Governo Electrónico - Universidade do Minho

52 Capítulo 2: Governo Electrónico e Interoperabilidade entre SI na AP – Contexto e Conceitos
interoperabilidade encontradas — a ideia de operar em conjunto. Porém, a generalidade que
caracteriza esta definição é de tal ordem que pode dar azo à ocorrência de divergências de
entendimento, dependendo da forma como forem interpretados os termos ―operar‖ e ―em
conjunto‖ utilizados na definição. Por exemplo, se ―operar‖ for interpretado como ―executar algo‖ e
―em conjunto‖ for interpretado como ―proximidade física‖ então poder-se-á dizer que, numa
situação em que dois sistemas de software se encontram ambos instalados e a serem executados
numa mesma máquina existe interoperabilidade entre eles, o que, de facto, não corresponde ao
entendimento subjacente a este termo.
A definição apresentada pelo IEEE, que considera interoperabilidade como a ―capacidade de
dois ou mais sistemas ou componentes trocarem informação e usarem a informação trocada―, já
introduz um maior detalhe, permitindo, desde logo, excluir situações como a descrita anteriormente.
Na verdade, os dois requisitos incluídos nesta definição (a necessidade de que exista uma troca e a
necessidade de que quem recebe utilize aquilo que é trocado para fazer algo) constituem aspectos
presentes na generalidade das definições reunidas no Anexo A e são considerados neste trabalho
como dois dos requisitos essenciais para a definição deste termo.
Outro requisito que se considera essencial para a existência de interoperabilidade, e que não
é garantido na definição anterior, está relacionado com a necessidade de haver ―entendimento‖
entre as entidades que trocam a informação. De facto, embora duas entidades possam ser capazes
de trocar informação, apenas existirá efectivamente interoperabilidade entre elas se a troca e a
utilização dessa informação ocorrer num contexto de entendimento partilhado. Se não existir entre
as entidades um entendimento partilhado, mesmo que as trocas se concretizem e que a informação
trocada seja por elas utilizada, o resultado dessas interacções poderá não corresponder àquilo que
seria pretendido. A necessidade de existência de entendimento entre as entidades interoperantes é
explicitada, por exemplo, nas definições 6, 25 e 27 apresentadas no Anexo A.
Chen [2005] acrescenta um outro aspecto que considera necessário para a existência de
interoperabilidade. De acordo com aquele autor, uma situação de interoperabilidade é caracterizada
pela ideia de ―actuação a pedido‖, ou seja, de que uma entidade faz algo a pedido ou em resposta
a uma solicitação de outra entidade (entidade solicitadora) [Chen 2005; Chen e Doumeingts 2003].
Deste modo, duas entidades apenas serão consideradas interoperáveis se, para além de serem
capazes de trocar algo entre si e de serem capazes de entender o algo trocado, forem ainda
capazes de utilizar o algo que recebem para executar a funcionalidade que era esperada e
pretendida pela entidade solicitadora. Ou seja, só existe interoperabilidade entre duas entidades A e