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roda de capoeira: rito espetacular - Biblioteca Digital de Teses e ...

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por uma cumplicida<strong>de</strong> ou uma autocomplacência estética, mas porque, a partir do mundo, ten<strong>de</strong> a<br />

projetar-se para fora do mundo.‖ (GEERTZ apud TERRIN, 2004, p. 63).<br />

Terrin explica que o <strong>rito</strong> é uma reação ao que o homem pensa da vida e do mundo; para<br />

ele, o <strong>rito</strong> pensa através do corpo. Por meio do agir, o <strong>rito</strong> faz o mundo ser e estabelece para ele<br />

um significado que não prescin<strong>de</strong> <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas lógicas ou especulativas. O <strong>rito</strong> é entendido<br />

pelo autor como a ―continuação do evento do mundo como eco recebido e reproposto pelo<br />

homem através do seu corpo.‖ (2004, p.166).<br />

Para Terrin, a finalida<strong>de</strong> do <strong>rito</strong> é intrínseca ao próprio <strong>rito</strong>. Ele <strong>de</strong>staca um problema que<br />

afasta o observador da possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> encontrar uma maneira <strong>de</strong> analisar o <strong>rito</strong> para e <strong>de</strong>finir<br />

sua função. ―Quem realiza um <strong>rito</strong> não o vê em perspectiva, mas o vive em plenitu<strong>de</strong>, assim<br />

como quem joga um jogo i<strong>de</strong>ntifica-se como jogo, com suas regras, e se <strong>de</strong>ixa simplesmente<br />

transportar para um outro mundo.‖ (2004, p.179).<br />

De acordo com Terrin, quem observa um <strong>rito</strong>, seja <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro ou <strong>de</strong> fora, está numa<br />

perspectiva limitada e parcial, o que impe<strong>de</strong> a interpretação do <strong>rito</strong>, pois este constitui uma<br />

vivência muito pessoal. ―Realizar um <strong>rito</strong> significa por em ação uma modalida<strong>de</strong> primária do<br />

próprio ser do mundo. Não se é capaz <strong>de</strong> perceber a<strong>de</strong>quadamente o próprio modo <strong>de</strong> ser ou o<br />

próprio modo <strong>de</strong> comportar-se. O <strong>rito</strong> é um comportamento entendido como prolongamento da<br />

própria ativida<strong>de</strong> da pessoa e do grupo.‖ (2004, p. 179).<br />

Terrin <strong>de</strong>dica parte <strong>de</strong> seus estudos sobre <strong>rito</strong> para falar do jogo – uma ativida<strong>de</strong> livre, que<br />

configura um recorte particular no tempo e no espaço, gera mundos especiais cercados <strong>de</strong><br />

mistério (2004).<br />

Para discorrer sobre o jogo, a pesquisa valeu-se do livro <strong>de</strong> Huizinga (2007), que<br />

apresenta o jogo como uma ativida<strong>de</strong> que ultrapassa os limites físicos ou biológicos do homem. É<br />

uma função que encerra um <strong>de</strong>terminado sentido e implica a presença <strong>de</strong> um elemento não<br />

material em sua essência. ―A realida<strong>de</strong> do jogo ultrapassa a esfera humana‖ (2007, p. 6).<br />

O jogo é uma ativida<strong>de</strong> intensa, que tem o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> fascinação e a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> excitar.<br />

Para Huizinga, o jogo contém tensão, alegria e divertimento. Este último é que <strong>de</strong>fine a essência<br />

do jogo.<br />

O jogo da <strong>capoeira</strong> envolve seus participantes, é uma ativida<strong>de</strong> alegre, festiva e é muito<br />

comum ouvir dos Mestres que a <strong>capoeira</strong> <strong>de</strong>ve ser jogada com sorriso no rosto. A <strong>roda</strong> é uma<br />

ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lazer que garante o divertimento dos seus participantes.<br />

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