Governo Electrónico - Universidade do Minho

56 Capítulo 2: Governo Electrónico e Interoperabilidade entre SI na AP – Contexto e Conceitos
Uma terceira perspectiva da interoperabilidade, designada interoperabilidade organizacional,
tem vindo a ser reconhecida na literatura como fundamental para que os benefícios da
interoperabilidade se manifestem plenamente [Chen e Doumeingts 2003].
De acordo com um número significativo de autores, esta perspectiva foca-se, essencialmente,
em aspectos processuais, procurando assegurar a coordenação e alinhamento dos processos de
negócio das várias entidades interoperantes, com vista a promover a criação de uma perspectiva
integrada do funcionamento das entidades envolvidas [EPAN 2003, 2004a]. Esta perspectiva está
relacionada com a análise e reengenharia dos processos organizacionais [EPAN 2004a], com a
identificação de macro-processos e processos auxiliares ou básicos [Tambouris et al. 2006], com a
formalização do processo de especificação das trocas entre processos [Yang e Papazoglou 2000],
com a identificação de esquemas de colaboração [Tambouris et al. 2006] e com a identificação e
minimização ou remoção de possíveis obstáculos que possam dificultar a prestação de serviços
agregados [EC 2003a, 2004].
Há autores, contudo, para os quais a interoperabilidade organizacional vai para além da
vertente processual, envolvendo um conjunto de aspectos legais, políticos, culturais, estruturais,
entre outros, que visam a criação de condições de cooperação e colaboração entre as entidades
que desejam trocar informação e participar na condução de processos interorganizacionais [EC
2004; Tambouris et al. 2006; Warner 2004].
Por forma a minimizar a ambiguidade que possa resultar da utilização da mesma designação
— interoperabilidade organizacional — associada às duas vertentes referidas anteriormente, parece
útil adoptar a sugestão avançada por Tambouris et al. [2006] para que se distingam na perspectiva
organizacional duas componentes: uma relacionada com processos e outra relacionada com
aspectos organizacionais mais amplos. Esta distinção parece relevante dada a importância que
cada uma destas vertentes pode assumir para o sucesso da interoperabilidade, e os diferentes
condicionalismos, problemas e intervenções que podem estar associados a cada uma delas.
A Figura 2.8 sistematiza os níveis de interoperabilidade correspondentes às diversas
perspectivas acabadas de descrever.
Vários esforços de investigação têm vindo a ser desenvolvidos em cada um destes níveis,
notando-se, contudo, a existência de um predomínio de contribuições ao nível técnico [Pollock
2001; Roehrig 2002]. Talvez por esse facto, a interoperabilidade técnica, apesar de ser reconhecida