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Capítulo 4: Itens com Influência no Processo de Implementação de Interoperabilidade entre SI na AP 201
iniciativa, quando os resultados líquidos ou mais-valias daí decorrentes lhes forem desfavoráveis
[Janssen e Cresswell 2005]. Esta relutância manifesta-se, igualmente, quando a entidade tem a
percepção da existência de injustiças na distribuição de mais-valias pelas várias partes envolvidas
na referida iniciativa ou tarefa.
O conceito de equidade ou justiça social tem vindo a ser, de facto, apresentado na literatura
como algo fundamental no processo de tomada de decisão. De acordo com Adams [1963], autor da
Teoria da Equidade, 79 uma entidade tenta sempre maximizar as suas mais-valias quando está
envolvida numa qualquer troca ou relação social com outras entidades, ou seja, procura sempre
maximizar o ratio entre os benefícios, ou consequências positivas, que espera obter desse processo,
e os custos, ou consequências negativas, que daí decorrerão, sendo que, uma relação ou troca é
vista, por uma entidade, como equitativa, quando a entidade tiver a percepção de que os ratios das
diversas entidades participantes são iguais. Ainda de acordo com esta teoria, quando uma entidade
percepciona uma troca ou relação como não equitativa, sente algum desconforto e injustiça,
podendo manifestar resistências e comprometer a sua participação nesse processo.
Estas proposições da Teoria da Equidade têm sido verificadas e sustentadas por vários
trabalhos realizados no domínio de sistemas de informação, nomeadamente em estudos relativos
ao sucesso dos sistemas de informação, à adopção de inovação nas organizações, ao processo de
alocação de recursos de TI na organização, à pirataria de software e ao estabelecimento de relações
de colaboração em projectos de partilha de informação no sector público [DeLone e McLean 1992;
2002; Gil-Garcia et al. 2007a; Glass e Wood 1996; Joshi 1989; Seddon 1997]. Todos estes
trabalhos comprovam a relevância e o efeito que decorre da percepção que existe acerca da
ocorrência ou não de mais-valias e da forma mais ou menos equitativa dessas mais-valias por cada
um dos intervenientes no processo.
Sendo as iniciativas de interoperabilidade esforços participativos, que envolvem a colaboração
de vários organismos, será pois expectável que estas proposições se possam manifestar no
decorrer destas iniciativas e, portanto, que a percepção que cada organismo tem acerca dos
benefícios e custos que obterá, como consequência da sua participação em esforços desta
79 A Teoria da Equidade é considerada como uma das teorias mais dominantes na área da psicologia social. Esta teoria foi proposta por
Adams em 1963 [Adams 1963], tendo sido mais tarde estendida por E. Walster, E. Berscheid e G. Walster [Walster et al. 1973]. A Teoria da
Equidade é uma teoria explicativa da forma como se processam as relações e trocas sociais, segundo a qual estas relações ou trocas são
influenciadas pelas percepções que as entidades envolvidas têm quanto à existência de justiça ou equidade entre as partes envolvidas na
relação.