Governo Electrónico - Universidade do Minho

48 Capítulo 2: Governo Electrónico e Interoperabilidade entre SI na AP – Contexto e Conceitos
uma forte motivação para o desenvolvimento tecnológico das empresas. A oportunidade de conduzir
transacções electrónicas com as instituições da Administração acaba por estimular a utilização das
TI e a melhoria dos próprios processos de funcionamento das organizações, contribuindo assim
para o aumento da sua competitividade e para o desenvolvimento de uma sociedade electrónica.
Um terceiro exemplo ilustrativo da contribuição que os esforços de governo electrónico
podem proporcionar para o desenvolvimento da e-Sociedade, está relacionado com o facto de a
implementação de determinadas iniciativas de governo electrónico poder, de certo modo, ―obrigar‖
ao lançamento de outras iniciativas dirigidas especificamente para a Sociedade. Concretizando um
pouco mais, só parece fazer sentido disponibilizar serviços online se, por um lado, existirem na
sociedade as infra-estruturas necessárias para que os cidadãos possam ter acesso a esses sistemas
e, por outro, se os níveis de ―literacia informática‖ da população permitirem a sua utilização. Assim,
a implementação de iniciativas que visem a prestação de serviços electrónicos poderá,
implicitamente, conduzir ao lançamento de uma iniciativa que permita desenvolver uma rede
nacional de infra-estruturas capaz de suportar o acesso aos referidos serviços, bem como ao
lançamento de programas educacionais, acabando, deste modo, por contribuir para a criação de
um ambiente favorável à emergência da sociedade digital.
Os exemplos apresentados tornam claro que o Estado pode assumir, com efeito, um papel
essencial como motor da Sociedade da Informação e do Conhecimento [Budge 2002; UMIC
2003b], criando um clima favorável para o desenvolvimento global da sociedade [Heeks 2001b].
Estar ciente da relação recíproca que existe entre Sociedade e Estado, parece ser algo
fundamental em todo o processo de desenvolvimento do governo electrónico, não só pelos efeitos
que tais iniciativas podem ter na sociedade, conforme se tentou ilustrar nos parágrafos anteriores,
mas também pelo facto de que esses efeitos vão acabar por condicionar o próprio processo de
governo electrónico. Com efeito, a condução de novos esforços com vista ao alcance do governo
electrónico (seta 1), vai produzir um conjunto de efeitos sobre a Sociedade (seta 2), que acabarão
por induzir a alterações no seu statu quo (seta 3), as quais acabarão por ter um efeito posterior no
próprio processo de desenvolvimento de governo electrónico (seta 4). Assim, parece de todo
conveniente que as intervenções que sejam lançadas com o intuito de promover o desenvolvimento
do governo electrónico sejam planeadas e implementadas tendo em consideração os múltiplos
efeitos que delas próprias poderão resultar.