Governo Electrónico - Universidade do Minho

400 Capítulo 6: Entrevistas
À semelhança do que o painel tinha manifestado no estudo Delphi, a generalidade dos peritos
que nas entrevistas se pronunciou sobre esta força, nomeadamente os peritos P4, P8, P10, P11,
P12, P14, P17, P19, P21, P22, P24, P28, P31, P32, P33, P35, P37, P38, P41 e P42,
confirmaram não existir ou desconhecer a existência de uma arquitectura organizacional a nível
global da AP, ou seja, de um conjunto de representações focadas em componentes distintas como,
por exemplo, nos processos, na informação, nas aplicações e na estrutura orgânica e hierárquica,
que no seu todo traduzam uma visão geral da Administração Pública. O perito P19 fez, contudo,
menção ao facto de já terem sido efectuados alguns esforços nesse sentido. Como descreveu o
perito ―( ) em 1990 estávamos a fazer esse trabalho no Instituto de Informática das Finanças
(1.0) em 90 (2.8) e eu lembro-me de ter participado (.8) na criação do modelo das áreas comuns
da Administração Pública (.6) definimos os processos (.) definimos mesmo com ferramentas (.) na
altura era o IEW que nós usávamos (.) em 90 91 92 até 93 à volta disso (.) e nós fizemos os
manuais que fizemos de toda a descrição dos processos (1.0) o que é que era cada processo (.)
qual era o fluxo dos processos (.) o que é que era cada entidade (.6) definimos tudo (1.2) não
passou daí (2.6) ficou lá (4.0) depois cada aplicação acabou por usar a sua metodologia (.) cada
aplicação usou os seus conceitos ( )‖.
Mesmo ao nível interno de cada organismo, a generalidade dos peritos considerou que tais
representações também não existem ou não estão devidamente sistematizadas e explicitadas. Na
perspectiva do perito P4, ―( ) a maior parte dos organismos não sabe sequer exactamente que
serviços prestam (.) ou seja (.2) a::: não têm ( ) um catálogo de serviços ( )‖. Nalguns casos não
têm também uma noção clara de como funcionam os próprios processos dentro do próprio
organismo, como sugere o exemplo apresentado no Extracto 6.68 contado pelo perito P12.
Extracto 6.68
**P12**
( ) deixe-me dar-lhe outro exemplo (.8) havia um organismo público (.4) aqui em Lisboa (.)
que a: portanto havia uma pessoa que estava num sexto andar (.) tinha uma aplicação que
preenchia num terminal (1.0) imprimia numa folha ( ) ia buscar (.) porque a impressora
estava no sétimo andar (.) então ia buscar a folha da impressão ao sétimo andar (.) pegava
na folha de impressão metia no fax e mandava para outro organismo (.4) no outro organismo
a pessoa pegava no fax e escrevia noutra aplicação (.) o fax que lhe tinha sido enviado ( )
isto para já (.) já é mau (.4) mas o grande problema com isto era que a pessoa que escrevia o
fax estava no sétimo andar (1.0) e a pessoa que recebia o fax estava no mesmo sétimo andar
(1.2) porquê (.2) eram dois organismos que anteriormente estavam distantes (.8) estavam
cada um numa ponta numa ponta da cidade (.) e isto acontecia assim (.6) depois juntaram
tudo no mesmo edifício e continuou a funcionar assim
( )
(continua)