Governo Electrónico - Universidade do Minho

202 Capítulo 4: Itens com Influência no Processo de Implementação de Interoperabilidade entre SI na AP
natureza, possa também influenciar e contribuir para o seu sucesso ou insucesso [Akbulut 2003;
Gil-Garcia et al. 2007a].
Refira-se, contudo, que alguns autores têm realçado o facto de que, em geral, os organismos
convocados a participar em iniciativas conjuntas de partilha de dados não têm uma noção clara
acerca das mais-valias específicas que podem ter ao participar numa iniciativa deste tipo [Akbulut
2003; Boonstra e Vries 2005; Zaitun e Wood-Harper 2000]. Esta incerteza e falta de clareza
concernente aos benefícios e custos manifestam-se, muitas vezes, também ao nível global da
própria iniciativa. Este facto constitui algo de problemático, na medida em que, sem este
conhecimento, torna-se mais difícil conseguir encorajar a participação genuína e empenhada dos
organismos [Janssen e Cresswell 2005; Landsbergen e Wolken 2001].
Um dos aspectos que muito parece contribuir para a falta de clareza em relação aos custos e
benefícios associados a este tipo de iniciativas é o facto de estas envolverem geralmente a
participação de vários organismos, cada um dos quais com a sua autonomia e atribuições, com
orçamentos distintos e com níveis de maturidade tecnológica distintos [Ongaro 2004] e, como tal,
cada um dos quais apresentando percepções distintas quanto aos benefícios e custos decorrentes
da iniciativa [Chan et al. 1997; Kinder 2003].
Outro aspecto também apontado na literatura, é a falta de know-how tecnológico que ainda é
manifestada pela generalidade dos gestores sénior da Administração. Esta falta de know-how faz
com que os gestores tenham alguma dificuldade em compreender os potenciais benefícios e custos
que podem estar associados à utilização das TI [Janssen e Cresswell 2005] e, em particular, ao
envolvimento em iniciativas de interoperabilidade, o que contribui também para a dificuldade e falta
de clareza na identificação dos benefícios e custos.
Um outro aspecto adiantado por Kinder [2003] refere-se ao facto de que muitos dos
benefícios que resultarão de iniciativas de interoperabilidade cristalizarem apenas após um longo
período de tempo.
Bekkers [2005] e Boonstra e Vries [2005] alertam ainda para o facto da percepção que cada
entidade tem acerca das mais-valias resultantes do seu envolvimento numa iniciativa ter uma
natureza dinâmica, ou seja, poder sofrer alterações ao longo do tempo, o que traz inevitavelmente
maior complexidade para o processo de identificação e gestão de mais-valias.
Para além da falta de clareza e incerteza na identificação de mais-valias, justificada pelas
razões apresentadas nos parágrafos anteriores, há ainda um outro desafio crucial: o de conseguir