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Governo Electrónico - Universidade do Minho

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430 Capítulo 6: Entrevistas<br />

Este cenário, já por si problemático, é ainda mais grave <strong>do</strong> que parece pelo facto de, como<br />

chamou a atenção o perito P42, na prática, os ciclos oficialmente de quatro anos raramente se<br />

verificarem. Como alertou o perito ―a gente vai no XVII governo (.8) em:: em:: 34 anos não é (.)<br />

portanto dá:: dá:::: portanto governos médios de <strong>do</strong>is anos digamos assim não é (.2) que é<br />

claramente portanto o o ciclo tradicional de quatro anos raramente se exerce não é (.) portanto é:::<br />

eu diria que é um factor absolutamente crítico para (.6) e bloquea<strong>do</strong>r <strong>do</strong> sucesso desta:: desta<br />

história‖.<br />

Mas as questões das diferentes prioridades e da duração <strong>do</strong>s ciclos não constituem por si só<br />

as grandes justificações para a entropia gerada pela existência de ciclos. De acor<strong>do</strong> com a opinião<br />

expressa pelos peritos, na verdade, o maior problema não parece residir nem na existência <strong>do</strong>s<br />

ciclos, nem na sua curta duração, nem na lentidão que caracteriza a reavaliação e tomada de<br />

decisão, mas na forma irresponsável como os políticos por norma actuam, como traduzem as<br />

palavras de P41 apresentadas no extracto seguinte.<br />

Extracto 6.78<br />

**P41**<br />

( ) a verdade <strong>do</strong>s factos (.) é que esta questão da interoperabilidade (.) é refém desta forma<br />

como a política se exerce em Portugal (.4) a::: (.8) porquê (.4) porque (.2) ( ) como são<br />

processos de mudança (.4) pela própria natureza demora<strong>do</strong>s (.) inevitável (.) como a Delfina<br />

diz (.) atravessam ciclos políticos (.6) e em Portugal (.) tem mostra<strong>do</strong> a história recente (.) não<br />

sei se é recente se já vem <strong>do</strong> tempo <strong>do</strong> Eça (.) mas tem mostra<strong>do</strong> a história (.) que::: se<br />

exerce hm:: se põe (.) interesse político e a e a e a mudança de estrutura e a redefinição <strong>do</strong><br />

que é que são projectos prioritários to<strong>do</strong> esse género de coisas muito mais ao serviço da<br />

política partidária <strong>do</strong> que o interesse nacional ( ) a gente tem de facto (.4) uma agenda mais<br />

ditada pelo interesse de (.) aqueles fizeram assim agora vou fazer assa<strong>do</strong> (.) ou aqueles<br />

estão:: têm esta estrutura para liderar isto mu muda o governo (.) apesar da competência ser<br />

reconhecida daquela estrutura (.) vou mudar as pessoas porque não são <strong>do</strong> meu parti<strong>do</strong> (.)<br />

esse género de pequenas criquices partidárias digamos assim (.8) portanto a a questão <strong>do</strong>s<br />

ciclos políticos acaba por ser ( ) de facto um: um: um entrave uma força de bloqueio<br />

tremenda<br />

Em sintonia com esta opinião, os peritos P14, P19, P24, P29, P38, P41 e P42 afirmaram,<br />

como se conclui, por exemplo, da leitura <strong>do</strong>s extractos 6.79 e 6.80, que cada vez que novos<br />

governantes assumem funções to<strong>do</strong> o trabalho anterior é posto em causa, sen<strong>do</strong> muitas vezes<br />

rejeita<strong>do</strong>, não por razões racionais mas por interesses pessoais, quer de favorecimento de amigos,<br />

quer de saneamento de pessoas, ideias ou obras meritórias que tenham si<strong>do</strong> iniciadas por outros<br />

actores e cujo reconhecimento não se petende que a esses fique associa<strong>do</strong>.

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