Governo Electrónico - Universidade do Minho

Capítulo 6: Entrevistas 453
portal (.4) foi uns meses duros de trabalho ( )‖. Similarmente, também no projecto Compras
Electrónicas, como testemunhou o perito P45, e no projecto Cartão de Cidadão, como foi referido
na entrevista efectuada ao perito P29, houve necessidade de um trabalho de harmonização
semântica muito grande de alguns dos conceitos primordiais, que eram interpretados e
representados de formas completamente distintas pelos organismos, o que originou discussões
muito acesas e exigiu um esforço muito significativo por parte das entidades envolvidas.
Embora estejam cientes e convencidos de que a incompatibilidade semântica não se
consegue resolver ou erradicar completamente, os peritos reconhecem ser importante procurar
estratégias que permitam atenuar os ―custos‖ que as diferenças terminológicas e interpretativas
geram, sob pena de, como alertou o perito P22, ―todas as vezes que eu tentar montar processos
ou::: trocas entre organismos (.) ter que estar a resolver outra vez esse problema ( )‖.
Como sublinharam os peritos é importante construir e dispor de algum tipo de referencial
nestas matérias que ajude a acelerar a velocidade de convergência semântica entre os organismos.
Neste sentido, os peritos P2, P6, P22, P29 e P35 referiram ser benéfico e aconselhável que os
conceitos comuns, partilhados por diversos organismos, que existem em múltiplos sítios do Estado
e que são recorrentemente utilizados nas trocas informacionais necessárias para a execução de
processos transversais, como por exemplo o conceito de licença, de dívida, de rendimento, a
identificação de um cidadão e a identificação de uma empresa, estejam devidamente especificados
e explicitados, e que exista um conjunto de meta-informação a eles associado, de forma a permitir a
sua correcta manipulação na execução desse tipo de processos.
Quando questionados sobre a forma de como conseguir isso os peritos referiram não se
tratar de uma questão simples e facilmente resolúvel, tendo porém deixado bem clara a sua
convicção de que a tentativa de criação de um grande dicionário ou de uma ontologia total onde
fossem incluídos e detalhados todos os conceitos e elementos informacionais manipulados na AP,
seria algo muito difícil, ou mesmo impossível como proferiram os peritos P4, P6, P10 e P35. Além
disso, os peritos realçaram que seria também complicado conseguir que a solução e contribuições
assim geradas fossem depois adoptadas e aplicadas pelos organismos, quer pelas alterações
massivas que isso provavelmente iria requerer que fossem efectuadas aos seus sistemas, quer
porque isso poderia ser visto como algo imposto e imposição, como referiu o perito P28, ―( ) não
acredito que funcione na Administração Pública ( )‖.