Governo Electrónico - Universidade do Minho

Capítulo 2: Governo Electrónico e Interoperabilidade entre SI na AP – Contextos e Conceitos 19
O poder e a vontade política – Associado, por um lado, ao reconhecimento da
existência de uma crise e à necessidade de fazer algo para a ultrapassar, e por outro
lado, à existência de novas ideias que sustentam o facto de que algo pode realmente
ser feito, desenvolveu-se uma crescente vontade política para conduzir essa reforma,
traduzida por uma postura de que a reforma seria efectivamente realizada.
Desde então, os governos têm envidado esforços no sentido de promover e concretizar a tão
discutida e ansiada reforma do sector público.
Grande parte dos esforços encetados tem assentado, fortemente, no uso das tecnologias da
informação. De facto, desde essa altura que a utilização e os gastos com TI passaram a ser
contemplados nos planos de reforma [Heeks e Davies 2001]. Iniciava-se, assim, o período da
chamada informatização do sector público, forma como era denominada a utilização das TI na
Administração Pública e noutros ramos do governo.
Em paralelo com o advento das preocupações em torno da reforma do sector, assistia-se ao
aparecimento de termos como Idade da Informação ou Sociedade da Informação. Toffler, por
exemplo, em 1980, anunciou a emergência de um novo paradigma de sociedade, que se
caracterizava por uma crescente e intensa utilização de TI, na qual a informação assumia uma
importância fundamental, que se traduzia no crescimento do valor dos sistemas de informação
[Toffler 1980]. Paulatinamente, este novo paradigma foi ganhando visibilidade tendo, na década de
90, conquistado um papel fundamental nas discussões e no desenvolvimento de toda a sociedade
[Pérez-Villaplana 2003].
Na década de 90, ocorreu outro fenómeno, que acabou por revolucionar consideravelmente o
funcionamento de toda a sociedade. Tratou-se da explosão da Internet, cuja proliferação acelerada
se manteve até aos dias actuais.
Porém, até esse momento, as TI eram usadas essencialmente para automatizar o
funcionamento interno do governo ao nível departamental [Heeks 2001b; Reynolds e Regio 2001]. A
sua utilização estava fortemente associada à ideia de obtenção de ganhos de eficiência, os quais
eram alcançados pela substituição de procedimentos manuais por sistemas de processamento de
dados digitais equivalentes [García-Arribas e López-Crespo 2003; Heeks e Davies 2001; Valle
2003]. Ou seja, não havia, ainda, um reconhecimento do potencial que as TI podiam veicular para a
mudança das práticas de trabalho e dos processos de negócio no sector público, o que se traduzia