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roda de capoeira: rito espetacular - Biblioteca Digital de Teses e ...

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4. A IMPROVISAÇÃO NA RODA DA CAPOEIRA<br />

O jogo da <strong>capoeira</strong> tem muitos aspectos que se assemelham aos da improvisação teatral.<br />

Para apontar algumas <strong>de</strong>ssas semelhanças, buscou-se referência nos estudos <strong>de</strong>senvolvidos por<br />

Muniz (2006a e 2006b) e Johnstone (2000). É na <strong>roda</strong> que os capoeiristas têm a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

por em prática o seu repertório <strong>de</strong> movimentos e experimentar diálogos com o outro jogador,<br />

estabelecer um jogo improvisado, que po<strong>de</strong> ser entendido como um texto, traçando um paralelo<br />

com o teatro, construído na hora da atuação. Para Muniz, a improvisação cênica é a ―arte da<br />

reorganização das ferramentas do ator, <strong>de</strong> sua bagagem e recursos, a partir <strong>de</strong> estruturas<br />

dramatúrgicas conhecidas e estudadas que o permitem recriar, a cada apresentação, algo <strong>de</strong> novo<br />

e surpreen<strong>de</strong>nte‖ (2006a, p.17).<br />

Muniz (2006b) <strong>de</strong>staca os pontos fundamentais da improvisação propostos por Johnstone.<br />

Esses pontos facilitam o <strong>de</strong>sbloqueio da imaginação e propiciam o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> cenas<br />

improvisadas. São eles: a escuta; o rebote; a oferta; a aceitação e o bloqueio; o jogo <strong>de</strong> status; a<br />

criação e quebra <strong>de</strong> rotinas.<br />

O ator-improvisador <strong>de</strong>ve estar aberto e atento aos estímulos e dar-lhes a importância que<br />

merecem. Escutar, <strong>de</strong> acordo com Muniz, é ―estar disponível às ofertas e aos estímulos<br />

provenientes <strong>de</strong> nossos companheiros, do público, do espaço e <strong>de</strong> nós mesmos‖ (2006b, p.13). A<br />

autora explica que a escuta aos estímulos leva a associações, a reações. Na improvisação é<br />

interessante que o tempo entre um estímulo e sua reação seja dinâmico. O ator <strong>de</strong>ve procurar<br />

fazer livres associações referentes ao estímulo escutado.<br />

As reações aos estímulos são chamadas <strong>de</strong> rebote, segundo Muniz (2006b). Para ela, o<br />

rebote po<strong>de</strong> acontecer <strong>de</strong> diversas maneiras. O mais importante é que o tempo <strong>de</strong> reação seja<br />

breve. Não é bom que haja tempo para a dúvida. Deve-se valorizar a primeira reação, o primeiro<br />

impulso. Duvidar entre possíveis rebotes é censurar a imaginação.<br />

Muniz propõe o esquema da ―situação i<strong>de</strong>al‖ <strong>de</strong> uma cena improvisada: A escuta gera um<br />

rebote, que gera um <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sse rebote, que gera escuta, que gera rebote, que gera um<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sse rebote e assim sucessivamente.<br />

Na <strong>roda</strong> <strong>de</strong> <strong>capoeira</strong>, o jogador que está jogando <strong>de</strong>ve estar atento aos estímulos que<br />

chegam até ele e reagir imediatamente, sem vacilar na hora da resposta. Por exemplo, um jogador<br />

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