Departamento de Ciências Prenda ou Arte? - Repositório Aberto da ...
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partir <strong>da</strong> 4.ª Exposição Trienal, em 1851 10 , e até à 15.ª Exposição e última Trienal, em<br />
1887, as exposições se acompanharam <strong>da</strong> publicação dos respectivos Catálogos.<br />
As Exposições Trienais correspon<strong>de</strong>m, pois, à primeira fase <strong>de</strong> funcionamento<br />
<strong>da</strong> Aca<strong>de</strong>mia Portuense <strong>de</strong> Belas <strong>Arte</strong>s 11 , frequenta<strong>da</strong> exclusivamente por homens até<br />
1882. Mas, no conjunto dos 12 Catálogos publicados entre 1851 e 1887 encontrámos a<br />
presença <strong>de</strong> 75 senhoras expositoras (em 1884 participa a primeira Aluna <strong>da</strong> Aca<strong>de</strong>mia),<br />
em diversas categorias <strong>de</strong> participação (Bor<strong>da</strong>dos, Cera, Desenho e Pintura, Miniatura,<br />
Aguarela) apresentando uma (in) evolução no tempo, algumas associa<strong>da</strong>s a Mestres <strong>ou</strong><br />
Mestras, em Desenho <strong>ou</strong> Pintura.<br />
A ausência <strong>da</strong> obra física, impossibilitando a sua apreciação e valorização<br />
estética, permite, ain<strong>da</strong> assim, reconstituir práticas do quotidiano feminino e do ensino<br />
artístico particular que se torna visível nestas exposições públicas. Foi nosso<br />
entendimento que a i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> social <strong>da</strong>s participantes e o conhecimento <strong>da</strong> Educação<br />
vocaciona<strong>da</strong> para o sexo feminino, no Porto do século XIX, habitualmente reduzi<strong>da</strong> ao<br />
estereótipo “piano e francês”, po<strong>de</strong>riam conduzir esta investigação para um nível<br />
compreensivo mais amplo, o <strong>da</strong> correlação <strong>de</strong>stas presenças com o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Educação<br />
pelas Belas <strong>Arte</strong>s adoptado pela Burguesia do Porto (limitado ao género do nosso<br />
estudo).<br />
A presença regular <strong>de</strong>stas senhoras e <strong>da</strong>s suas obras no espaço público e legítimo<br />
<strong>da</strong> Aca<strong>de</strong>mia Portuense <strong>de</strong> Belas <strong>Arte</strong>s (1842 a 1887) po<strong>de</strong>, pois, consi<strong>de</strong>rar-se como<br />
<strong>Pren<strong>da</strong></strong> 12 <strong>ou</strong> como <strong>Arte</strong> 13 ?<br />
10 Primeiro Catálogo coor<strong>de</strong>nado pelo Professor Joaquim Rodrigues Braga. – cf. Periódico dos Pobres no<br />
Porto. Porto. III Série. XVIII Ano, n.º 240 (Sábado, 11 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1851), p. 1073.<br />
11 Discurso do Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Samodães na I Exposição dos Trabalhos Escolares, em 1890: “As antigas<br />
Exposições Trienais <strong>de</strong> Belas <strong>Arte</strong>s que a nossa Aca<strong>de</strong>mia apresent<strong>ou</strong> ao público <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua fun<strong>da</strong>ção<br />
em 1836, estão hoje extintas por <strong>de</strong>liberação expressa do Governo.”; “Essas Exposições oficiais,<br />
per<strong>de</strong>ram porém <strong>de</strong> importância <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que os artistas, agremiados entre si, espontânea e livremente,<br />
promoviam por iniciativa própria, e à sua custa, a apresentação dos seus trabalhos.”. – cf. Catálogo <strong>da</strong><br />
Exposição dos Trabalhos Escolares dos Alumnos <strong>da</strong> Aca<strong>de</strong>mia Portuense <strong>de</strong> Bellas-<strong>Arte</strong>s consi<strong>de</strong>rados<br />
dignos <strong>de</strong> distinção nos annos <strong>de</strong> 1888 a 1890 e distribuição dos respectivos diplomas precedido do<br />
discurso d´abertura pelo Ill.mo e Exc.mo Snr. Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Samodães, Inspector <strong>da</strong> mesma Aca<strong>de</strong>mia. Porto:<br />
Typographia Elzeviriana <strong>de</strong> João Diniz, 1890, p. V; p. VI.<br />
12 <strong>Pren<strong>da</strong></strong>s, s.f. pl. – Dotes, quali<strong>da</strong><strong>de</strong>s, talento, arte: “ocasionava-se excelente ensejo ao barão <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>sbravar as sobrinhas, fazendo-as apren<strong>de</strong>r a um tempo muitas pren<strong>da</strong>s”, Camilo, Mistério <strong>de</strong> Fafe,<br />
278, 4.ª ed.; “… que à boca cheia alar<strong>de</strong>ava a educação primorosa e as muitas pren<strong>da</strong>s que recebera no<br />
convento <strong>da</strong> Ave Maria … “ Aquilino Ribeiro, Cinco reis <strong>de</strong> gente, cap. 4, 51. – cf. MORAIS SILVA,<br />
António <strong>de</strong> – Gran<strong>de</strong> Dicionário <strong>da</strong> Língua Portuguesa. 10ª Edição revista, corrigi<strong>da</strong>, muito aumenta<strong>da</strong> e<br />
actualiza<strong>da</strong>. Lisboa: Editorial Confluência, 1955, Volume VIII, p. 645.<br />
13 Belas <strong>Arte</strong>s – s.f pl. do lat. artes liberales, fr. arts libéraux, it. arti liberali, ing. the liberal arts. “Esta<br />
expressão comprehen<strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as artes, que tem por fim <strong>de</strong>leitar os sentidos pela cultura do bello, taes<br />
são as artes do <strong>de</strong>senho, pintura, esculptura, architectura e gravura, a poesia, a musica, a <strong>da</strong>nsa. A<br />
maior parte <strong>da</strong>s nações civilisa<strong>da</strong>s tem creado e estabelecido diversas aca<strong>de</strong>mias e escolas, para<br />
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