roda de capoeira: rito espetacular - Biblioteca Digital de Teses e ...
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INTRODUÇÃO<br />
Neste trabalho, a <strong>capoeira</strong> é analisada sob os olhar das artes cênicas, por uma atriz,<br />
pesquisadora e praticante <strong>de</strong> <strong>capoeira</strong>. A <strong>capoeira</strong> é uma prática cultural <strong>espetacular</strong> 1 que mistura<br />
dança, jogo, brinca<strong>de</strong>ira, música, ritual e luta. Alguns aspectos da <strong>capoeira</strong> são elementos<br />
potentes das artes cênicas e serão estudados nesta pesquisa.<br />
O estudo aproxima-se do eixo <strong>de</strong> investigação utilizado pela etnocenologia. De acordo<br />
com Pavis (2003), a etnocenologia é o estudo das práticas e dos comportamentos humanos<br />
<strong>espetacular</strong>es e organizados. Esse campo <strong>de</strong> estudo traz uma abordagem pluridisciplinar que<br />
associa profissionais, pesquisadores e praticantes <strong>de</strong> uma prática <strong>espetacular</strong>. Para Khaznadar (in<br />
Bião, 1998), a etnocenologia estuda, documenta e analisa expressões <strong>espetacular</strong>es dos povos que<br />
são <strong>de</strong>stinadas a um público. Tal público po<strong>de</strong> ser passivo (apenas observador) ou ativo<br />
(praticante). Para ele, ―as formas <strong>espetacular</strong>es que entram no campo da etnocenologia são<br />
aquelas que são próprias <strong>de</strong> um povo, que são a expressão particular <strong>de</strong> sua cultura, que não<br />
pertencem ao sistema codificado do teatro tradicional.‖ (1998, p. 58). São práticas reconhecidas<br />
ou adotadas pela socieda<strong>de</strong> à qual são <strong>de</strong>stinadas, são patrimônios vivos da cultura e fazem parte<br />
das suas expressões <strong>espetacular</strong>es.<br />
Em 2008, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, IPHAN, registrou a<br />
<strong>capoeira</strong> como Patrimônio Imaterial Brasileiro. O ofício dos mestres <strong>de</strong> <strong>capoeira</strong> foi registrado no<br />
Livro <strong>de</strong> Saberes e a <strong>roda</strong> <strong>de</strong> <strong>capoeira</strong> no Livro <strong>de</strong> Formas <strong>de</strong> Expressão. A <strong>capoeira</strong> se enquadra<br />
no campo <strong>de</strong> estudo da etnocenologia. Trata-se <strong>de</strong> uma manifestação popular criada no Brasil,<br />
com elementos da cultura africana trazidos com os negros que vieram trabalhar como escravos. O<br />
público da <strong>capoeira</strong> po<strong>de</strong> ser seus próprios praticantes como também quem a observa – no caso<br />
<strong>de</strong> uma <strong>roda</strong> <strong>de</strong> <strong>capoeira</strong> realizada em local público. Preten<strong>de</strong>-se aqui, estudar a <strong>capoeira</strong> como<br />
uma manifestação artística cênica, seja ela, ritual, espetáculo ou performance. Outros autores já<br />
estudaram algumas aproximações entre a <strong>capoeira</strong> e as artes cênicas. Breda (1999) <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> o uso<br />
1 Para Patrice Pavis (2003), as práticas culturais compreen<strong>de</strong>m ―a cultura popular, as cerimônias e os rituais, os<br />
comportamentos cotidianos nas mais diversas circunstâncias, as artes dos espetáculos; elas não se limitam às artes da<br />
cena‖ (2003p. 263).<br />
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