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Departamento de Ciências Prenda ou Arte? - Repositório Aberto da ...

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estudos do natural para as composições <strong>de</strong> natureza morta, seguido do retrato,<br />

estabilizando-se a sua produção no género <strong>da</strong> Natureza-morta e nos quadros <strong>de</strong> Flores.<br />

Neste encontro dos géneros pactuam o meio artístico e a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> portuense,<br />

cujas estruturas acomo<strong>da</strong>m uma prática pacífica e controla<strong>da</strong> dos impulsos criativos <strong>da</strong>s<br />

jovens admirando ca<strong>da</strong> pétala dos seus trabalhos. Os anos 80 e 90 são ain<strong>da</strong> reveladores<br />

<strong>de</strong> uma maior abertura <strong>de</strong> costumes e <strong>da</strong> instalação <strong>de</strong> mecanismos <strong>de</strong> mercado <strong>da</strong> <strong>Arte</strong><br />

com a criação <strong>de</strong> diversos bazares, e exposições <strong>de</strong> ven<strong>da</strong> <strong>de</strong> Pintura, fomentando a<br />

aquisição <strong>de</strong> obras contemporâneas e o coleccionismo.<br />

Na sobreposição do ensino <strong>ou</strong> <strong>da</strong> aprendizagem <strong>de</strong> Música e Desenho,<br />

manifestado por diversas expositoras, encontrámos evidências <strong>da</strong> transversali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> educação pelas Belas <strong>Arte</strong>s na socie<strong>da</strong><strong>de</strong> Burguesa do Porto. A Música<br />

enquanto elemento <strong>de</strong> sociabili<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>de</strong> animação cultural toma facilmente uma<br />

visibili<strong>da</strong><strong>de</strong> social. O ensino e o exercício do Desenho, instala-se e <strong>de</strong>senvolve-se no<br />

âmbito restrito do lar <strong>ou</strong> em pequenos grupos, dirigido <strong>ou</strong> autodi<strong>da</strong>cta, raramente aspira<br />

a manifestações públicas.<br />

O nosso estudo <strong>de</strong>limita nas Exposições Trienais <strong>da</strong> Aca<strong>de</strong>mia Portuense a<br />

presença do Desenho / Pintura exercitado nas diversas mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> ensino particular,<br />

enquanto expressão <strong>da</strong> Educação feminina no Porto do século XIX. Nas franjas <strong>de</strong>ste<br />

mo<strong>de</strong>lo encontramos manifestações <strong>da</strong> educação tradicional, presentes nas primeiras<br />

exposições. A Educação estética, enquanto mo<strong>de</strong>lo burguês, toma corpo no método <strong>de</strong><br />

rigor caligráfico, aplicado em réplicas, no ensino do Desenho, e evolui, naturalmente,<br />

para a reprodução mimética dos mesmos, <strong>ou</strong> <strong>ou</strong>tros mo<strong>de</strong>los, na técnica <strong>da</strong> Pintura a<br />

óleo, seguindo a cronologia do estudo. A sua dissolução ocorre em sintonia com a maior<br />

abertura nos costumes, mas a produção artística do sexo feminino que se lança em<br />

trabalhos originais continua, ain<strong>da</strong> assim, refém <strong>de</strong> um género tipificado como feminino<br />

(a Natureza-morta e os quadros <strong>de</strong> Flores).<br />

O acanhado mercado e a vi<strong>da</strong> quotidiana dos artistas do sexo masculino constitui<br />

a face <strong>de</strong> uma moe<strong>da</strong> em cujo oposto se <strong>de</strong>fine a circunscrição conceptual e semântica<br />

<strong>de</strong> uma reali<strong>da</strong><strong>de</strong> que não concebe ain<strong>da</strong> a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> mulher artista, cujas produções<br />

persistem numa circulari<strong>da</strong><strong>de</strong> imposta pela rotina, não <strong>de</strong>safiando os limites nem<br />

aspirando ao Génio.<br />

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