

1832) <strong>ou</strong> a J. Lencaster (1778 – 1838). – cf. GOMES, Joaquim Ferreira – ob. cit., pp. 8-9.<br />

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