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Departamento de Ciências Prenda ou Arte? - Repositório Aberto da ...

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Na nova or<strong>de</strong>m social evoluem assim dois conceitos, com distintas<br />

consequências ao nível do género. Por um lado a Instrução que, no seu sentido<br />

iluminista e universalizante, se preten<strong>de</strong> institucionalizado e dirigido à base popular. Por<br />

<strong>ou</strong>tro a Educação, a que po<strong>de</strong>mos associar um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>finido por uma estética<br />

comportamental, o qual se torna uma <strong>da</strong>s formas <strong>de</strong> distinção e <strong>de</strong> reconhecimento <strong>de</strong><br />

uma taxonomia Burguesa.<br />

“A educação é mais ampla que a instrução, porque abrange todos os meios <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolver e cultivar to<strong>da</strong>s as facul<strong>da</strong><strong>de</strong>s do homem, segundo os princípios<br />

para que as recebemos <strong>da</strong> Natureza; a instrução, porém, é um <strong>de</strong>sses meios,<br />

<strong>de</strong>stina-se a exercitar uma espécie <strong>de</strong>ssas facul<strong>da</strong><strong>de</strong>s, isto é as intelectuais” 41 .<br />

A França pós revolucionária, através <strong>de</strong> Condorcet (1743 – 1794) 42 , lança as<br />

linhas do programa para a Instrução Pública. Tendo como objectivo o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>da</strong>s facul<strong>da</strong><strong>de</strong>s físicas, intelectuais e morais em ca<strong>da</strong> geração, no sentido do<br />

aperfeiçoamento progressivo <strong>da</strong> espécie humana, o ensino torna-se para o po<strong>de</strong>r público<br />

“um <strong>de</strong>ver imposto pelo interesse comum <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e pelo <strong>da</strong> Humani<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

inteira” 43 . A instrução dirige-se ao homem para que <strong>de</strong>senvolva as suas facul<strong>da</strong><strong>de</strong>s em<br />

Socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, pois as <strong>Arte</strong>s, a Ciência e a Filosofia apenas se <strong>de</strong>senvolvem na Civilização<br />

“ao homem são precisos companheiros e rivaes; e-lhe preciso uma ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, um paiz,<br />

uma pátria, um mundo: ain<strong>da</strong> mais a immortali<strong>da</strong><strong>de</strong>: quando elle não tem isto, a sua<br />

intelligencia dorme, a alma entorpece-se, e elle fica incompleto. Seu fim só se cumpre<br />

na humani<strong>da</strong><strong>de</strong>” 44 .<br />

Mas as i<strong>de</strong>ias universalizantes, <strong>de</strong> raiz iluminista, dirigi<strong>da</strong>s ao Ci<strong>da</strong>dão<br />

colidiram com a or<strong>de</strong>m “natural” <strong>da</strong> divisão dos géneros e com os costumes. O sistema<br />

representativo e a opinião pública, assente na imprensa, constituíam domínios do sexo<br />

e muitas vezes rejeitados do seu seio. Estas regras são tanto mais necessárias, quanto é certo que nos<br />

colégios <strong>de</strong> França, ain<strong>da</strong> os melhores, <strong>de</strong>bal<strong>de</strong> se busca hoje aquela antiga poli<strong>de</strong>z e urbani<strong>da</strong><strong>de</strong> que<br />

era neles <strong>ou</strong>trora tão ordinária”. – cf. ROQUETTE, J. I. – Código do Bom-tom, <strong>ou</strong>, as Regras <strong>da</strong><br />

civili<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>de</strong> bem viver no século XIX. São Paulo: Companhia <strong>da</strong>s Letras, 1997, pp. 59-60.<br />

41<br />

Citação <strong>de</strong> Da educação em to<strong>da</strong>s as i<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Panorama, 1839. – cf. TORGAL, Luís Reis – A Instrução<br />

Pública. In MATTOSO, José Direcção <strong>de</strong> – História <strong>de</strong> Portugal. O Liberalismo (1807 – 1890). Lisboa:<br />

Editorial Estampa, 1998, Volume V, p. 515<br />

42<br />

Marquês <strong>de</strong> Condorcet (1743 – 1794). Filósofo e político francês. Particip<strong>ou</strong> activamente na Revolução<br />

Francesa e presidiu à Assembleia Nacional <strong>de</strong> 1792. A que<strong>da</strong> dos Girondinos leva-o à prisão, on<strong>de</strong><br />

escreveu Esquisse d´un Tableau Historique <strong>de</strong>s Progrés <strong>de</strong> l´Esprit Humain, 1795, obra que regista os<br />

avanços <strong>da</strong> humani<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a barbárie até à época do iluminismo e que antecip<strong>ou</strong> as teses <strong>de</strong> A. Comte.<br />

– cf. Lexicoteca. Mo<strong>de</strong>rna Enciclopédia Universal. Amadora : Lexicultural, 1994, Vol. 5, p. 276.<br />

43<br />

CONDORCET – Instrução Pública e organização do ensino. Porto: Livraria Educação Nacional, Ldª.,<br />

1943, pp. 5-10.<br />

44<br />

MARTIN, L. Aimé – Educação <strong>da</strong>s mães mães <strong>de</strong> família <strong>ou</strong> a civilisação do género humano pelas<br />

mulheres. 2ª Edição. Revista e augmenta<strong>da</strong> com novos capítulos traduzidos <strong>da</strong> ultima edição <strong>de</strong> Pariz.<br />

Porto: Em Casa <strong>de</strong> F. Gomes <strong>da</strong> Fonseca Editor, 1865 Tomo II, pp. 83-85.<br />

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