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roda de capoeira: rito espetacular - Biblioteca Digital de Teses e ...

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No <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> Caribé, acima, vê-se um jogador <strong>de</strong> <strong>capoeira</strong> (o da direita, no plano baixo)<br />

aplicando uma rasteira – golpe <strong>de</strong>sequilibrante que leva o parceiro à queda – no outro jogador (à<br />

esquerda, em pé, apoiado em apenas uma das pernas). Po<strong>de</strong>-se dizer, <strong>de</strong> maneira geral que o<br />

objetivo do jogo da <strong>capoeira</strong> é <strong>de</strong>sequilibrar o parceiro, mais por malícia do que por força física.<br />

“Ô Doralice não pegue não,<br />

A essência da luta sempre esteve no <strong>de</strong>snorteamento do adversário por meio da malícia e<br />

na negaça. A estratégia do bom <strong>capoeira</strong> era tentar iludir o oponente com trejeitos <strong>de</strong><br />

mãos e pés, envolvendo-o como uma aranha na teia, até po<strong>de</strong>r aplicar o golpe. No fundo,<br />

uma arte <strong>de</strong> sedução e engano do olhar do outro, cuja tônica não se <strong>de</strong>finia pela<br />

pretensão a uma verda<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntitária do corpo, mas pela falsida<strong>de</strong>, isto é, pela tapeação do<br />

adversário. ―Capoeira é bicho ‗farso‘‖, resumiam os antigos (SODRÉ, 2002, p.48).<br />

não me pegue, não me agarre, não me bote a mão” (trecho <strong>de</strong> música <strong>de</strong> <strong>capoeira</strong>,<br />

domínio público)<br />

Não se <strong>de</strong>ve agarrar o adversário, não existem movimentos <strong>de</strong>sse tipo na <strong>capoeira</strong>. Não é<br />

educado que um jogador suje a roupa do outro com as mãos. Teve um tempo em que os jogadores<br />

<strong>de</strong> <strong>capoeira</strong> usavam uma roupa ―alinhada‖, como terno claro, para jogar <strong>capoeira</strong>. Assim, criou-se<br />

o respeito e o costume <strong>de</strong> não tocar a roupa do parceiro com a palma da mão, em muitos<br />

movimentos <strong>de</strong> <strong>capoeira</strong>, o capoeirista leva suas mãos ao chão e fica com as palmas das mãos<br />

sujas. Mestre João Pequeno, em uma oficina realizada em Belo Horizonte em 1998, ensinou que<br />

os capoeiristas, ao se abraçarem como gesto <strong>de</strong> cortesia no final do jogo, não <strong>de</strong>vem tocar as<br />

costas do parceiro com a palma das mãos. Na hora <strong>de</strong>sse cumprimento, <strong>de</strong>vem-se usar as costas<br />

das mãos.<br />

Não existe uniforme generalizado para se jogar <strong>capoeira</strong>, mas há um certo tipo <strong>de</strong><br />

indumentária ou cores das roupas usadas que caracterizam uma escola, ou que i<strong>de</strong>ntificam o<br />

capoeirista com o seu respectivo grupo ou mestre. O traje dos capoeiristas compõe o ritual da<br />

<strong>capoeira</strong>, faz parte da sua tradição, que foi sendo criada ao longo <strong>de</strong> sua história. No início,<br />

quando a <strong>capoeira</strong> era praticada pelos escravos das fazendas da Bahia, ou no porto do Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro, os negros, muitas vezes, jogavam <strong>de</strong>scalços, com as roupas que estavam vestindo. Mais<br />

tar<strong>de</strong>, quando a <strong>capoeira</strong> ganha as praças e mercados das cida<strong>de</strong>s, os capoeiristas começam a<br />

jogar com as roupas que eram vestidas nas cida<strong>de</strong>s, como ternos e sapatos.<br />

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